Fanfics Brasil - Capítulo1 Uma mulher ferida-AyA

Fanfic: Uma mulher ferida-AyA


Capítulo: Capítulo1

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Atravessar os corredores do aeroporto até a saída foi como dar um passeio pelo inferno. Teve que caminhar entre uma muralha de jornalistas, flashs de câmaras fotográficas e uma enxurrada de perguntas destinadas a provocar uma reação descontrolada. Alfonso manteve os lábios apertados e tratou de não ouvir sequer coisas como:


-Você teve algo que ver com o acidente de sua mulher, senhor Herrera?, -Ela sabia que o senhor tem uma amante?  - Foi o acidente ou uma tentativa de suicídio? -Há alguma razão pela que você retirou o guarda-costas de sua esposa na semana anterior? Com o olhar à sua frente, Alfonso continuou com decisão para a porta rodeado de seus três homens de segurança.


Enfrentou a chuva de perguntas sem piscar sequer, mas dentro de si a fúria crescia incomparável até chegar à beira da erupção. Alfonso estava acostumado a ser o foco de interesse da imprensa, a que especulassem com sua vida; mas nada, absolutamente nada do que tinham dito dele até esse momento tinha resultado tão danoso e doloroso como aquilo. Por fim saiu à rua e foi diretamente à limusine, que Rico, seu motorista, o esperava com a porta aberta. Meteu-se no veículo e fechou a porta assim que meteu suas longas pernas naquele refúgio. 


Dez segundos depois, o carro se pôs em marcha deixando espaço para que outro veículo recolhesse a seus homens.


         -Como ela está? -perguntou Poncho com gesto sério ao homem que se sentava junto a ele.


         -Segue na sala de cirurgia -respondeu Luke Morell.


A pronunciada mandíbula do Alfonso se fechou com força ao imaginar à bela Anahí na mesa de operações, sob o bisturi. Era quase tão horrível como a visão de que Alfonso não podia separar de sua mente: Anahí apanhada atrás do volante de um carro destroçado, com o cabelo e o rosto manchados de sangue.


-Quem está com ela no hospital?


Luke titubeou ligeiramente antes de dar uma resposta.


 -Ninguém. Não deixou que ninguém ficasse.


Alfonso virou a cabeça e cravou o olhar no rosto inquieto de seu ajudante pessoal na Inglaterra.


         - E Hugo Vance?   


-Anahí  o despediu faz uma semana.


         O silêncio que seguiu a aquela resposta poderia ter consumido todo o oxigênio do interior da limusine.


- E você sabia?


Luke Morell se limitou a tragar saliva e assentir antes de tomar forças para emitir palavra:


-Hugo Vance me chamou para me contar isso.


- E por que demônios não me disse isso?


-Você estava ocupado.


Ocupado. Ele sempre estava ocupado, assim era como vivia.


         -Volta a não me comunicar algo assim e está despedido -advertiu furioso.


         Luke Morell se moveu no assento com inquietação enquanto desejava com todas suas forças que a bela Anahí ficasse encerrada em sua enorme casa de campo em lugar de aventurar-se a explorar o mundo exterior.


         -Foi um acidente,Alfonso. Anahí ia muito rápido...


         -O que importa é... por que ia tão rápido?


         Luke não respondeu. Não precisava que o fizesse;


Alfonso sabia perfeitamente somar dois mais dois. No dia anterior, seu nome tinha aparecido em todos os jornais sensacionalistas sob uma fotografia em que o via na saída de um restaurante de Nova Iorque supostamente discreto, junto à Vanessa De Friess.


Alfonso sentiu um calafrio ao pensar no incidente. Ele jamais fugia a obrigação de proteger ao Anahí de tão embaraçosas cenas, mas essa noite seu guarda-costas tinha estado entretido tratando afastar a um bêbado que tinha impulsionado Vanessa a refugiar-se agarrando-se ao Alfonso. Mas, quando o guarda-costas conseguiu espantar ao bêbado, um ardiloso repórter já tinha captado a prejudicial imagem.


Certamente Anahí se zangou, embora... quem podia saber o que acontecia  na sua linda cabeça? Alfonso tinha deixado de tentar entendê-la fazia já um ano, quando tinham se casado como culminação do que os jornais tinham denominado «O romance do ano», e depois ela se negou a deitar-se com ele. Depois do casamento e uma sucessão de insultos entre os que Anahí tinha incluído «maníaco do poder» e «obsesso sexual», Alfonso não tinha querido voltar a estar perto dela.


Mentira, disse-lhe uma voz dentro de sua cabeça. Na realidade não tinha tido nenhum argumento contra tantas horríveis verdades, assim tinha optado por esconder-se atrás do orgulho e a arrogância.


Também naquela ocasião a origem da explosão tinha sido umas fotografias que tinham dado conta de sua relação com a Vanessa. Suculentos fragmentos de realidade impressos junto às mentiras que lhe tinham impedido de defender-se. Era verdade que tinha estado com a Vanessa uma semana antes do casamento, tinha saído para jantar com ela e depois a tinha levado a sua casa e tinha entrado com ela. O fato de que isso estivesse ocorrendo do outro lado do Atlântico lhe tinha feito acreditar estupidamente, ou ingenuamente, que não havia risco algum.


Mas tinha resultado que da Inglaterra, a bela e doce mulher a ponto de converter-se em sua esposa tinha sido testemunha de tudo o que ocorria em Nova Iorque graças a uma página da Internet que tinha publicado as imagens com todo luxo de comentários.


E essa pequena harpia não tinha contado isso a ninguém, tinha caminhado para o altar, onde ele a tinha esperado observando-a vestida de anjo. Tinha-lhe sorrido, tinha-lhe deixado que pegasse sua mão e lhe pusesse a aliança enquanto prometia amá-la, respeitá-la e protegê-la. Até lhe tinha concedido aquele beijo tradicional no momento de converter-se em marido e mulher. Depois tinham dançado e tinham posado para as fotos. Se alguma vez tinha havido um homem disposto a converter-se em fiel escravo de uma mulher, tinha sido ele,Alfonso Herrera.


Anahí tinha esperado até alcançar o hotel onde foram passar a noite de núpcias e então o tinha atacado como uma víbora; tinha cuspido palavras que tinham parecido ao Alfonso como adagas que despertavam de seu sonho de arrogância, em lugar de ele despertar a sua bela adormecida com os beijos e carícias que o teriam convertido em seu escravo para sempre.


Bem era verdade que seu casamento tinha resultado ser um fracasso inclusive antes de consumá-lo, entretanto o desejo do Alfonso de possuir à bela Anahí havia permanecido intacto; tão forte e urgente como no primeiro dia.


         -Suponho que saberá por que despediu o Vance -perguntou a seu ajudante voltando para o presente.


Morell reagiu com tensão; Alfonso se voltou a olhá-lo e comprovou em seguida que seu empregado estava incômodo, muito incômodo. Inclusive havia um incipiente rubor lhe colorindo aquelas bochechas tão tipicamente britânicas por sua palidez.


-Fale logo -ameaçou-o então a falar.


Luke Morell respirou fundo antes de dizer nada.


-Hugo tentou detê-la, -explicou como se estivesse defendendo-se -Mas ela se zangou.


-Por que ele queria detê-la


Luke levantou uma mão em um gesto de desespero.


-Alfonso, escuta-me. O tom de seu ajudante era muito doce. -Não era nada o bastante sério para te incomodar, mas ao Hugo preocupava que pudesse... descontrolar-se, assim que recomendou  a Anahí que não o fizesse e ela...


-Que não fizesse o que? -Alfonso interrompeu aquelas hesitações tão pouco características do Luke. Além disso, para esse momento, a evidente tensão de seu ajudante começou a alarmá-lo. Estava claro que o que ia dizer-lhe ele não ia gostar.


-Há um homem... -admitiu por fim. -Ou um... amigo a quem Anahí esteve vendo ultimamente.


 


Anahí se sentia como se flutuasse. Era uma sensação estranha, suave e ao mesmo tempo aterradora. Não podia abrir os olhos, tinha-o tentado um par de vezes, mas parecia como se tivesse às pálpebras coladas. Doía-lhe a garganta ao tragar e tinha a boca tão seca que, embora tivesse querido, não teria podido fazê-lo.


Sabia onde estava. Tinha uma vaga lembrança do acidente e do trajeto em ambulância para o hospital, mas isso era tudo o que recordava. O último que recordava com claridade era ter posto em marcha o carro e ter conduzido para a enorme porta de ferro forjado do Rosemere. Recordava a sensação de euforia ao ver a estrada frente a ela. A liberdade que lhe tinha proporcionado deixar atrás os limites da casa e escapar.


Escapar. Franziu o cenho, desconcertada por que a palavra tivesse aparecido de repente em sua mente. Depois, além de desconcerto, sentiu uma tremenda dor na testa ao franzir o cenho.


Alguém se moveu não longe dela.


-Any...? -ouviu uma voz profunda.


Conseguiu abrir os olhos ao menos um milímetro e por essa pequena fresta, viu a imagem de um homem alto, forte e embelezado com um traje escuro.


Poncho, reconheceu com uma amarga pontada. O que estava fazendo ali? teria se detido por completo o mundo empresarial? De outro modo, jamais teria perdido tempo em visitá-la.


Desejava lhe dizer que partisse, mas não tinha energia suficiente; assim voltou a fechar os olhos para evitar o fato de que estava ali, sentado aos pés de sua cama.


-Any, ouve-me?


         Sua voz soava inusualmente brusca. Possivelmente estivesse resfriado ou algo afônico. Apenas o tinha visto nos últimos meses... desde que tinha aparecido no dia de seu aniversário e a tinha levado até um restaurante para que jantasse com ele.


De repente recordou a imagem de seu cabelo negro e sua pele dourada à luz das velas, olhando-a fixamente durante tudo o jantar. Alfonso desprendia elegância por cada poro de sua pele e segurança em si mesmo. Sua postura relaxada não ocultava o poder de seus músculos ou de sua altura. Também estava a indiferença com a que recebia os olhares das mulheres das demais mesas do restaurante; Poncho era especial e ele sabia. Any também sabia por mais que se esforçasse em não demonstrá-lo.


-Feliz aniversário -havia-lhe dito aquela noite pondo sobre a mesa uma caixinha de veludo em que havia um bracelete de diamantes que devia lhe haver custado uma verdadeira fortuna.


Mas Anahí não se deixou impressionar tampouco o teria feito embora tivesse posto frente a ela as jóias da coroa. Acaso pensava que ela não sabia que um bracelete como aquela era o tipo de presente que o fazia um homem rico a sua amante para lhe agradecer os serviços prestados?


Onde estava sua sensibilidade? Claro que primeiro devia haver-se perguntado se alguma vez a tinha tido; possivelmente oculta sob tanta arrogância, como tinha demonstrado quando tinha anunciado que queria renegociar as condições de seu casamento. Certamente tinha acreditado que poderia lhe fazer aceitar algo com a ajuda daquela bagatela.


Havia-lhe devolvido a caixinha enquanto negava com a cabeça, recusando ao mesmo tempo o presente e a pedido. É obvio, Alfonso não se alterou sequer; só se tinha tomado uns minutos para pensar e depois tinha assentido com elegância. Isso tinha sido tudo. Depois do jantar, a tinha levado ao Rosemere e partiu para continuar com a emocionante vida de empresário grego que levava. Certamente teria dado a outra o bracelete, -possivelmente a uma agradecida como Vanessa.


-Odeio-o -pensou sem suspeitar que as palavras tinham saído de seus lábios.         .


O ruído de uma cadeira lhe fez franzir o cenho de novo, lhe provocando a mesma dor. Levantou a mão e a levou lentamente à testa, mas outra mão a deteve antes de poder roçar o rosto.


-Não se toque,Anahí. Você não gostará -sussurrou-lhe ele.


Abriu os olhos para comprovar que agora Alfonso estava muito mais perto dela, sentou-se junto à cabeceira. Olhou-a com aqueles olhos escuros que não podiam dissimular a tensão que tratava de esconder com algo parecido a um sorriso.


-Como se sente? -perguntou-lhe.


Uma tremenda dor a atacou de vários cantos de seu corpo, mas sobre tudo do coração, que seguia quebrado. Fechou os olhos, voltou a expulsá-lo de seu lado. Nem sequer deveria estar ali, teria que estar em Nova Iorque, divertindo-se com a voluptuosa Vanessa, sempre disposta a luzir diamantes e pendurar-se pelo braço do marido de outra.


-Sabe onde está? -insistiu Alfonso.


Anahí estremeceu ao sentir a proximidade de sua respiração.


         -Está no hospital -parecia empenhado em informá-la. -Sofreu um acidente. Pode me ouvir,Anahí?


A última pergunta denotou uma evidente impaciência. Alfonso não gostava de nada que não fizessem conta, não estava acostumado. Era um tipo  importante, o capitalista criador de um império ao que lhe tinham posto. Era dinâmico, atrativo, muito bonito...


-Vá embora -conseguiu dizer enquanto lutava contra uma incipiente dor de cabeça. - Não quero que esteja aqui.


Quase podia sentir sua tensão através dos dedos que seguiam lhe agarrando a mão. Então sentiu que se movia e um segundo depois notou sua outra mão lhe retirando uma mecha de cabelo da cara.


-Não o diz a sério, agapi mou -murmurou ele.


         «Claro que o digo a sério», pensou Anahí ao mesmo tempo em que as lágrimas lhe amontoavam nos olhos porque, com apenas roçá-la, tinha-lhe levado a memória os sonhos quebrados de sentir aquelas mãos acariciando-a por toda parte. Mas não eram mais que isso, velhos sonhos quebrados que de vez em quando se empenhavam em atormentá-la. O verdadeiro Alfonso era frio e duro e normalmente preferia estar em qualquer lugar em vez do seu lado. Mas como teria chegado ali tão rapidamente? Que hora era? Que dia? moveu-se impacientemente e foi então quando uma incrível dor, dessa vez puramente física, fez-a gritar.


 -Não se mova!


A repentina severidade de sua voz a impulsionou a tratar de ficar de lado e encolher-se para ficar a salvo dele, de tudo; mas seu corpo também lhe gritava para que não se movesse. Doía-lhe o lado.


-Escuta -disse-lhe agarrando-a pelos ombros. Não pode se mover. Está ferida, dói-te o lado porque tem várias costelas quebradas. sofreste uma ligeira comoção cerebral e tiveram que te operar por causa de uma hemorragia interna.Anahí...


-De... do que me operaram?


-O golpe te danificou o apêndice e tiveram que tirá-lo. 


         O apêndice? Isso era tudo? perguntou-se com incredulidade.


-Não se preocupe pela cicatriz porque não a terá. Dentro de umas semanas estará tão bem como sempre.


         De verdade acreditaria que o único que lhe preocupava era se ia ficar a cicatriz? 


-Odeio-te -explodiu ao mesmo tempo em que rompia a chorar desesperadamente, como se de repente lhe tivesse jogado em cima o choque do acidente e toda a dor acumulada.


Alfonso se retirou imediatamente de seu lado. Todo um exército de médicos e enfermeiras a rodearam e já não pôde mais ver Alfonso, embora seguia ouvindo sua voz:


-Pode alguém me explicar por que minha mulher tem que compartilhar o quarto com outros três doentes? É que a dignidade dos pacientes não significa nada para vocês?


 


Quando voltou a despertar, estava rodeada pela escuridão, só havia um tênue abajur aceso sobre sua cabeça. Podia abrir os olhos sem apenas esforço e se sentia mais cômoda, embora suspeitava que era toda graças aos medicamentos. De todos os modos, respirou aliviada e olhou a seu redor. Havia algo diferente, não sabia o que era exatamente, mas algo tinha mudado.


         -Esta tarde mudaram-na a um hospital particular -disse-lhe uma voz profunda.


Girou a cabeça e viu Alfonso entre as sombras da habitação. O coração lhe deu um tombo que não pôde controlar.


         -Por que? -sussurrou confusa.


Mas ele não respondeu, por que ia fazer? Um homem como ele não podia deixar a sua esposa aos cuidados da Segurança Social, por mais eficiente que fosse, podendo pagar pelos mesmos serviços, mas com um bom toque de luxo.


Só olhando-o uns segundos, deu-se conta de que ele não estava de bom humor; tinha uma expressão bastante sombria. Tirou-se a jaqueta do traje e afrouxado o nó da gravata. Por um momento, pareceu-lhe ver o homem por quem se apaixonou um ano antes. O mesmo homem que tinha encontrado uma tarde ao entrar no escritório de seu pai. Então Alfonso tinha tido aquela mesma expressão funesta no rosto enquanto olhava pela janela.


 Aquele tinha sido o dia em que lhe tinha pedido que se casasse com ele; sem rodeios nem introduções românticas. Tinham saído para jantar um par de vezes e Alfonso tinha aparecido como por acaso em todas as festas ou funções às que ela tinha ido. Todo mundo tinha observado como ele monopolizava sua atenção enquanto ela se ruborizava, pois não estava acostumada a que um homem como ele demonstrasse interesse nela.


Anahí tinha vinte e um anos e acabava de retornar depois de três anos no Canadá, onde tinha vivido nas Rochosas junto a uma mãe que havia demonstrado ter mais interesse no rio Kananaskis que em qualquer pessoa. Anahí tinha ido ao Canadá para realizar sua visita anual de duas semanas à Kathleen Garrett e depois ficou até o momento no que sua mãe lhe havia dito que não desejava viver.


Anahí preferia pensar que sua companhia tinha dado a sua mãe uns anos mais de normalidade antes que tudo se complicasse. Certamente, naquele momento tinham tido uma relação, como mãe e filha mais plena que nunca; muito mais que durante a infância e a adolescência de Anahí, quando ela sempre tinha tido a sensação de ser um parente longínquo mais que sua filha.


Ao retornar a Inglaterra, a ativa vida social de seu pai tinha suposto todo um choque cultural para ela. Tinha passado a infância de internato em internado sem contato com as ativas práticas sociais de seu pai. Três anos de tranqüilidade junto a sua mãe não tinham sido precisamente a melhor preparação para uma menina que se converteu em mulher sem sequer dar-se conta até que conheceu Alfonso Herrera.


Um acidente que poderia ocorrer em qualquer  momento...Anahí franziu ao cenho tentando recordar quem lhe havia dito aquelas palavras. Com um suspiro se deu conta de que não podia ter sido outro que não o homem alto e moreno que havia agora em seu quarto de hospital. «É um perigo para si mesma e para tudo o que se aproxime de ti», havia-lhe dito justo antes de estreitá-la entre seus braços e beijá-la... e antes de lhe pedir com extrema seriedade que se casasse com ele.


Afastou o olhar dele, tratando também de afastar seus pensamentos daqueles dias nos que o tinha amado tanto, que se teria deitado sobre cristais quebrados se assim tivesse podido estar com ele. Mas esses dias tinham ficado para trás fazia já algum tempo, igual a tinha ficado atrás seu orgulho, seu respeito por si mesmo e seu doce amor.


Seguia tendo a boca seca e o efeito do que lhe tinham dado para mitigar a dor o fazia sentir os braços e as pernas pesados como chumbo. Tentou levantar a mão para alcançar o copo de água que via na mesinha que havia junto à cama, mas mal pôde separar os dedos da cama.


-Necessito de água -sussurrou com a voz quebrada...


         Em um décimo de segundo, Alfonso foi em sua ajuda; sentou-se na cama e a ajudou a incorporar-se até poder lhe pôr o copo nos lábios. Anahí sentiu sua força e o calor que desprendia dele, algo que lhe provocou uma estranha sensação, pois não havia tornado a estar tão perto dele desde o dia do casamento.


-Obrigada -murmurou quando voltou a retirar o copo.


Ele retirou o copo, mas não se moveu de seu lado, ficou ali olhando-a e Anahí percebeu algo em seu olhar que não pôde decifrar. Claro que Alfonso não era um tipo ao que gostasse que outros soubessem o que pensava ou sentia.


-Seu carro ficou completamente destroçado –lhe disse inesperadamente. -Destroçado? -repetiu ela assustada.


Alfonso assentiu ao mesmo tempo em que apertava os lábios. -Devia ir muito  rápido para te dar um golpe tão forte contra uma árvore.


Anahí baixou o olhar com um gesto de dor.


-Não me lembro.


-Não recorda nada?


-Só que saí do Rosemere e tomei a estrada. Depois disso... nada murmurou em voz baixa.


Fez-se o silêncio durante uns segundos durante os que Anahí o sentia observando-a e fazendo-a ruborizar-se. Mentir nunca tinha sido seu forte, mas naquele momento pensou que era o mais recomendável. Supunha-se que isso devia fazê-la sentir-se mais valente, mas não foi assim.


-Que horas são? -perguntou mudando de assunto.


Alfonso ficou em pé antes de olhar ao relógio. -Duas e meia da manhã.


Anahí levantou o olhar e o observou retirar-se até a janela.


-Acreditei que estava em Nova Iorque.


-Retornei... obviamente.


Com ou sem a Vanessa? perguntou-se.


-Não há nenhuma necessidade de que fique -disse com tensão.


Ele não estava acostumado a ficar em nenhum lugar, entrava e saía de sua vida como se estivesse de inspeção; fazia as perguntas de rigor sobre sua vida e às vezes até se entretinha em levá-la a alguma festa ou reunião social só para guardar as aparências. Supunha-se que o quarto que havia junto ao dela no Rosemere era dele, mas jamais tinha dormido ali. Parecia que guardar as aparências só consistia em levá-la até a porta de seu quarto e depois voltar a partir.


-É o que se supõe que devo fazer.


-Bom, pois te relego de suas obrigações -esclareceu ela com certa dor Vá embora, Alfonso-cada vez lhe resultava mais difícil manter os olhos abertos, inclusive falar supunha um tremendo esforço. Põe-me nervosa que esteja aí de pé...


Alfonso permaneceu ali enquanto aquela pequena mentirosa entrava imediatamente em um profundo sono. A lâmpada da parede iluminava a palidez de seu rosto e os cortes inflamados que distorciam sua beleza.


Deus, afetava-lhe vê-la nesse estado.


Tinha o cabelo loiro emaranhado, embora ele gostasse mais quando o deixava solto. A primeira vez que a tinha visto tinha sido na casa de seu pai, acabava de voltar de passear com os cães. Aquele tinha sido um dia de vento e ela tinha aparecido com o rosto brilhante pelo frio e o cabelo revolto. Os olhos verdes com um incrível toque cor turquesa lhe tinham enchido de faíscas ao voltar-se a rir por alguma travessura dos cães.


Tinha sido então quando o tinha visto; tinha passeado o olhar desde os seus pés até seu rosto de um modo que Alfonso tinha aprendido a identificar como um costume que lhe disparava a libido até alturas insuspeitadas. Voltava-o louco recordar todas as vezes que se ruborizou ao olhá-lo.


Perdendo a vista na escuridão do exterior, preferiu não pensar no que tinha acontecido depois do rubor.    


Devia ter-se afastado dela quando ainda tinha estado a tempo. Sempre tinha sabido que não era boa idéia misturar os negócios com o prazer; sobre tudo se se tratava do tipo de negócios que tinha com o Julian Garrett, que requeriam ter o coração muito frio e a mente muito clara. Coisa que não se podia conseguir com tanto desejo sexual atormentando-o. Ele tinha tido uma amante sensual e bela que tinha sabido perfeitamente do que era o que gostava e o tinha dado sem esperar muito em troca. Para que necessitava de uma menina ingênua de cabelo selvagem e olhos encantadores?


Anahí tinha razão, pensou com um doloroso suspiro, devia partir. Devia afastar-se dali antes de sofrer mais danos; embora, por algum motivo, tinha a sensação de que era muito tarde.


 


 Capítulo dedicado à nessabeatrizmeira.


 


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Autor(a): mariahsouza

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 4



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  • lirityrbd Postado em 19/09/2009 - 00:40:11

    oi leitora nova.
    olha simplesmente amei a web,achei demais,perfeita maravilinda,posta vai,por favor,posta mais,muito mais,eu quero mais!!!
    web interessante,gostei!!!

  • lirityrbd Postado em 19/09/2009 - 00:40:10

    oi leitora nova.
    olha simplesmente amei a web,achei demais,perfeita maravilinda,posta vai,por favor,posta mais,muito mais,eu quero mais!!!
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  • lirityrbd Postado em 19/09/2009 - 00:40:10

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    olha simplesmente amei a web,achei demais,perfeita maravilinda,posta vai,por favor,posta mais,muito mais,eu quero mais!!!
    web interessante,gostei!!!

  • nessabeatrizmeira Postado em 29/07/2009 - 11:51:38

    amei posta mais


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