Fanfic: Amor por acaso

Era estranho voltar a estudar, eu havia me acostumado a trabalhar o dia todo e cuidar da Iasmin de noite. Minha mãe havia me obrigado a voltar a estudar e aceitar o dinheiro que ela me mandava, já que começando a faculdade, eu não teria tempo para trabalhar e ficar com a minha filha. Eu estava nervosa com o meu primeiro dia de faculdade, até parecia uma criança com medo de ir à escola. Eu acordei cedo e acordei a Iasmin, que foi tomar banho bastante animada, ela adorava ir pra escolinha. Eu havia tomado banho antes de acordá-la. Não sabia que roupa coloca. Eu optei por colocar uma calça jeans de cintura alta, uma regata branca colada no corpo, que eu coloquei pra dentro da calça e um tênis preto, da vip. Passei uma maquiagem básica, escondendo as olheiras e me dando um pouco de cor com blush. Deixei meu cabelo solto e fui ver como a Iasmin estava. Ela gostava de se vestir sozinha, mas a escolinha tinha uniforme, então ela não tinha opção de roupa e eu não precisava me preocupar. O uniforme era bastante chamativo, mas ela ficava linda nele. Eu a ajudei com o tênis e prendi seu cabelo em um rabo de cavalo. Eu precisava convencê-la a cortar o cabelo, estava comprido já. 
Laís: Pronto, está linda. Agora vamos que você não pode chegar atrasada, não é? – ela negou rapidamente com a cabeça e sorriu pra mim. Eu peguei a minha bolsa e as chaves do carro. Meu pai havia me dado o carro quando eu tirei minha carteira, pra não precisar ficar pedindo o carro dele para levar a Iasmin para todos os lados. 
Iasmin: Anda mamãe. – ela estava pulando com a mochila nas costas, me apressando como sempre fazia.Eu a tirei da cadeirinha e ela saiu correndo até o portão da escolinha, acenando rapidamente pra mim, antes de abraçar uma amiga e correr para o pátio. Eu respirei fundo e entrei no carro, indo para a faculdade. Estava um pouco atrasada, já que eu me perdi no meio do caminho. Aquele GPS idiota. Eu estava com meu horário nas mãos, andando pela faculdade, sem saber onde ficava a minha primeira aula. Todos andavam por ali em grupos, mas eu vi apenas um garoto sem ninguém por perto. Ele estava com um livro nas mãos. Eu me aproximei e pigarreei. Ele levantou os olhos do livro para me olhar, dando um sorriso fofo logo em seguida. 
Laís: Desculpa incomodar. Mas eu estou extremamente perdida aqui, então... – ele continuou sorrindo. – Não faço ideia de onde é a minha sala. 
xxx: Posso dar uma olhada? – ele apontou para o meu horário e eu lhe entreguei. Ele leu e olhou para outro papel, que estava no começo do seu livro. – Vou estar na mesma sala que você, se quiser podemos ir juntos. 
Laís: Ah, por favor. Isso aqui é grande de mais. – ele riu e concordou com a cabeça. – Sou Laís, falando nisso. 
Jean: Prazer, Jean. – ele pegou sua mochila, me entregou meu horário e começou a andar. – Então, é nova aqui? – eu suspirei e assenti. 
Laís: Infelizmente. E você? – devia ser, já que estava na mesma aula que eu. Jean começou a subir uma escada e eu fui seguindo ele, às vezes ficando um pouco para trás para deixar alguém passar. Aquilo era completamente estranho pra mim. 
Jean: Na verdade não. Eu comecei a fazer um curso, junto com uns amigos meus, mas aquilo não era pra mim. – ele fez careta.

Nós chegamos na sala e eu já estava começando a ficar ofegante. Subimos muitas escadas e aquilo me matava, eu era sedentária, era difícil começar a me movimentar tanto assim. Jean indicou duas carteiras vazias no fim da sala e eu concordei com a cabeça. Ele se sentou na frente e eu atrás. Jean encostou as costas na parede e me olhou. 
Jean: Então, faz tempo que você mora aqui? – eu sorri e concordei com a cabeça. – Eu acho que já te vi em algum lugar, mas não sei aonde. 
Laís: Eu nasci aqui. Estudei na escola atrás da faculdade. – ele concordou com a cabeça. 
Jean: Eu estudei lá também, mas não acho que tenha visto você lá na escola. Você acabou de terminar? – eu neguei com a cabeça. 
Laís: Não, eu terminei faz um tempo já. Não estou mais acostumada a estudar e a sair com material, procurar sala, essas coisas. – ele deu risada.
Jean: Então se você permitir eu vou apresentar umas pessoas pra você, assim esse inferno passa a ser um pouco mais divertido. – eu concordei. Jean puxava muito assunto o que foi bom, mas ele parou de falar quando o professor entrou na sala, fazendo piadinhas e mostrando que conhecia algumas pessoas, soltando frases como “Amanda, sabia que te veria novamente” “Cansei de corrigir suas provas já” “Você por aqui? Não esperava”. Ele se apresentou e eu abri o caderno quando ele começou a explicar algumas coisas. Na maior parte do tempo eu fiquei desenhando na ultima folha do meu caderno. A aula não foi interessante, foi bem chata para falar a verdade, mas eu tinha que ficar ali e tentei anotar a maior parte das coisas, mas era difícil acompanhar o raciocínio dele. Respirei fundo quando o sinal tocou.

Jean só tinha aquela aula comigo até o intervalo, então eu não o vi mais, tive que me virar para achar a outra aula. Era uma professora velha que cismou que eu estava a desrespeitando. Eu só estava desenhando enquanto ela praticamente dormia em pé. Eu disse que não tinha feito nada e isso resultou em uma “expulsão” da sala. Ela praticamente pegou minhas coisas e me mandou pra fora. Velha abusada. Eu bufei e saí, procurando a próxima aula, pelo menos eu já saberia pra onde ir quando desse o sinal. Achei fácil a próxima sala e acabei avistando o Jean lá dentro. Ele acenou discretamente pra mim e eu sorri. Eu nunca tinha feito uma “amizade” tão rápida. Eu fui para fora do prédio da faculdade e me sentei em baixo de uma arvore. Eu fiquei olhando algumas fotos da Iasmin. Tinha uma dela com o pai dela também. Guilherme era um idiota, nem dava atenção para a garota, dava um pouco de pensão pra ela e era isso aí. Não ligava pra saber e nem nada do tipo. 
Jean: O que está fazendo aqui? – ele disse se sentando ao meu lado. Eu desliguei rapidamente a tela do meu celular e o olhei. 
Laís: Fui convidada a me retirar da sala por uma velha louca. – ele deu risada e disse que ela já havia mandado ele sair da sala, mas ele estava lá na sala de penetra mesmo. Eu dei risada e neguei com a cabeça. – Você tem quantos ano? – perguntei rapidamente. 
Jean: 23 anos, infelizmente. – ele fez beicinho. – E você? – disse que tinha 21 e ele ficou me olhando. – Quando você veio falar comigo, eu pensei que tinha uns 17 anos. 
Laís: Com você não é diferente. Tem cara de ser novo. 

Jean ficou ali comigo, sem se importar com a sua aula, mas ele tinha papo, sempre estávamos falando de alguma coisa. Eu não era assim nem com a minha melhor amiga quando estávamos na escola. Era agradável ficar ali com ele. Ele acabou me apresentando um tal de Junior que passou correndo por nós, estava atrasado. Jean acabou voltando para a sua aula, me deixando sozinha novamente. Ele era um amor, mas... Era estranho conversar com ele assim, logo no meu primeiro dia. Eu saí da faculdade na hora do almoço. Eu precisava voltar a trabalhar, fazer alguma coisa. Resolvi arrumar o apartamento. Limpei ele de cima a baixo, mas tive que parar no meio pra ir buscar a Iasmin na escolinha. Fui dar um banho nela e notei uma mancha roxa na sua perna. 
Laís: Iasmin, que mancha é essa? – eu estava agachada na sua frente. – Onde você fez isso? 
Iasmin: Não sei, mamãe. – ela me olhou assustada, como se eu fosse brigar com ela. – Eu juro que eu não briguei, mamãe, com ninguém lá. 
Laís: Não fez isso no judô? – ela negou com a cabeça. Eu suspirei e fiquei olhando para aquela mancha. Iasmin corria, brincava, caía, mas não ficava com manchas roxas assim sem que viesse me contar que havia ficado roxo. Eu passei o dedo de leve e ela fez beicinho. 
Iasmin: Agora ta doendo mamãe. – seus olhos marejaram e eu desliguei o chuveiro, enrolando-a na toalha. – Vai me tirar do judô, mamãe? – eu neguei com a cabeça. – E do balé? 
Laís: Não. Você só precisa tomar mais cuidado, ta bem? – ela concordou com a cabeça enquanto íamos até seu quarto. Eu a sequei, ela se vestiu e eu penteei seu cabelo. O telefone tocou e Iasmin saiu correndo para atendê-lo.

Iasmin: Mamãe. Mamãe. Mamãe. – ela veio correndo e gritando no quarto, segurando o telefone. – Eu posso brincar na casa da Bianca? Eu posso? 
Laís: Você tem lição para fazer? – ela negou imediatamente com a cabeça. – Então vai. – ela soltou um gritinho e foi colocar o telefone de volta no lugar. – Mas se cuida e eu quero você de volta as seis. – eu gritei do quarto. Ela gritou de volta e bateu a porta. Essa Bianca morava ao lado, então não tinha problema nenhum ela ir lá sozinha. Eu voltei a arrumar as coisas. Iasmin tinha muita roupa no closet dela. Eu precisava dar um jeito naquilo, mas ela tinha que estar junto comigo. Eu terminei e estava morrendo de fome. Fiz alguma coisa para comer. Faltava mais de uma hora para a Iasmin chegar, então eu deitei no sofá para descansar um pouco. Acabei cochilando por uns dez minutos, quando acordei sobressaltada com a Iasmin abrindo a porta, com a blusa cheia de sangue. 
Iasmin: Mamãe. – ela estava chorando e veio correndo me abraçar. 
Laís: O que foi que aconteceu? – a mãe da Bianca me disse que o nariz dela tinha começado a sangrar enquanto elas brincavam de boneca e foi difícil fazer parar porque ela sempre abaixava a cabeça. Eu agradeci e fechei a porta. Estava com a Iasmin chorando no meu colo. 
Iasmin: Eu me assustei. – eu passei a mão na sua cabeça. Pelo jeito ela não estava com muita sorte hoje. 
Laís: Já passou, não passou? – ela assentiu. – Então ta bem. Vamos tomar um banho que eu to soada e você ta salgada. – disse lhe dando um beijo no pescoço. Ela deu risada e eu a coloquei no chão. Iasmin correu para o banheiro e eu tranquei a porta. Tomei banho junto com a Iasmin. Eu fiquei enrolada na toalha enquanto ela se trocava. Penteei seu cabelo e a deixei assistindo televisão na sala. Eu estava trocando de roupa quando meu celular tocou, era a Hanna. 

Hanna: Nós vamos sair sexta feira. – eu tirei o celular do ouvido um pouco para colocar a blusa. – Você ta me ouvindo? – murmurei que estava. Apoiei o celular no ombro e inclinei a cabeça para ouvi-la enquanto colocava um short. – Um amigo meu vai dar uma festinha e a gente vai. Preciso arranjar um homem pra você. 
Laís: Da ultima vez que você arranjou um homem pra mim, eu fiquei grávida e vê se ele me liga às vezes pra saber da filha. – assim que eu terminei de falar, fui até a cozinha. 
Hanna: Não mandei abrir as pernas pra ele, vagabunda. Pede pra sua mãe ficar com a Iasmin e já vai pensando em uma roupa descente. Ele não é do tipo que gosta de garotas que abrem as pernas pra qualquer um. Pra falar a verdade nem sei se ele gosta de garotas, mas enfim. Arranja alguém pra ficar com a Iasmin que eu vou arranjar um homem pra você. 
Laís: Não é assim também, Hanna. – eu peguei as coisas para fazer janta. – Primeiro eu tenho que ver se a minha mãe fica com ela e se ela vai querer ficar com a minha mãe. 
Hanna: Qualquer coisa a deixa com o pai. 
Laís: Vai sonhando. Ele não coloca um dedo na minha filha. – olhei para a Iasmin, que estava concentrada no desenho. – Vou ver, ta bem? Vou ver se vai dar pra ir. Qualquer coisa eu aviso você. 
Hanna: Sexta feira eu vou aí na sua casa pra gente se arrumar.

Laís: Eu vou ver Hanna, deixa de ser chata. Eu não sei se você sabe, mas eu não sou desocupada, eu tenho coisas pra fazer sabia? 
Hanna: Não, não tem. Sexta a gente se vê então. 

Ela havia desligado na minha cara. Eu revirei os olhos e deixei o celular em cima do balcão. Era quarta feira, então eu tinha só amanhã para ver se a minha mãe ficaria com a Iasmin. Minha mãe sempre cuidava dela quando eu queria sair, apesar de ficar reclamando e dizendo que eu tinha que cuidar dela e não sei o que, ela acabava aceitando. Iasmin adorava ficar com a minha mãe, mas às vezes ela começava a chorar e eu tinha que ficar com ela. Eu fiz a janta e nós comemos assistindo o filme do Bob Esponja. Eu adorava desenhos, então sempre estávamos vendo algum desenho. Era umas 22h00min quando Iasmin pediu para que eu lesse para ela dormir. Ela pegou o livro. Eu estava lendo para ela Harry Potter e a Pedra Filosofal. Ela adorava aquele livro, estávamos quase terminando. Em quinze minutos ela já estava dormindo, então eu marquei a página e fechei o livro. Eu coloquei o livro em cima da sua escrivaninha e fui deitar. Demorei para pegar no sono. Comecei a lembrar de quando eu descobri que estava grávida. Mas no meio da lembrança, eu acabei adormecendo. Acabei acordando com a Iasmin me cutucando. Estávamos muito atrasadas. Eu não havia escutado meu celular despertar. Eu dei um banho rápido na Iasmin, ela vestiu o uniforme enquanto eu colocava qualquer roupa. Eu peguei minha bolsa e a chave do carro. Não demorei para deixá-la na escola, mas cheguei atrasada na faculdade. Fiquei esperando tocar o sinal para a próxima aula, pra poder entrar.