Fanfic: Amor por acaso

Eu fui obrigada a tirar a Iasmin de perto do garoto, ela não queria ir, mas os dois já estavam bem cansados. Eu vi que ele ficou sozinho, o tempo todo, então eu perguntei a ele se queria ouvir uma estória. Ele concordou com a cabeça, então ele foi até o quarto da Iasmin com a gente. Ele se sentou na cadeira e eu a abaixei para ele, virou uma cama, ótimo. Ele havia feito a Iasmin rir bastante dentro daquele hospital hoje e isso pra mim já valia muito mais do que qualquer outra coisa. Ele estava sozinho e eu não podia deixá-lo ali. Eu disse a ele que a Iasmin gostava de Harry Potter e ele disse que nunca havia lido, então Iasmin correu até sua estante e pegou o primeiro livro, me entregando em seguida. 
Laís: Se você não gostar, me avise, por favor, que a gente troca de livro. – ele assentiu, se ajeitando no sofá-cama. Eu abri o livro e comecei a ler. Iasmin abraçou seu ursinho e ficou me olhando, com os olhos bem abertos. Eu pigarreei e comecei a ler. Josh parecia muito atento no que eu estava falando. Ele sorria pra mim quando eu olhava para ele. Os dois acabaram dormindo no mesmo instante, então eu parei de ler. Eu fechei o livro e eu os cobri direito. Josh dormia tranquilamente, assim como a Iasmin, então eu saí do quarto, com medo de fazer barulho e acordá-los. Eu me encostei na parede e vi um homem saindo do quarto do Josh e indo falar com uma enfermeira. 
Enfermeira: Ele está ali. – ela apontou para mim e eu sorri pra ele, que veio lentamente na minha direção. Ele era enorme. Ah, meu Deus. Mãe, estou com medo dele me bater. Me socorre aqui. O cara se identificou como Antonio, era o pai do Josh. Eu abri a porta e ele deu uma olhada no Josh, que continuava dormindo como um anjinho. Ele olhou a Iasmin e em seguida fechou a porta com todo o cuidado do mundo. 
Antonio: Obrigado por cuidar dele. 
Laís: Ele fez a minha filha sorrir dentro disso aqui, é o mínimo que eu posso fazer por ele é isso. Eu só li para ele dormir. 
Antonio: É muito mais do que eu posso fazer. – eu arqueei a sobrancelha. – Sou sozinho para cuidar dele. Preciso trabalhar, não é? – eu assenti. Então era por isso que ele sempre estava sozinho? O pai trabalhava e a mãe... Cadê a mãe? Eu não podia perguntar da mãe dele, não era problema meu onde ela estava, então não falei mais nada. – Você pode entregar isso a ele? E pode dizer que eu passei por aqui? Preciso ir trabalhar. 
Laís: Não seria melhor se você o acordasse? – ele negou com a cabeça e me entregou um pacotinho. Eu peguei o pacotinho e ele saiu, agradecendo. Eu entrei no quarto e deixei o pacotinho perto da cadeira, onde o Josh estava dormindo. Eu mordi o cantinho do lábio inferior e saí do quarto novamente. Eu olhei para o celular, não sabia o que eu estava esperando quando olhei para ele. No fundo no fundo, eu sabia por que estava olhando. Estava esperando uma mensagem do Thiago, mas não tinha nenhuma e eu estava com vergonha de mandar uma mensagem para ele. Ouvi um barulho vindo do quarto, então eu entrei. Vi o Josh sentado, olhando o pacotinho. 
Josh: Meu pai veio aqui? – eu assenti. 
Laís: Veio e me pediu para te entregar isso. – ele abriu o pacotinho, desesperado. Ali, dentro do pacote, havia um carrinho, pequeno, vermelho com os vidros pretos. Ele sorriu e ficou virando o carrinho para todos os lados. Ele tinha vários daquele no seu quarto, em cima de uma prateleira. Ele me mostrou e eu sorri, pegando com cuidado aquilo. 
Josh: Meu papai me da um cada vez que eu passo por uma sessão. – ele disse orgulhoso. – Pra me mostrar que eu fui um bom menino. Eu tenho vários desses lá no meu quarto. Tem um preto que é o maior. Ai agora eu tenho esse também. – ele sorriu e eu devolvi o carrinho para ele. – Ela ta dormindo? – ele fez uma tentativa falha de sussurrar. 
Laís: Ela está e você deveria dormir também. – ele assentiu. 
Josh: Você pode ler pra mim de novo? – ele perguntou envergonhado. Eu olhei para a Iasmin, ela estava dormindo tranquila, então eu assenti e ele segurou a minha mão, me levando até seu quarto. Josh se deitou na cama e eu o cobri. Eu peguei um livro que ele escolheu e comecei a ler pra ele. Tinha desenhos, então de vez em quando eu mostrava para ele as páginas com desenho. Seus olhos começaram a ficar pequenos e ele foi começando a bocejar cada vez mais. Quando a estória acabou, ele havia acabado de dormir. Eu coloquei o livro em cima do criado mudo, o cobri e lhe dei um beijo na testa antes de sair do quarto novamente, mas antes, eu parei na porta e olhei para a sua prateleira, onde ele havia colocado o carrinho novo. Havia muitos ali. Comecei a ficar com medo da Iasmin passar tanto tempo assim também. Eu não queria isso pra ela. Criança nenhuma merecia ganhar presentes porque passou por uma coisa que não deveria ter passado, que não deveria sequer existir. Eu quase não estava dormindo, mas resolvi me deitar um pouco e tentar, não iria custar nada não é? Para a minha sorte, eu estava cansada, exausta, então consegui dormir rapidamente no sofá-cama onde o Josh estava antes. Eu não dormi muito. Acordei com a Iasmin me chamando, ela estava enjoada novamente. Iasmin vomitou e eu a deitei na cama. 
Iasmin: Eu estou cansada mamãe. – ela disse chorando. – Não quero mais brincar disso, mamãe. Eu quero meu belo, eu quero minha cama. – ela começou a chorar ainda mais e eu a abracei, o mais forte que eu consegui. 
Laís: Já vai passar, meu amor, já vai passar. – ela soluçou e algumas lágrimas rolaram pelo meu rosto. Eu as sequei rapidamente. Iasmin não podia me ver chorando. Eu não podia ser fraca, não na frente dela. 
Iasmin: Dói tanto mamãe. – ela chorava, soluçava e meu coração apertava. Eu alisei seu cabelo, tentando acalmá-la. – Não quero mais mamãe, não quero. 
Laís: Essa dor, esses enjoos, tudo isso vai passar. – ela chorava alto e eu não conseguia mais me controlar. Eu respirei fundo, fechei os olhos rapidamente e depois a soltei. Segurei seu rosto com as duas mãos e a fiz olhar para mim. – Você confia em mim? – ela assentiu de leve. – Confia, Iasmin? Você confia em mim? 
Iasmin: Sim, mamãe. – sua voz estava fraca. 
Laís: Então confie no que eu vou te dizer ta bem? – ela ficou me olhando, prestando atenção. – Eu vou fazer isso acabar o mais rápido possível ta bem? Mas você precisa ficar aqui um pouco mais, precisa passar por isso pra gente poder sair daqui. Nós estamos fazendo o possível pra tirar você daqui. 
Iasmin: Nós? Nós quem, mamãe? 
Laís; Você acha que o Thiago não está tentando tirar você daqui também? - Iasmin acabou dormindo, me dando tempo para chorar baixinho enquanto a olhava. Eu funguei e respirei fundo, tentando parar de chorar. Iasmin ficou dormindo o resto da noite e toda a manhã. Eu já conhecia o horário das enfermeiras dali e elas estavam começando a me conhecer. Uma delas entrou para entregar meu café da manhã e quando ela saiu, meu celular vibrou em cima da mesinha. Só podia ser o Thiago. Eu corri para pegá-lo. Era uma mensagem, mas não era do Thiago. Era o banco me avisando que a minha mãe havia depositado dinheiro na minha conta e que a conta do meu cartão havia sido paga. Eu respirei fundo. Eu tinha mais de vinte anos e não me sustentava sozinha. Estava precisando trabalhar, era horrível depender da minha mãe até para pagar o tratamento da Laís no hospital. Mas eu não podia deixá-la sozinha ali. Ela só tinha quatro anos. Eu só saí do quarto para pagar novamente o tratamento e depois voltei. Minha mãe chegou pouco tempo depois, trazendo algumas coisas que eu pedi. 
Susana: Boa tarde, meu amor. – ela disse rapidamente, colocando as coisas em cima da mesa. – Eu estava pensando no que você me falou. – ela disse sem ao menos me deixar falar. – Você podia montar um negocio e sair mostrando por aí pra fazer desenhos não é? – ela me olhou e eu estava de olhos arregalados. 
Laís: O que? 
Susana: Ah, querida, você não é burra. Sabe aquelas pastas que as pessoas fazem com seus desenhos para serem contratadas? Você pode chamar uma amiguinha e começar a fazer vestidos e sei lá mais o que vocês fazem. – ela disse como se eu fosse uma criança, o que me fez dar risada. – Assim, você pára de me encher o saco e começa a ganhar seu dinheiro. - Eu comecei a dar risada quando a minha mãe terminou de falar. Era uma boa ideia começar a desenhar algumas coisas e tentar um trabalho com isso, mas quem eu iria chamar para me ajudar com as roupas? Eu não sabia nada de moda, não era uma pessoa que me importava com isso, pelo menos não me importava mais. Hanna sem condições de chamar. Pra ela, moda era saia curta e blusa colada no corpo. Então me veio um nome na cabeça. Ele havia me tido que gostava de desfiles e que a Andressa vivia pedindo ajuda para ele, com os trabalhos de moda dela... Jean poderia me ajudar a desenhar, mas ele não viria aqui no hospital e eu não iria pedir nada para ele. 
Laís: Eu vou desenhar, mãe, mas vai ser só pra passar o tempo. Eu não sei fazer vestidos... 
Susana: Porque você não tenta? E porque você não vai pra casa e não descansa? Está com olheiras horríveis. Amanhã é feriado, então chama a Hanna para sair com você ou aquele cara com quem você saiu uma vez. – ela terminou a frase sorrindo e eu revirei os olhos. Minha mãe saiu, algum tempo depois e eu fiquei olhando para a folha e os lápis. Eu comecei a rabiscar a folha, pensando em uma coisa que eu usaria para sair sem o menor problema. Acabei desenhando uma bonequinha, usando um colete, uma blusinha simples e um short. Eu odiei o final, então rasguei a folha e a amassei. Eu parei, pensando no que desenhar. Acabei começando um desenho, mas não consegui terminar, já que a Iasmin acordou. Bom, ela poderia me ajudar não é? Iasmin adora vestidos e qualquer coisa relacionada a roupa, então era a melhor pessoa que eu tinha para me ajudar ali.