Fanfic: Mentes Criminosas : a doce vingança | Tema: Alfonso Herrera, Anahí, Christopher Uckermann, Dulce María, Originais
Lá pelas primeiras horas da manhã, todos despertaram ao som de um grito masculino. Palavras de raiva e uma saraivada de palavrões vindos por parte de Alfonso foram ouvidos. Ele parecia realmente fora de si.
- Ai meu Deus! – Exclamou Anahí, tapando os ouvidos com seu travesseiro. – O que será que está acontecendo?
- Não faço ideia. – Resmungou Maite acordando contra sua vontade. – Acho que ele deve estar com dor.
- Duvido. – Replicou Angelique com certo desdém. – O Poncho não é de gritar assim só por que está machucado.
- Bem, então acho que deve estar brigando com algum dos amigos. – Sugeriu Dulce, ainda deitada e debaixo da coberta. – Vai se saber se algum deles não disse algo para ele.
- É melhor irmos conferir. Antes que alguém se mate. – Anny já estava fora da cama, rompendo porta á fora.
As outras a seguiram em silêncio, olhando umas para as outras. Perguntas estavam estampadas nos olhos delas. Anahí Portilla bateu á porta do quarto de Alfonso Herrera, esperando que alguém abrisse. Poucos segundos depois Christian apareceu. O garoto parecia preocupado. Tinha olhos enormes de arregalados.
- O que está acontecendo? – Perguntou Anahí sem rodeios. – Alguém está morrendo?
- Bem... Não exatamente. – Ele parecia meio perdido. Coçou a nuca. – É que o Alfonso se trancou no banheiro e não quer sair de lá de jeito nenhum.
Anny franziu a testa assim como May e Angel. Apenas Dulce manteve a expressão neutra. Precisava aparentar calma. Passou pelas outras, alcançando Christian. Olhou-o bem dentro dos olhos e com muita polidez disse:
- Podemos tentar tirá-lo de lá se você quiser.
- Podem tentar, mas será difícil. – Ele retorceu os lábios para baixo como se tivesse reprovando algo. – Não sei o que está acontecendo, mas não deve ser nada bom.
Anahí rolou os olhos, cruzando os braços por cima do peito. Balançou a cabeça em um gesto negativo e marchou para o banheiro com passos duros. Cerrou os punhos e sem paciência alguma bateu á porta.
- Alfonso Herrera, saia agora deste banheiro! – Berrou com a voz elevando-se á dez oitavas. – Se não sair arrombo essa porta.
Dulce Maria precisou apertar os lábios com muita força para não cair em uma série desvairada de risadas. Estava ficando roxa de tanto prender a respiração. Quando o garoto saísse, ela não iria se segurar por mais tempo.
- Não quero sair. – Foi a resposta brusca de Alfonso.
- Mas que Inferno. Saia agora seu viado!
Dulce escutou uma risada vim por de trás dela. Virou-se e se deparou com Uckermann bem atrás de si. Ela sorriu para ele que piscou de volta para a namorada. Christopher apontou com o queixo para Anahí que batia os pés com raiva. Ela tinha as faces avermelhadas. Bati tanto contra a porta que parecia que a madeira iria se rachar ao meio. Depois de tanto insistir, finalmente um ruído de maçaneta girando foi ouvido.
Aos poucos o garoto foi aparecendo. Ele parecia prestes á passar mal. Anny arregalou os olhos, tapando os lábios com as mãos. E quando Poncho finalmente se retirou do cômodo, todos caíram na risada.
O garoto encontrava-se totalmente louro. Os cabelos de um tom quase que branco. Estava incrivelmente ridículo. Alfonso parecia alguma espécie de animal. O louro contrastando fortemente com sua pele de tom caramelo.
Anahí estava quase rolando no chão de tanto gargalhar. Dulce e Christopher choravam até. Christian caíra de tanto rir. Alfonso nunca se sentira tão humilhado em toda sua vida. Odiava quando riam dele. Não suportava deboche. Ele não nasceu para ser feito de idiota.
Formou uma cara de raiva, empurrando Anahí para o lado com tanta força que a garota chegou a bater contra a parede. A garota olhou para ele como se Alfonso estivesse louco. Ele devolveu o olhar.
- Parem de rir. – Ordenou com a voz tão baixa e glacial que todos pararam na mesma hora.
Ele passou por todos de cabeça erguida, arrancando ainda mais risadas. Aquilo serviria de lição para Herrera que por tantos anos fizera com que todos rissem de Christopher. Poncho olhou para os amigos com desprezo e se trancafiou no quarto.
- Alguém ficou irritadinho. – Dulce aproveitou o momento para debochar Poncho.
- Nem me fale. – Concordou Anny. – Parece que não tem senso de humor.
Depois do acidente com o cabelo, Alfonso passou o resto do dia com um boné em sua cabeça. E quando alguém perguntava o que havia ocorrido com seu cabelo, ele apenas resmungava um palavrão e nem respondia.
Para Christopher foi uma glória. Agora Poncho sentiria na pele como era ser ridicularizado por sua aparência. Quase deu tapinhas em suas próprias costas de tão orgulhoso de si mesmo que estava.
E quando o fim da pequena viagem chegou, Alfonso foi o primeiro á ir embora. Disse que se esquecera de fazer algo e escapuliu rapidinho. Os que não viram o desastre ficaram sem entender. Provavelmente ele iria ao cabeleireiro e mandaria tingir o cabelo outra vez. Era típico dele, pensou Uckermann com desgosto.
Dulce María e Christopher deixaram Maite e Anahí em suas respectivas casas. Depois, Dulce foi embora para a sua também apesar de o namorado ter insistido para que ela fosse até a sua. Ela queria descansar e precisava arrumar suas coisas. Fora que sentia saudade dos pais.
Quando Dul chegou á seu lar, correu disparada para dentro. Aquele ambiente a confortava. Não precisava de nada mais quando estava lá. Passou o resto do dia arrumando suas coisas e conversando com sua mãe.
Quando a noite chegou, deitou-se para dormir. Sentia-se muito cansada e o dia seguinte seria escola. Precisava estar bem e disposta. Com um último suspiro, apagou.
Duas semanas depois:
O desaparecimento de Zoraida ainda era um tremendo mistério. Nada podia fazê-los se esquecer da garota. Os pais de Zoh já estavam perdendo as esperanças. Anahí nem chorava mais. Tampouco Maite ou Angelique. Elas estavam se tornando pessoas conformadas, o que levou Dulce a pensar se elas realmente gostavam de Zoh.
Alfonso também voltara ao normal : moreno. Ele tingira o cabelo o que evitou com que também fosse alvo de risadas na escola. O que era uma pena. Christopher queria rir mais um pouco. Mas só pelo dia lá na praia já havia valido de algo.
E dali há uma semana, Chris e Dul colocariam o plano em prática. Uckermann já havia comprado a dose de morfina certa. Só precisavam chamá-los para ir á casa de campo. Mas tinham de ser discretos. Ninguém mais deveria saber daquilo.
Christopher pensou em utilizarem o chip clonado para mandarem um sms aos dois e os atraírem. Mas o que podiam dizer na mensagem? Não faziam ideia de como chamá-los sem serem notados.
E então, depois de quase três ias se remoendo por dentro, decidiram convidá-los pessoalmente. Ao término da aula, barraram ambos, pedindo para que os outros fossem indo na frente.
- Ah, então... – Iniciou Dulce sorrindo para ambos. – Queríamos convidar vocês dois para uma viagem.
- Tenho uma casa de campo e gostaria que fossem até lá para conhecerem. Se gostarem, podemos ficar por lá durante um fim de semana inteiro. – Continuou Christopher com a maior educação possível. – Seria agradável.
- E bem... Queremos que não contem por enquanto para ninguém. É que queremos ver se aprovam antes de convidarmos o resto do pessoal. O que acham?
- Ah, é uma ótima ideia. – Concordou Angelique. – Então, que horas vamos?
- Sábado pela manhã. Vocês podem ir para minha casa e vamos juntos. – Sugeriu Chris tentando disfarçar o sorriso de “prêmio ganho “ . – Se quiserem meu endereço irei mandar pelo sms. Mas lembrem-se: é surpresa total.
- Podem deixar. Ficaremos bem quietos. – Prometeu Christian.
- Ótimo. – Disse Dulce. – Até mais.
- Até mais. – Angelique beijou Dul no rosto e foi embora junto de Christian. – Cuidem-se.
- Beijos. – respondeu Dulce acenando.
Assim que os dois saíram de vista, Dul abraçou apertado Christopher. Eles haviam os pego direitinho. Os dois caíram na armadilha feito dois imbecis. Só precisavam saber como fariam para dopá-los.
Alguns dias depois:
No dia da viagem, Dulce não parava de andar de um lado para o outro na sala de estar de Christopher. Ficava passando de lá para cá sem realmente sair do lugar. Sentia-se demasiada nervosa. Seus nervos pareciam em frangalhos. Christopher porém, encontrava-se muito confiante. Já tinha tudo traçado. Não precisavam se preocupar.
- Acalme-se Dulce. Eles vão chegar daqui á pouco. Vai dar tudo certo.
- Eu sei, mas estou ansiosa.
- Deu para notar. Mas você já fez isso antes. Esse vai ser ainda melhor.
- Pode ter certeza de que vai.
Assim que Christopher foi responder, a campainha soou. Ele se levantou prontamente e saiu para atender. E lá estavam Angelique e Christian. Pareciam demasiado excitados com a pequena viagem. Angel era toda sorriso. Christian cumprimentou Ucker e eles entraram. Dulce María abraçou e beijou Angelique Boyer nas bochechas.
- E então... Preparados? – Perguntou Christopher.
- Sim. – Garantiu Christian. – Mal posso esperar para chegar lá.
- Vamos.
Eles foram até a garagem e então entraram na Mercedes de Ucker. Angel foi com Dulce na parte de trás. Christian postou-se ao lado de Christopher no banco de carona. Uckermann ergueu o teto solar, baixou as janelas e ligou o rádio.
A viagem não foi longa como a da praia. Eles iriam chegar bem rápido. Ficaram em silêncio durante o trajeto. Dulce aproveitou para tirar um cochilo. Christopher de vez em quando falava sobre coisas do time com Christian.
O campeonato seria dali á dois meses e Uckermann se sentia muito pressionado. Era como se todos tivessem contando apenas com ele e não com os outros. Tinha medo que algo desse errado. Se ele perdesse iria se sentir culpado pelo resto do ano letivo.
Quando eles estavam chegando perto da casa, foram avistando a paisagem típica daquelas poesias muito velhas sobre bucolismo. As árvores cresciam em todo o redor como gigantes marrons. Morros entrecortavam aqui e ali. O céu era de um azul profundo com nuvens salpicando tudo até a linha do horizonte. A casa ficava bem no centro de uma clareira de terra batida.A construção era bem antiga, mas bem conservada. Possuía dois andares e era toda entalhada em madeira. O telhado era feito á partir de tijolos bem avermelhados. Janelas altas eram vistas facilmente. Era isolada o suficiente para ninguém escutar um grito sequer.
Christopher subiu pela ladeira que dava diretamente para sua garagem e parou. Ele girou a chave, desligando o motor. O automóvel fez um último ruído e parou. Christian, Christopher , Dulce e Angelique desceram do carro. Uckermann fechou o portão da garagem.
Eles entraram diretamente na cozinha por uma porta incrustada na garagem. Angel e Christian ficaram impressionados. O lugar era bem arejado e cheirava á chuva. Era simples e parecia muito aconchegante. O ar era morno. O ambiente bem iluminado.
- Bem, aqui estamos. Espero que gostem. – Disse Christopher sorrindo. – è um pouco simples, mas muito confortável.
- Ah, mas é muito bonito por aqui. – Disse Angelique dando uma espiada na lareira de pedras negras. – Bem rural. Adorei.
- Pois é. É bem diferente. – Concordou Christian se sentando ao sofá. – Bem calmo.
E era mesmo. Os únicos ruídos que podiam ser ouvidos por lá eram os pios discretos de espécies diferentes de pássaros e o bater das asas de insetos. E vez ou outra uma folha batia contra as janelas.
Dulce María lançou um olhar significativo para Christopher que meneou a cabeça. Ele se voltou para Angelique e disse:
- Eu e a Dul vamos preparar algo para podermos comer. Fiquem á vontade. Sentem-se e podem assistir algum filme.
Angelique se depositou no sofá bem ao lado de Christian, fixando o olhar na TV. Dulce puxou Ucker pela mão. A bolsa ainda presa junto ao corpo. Levou-o até a cozinha. Espiou para ver se nenhum dos dois estava prestando atenção e murmurou:
- Vamos entrar com cuidado naquela sala.
Ela pousou a bolsa em cima da bancada de mármore. Abriu a mesma e de lá retirou duas seringas deu uma á seu namorado. Ele rolou o objeto de uma mão para a outra. A garota o olhou, Uckermann respirou fundo.
- Vamos lá. – Disse Candy por fim.
Christopher seguiu Dulce María até a sala. Eles iam nas ponta dos pés. Chris sentia as mãos tremerem. Eles estavam muito perto de conseguirem. Dulce tomava a dianteira quase se encostando junto ao sofá. Porém, nada saiu exatamente como o planejado.
Angelique vira o reflexo de Dulce María pela TV. A loura se virou, estática e se deparou com Dul logo atrás de si. A seringa na mão levantada para o alto. Angel abriu a boca para soltar um grito de exclamação, porém, a ruiva foi mais rápida e desceu a agulha nela. A ponta do objeto perfurou a pele sensível de Boyer bem em seu pescoço, a morfina indo diretamente para suas veias.
Dulce sorriu ao ver que Angelique pular do sofá em um salto lerdo, tropeçando para trás, a mão bem na curva de seu pescoço. Christian assistia á tudo congelado, erguendo-se do sofá antes que Christopher pudesse o atingir também.
Christian e Angel se colaram contra a parede, mas Angel estava cambaleante. A morfina já fazia efeito em questão de um ou dois minutos no máximo ela estaria jazida ao chão.
- O que vocês querem? – A voz de Christian estava trêmula. Ele lembrava um animal assustado e ferido. Ele se prensava na parede. Estava com os lábios trêmulos. Lágrimas caíam de seus olhos. – Me digam!
- Ah, isso é surpresa. – Respondeu Christopher sorrindo. – Se eu contar não vai ter graça.
Uckermann deu mais passos á frente, porém, Christian teve um reflexo rápido e em um lapso de pânico, pegou um porta retrato logo acima da lareira e atirou contra Christopher. Ucker desviou do objeto que passou raspando por seu rosto. E aquilo deu uma chance de Christian sair correndo para a porta da frente, mas a sorte não estava ao favor dele, pois a porta se achava trancada. Tentou forçar a maçaneta, mas não obteve resultado nenhum.
- Aonde pensa que vai? – Dulce María apareceu atrás do garoto, o olhar estreito, as mãos na cintura. – Não vai escapar.
Christopher avançou novamente em Christian que dessa vez o golpeou diretamente no estômago. Ucker perdeu o fôlego, cambaleando. Candy urrou como um animal e se atirou contra Christian. O garoto segurou os pulsos da ruiva que tentava o golpear com unhadas diretamente no rosto. Christopher ainda se recuperava do soco recebido apoiando-se na parede.
Em um ato de coragem, Christian passou uma rasteira em Dulce, fazendo-a cair com um baque seco no chão. Ela soltou um guincho de dor e antes que pudesse fazer algo, o amigo de Alfonso saiu correndo escadaria acima.
- Merda! – Resmungou Uckermann ajudando Dulce á se levantar do chão. – Não podemos deixá-lo sair. Se ele conseguir fugir vamos nos ferrar.
E então eles correram atrás de Christian até o andar de cima, Ucker perdera a agulha com morfina deixando-o em desvantagem. Dulce estava atônita de tanta raiva. Quase caiu nas escadas.
Christian, porém, era ágil chegara ao andar de cima rapidamente. Precisava ser mais veloz ainda. Olhou para o corredor diante de si, recobrando o fôlego. Tinha de se esconder. Entrou na primeira porta, fechando-a. Os passos de Uckermann e Saviñón ecoando em seus ouvidos. Ele olhou para o quarto, tentando achar algum lugar para se ocultar. Podia pular pela janela, mas tinha medo que eles escutassem algum ruído. Só havia uma cama. Prendendo o fôlego, enfiou-se debaixo dela e se encolheu como uma bola.
- Que ótimo! – Escutou Dulce gritar cheia de indignação. – Vamos ter que caçá-lo agora. Espero que ele ainda esteja aqui.
- Vamos lá Dulce. Vamos achá-lo.
Os passos foram indo e vindo. O suor estava deixando Christian ensopado. Ele ainda chorava baixinho perguntando á si mesmo como pode ser tão imbecil. Não deveria ter aceitado o convite. E agora era tarde demais. Se não saísse de lá iria morrer. E ainda havia Angelique. Ela desmaiara. Precisava ajudá-la. Mas para isso precisaria voltar ao andar de baixo. Tinha de esperar para poder sair do quarto.
Ficou debaixo da cama por um bom tempo apenas ouvindo portas se abrindo e fechando. E então, o silêncio se fez presente. Por alguns segundos a casa ficou muda. E Christian achou que estivesse com a passagem livre, porém, quando fez menção de sair de seu refúgio, escutou a porta se abrir. Quatro pés surgiram em sua visão. Os pés de Dulce e Christopher. Christian teve de tapar a boca para não gritar.
Dul e Chris iam e vinham. Chegaram á olhar no armário, mas não viram nada. Christian viu que Christopher parou bem próximo da cama. Escutou um suspiro feminino e a voz de Uckermann:
- Bem, vamos ver lá em baixo. Ás vezes ele está tentando ajudar a Angelique.
E eles se foram, finalmente. Christian suspirou aliviado assim que a porta se bateu. Aguardou por um dois minutos e então saiu. Levantou-se sorrateiramente e mirou a janela. Podia pular. A casa não era muito alta, olhou para baixo e decidiu se arriscar. Abriu a janela, mas não foi rápido o suficiente. Antes que ele pudesse cogitar a possibilidade de saltar, quando já estava com quase metade de seu corpo para fora, Christopher e Dulce entraram no quarto. A ruiva encontrou seu olhar. Ela parecia histérica. Christopher lembrava um selvagem.
- Pegamos você. – Declarou Dulce María sorrindo de orelha á orelha. – Não pode escapar meu querido. Se entregue de uma vez só.
- Nunca!
E então, Christian pulou da janela. Seu corpo planando no ar por terríveis segundos. Seus braços e pernas se debatendo. E com um baque, caiu no chão. Seu corpo batendo contra a terra. O ar saiu violentamente de seus pulmões. Sentiu uma dor lancinante percorrer por seu crânio, o Mundo parou de girar. Sentia-se extremamente dolorido. Não conseguia se mover. Sentiu uma vertigem se apoderar de sua consciência. Tentou se erguer, mas em vão. Deitou no chão. O Mundo ficando cada vez mais distante. A escuridão começou a cercá-lo e então, Christian desmaiou.
O garoto acordou minutos depois. Sua mente era nada mais e nada menos do que um labirinto confuso. Sentia-se fora de equilíbrio. Seus músculos doíam como se tivessem sido arrancados. Sua respiração saía de modo entrecortado. O coração batia como um louco e se esmagava contra as costelas de Christian. O crânio dele doía como se um touro tivesse passado por cima dele.
Um vento abafado e com cheiro de pó batia contra sua pele sensível. Ele sentia um gosto amargo de sal e cobre em sua língua. Havia um corte interno em sua bochecha que ardia. O suor brotava em sua testa, escorrendo para suas faces e pingava no chão. Não conseguia abrir os olhos, sentia-se amedrontado demais.
A lembrança da fuga o perseguia , passando como a cena de um filme em sua mente por diversas vezes. Ainda sentia a vertigem da queda. Se tivesse morrido aquela hora teria sido bem melhor. Não queria pensar no que iria lhe acontecer.
Uma sensação de frio se acomodava no fundo de seu estômago, enquanto um arrepio mortífero subia por sua coluna e eriçava os pelos de sua nuca. Estava tremendo todo como se fosse feito de gelatina.
Através de suas pálpebras cerradas, podia ver o breu que o envolvia. Sua mente apitou, lembrando-o sobre Angelique. Onde estaria ela? Sentiu um súbito pânico se alastrar. Tinha de saber onde estava. Tinha de fazer algo. Iria pegar seu celular e ligar para a polícia. Deveria ter feito isso antes, mas foi burro o suficiente para bancar o “herói”. Devia ter pensado melhor e executado a ligação.
Com certo receio, abriu os olhos. A escuridão era imensa, engolindo-o. Não havia luz alguma. Estreitou a visão, tentando realmente ver algo. Conseguiu ter um vislumbre pequeno e preciso de um lugar pequeno. As paredes eram imundas e cobertas já pelo pó especo e cinza. O chão estava todo envolto por um plástico transparente. Não havia sinal algum de janelas, apenas uma minúscula lâmpada que se pendurava debilmente por um fio á partir do teto. Girou o pescoço de um lado para o outro. Mirou o teto cheio de rachaduras. Voltou á olhar mais uma vez ao longo do cubículo abafado. E dessa vez, avistou um vulto destorcido em meio as sombras.
Os contornos de uma pessoa eram vislumbrados, a pessoa se encontrava deitada em posição horizontal, os braços e pernas estendidos em um ângulo demasiado reto. Os cabelos espalhando-se para fora da mesa. Christian conseguiu ver o rosto fino e as mechas coloridas. Angelique.
Christian soltou um suspiro de alívio, mas durou muito pouco ao notar que a garota se encontrava presa pelos pulsos e pelos tornozelos. O sangue do adolescente congelou. Ele ficou petrificado ao ver Angel pálida como uma boneca de cera e desacordada. Abriu a boca, tomando ar. Ela parecia péssima. Suas expressões distorcidas em uma máscara de horror.
Christian sentiu o sangue fugir do rosto. E se Angelique já estivesse morta? Parecia que alguém tinha lhe desferido um golpe bem no centro de seu peito. Engoliu em seco. Não conseguia se mexer, era como se seu cérebro tivesse pifado. E então, quando conseguiu esboçar algum tipo de reação, tentou caminhar. Precisava ir até Angel, porém, assim que deu o primeiro passo, algo o puxou de volta. Ele cambaleou para trás. Uma coisa circular e fria o envolvia. Devia estar algemado. Era seu fim. Começou a lutar para se libertar, mas quanto mais para frente ia, mais se machucava. As algemas o apertavam com força esmagadora. Era impossível escapar de lá.
Começou á berrar de raiva, medo e frustração. Urrava como um animal preso á uma armadilha, os sons de medo ecoando á seu redor. Debatia-se inutilmente, o corpo sacolejando com uma fúria impetuosa. Seus pulsos se encontravam em carne viva de tanto ele tentar soltar as mãos. O sangue pingava pelas feridas feitas em seus tornozelos. Sentia-se fraco. Os joelhos pareciam querer ceder. Lágrimas frescas jorravam. Que Deus tivesse piedade dele, pois Christopher e Dulce não teriam. Ele sabia disso. Aprontara todas com os dois e seria castigado. Se tivesse os deixado em paz... Mas era tarde demais. Não havia desculpas. Pedir perdão não iria salvar.
Christian tinha certeza de que iria apodrecer no Inferno por ser tão cruel, estúpido e vaidoso. Iria ser punido. Ah, se iria! Estava ficando maluco. Não pensava nada com nada. Começou a rir de modo histérico. O som parecia com o de uma hiena : selvagem e descontrolado. Tinha de morrer de modo rápido. Não queria ser torturado.
Mas o que estava falando? Ou melhor, pensando? Deveria estar pensando em algum plano de fuga. Mas iria dar errado. Christopher podia apagá-lo assim como apagaram Angelique. Era arriscado demais. Fora que não sabia como voltar. Estava no meio do nada. Se ficasse perdido na mata que cercava a casa, seria ainda pior. E também não sabia se havia outras casas por perto. Quando estavam chegando, Christian não viu sinal de outras habitações e a cidade encontrava-se á quilômetros de lá. Seria loucura tentar ir embora. Acabaria ficando com fome, frio e solitário.
Sentiu a bile lhe subir pela garganta. Sua cabeça parecia prestes á explodir. O sangue zunia através de seus tímpanos como um imenso enxame de abelhas. Tombou a cabeça para trás, prendendo o fôlego. Por sorte, contara que ia até lá para Alfonso. Se Christian sumisse, Poncho iria saber o que aconteceu. Ele iria atrás de Christian e Angelique. Sorriu com a pequena esperança. Porém, alertou-o seu subconsciente, se o Herrera fosse atrás deles, também podia ser capturado. Ah, não! Não! Não! Não havia pensado nisso. Sentia-se em um labirinto infinito. Mordeu o lábio inferior com tanta força que se machucou. Estava ficando cansado de ficar em pé e se sentia claustrofóbico. O tempo se arrastava, pulsando como o sangue sobre seus hematomas. Achou que iria ficar lá para sempre aguardando, quando um barulho seco foi emitido, abaixou a cabeça. Um pequeno feixe de luz quebrou a escuridão, fazendo Christian estreitar os olhos.
Duas figuras surgiram. Dulce María e Christopher Uckermann vinham andando calmamente. Chris acendeu a lâmpada que piscou já enfraquecida, lançando sombras amareladas por toda a parte. Dul fechou a portinhola atrás de si.
Agora com a luz finalmente invadindo o ambiente, Christian pode notar que perto da mesa de Angelique, uma mesa de metal jazia sozinha, envolta em plástico. Objetos que cintilavam e pareciam extremamente pontiagudos se reuniam na extensão. Ele temia ver o que realmente brilhava, mas não pode evitar. Desejou não tê-lo feito. Seu estômago se embrulhou. Uma faca de gume afiado, mordaças, um chicote, um facão de cortar peixe se exibiam. Ele iria ser esfolado, cortado, maltratado. Era seu fim. Não conseguiu agüentar, abaixou-se o máximo que pode, evitando machucar-se ainda mais e vomitou. Estava enjoado demais e entorpecido demais para notar o olhar de repulsa e nojo por parte de Christopher e Dulce. Nem sequer viu Dul revirar os olhos e retorcer os lábios.
Quando terminou, tossiu de modo seco e fixou o olhar no de Uckermann. Seus lábios tremiam. Precisava tomar água, sua boca estava seca e grudada. Com a maior coragem que conseguiu extrair, questionou :
- O que vão fazer comigo? – Sua voz era pastosa como a de um bêbado. – Digam!
Christopher balançou a cabeça, os cachos pulando ao redor de sua cara de querubim. Um sorriso travesso brincava por seus lábios. Era um sorriso de modelo, cheio de dentes brancos, um sorriso de dar inveja. Porém, naquele momento, parecia errado. Muito, muito errado mesmo. Seus olhos cintilavam como estrelas de fogo.
- Desculpe, mas não posso te contar. Seria chato, sabe? – Ele piscou, jogando um cacho para trás. – Mas te garanto que vai ser bem divertido! Ah se vai!
Christian queria falar algo, mas parecia que as palavras haviam fugido de seu cérebro. Assistiu, paralisado, Christopher se aproximar com a mordaça em mãos. Balançou a cabeça, querendo se desvencilhar. Uckermann tentava em vão tapar a boca de Christian.
- Fique quieto! – Urrou Christopher já perdendo a paciência. As bochechas coradas de tanta ira. – Se não parar de balançar essa cabeça vou te machucar.
- Você vai me machucar de qualquer jeito. – Retrucou Christian com relutância, virando a cara mais uma vez.
- Está pedindo para levar uma surra. – Sibilou Ucker, quase cuspindo na cara de Christian. – Estou falando sério. Se não me deixar amordaçá-lo, irei costurar seus lábios. Isso mesmo que você ouviu. – Completou ao ver que Christian se virou para ele prestando muita atenção. – Com uma linha e uma agulha. Qual você prefere?
Quando Christian ficou parado, Christopher ajeitou s mordaça contra a boca do Chavez, fazendo-o se calar de vez. Amarrou o objeto com firmeza ao redor de sua boca. O garoto se afastou, sorrindo ao ver Christian ali bem á sua frente preso e mudo. Imaginara aquilo por tanto tempo...
Tombou a cabeça para o lado, olhando melhor para Christian Chavez. Coçou o queixo, parecendo pensativo. Depois, virou-se de costas, andando até a mesa cheia de objetos. Dulce observava tudo parada na porta, os braços cruzados.
Uckermann pegou o chicote sem hesitar. O cabo de couro se encaixava perfeitamente em sua mão. O fio era fino tal qual seu mindinho, prateado e reluzente. Christian prendeu o fôlego ele iria ser açoitado. De tanto pânico que sentia, mal notara que estava sem camisa e sem calça. Encolheu-se feito uma bola quando Uckermann rodopiou o objeto. O fio do chicote cortava o ar como uma navalha. Christopher rodopiou o chicote, provocando Christian.
- Sabe Christian? Esperei muito tempo por isso. Desde que entrei para o colégio, fui alvo de piada por parte sua e de seus amigos. Tive de agüentar você todos esses anos calado. Mas eu cansei. E como cansei. – Chris tinha uma voz baixa, fria e calma. – Você é vaidoso, superficial. E não posso deixar mencionar que é interesseiro também. Foi só eu chegar todo entalhado em roupas de marca e na minha Mercedes que você quis virar meu amigo. – Uckermann quase rosnava de tanta raiva. - Christian Chavez, o arrogante que humilha á todos.
Uckermann parou de falar, balançando a cabeça em um gesto de reprova e repulsa. Contornou Christian, parando atrás do garoto. Ele fora pendurado bem no centro do porão. As correntes que o prendiam estavam presas á uma espécie de pedestal de madeira. Christopher fizera questão de pregar as vigas ao chão. Christian ficara apagado por quase duas horas. Angelique iria demorar a recuperar a consciência.
Chris deu alguns passos para trás para ver as costas nuas de Christian. Os músculos retesados e o suor do garoto lhe causaram um estranho prazer. Com uma voz esganiçada, falou :
- Agora, você irá me pagar por tudo que fez. Por cada palavra, por cada agressão física.
Christian urrou. As palavras abafadas. Ucker sorriu, empinando o chicote. A corda esticou-se no ar e então se abaixou com a velocidade de uma cobra dando um bote, um zunido alto e então a ponta de prata se encontrou com a carne macia de Christian.
O garoto urrou ao sentir uma ardência urgente. Um filete fino se formou em suas costas, descendo á partir de um corte aberto na pele. Christopher Uckermann sorriu e desceu o chicote de novo.
A cada chicotada, um novo talho rosado e fresco se abria na pele de Chavez. O sangue pingava feito uma goteira desenfreada no plástico do chão. Christian Chavez urrava, chorando e soluçando. Uckermann não o perdoava e quanto mais machucava Christian, mais ria. Vez ou outra, Uckermann sussurrava “ maldito, estúpido, desgraçado e idiota “ á cada pancada.
Chris só parou de bater em Christian quando seu braço começou á doer. Contou trinta chibatadas ao todo. Chavez estava todo vermelho, o sangue lhe salpicando as pernas. Ele estava se dobrando, quase caindo.
Christopher ficou em fim de frente para ele. Christian tinha os olhos quase fechados. Estava pálido. Os olhar frio de dor. Ucker sorriu e aproximou-se dele. Seu nariz quase tocando o dele :
- Você merece mais uma marquinha nesse seu rosto tão perfeito. – Christopher falou cheio de ironia, sorrindo de ponta á ponta. – Você merece como prêmio, filho de uma puta narcisista.
Christian Chavez mal tinha forças para interpretar o que Uckermann disse. Apenas o olhou com um mero fio de consciência o prendendo á Terra. Tudo o que pode ver em uma visão embaçada, foi Ucker levantando mais uma vez o objeto. Ele viu a cena em câmera lenta, a ponta fria vindo em direção á seu rosto. Fechou os olhos á tempo de sentir o chicote o atingindo bem na lateral direita de sua face. O corte abriu-se desde sua têmpora até o queixo. O sangue tingiu sua língua. Uma cicatriz foi formada e ele foi sendo sugado aos poucos pela escuridão.
Christopher depositou o chicote na mesa e retirou as grossas luvas de couro. Suas palmas suavam. Estava trêmulo. Havia machucado Christian á fundo. E assim que aquele presunçoso acordasse, iria feri-lo ainda mais. Pena que só a carne e a pele não eram o suficiente.
Uckermann queria destroçar cada resquício da mente bem estabelecida de Christian Chavez. Queria vê-lo maluco, chorando. Iria transformá-lo em um verdadeiro animal de estimação. Se pudesse iria colocar uma cela nas costas de Christian e montaria nele, fazendo-o andar de quatro como um burro de carga. A idéia lhe agradou em muito, afinal, Chavez não passava daquilo : um ser de mente pequena, fechada e destituída de todo e qualquer tipo de inteligência.
Chris secou a testa com as costas das mãos e olhou para Dulce. A ruiva ainda permanecia como uma estátua parada junto á porta. Os olhos faiscando de fascínio. Para ela, Christian parecia um quadro realista. Uma pintura de cenas mais profanas de pesadelo. Olhava Chavez com admiração. Sorria com brandura, como se Christian estivesse dormindo sereno.
- Ah, querido. – Candy murmurou, desta vez encarando o namorado. – Foi um excelente trabalho. Eu não poderia me sentir mais orgulhosa de você. Porém, temo em lhe dizer que temos um pequeno problema.
Christopher franziu o cenho, vincos duros formando-se nos cantos de seus olhos. Retorceu os lábios em desagrado. Dulce María estava claramente alarmada com algo. O modo que suas sobrancelhas se retesavam para baixo diziam como estava. Ucker suspirou, esperando a notícia desagradável.
- Vistoriei o celular de Christian e descobri que este maldito contou ao Poncho que iríamos vir para cá esse fim de semana. – A voz da garota ruiva se elevou á três oitavos. Obviamente, ela se sentia como um com cão com raiva. Queria bater em Christian até deixá-lo roxo. – O que iremos fazer agora? Se Alfonso chegar á suspeitar do sumiço de Christian, pode suspeitar com toda a certeza de nós dois. E o que iremos dizer?
Uma onda silenciosa percorreu o ar. Eles deveriam ter sido mais cuidadosos. Convidá-los isoladamente havia sido um tremendo erro. Uckermann sentiu o sangue ferver enquanto a ira o transformava.
- Porra! – Gritou, enfiando os dedos nos cachos espessos. – Inferno! Mas que maldição! – Ele parecia um desvairado. – Somos burros Dulce! Somos burros. Deveríamos ter chamado todos de uma vez. Teria sido tão mais fácil.
Dulce María se encostou junto ao batente da porta, cruzando os braços. Ela tinha dúvidas em relação ao que Chris disse. Suspirou, dando de ombros.
- Seria pior ainda. Todos sumindo de uma vez? Teríamos ainda mais casos de procura. Policiais por todas as partes. Teríamos o triplo de trabalho para encobrirmos as provas. Fora que seríamos os primeiros na lista de interrogatório. Afinal, ficamos próximos dele nesses dias.
Chris caiu em si. A garota tinha razão. Não podiam ir com sede ao pote. Corriam riscos de serem pegos. Coçou o queixo, hábito nervoso. Ficou pensando com seus botões que diabos fariam. Deviam manter Alfonso afastado de lá. Uma idéia começou á pairar em sua mente.
- Já sei o que podemos fazer. Vamos ter de manter Alfonso quieto, mas para isso, teríamos de raptá-lo também. Pois se ele abrir a boca, iremos parar na prisão. Temos de fazê-lo vir até nós ou irmos pegá-lo pessoalmente.
- E como iremos fazer isso? – Dulce arqueou uma das sobrancelhas, tentando entender onde Chris queria chegar exatamente.
- Vamos marcar um encontro com ele. Mas não em nossas casas ou aqui. E sim em um bar que sei onde poderíamos pegá-lo facilmente. Alfonso adora ir á um bar chamado San Lupita. Vamoos mandar uma mensagem como se fossemos o Christian e dizer á ele para ir até lá.
- Está bem, mas e depois? A gente não pode se disfarçar de Christian e ir.
- Eu sei. Eu sei. Por isso mesmo, pensei em fazer o seguinte : Você se disfarça, o atraí e apaga ele. Pode usar uma peruca e lentes de contato. Vou comprar uma droga que faça Alfonso dormir. Você á coloca na bebida dele, chame-o para dar uma volta e então, traga-o para cá.
- Hum... Nada mal. – Dulce María sorriu, batendo palmas. – Mas temos de sair amanhã bem cedo. E só há mais uma coisa : os pais dos três. O que diremos á eles?
- Já pensei nisso. Vamos depositar os corpos em um local bem longe daqui. Conheço um local perfeito para isso. Podemos fazer parecer que foi tudo um mero acidente.
- Se você acha que isso irá funcionar, confio em você e...
Um gemido grogue e mole tirou a atenção dos dois. Imediatamente, olharam para Angelique. A garota acordava bem devagar. As pálpebras abrindo-se para o repentino clarão do porão. Seus cabelos grudavam em seu pescoço e caiam por sobre os ombros. Sentia um gosto de bile forte.
O efeito da morfina não se esvaíra por completo, pois ela ainda se sentia um tanto zonza. Fora de compasso. Luzes e estrelas piscavam por trás de suas pálpebras. Sua nuca encostava-se á algo macio. Soltou uma exclamação sufocada por uma mordaça. Dulce não iria deixá-la gritar naquele momento. Iria primeiro jogar algumas coisas na cara da loura oxigenada e depois, iria ouvi-la agoniar até a morte.
Ficou próxima á Angelique Boyer, pairando em cima dela como uma águia á cima da presa. Os olhos estreitos. Tentou sorrir com doçura, levando as mãos aos cabelos da garota. Acariciou as mechas coloridas.
- Bom dia princesa. – Disse Dulce alegremente. A voz baixa e cordial, melada como o mais puro mel. – Finalmente despertou. Estava te esperando.
Angel urrou algo. Dul franziu a testa, fingindo estar surda.
- O que disse? Acho que não te ouvi.
A loura gritou, os olhos ficando apertados. Estava ficando vermelha, quase que sem fôlego. Berrava coisas incompreensíveis. Dulce ergueu a mão e com uma velocidade incomum, acertou a face de Angelique. As bochechas da garota arderam com o choque. Um estalo alto foi ouvido.
- Calada, sua cadela mal comportada. – Murmurou Candy de modo maternal, como se tivesse brincando com Angelique. – Não gosto de crianças choronas. Me dão dor de cabeça.
Lágrimas se acumularam nos cantos dos olhos de Angelique, que forçou-se á ser forte. Não iria dar á Dulce o prazer de vê-la com medo. Não mesmo. Deixou o rosto o mais impassível o possível, calando-se.
- Isso mesmo. Muito bem. – Dulce acariciou a face ferida de Angel. As marcas de seus dedos marcaram a pele de porcelana da loura. O vermelho contra o branco. – Se você se comportar direitinho, irei ser piedosa com você. Apesar de não merecer. Ah, Angel. Você foi uma menina muito má comigo. Muito, muito má. – A voz da ruiva se reduziu á um sussurro. – Durante anos me machucou. Lembro-me de como tacava bolinhas de papel em mim. Do modo como me olhava e ria de mim. Ficava falando coisas terríveis á meu respeito. Como eu era feia, burra e tinha cara de sonsa. E me recordo bem de como falava que meu cabelo era horrível.
Dulce balançou a cabeça como se sentisse demasiada magoada. Fez uma expressão de coitadinha como se fosse chorar e falou:
- Nunca imaginou que a tonta da Dulce iria te matar um dia. Nunca pensou que pudesse ser feita de marionete. Mas o Mundo dá voltas. E quem vai sofrer agora vai ser você.
Dulce pegou uma tesoura. Iria cortar todo o cabelo de Angelique. Deixá-la quase careca. Era mais do que merecido. Mostrou o objeto para a loura, brandindo-o feito uma espada. Pegou uma mecha grossa e sem dó e nem piedade, cortou-a. Os fios se espalharam no chão como um tapete mesclado. Angel ficou paralisada. Dulce cantava enquanto ia trabalhando. Ficava puxando o cabelo de Boyer com força, fazendo-a gemer de dor.
Candy cortou fio por fio, enquanto Angelique se debatia. Os cabelos dela iam ficando cada vez mais curtos. Em questão de minutos, ela se achava com um corte quase que militar. E quando foi cortar a última parte, fez questão de dizer em tom e bom som:
- E lá se vai mais a última parte. – E quando o fez, sorriu, segurando as mechas bem na cara da loura. – Agora, quem tem o cabelo feio?
Silêncio absoluto. Um soluço.
- Acertou! – Dulce María berrou, girando os fios como se fossem algum brinquedo. – É você mesma. Mas bem, só fazer isso é chato. Você nem sequer sentiu dor ainda. Então, preciso de algo mais convicto. Algo mais legal ainda, que te faça berrar. Ah, sim, berrar como uma selvagem. Como a cadela que é.
Arrancou a mordaça de Angelique que assim que se viu livre, gritou como nunca. Sua cabeça latejando, um surto de adrenalina suprindo seu sangue. Sua pressão aumentando. Parecia que ia desmaiar. Dulce colocou o indicador na boca, fazendo um gesto de silêncio. Angel, porém, não parou. Iria gritar até seus pulmões arrebentarem. Porém, Dulce María bateu nela mais uma vez. O choque foi tanto que ela ficou quieta. Não iria ser salva. Iria morrer como uma idiota nas mãos da ruiva.
- Fique bem calada, vaca. Estamos isolados do Mundo. Ninguém vai te escutar, então gritar não vai te ajudar. Se fosse você, iria perder todas as esperanças.
- Por quê?
- Por que, o que exatamente?
- Por que está fazendo isso?
- Ah, por favor, não finja que você não sabe. Eu já te disse. E agora, vamos para a melhor parte.
Candy não hesitou com a faca na mão. As luvas iriam encobrir suas digitais, então não precisava pegar leve. Girou o objeto em suas mãos, passando-o de uma para a outra.
- Sabe que vou fazer com isso?
- N... não... não. – Angel chorava tanto que seus dentes batiam com força. Seus lábios tremiam com fúria. Suas costas se debatendo contra a mesa. Sentia-se gélida feito a morte. – Não sei.
- Vou cortar sua língua. Pois com ela, você já falou barbaridades que me marcaram.
- Por favor, não faça isso. Por favor!
- Ah, mais nem vai doer tanto assim.
Angelique fechou a boca, recusando-se á ceder. Não deixaria Dulce humilhá-la ainda mais. Ficou virando a cabeça, mas era aquilo mesmo que Dul queria. Era mais uma desculpa para feri-la.
Com a ponta da faca, desferiu um golpe certeiro na perna de Angelique. A cerra encontrou-se com a pele e com a carne, abrindo um corte de cinco centímetros reto. O sangue jorrou. Angel gritou de dor. Dulce foi subindo a faca, abrindo o corte ainda mais. Deixando-o grande. E como se não bastasse, afundou a faca ainda mais. Angel sentiu-se nauseada.
Dulce retirou a faca da perna de Angelique, deixando o sangue pingar na barriga exposta da garota. Dulce traçou uma linha escarlate bem na barriga da garota, deixando mais uma cicatriz que pegava de um lado ao outro. Angel quase desmaiou ao ver sua carne dilacerada. Então, Dulce abriu mais cortes pelos braços da garota. E depois, pelo resto do tronco, até que Angel ficasse um trapo de cicatrizes abertas.
Candy queria mais. Ela ainda não gritava. Era mais resistente do que pensava. Dirigiu-se para a mão direita da garota. Sorriu morbidamente. Pegou um dos dedos dela.
- Ah, essas mão já fizeram maldades. Chiclete em meu cabelo. Pedras atiradas. Acho que ficar sem um deles não vai fazer mal nenhum. Ou que tal perder todos? É você que decide.
Como a loura nada disse, a ruiva decidiu por si mesma. Iria arrancar tudo que pudesse. Mirou o mindinho de Angelique e com uma mira precisa, desceu a faca. A lâmina passou por níveis de músculo e saiu do outro lado. O dedo de Angelique fora decepado. Ela gritou a dor era lancinante, excruciante. Parecia que seus nervos haviam sido rompidos.
Dulce María riu macabramente e foi para o outro dedo, porém, dessa vez, foi cortando-o bem devagar. Angelique já estava perdendo muito sangue, ficando sem consciência, mas mesmo assim Candy prosseguia. Arrancou dedo por dedo, até que nenhum deles sobrasse.
Angelique Boyer gemia, morrendo bem aos poucos. Dul não perdoou. Fez a mesma coisa com a outra mão. Removeu-lhe todos os dedos. Só faltavam seus pés. E então, iria lhe cortar a garganta. A faca estava com um brilho escarlate como o por do Sol. Postou-se aos pés da garota.
- Agora Angel, foi cortar seus pés. Seus dedos iram embora. – Segurou o cabo da faca com demasiada força, as juntas de seus dedos protestando, apertou os lábios com severidade. – Vamos lá.
E assim como lhe fez com as mãos, fez com seus pés. Os dedos iam caindo um por um. E Angel já se achava inconsciente. Estava morrendo. Quando finalizou com os pés, não se demorou á encontrar-se com o pescoço. Deslizou, cortou e deixou que ela finalmente morresse.
No fim, estava suja, sorrindo e com uma faca manchada á mão. Olhou para Christopher, largou o objeto e disse com uma voz baixa, falou:
- Menos uma. Menos uma para nossa lista.
Prévia do próximo capítulo
Mais tarde no mesmo dia, Christopher e Dulce estavam deitados na frente da lareira. A cabeça de Uckermann repousava no peito da ruiva, enquanto a mesma fazia carinho em seus cabelos. O garoto se encontrava em cima da namorada, o corpo dele cobrindo o dela. O cobertor envolvia á ambos, dando-lhes calor. O por do Sol se anunciava do lado de fora. O céu fi ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 12
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ib_vondy Postado em 11/07/2014 - 10:35:12
Quem vai ser a próxima vítima? Posta mais*-*, to ansiosa--^!!!!!
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ib_vondy Postado em 10/07/2014 - 20:06:55
Nossa, to amando*-*!!! Cortar os dedos O.o! Posta mais, to ansiosa-^!!!
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camilla_gabriel Postado em 10/07/2014 - 11:48:54
Meu deus ela é louca, mais curiosa
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candy_wilt Postado em 10/07/2014 - 11:41:48
Dío mío! Ela é completamente louca!!! Claro que eu já desejei espremer o coração das inimigas até transformar eles em pó, mas era no sentido figurado! Agora sim tô com curiosidade, quero saber o que acontece com o casal de psicopatas no final. Posta maisss
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ib_vondy Postado em 10/07/2014 - 11:23:05
Oie! Nunca tinha achado uma web igual a sua, amei*-*!!! Posta mais, quero mais capítulos, to morrendo de ansiedade^o^!!!!
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camilla_gabriel Postado em 10/07/2014 - 08:06:25
Em cada capitulo fico mais curiosa, adorando posta mais
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candy_wilt Postado em 10/07/2014 - 00:42:19
ri mt com o Ucker humilhando a vendedora kkk impressionante o que o dinheiro não faz! Dul obvio que vai ficar diva, mas claro que td isso além de ser louco é perigoso. Em cada capítulo fico com mais curiosidade. Posta maisss
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candy_wilt Postado em 08/07/2014 - 20:33:50
eles são tão lindos juntos :' pena que estão perturbados... posta maisss
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candy_wilt Postado em 08/07/2014 - 11:48:10
nossa ele são maluquinhos... posta maisss
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candy_wilt Postado em 07/07/2014 - 13:02:54
tudo bem sim. Amei o capítulo, continua.