Fanfics Brasil - Capítulo - 08 Just a Kiss .. ♪

Fanfic: Just a Kiss .. ♪ | Tema: Just a Kiss .. ♪


Capítulo: Capítulo - 08

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Guilherme Lizarga Narrando.


A sala estava cheia de convidados, todos bebiam felizes, falavam das suas vidas fúteis e me desejavam parabéns. Eu mal conhecia eles, a maioria eram convidados da minha mãe, coisa que eu estranhei já que ela não queria o casamento pensei que nem a festa ela quisesse ir, mas pra minha surpresa ela se animou e organizou tudo, vai entender, né? Era a minha festa de noivado e a minha noiva ainda não havia aparecido, todos que passavam por mim me perguntavam dela eu já estava aflito quando minha sogra se aproximou de mim.


 


—  A Anna ainda vai demorar muito? – perguntei preocupado e ela apertou os lábios.


— Ela não quer vir.


— Como assim não quer vir? – perguntei assustado.


— Eu já fiz de tudo, ela não diz os motivos e nem quer vir, não tem jeito.


— Aonde ela tá?


— Em casa, no quarto dela.


— Eu vou até lá. Se caso alguém perguntar de mim, inventa qualquer desculpa. Eu vou buscar a Anna e já volto.


— Isso filho, traga ela logo – sorriu e eu sai o mais discretamente possível.


 


 


Eu estava com tanto medo dela me deixar sozinho no meio daquele monte de gente que em segundos eu já estava subindo as escadas da casa dela encarando a porta do quarto da mesma que estava entreaberta. Empurrei e a encontrei sentada na cama, com os cotovelos sobre o joelho e a cabeça escorada nas mãos, olhando pra penteadeira. Vestia um vestido bege tomara que caia, era curto tinha um laço grande no meio e era bem folgado, pra esconder a barriga que não estava grande, mas já começa a querer se mostrar. Os cabelos soltos caiam em cachos longos pelas costas. E era incrível como ela não percebia o quanto era linda, chegava a ser apelação não se tocar.


 


— Acho que você está atrasada – falei calmo da porta e ela me olhou assustada, mas logo mudou a cara apertando os lábios, como quem iria chorar.


— Me desculpa ?– pediu em um sussurro e abaixou a cabeça.


Ei amor, não chora – falei me aproximando dela, me agachei em sua frente e levantei o seu queixo.


Eu não tenho coragem Gui, não vou conseguir.


— Conseguir o que amor? Se casar comigo, é isso? – ela negou com os olhos cheios de lagrimas.


— Me perdoa, mas eu não posso. Não posso morar lá, não posso viver como vocês, eu não posso.


— Você me prometeu não deixar isso acabar com a gente.


— Eu sei amor, mas é muito. Eu sou tão pouco comparado a isso tudo. E as vezes eu acho que é tudo um sonho, que a qualquer momento eu vou acordar e perceber que não pertenço a esse mundo, que não pertenço ao seu mundo.


— Você pertence ao meu lado Anna, não importa em que mundo. Você nasceu pra ficar comigo! É o nosso noivado, eu sonho com isso desde a primeira vez em que te vi. E eu mal dormi a noite pensando em como seria hoje, nas palavras que te diria e ainda nem é o nosso casamento. Eu sei que pode parecer precipitado, mas a gente se conhece a tanto tempo – beijei-lhe a mão – se ama a tanto tempo. Eu nasci pra ser seu e pensei que você também tivesse nascido pra ser minha. E não importa o dinheiro a classe ou qualquer outra diferencia, nada no mundo vai tirar você de mim, do mesmo jeito que nada no mundo vai me tirar de você.


— Eu estou nervosa, é como se tivéssemos fazendo a escolha errada. Todas essas pessoas ricas, de boas famílias, de bons costumes eu sou só...


—  Você é a mulher que eu amo – a interrompi – e todas aquelas pessoas não velem um só fio de cabelo seu. – ela abaixou a cabeça de novo – eu te amo Anna.


—  Eu também amo você.


— Então amor – ela levantou a cabeça e me olhou, aqueles lindos olhos verdes.


— Eu não posso Gui, não nasci pra isso.


— Você quer casar comigo?


— Mais do que tudo na minha vida – sorriu e acariciou meu rosto, sorri também. Passei uma mão no bolso da calça e peguei a caixinha do anel, tudo o que importava era ela e se ela estava ali, nada mais importava – o que você vai fazer?


— Eu vou casar com você e não com nenhuma daquelas pessoas – sorri e me endireitei de frente pra ela e abri a caixinha do anel. – hoje quando acordei eu mal me contive de felicidade, era como se o sol tivesse nascido inteiro pra mim e vendo você aqui, na minha frente é que eu percebo que não preciso de mais nada no mundo, você e o pedacinho da gente que carrega aqui dentro – coloquei a mão em sua barriga – você e ele são tudo o que eu preciso. E esse anel, eu comprei pensando em você, na verdade já fazem anos que em que tudo o que eu faço é pensar em você. E todas aquelas pessoas que estão lá em baixo não significam nada já que você é com você que vou casar, que é com você que eu vou viver. E esse anel...


— Guilherme... – falou em um sussurro me interrompendo.


— Xiii me deixa terminar – ela sorriu – e esse anel aqui, você só vai aceitar se tiver certeza de que eu sou o homem que você ama. De que sou aquele que vai te abraçar quando tiver medo, de que vão ser nos meus braços que você vai poder se sentir segura e que é o meu nome que você vai chamar nos piores e nos melhores momentos da sua vida. Então amor, você me aceita? Me aceita com todos esses defeitos? Me aceita com uma mãe problemática? Uma irmã rebelde? Aceita esse cara aqui que está de joelhos na tua frente te implorando pra ficar comigo, pra ser minha mulher e ter o meu nome, pra ser a minha dona, pra poder me chamar de seu quantas vezes quiser. Pra ver nosso filho dando os primeiros passos, dizendo a primeira palavra. Anna, aceita casar comigo pra acordar todas as manhãs e me encontrar ao teu lado? Pra enfeitar barreiras comigo? Pra ser minha? – suspirei – eu te amo linda, e se você não me aceitar agora eu nem sei o que vai ser de mim. Eu não sou nem metade sem você amor. E então, você aceita?


— Guarda o anel – falou em um suspiro – guarda o anel que eu vou com você. Pra poder me apresentar como sua futura esposa, guarda o anel que eu juro não te decepcionar. E sim – sorriu e deixou escapar uma lagrima – eu aceito você e seus defeitos e todo o resto Gui. Eu aceito ser sua esposa, e quero que saiba o quão difícil é pra mim encarar todas aquelas pessoas, mas por você não, com você eu vou pra qualquer lugar – eu que estava ajoelhado ao chão a olhando feito bobo levantei e sorri guardando o anel no bolso novamente.


—  Eu te amo tanto Anna, hoje mais do que nunca – sorri e puxei sua cintura pra mim – prometo não decepcionar e ser o melhor marido e pai do mundo.


— Eu sei que vai. – sorriu – e eu também te amo – me lembro perfeitamente do momento em que a puxei pra mim enrolando minhas mãos nos cachos longos de seu cabelo, seu perfume incendiava o quarto e pensar que logo estaríamos assim, pra sempre marido e mulher e quando não aguentei mais eu a bei...


 


—  Doutor Guilherme – abriu a porta me despertando dos meus pensamentos.


—  Eu...


—  Reunião em 15 minutos – assenti e ela fechou a porta.


 


Estava na minha sala, faltava menos de duas semanas pro natal e tudo o que tenho feito é chamar pela Anna, é pensar nela, é desejar ela com todas as forças do meu corpo ao meu lado na cama. Olhei o porta retrato que ficava na minha mesa. E me bateu uma saudade da minha menina, minha caipira. Saudade, é até engraçado dizer que sente saudade de alguém  que por direito pertence a você, alguém que te deixou te amando. E mesmo parecendo egoísta, não posso negar que gostaria que ela estivesse sofrendo e sentindo a minha falta tanto quanto eu sinto a dela, queria que doesse que a sufocasse, que ardesse e que ela perdesse até a fome, queria que ela sentisse metade da falta que eu sinto dela, e quem sabe assim, voltasse...


 


— Você tinha aceitado os meus defeitos amor. – falei sério olhando pro porta retrato, alisei o mesmo e sorri. Eu vou ama-la pra sempre, e isso o meu orgulho não me deixa negar.


 


Não fiquei muito tempo lembrando dela, porque apesar de gostar de lembrar eu evitava sentir saudade ou pensar em qualquer outra bobagem que me faça querer prejudica-la, só pra mesma voltar. Me levantei e fui em direção a sala de reuniões, havíamos marcado a reunião pra de vez dar um jeito na tal conta misteriosa que anda nos roubando. Quando cheguei todos os acionistas estavam lá, dentre eles o Richard e o Afonso, Marcos não estava, pois não faz mais parte do grupo de acionista. Me sentei na enorme mesa ao lado do Richard.


 


— Boa tarde – todos responderam.


—  Como o Guilherme já está presente creio que possamos começar? – Afonso disse sério.


— Sim. – todos responderam, olhei para o Richard que estava a par de tudo, era o meu advogado e também mexia com as finanças da empresa, sempre teve jeito pra tal coisa.


— Como todos sabem, fomos roubados novamente, todo o sistema de segurança foi ultrapassado e pelo que me pareceu a pessoa sabia bem o que estava fazendo. Essa pessoa que está nos roubando, conhece a empresa, conhece as finanças e sabe exatamente em que parte mexer. – O Richard disse.


— Será que você pode ir diretamente ao ponto? – O Ricardo disse irritado, o encarei.


— Fomos roubado novamente, mas ao contrario de antes quando os valores subiam e desciam em números baixos, dessa vez foi um golpe grande – todos arregalaram os olhos, inclusive eu. Ando tão desligado da empresa.


— E de quanto foi? – O Leandro perguntou assustado.


— Recebemos a noticia hoje cedo, foi um choque pra mim como vai ser pra vocês senhores aqui presentes – apertou ao lábios e respirou fundo – o desfalque foi de dois milhões, dinheiro reservado para os gastos da empresa, das fabricas, para o salário dos funcionários. Não é nada comparado ao dinheiro que a empresa possui, mas nos afetou muito e com isso teremos que produzir em dobro e cortar alguns gastos, porque não podemos mexer no dinheiro da empresa porque ai sim teríamos problemas grandes.


— Então você quer dizer que teremos que produzir em dobro, ou seja, fazer com que nosso funcionários trabalhem mais? – O Leandro falou irritado.


— Não, não iremos exigir nada deles. – Respondi antes do Richard, eu ainda era um homem de princípios, não faria isso com meus funcionários.


— Mas não podemos Guilherme, eu já consultei todos os cálculos, esse dinheiro vai fazer falta e se não recolocarmos em duas semanas, até o décimo terceiro dos funcionários irá faltar. Do mesmo jeito que nós, acionistas teremos que cortas alguns gastos. – O Richard explicou.


— Isso é ridículo – o Ricardo falou bravo – é ridículo pra uma empresa de tal nome, que representa tanto a essa cidade.


— Se mexermos no dinheiro da empresa, corremos risco de falência? – perguntei com cautela.


— Não, mas teremos um grande prejuízo, faltaria dinheiro pra manter tudo, e se caso acontece algum problema com as maquinas e todo o resto, teremos dificuldade em repor tudo. Porquê além dos desfalque teríamos outro, não podemos tampar um buraco abrindo outro, isso só nos levaria a falência e a cortes que não podemos tomar. – O Richard disse.


— E que segurança é esse que vocês tem, deixando o dinheiro fácil assim, parece que todos podem chegar e roubar o quanto quiserem e saírem ilesos. – Leandro falou irritado batendo na mesa, aquilo me estressou profundamente – acho que chegou a hora de trocarmos algumas funções aqui dentro. De incompetência não precisamos no momento – falou irritado.


— Abaixa a bola Leandro – falei sério – Você e nem ninguém aqui tem direito de exigir e nem de querer mandar em nada. Eu não queria chegar a um ponto em que medir forças aqui dentro fosse preciso, mas pelo jeito você desejou ouvir isso. E se está tão insatisfeito assim com a minha forma de comandar a empresa, cubra o desfalque e eu te colocarei como presidente. E se você souber comandar e fazer dinheiro eu deixo você mandar e desmandar no que quiser, mas ao contrario, quero que escute e como todos tente achar um solução aqui – falei sério e todos se calaram – e então, vai querer ouvir as sugestões ou pretende arcar com tudo? – ele se calou e abaixou a cabeça, soltei um riso – foi o que eu pensei. – olhei para o Richard – pode voltar a falar..


— Como eu já havia dito, teremos que trabalhar em dobro, estamos no final do ano e temos responsabilidades com nossos funcionários, teremos que nos virar em dois para repormos isso.


— Não se... – parei pra pensar um pouco antes – não se eu recolocasse esse dinheiro.


— Mexer com seu dinheiro pessoal? – O Afonso perguntou.


— Todos aqui sabem que não podemos fazer cortes, e que estamos no final do ano. Existem famílias que dependem da empresa, precisam do dinheiro, das cestas, dos planos de saúde e de todo o resto que a empresa arca. Não podemos simplesmente cortar e deixá-los na mão, sabemos o quanto fies essa cidade é pra gente, não podemos simplesmente abandoná-los, é natal, eles precisam disso.


— Então é essa a sua solução? Cobrir os buracos da empresa? – O Richard perguntou indignado.


— Por enquanto isso, pelo menos até passarem essas festas comemorativas. Em janeiro temos nova parceria, isso nos trata muito dinheiro e então eu poderei repor na minha conta aquilo que irei tirar.


— Dois milhões de reais Guilherme, você não pode fazer isso.


— Eu posso e farei – falei decidido – E eu quero pedir a vocês senhores aqui presentes, que cada uma faça a sua parte, pelo menos evitem alguns gastos desnecessários por enquanto.


— E é só isso? – O Afonso perguntou.


— Não, quero que mudem todas as contas, todas as senhas, todos os esquemas da empresa todas as entradas e saídas de dinheiro, tudo. Quero que acionem um investigador alguém que saiba rastrear como e quando esses desvios foram feitos, quero que tirem quase tudo da conta, mas deixem uma quantia justa para a próxima vez que será quando vamos pegar o ladrão.


— E quanto aos dias em que ficaríamos parados?


— Ué, o dinheiro vai ser colocado no lugar então fecharemos para comemorar Natal e ano novo, não quero nenhuma mudança, não quero que comentem com ninguém sobre o que está acontecendo na empresa. Se o ladrão está entre nos, é bom que não saiba de nada!


— Então a reunião está acabada? –O Leandro perguntou..


— Sim, problema resolvido e por favor, segredo. – respondi.


— E quanto aos dois milhões que você vai repor, por um acaso vai descontar de algum de nós depois? – O Ricardo perguntou preocupado, feito o fominha que é.


— Não. A empresa é minha, quero salvar ela e com o novo contrato que assinaremos em janeiro, poderei repor esse dinheiro a minha conta bancaria depois. – eles se calaram e o Richard me olhava furioso – todos satisfeitos? – assentiram – então a reunião está encerrada. Temos muito trabalho pela frente. – O Ricardo e o Leandro levantaram-se.


— Com licença.- O Ricardo disse e o Leandro não respondeu nada, só saiu da sala, seguido pelos outros acionistas, só ficaram mesmo eu, Richard e Afonso.


— Você ficou maluco? – Richard perguntou irritado.


— Por que maluco?


— 2 milhões de reais não são dois mil Guilherme, você deixou todos aqui inúteis. Isso não era um problema só seu, é um problema nosso, de todos que estavam aqui presente.


— É mesmo? E qual séria a decisão mais obvia? Deixar a cidade em pânico? Demitir pessoas? Cortar os benefícios que eles tem? Fazer com que trabalhem mais? Em todos os 30 anos que meu pai comandou isso aqui, ele nunca deixou que faltasse nada a essas pessoas, ele sempre pensou neles primeiro, e é isso que eu devo fazer.


— Seu pai sempre trabalhou pelo melhor de todos , mas nunca, nunca tomou decisões sozinhos. – Afonso disse.


— Meu pai tinha homens de confiança ao lado dele. Aqui dentre todos esses homens eu só confio em vocês dois. Sabemos que todos aqueles homens aqui só pensam em si mesmo.


— E você deveria fazer isso ás vezes Guilherme, você não pode abraçar o mundo com as pernas. – falou irritado – Dois milhões de reais é dinheiro de mais. – O Richard disse muito, muito irritado.


— Eu tenho esse dinheiro, não vai me fazer falta, ainda mais quando é pra beneficio de todos.


— Eu desisto de colocar um pouco de juízo na sua cabeça. Você é um grande homem Guilherme, mas grandes homens também precisam de ajuda. Não é vergonha errar, espero que não seja tarde quando você descobrir isso! 


 


O Afonso falou bravo e levantou, deixando somente eu e o senhor cuida da vida dos outros na sala, que ainda me olhava incrédulo.


 


— Você não vai parar, não é? – o olhei confuso – não vai parar em quanto não ver a sua vida destruída Guilherme.


— Quem é você pra me dar lição de moral Richard? – perguntei irritado.


— Eu sou seu melhor amigo porra – bateu na mesa – a vida nos fez parceiros para dividirmos as dificuldades, eu sofro quando você sofre, entende?


— Estou te estranhando, hein  - soltei um riso e ele abaixou a cabeça.


— Eu tive noticias do detetive. – mudou de rumo do nada.


— Sério? – perguntei interessado e ele assentiu.


— Ele acordou ontem de manhã, não está falando e também mal consegue abrir os olhos, ainda está muito fraco.


— E quanto a família?


— Estou dando todo o apoio possível.


— Quero que me conte tudo, cada piscada dele, cada movimento, se ele disser um ai, eu quero ficar sabendo.


— Tá meio complicado acompanhá-lo, a policia disse que temos que esperar ele se...


— Policia? – perguntei confuso interrompendo-o.


— O acidente dele não foi um acidente, Guilherme. Foi tentativa de homicídio.


— Se tá querendo me dizer que a Anna...?


— Não acredito que essa hipótese passou pela sua cabeça. – falou irritado.


— Pela minha não, mas se ele foi atrás da Anna Richard, isso seria o menos obvio que todos pensariam. – disse apavorado.


— Eu não penso assim.


— Mas a policia se descobrir vai. Meu Deus, o que foi que eu fiz? Se foi a Anna quem o atropelou minha vida vai dar uma volta de 360 graus e se não foi, ai sim eu não vou ter certeza de mais nada no mundo.


— O cara era detetive, imagina o tanta de casal que já não se separou por causa dele? O tanto de bandido que já não encontrou? Essas coisas acontecem Guilherme e por favor,  não se tortura e nem joga a culpa em cima dela. De todas as certezas que eu tenho na vida, uma delas é que a  Anna jamais teria coragem de ferir alguém!


— Mesmo assim, quero saber tudo, tudo mesmo!


— Não foi você mesmo que disse que não importava, mais?


— Agora importa, não vou descartar nenhuma possibilidade.


— E se caso você estiver errado, vai pedir desculpas?


— Ate lá a gente vê o que faz.


— Só não vai meter os pés pelas mãos igual fez a alguns minutos atrás.


— Não peça isso, sabe que ela vale mais do que essa empresa e todo o dia que tenho. Então não me pede pra ter juízo perto dela.


— Tenha juízo com ela Guilherme – suspirei – preparativos para o natal?


— Encher a cara e dormir... – ri


— Vou pra sua casa.


— Quem convidou? – Perguntei confuso.


— Sua mãe preparou uma festa. – falou como se fosse obvio, e era mesmo.


— Como se tivéssemos motivos para comemorar – falei irônico.


— Você sabe que ela tem..


— Eu vou pedir férias daquela casa, juro que vou.. – falei cansado.


 


[...]


 


 O resto do meu dia foi mais do que corrido, o Richard fez questão de mudar tudo no mesmo dia, fizemos a retirada no banco e depositamos na conta da empresa, eu não havia ficado pobre, longe disso. Foi uma pancada forte pra mim admito, mas não abalou em nada a minha conta, claro que agora eu evitaria gastos, mas quando o assunto é o patrimônio da minha família, eu luto com unhas e dentes, doa a quem doer.


Quando cheguei em casa cansado depois de um puta dia de trabalho.  minha mãe estava na sala ao telefone, rindo descontroladamente, ela não percebeu a minha presença e então começou a falar.


 


— Não via a hora de tirar qualquer pedaço dela de dentro dessa casa – riu – concordo com você, já passou da hora de vir ficar aqui – ela parou pra escutar algo que a pessoa que estava na linha falava. – e eu já não disse? Ele é teimoso, mas sem as lembranças dela vai ser mais fácil você voltar a ser dona do coração dele – sorriu – aquele pulguento? – riu – ele tinha o cheiro dela, odiei aquele cachorro desde o primeiro momento.. – riu – á essas horas já deve ter virado sabão, dei instruções claras de que era pra dar um fim no cachorro. Meu jardim já estava repleto de pulgas, deus me Livre.


— Você mandou dar fim em quem? – perguntei alto e a mesma me olhou assustada, desmanchando o sorriso.


— Filho, você chegou cedo hoje? -  sorriu torto.- muito serviço?


— Não se faça de sonsa, eu te fiz uma pergunta. – ela colocou o telefone ao lado no sofá – e então mãe, você deu fim em quem? 


— Eu resolvi fazer algumas mudanças na casa.


— E...


— Ah, Filho a Anna foi embora, o cachorro era dela então pedi pra que o motorista desse um fim nele.


— Espera ai, deixa eu ver se entendi direito – soltei um riso sarcástico – você está me dizendo, na maior cara de pau que mandou matar o meu cachorro? – perguntei irritado, gritando.


— Não mandei matar filho. Eu só precisava de um espaço aqui em casa.


— Você é louca? – perguntei rude – porque eu acho que é.


— Filho.


— Filho é o cacete, você não tinha o direito.


— Ela não vive mais aqui. E não fale assim comigo, eu sou sua mãe!


— Então ponha-se no lugar dela, você é minha mãe não minha dona.


— O cachorro vivia abandonado, você mal ligava pra ele. – tentou se explicar.


— Não importa, ele pertencia a minha esposa e você não tem nada haver com isso. Sempre foi desnaturada com tudo, porque só agora você decidiu ter pena do cachorro?


— Porque essa casa é minha. E eu faço o que eu quiser aqui dentro.


— Quem sustenta essa casa sou eu – gritei – você sempre foi assim, acha que é dona do mundo, dona de tudo, mas você não é mãe, você não é minha dona.


— Mas eu sou sua mãe.


— Eu até tolerava as suas implicâncias com a minha esposa, até tolerava as suas crises de tédio e as suas euforias, só que agora não. Eu deixei você moldar a minha vida da maneira que quis e veja só a merda que você fez com ela – gritei – E se tem alguém culpado aqui pelo meu casamento não ter dado certo, esse alguém é você.


— Eu não tive culpa se ela é foi incompetente e não soube cuidar de você.


— A incompetente aqui não é ela.


— Filho, ele é só um cachorro.


— Ele não é só um cachorro, ele é o cachorro da Anna. Você não tinha o direito de fazer nada, as condições eram que ele ficasse preso e preso ele estava.


— Eu pensei que pudesse..


— Você acha que pode tudo, mas não é assim – respirei fundo – o que mais você fez?


— Oque? – perguntou confusa.


— Não se faça de sonsa, eu ouvi muito bem você dizendo que tirou tudo o que me lembrava ela de dentro de casa, o que foi que você fez?


— Guilherme eu..


— Guilherme nada, eu te fiz uma pergunta caramba. Será que é tão difícil me responder? – perguntei irritado me aproximando dela que a cada vez se escondia mais no sofá.


— Foram só alguns objetos.


— Aonde estavam esses objetos?


— No seu quarto – falou em um sussurro – eu pensei que você não queria mais.


— Que ideia de gente louca – gritei


—  Eu não fiz por mal


— Você nunca faz nada por mal. Você sempre está certa e tem uma desculpa pra tudo, foi assim em todas as brigas com ela, foi assim no meu casamento, foi assim na morte do meu filho, foi assim no dia que você a culpou de roubo. E vai ser sempre assim, você sempre vai se achar melhor do que ela só por ter dinheiro.


— E quem te garante que ela é essa santa toda? Eu nunca abandonei minha casa, meu marido e meus filhos.


— Pois seria melhor se tivesse abandonado – gritei – Você não é a minha dona, e não importa o quanto de dinheiro que tenha mãe, não importa se ela abandonou a casa, se me deixou. Entende que não importa nada que você faça ou diga, eu nunca vou deixar a Anna, entende?


— Ela não é pra você – gritou.


— E quem seria pra mim mãe? A Cristine, que é  a sua copia? – ri – não obrigada. Eu não quero viver ao lado de uma mulher fria e acabar os meus dias feito o meu pai, infeliz.


— Eu não me arrependo de nada que fiz até hoje, eu sempre fui uma boa mãe, você não pode negar.


— Do que adianta ser uma boa mãe se você não sabe me ver feliz? Não respeita as minhas escolhas, se só pensa em si mesma.


— Eu só queria te ver feliz filho, a presença dela não te faz bem, ela não te faz bem.


— Quem não me faz bem é você – falei irritado – você tem 2 horas pra trazer o meu cachorro de volta e recolocar todos os objetos que tirou do meu quarto.


— Mas...


— Não importa o que você tenha feito, você tem duas horas pra me devolver tudo da maneira como estava.


— Não sei se posso devol.. – a interrompi.


— S-E -V-I-RA – Falei pausadamente – ou você me devolve tudo, ou eu não fico nem mais um minuto no mesmo teto que você. E acredite, pra mim não vai fazer a mínima diferencia – falei sério jogando a maleta que tinha nas mãos em qualquer lugar e subi pro meu quarto, ela ficou na sala, provavelmente me gritando, mas se eu voltasse lá diria coisas que me arrependeria depois e a machucaria profundamente.


 


Quando entrei no quarto a penteadeira estava vazia, nem a caixinha de joias estava lá, o perfume, os cremes, batom, maquiagem, não havia nada dela. Os portas retratos  haviam sumido, até o forro de cama que antes eram sempre de cores claras, agora estavam em cor de dourado com preto, as cortinas e tapetes combinavam com o mesmo. Ela havia tirado tudo dela, o meu quarto tinha outra cara, tinha a cara da minha mãe, a futilidade dela. O lugar aonde eu sentia mais paz e me trazia lembranças da Anna estava destruído, como todo o resto da casa...


Passei o restante da noite dentro do quarto, entediado. Eram tantos problemas que eu estava pirando. Havia mas de 2 semanas que não via a Isabel, sabia que ela chegava em casa e que estava bem, só não a via e ela também não fazia questão de me ver. Já haviam se passado três horas e estava pronto pra descer e descontar um pouco dos meus problemas nas costas da minha mãe quando a Graça (empregada da casa)  entrou no meu quarto com um saco grande, recolocando todas as coisas no lugar, suspirei aliviado.


 


— Prontinho – sorriu – tudo exatamente como estava. – disse terminando de colocar um ultimo porta retratos em cima do criado mudo.


— O que aconteceu com os forros de cama do meu quarto? – perguntei sério saindo da varanda do quarto.


— Sua mãe quis trocar...


— E porque não pegou nenhum dos que estavam no guarda roupa?


—  Ela disse que queria mudar um pouco a cara do quarto.


— Diz pra ela que mandei recolocar tudo, quero tudo da maneira como estava.


— Não gostou dos novos forros, senhor?


— Não, só quero tudo como estava. – ela assentiu e ia saindo – espera Graça – ela parou e me olhou – De hoje em diante você só pode mexer no meu quarto quando eu der permissão, não importa o que ela diga. Estamos entendidos?


— Senhor, ela é minha patroa, eu não posso simplesmente...


— Sou eu quem pago o seu salário, não sou? – ela assentiu – então se ela te disser algo, pode dizer isso pra ela.


— Sim senhor – assentiu e saiu apressada, tadinha. Ela era nova, a Ruth havia a contratado para fazer o serviço que ela não conseguia mais. Era uma boa moça e talvez eu não devesse ser tão rude assim com ela, mas as intervenções da minha mãe em minha vida me irritavam, e por falaram em irritar, eu ainda não havia ouvido o latir do meu cachorro...


 


[...]


 


Já passava da meia noite quando escutei um latido, os forros da minha cama já haviam sido trocados e minha mãe não havia aparecido, para bem de todos.


Desci as escadas apressado e fui de encontro a ele no jardim que latia muito, tadinho. Quando me aproximei o suficiente para que ele me visse o mesmo se soltou da coleira que era segurada pelo motorista, o qual eu demitiria na manhã seguinte. Ele correu até mim e quase me derrubou no chão, passei a mão na juba dele.


 


— Ei garoto – ele lambia meu rosto – machucaram você? – ele continuou lambendo meu rosto. O que me fez lembrar a bolinha de pelos que ele era quando o dei de presente pra Anna.


— Patrão eu... – ele se aproximou e eu o olhei irritado.


— Não quero ouvir  a sua voz – falei irritado – pode pegar as suas coisas e me devolver as chaves do carro, amanhã gente conversa sobre os seus direitos.


— Eu só fiz o que foi pedido pela sua mãe.


— Quem paga o seu salário sou eu. No mínimo deveria dever obediência  a mim e não a ela.


— Mas...


— Mas nada – falei sério – já disse, amanhã a gente conversa sobre os seus direitos. – falei seco e ele assentiu.


— Como quiser senhor – se retirou e eu voltei minhas atenções ao meu cachorro, me ajoelhei de frente pra ele, que olhou pra janela do meu quarto e depois se jogou no chão abrindo as pernas pra que eu cocasse sua barriga e quando fui fazer o mesmo, ele recuou com as patas, não era eu quem ele queria que fizesse aquilo.


[b]Gui:[/b] Ela não tá aqui garoto – fui tentar de novo e ele recuou – tá sentido falta dela, né? – ele se levantou e se jogou ao meu lado, enterrando o rosto entre as patas, suspirei e passei ao mão em seu pelo – Somos dois então amigão, eu também sinto!


 


 [...]


 


24 de dezembro, véspera de natal. Nenhuma noticia, nenhum sinal e nenhum motivo pra comemorar nada. A casa estava um inferno, tinha enfeites por toda parte e minha mãe havia montado uma arvore de natal no dia anterior, não sabia quantas pessoas ela havia chamado e nem quantas delas viram. Só sabia que estava um correria só e a única certeza que tinha era que nenhum de nos ali tínhamos motivos para comemorar. Isabel não fala comigo, eu mal falo com a minha mãe e assim estamos, um de cara feia pro outro, no mais puro fingimento. No daí 21 eu liguei pra Anna, estava desesperado e havia engolido todo o meu orgulho pra fazer a ligação, na primeira tentativa deu caixa postal, na segunda não chamou e em todos os outros dias que liguei deu numero impossibilitado de receber chamadas, o que me fez pensar em duas hipóteses pra que ela não atendesse o telefone: Ou havia bloqueado meu numero ou coisa do tipo, ou simplesmente havia trocado de telefone. Sei lá, talvez o natal dela estivesse sendo bom sem mim, então não insisti mais.


Estava na sala de casa, sentado no sofá lendo um jornal que falava sobre bolsa de valores e compras de natal, patético, mas era o que tinha. Isabel estava no outro sofá digitando algo no celular e nenhum de nos fez esforço pra se falar ou pra atender o telefone residencial que tocava sem parar. A Graça veio apressada do andar de cima e quase tropeçou na escada pra atender o telefone.


 


—   Casa dos Lizarga – falou ofegante devido a corrida – a Senhora Anna – a olhei imediatamente, Isabel também a olhava atenta. Ela me olhou e quando fui abrir a boca – ela não se encontra no momento senhor.


 


—  Quem é Graça? – perguntou interessada.


—   Quem gostaria? – perguntou pro tal senhor ao telefone – Amigo dela... – arquiei uma sobrancelha – Marcelo – Me levantei o mais rápido que pude..


—   Me dá esse telefone aqui Graça. – falei seco.


—   Nem pensar Graça, passa pra mim – correu até a Graça e eu fiz o mesmo, mas por estar mas perto ela chegou primeiro e arrancou o telefone da mão dela.


—   Celo? – perguntou interessada e eu revirei os olhos irritado – Ain meus Deus que saudade... Vai chegar hoje? Que horas? – parou pra escutar o que ele dizia – eu te pego no aeroporto.. Claro que precisa, eu vou estar lá – riu  e logo desmanchou o sorriso – É uma longa história, não, ela não mora mais comigo... Eu vou te contar tudo, claro que dá pra você passar o Natal com ela, meu Deus ela não vai nem acreditar – abriu o sorriso de novo – ok, amor. Eu passo no aeroporto mais tarde então. Também to com saudades, um beijo. – ela desligou o telefone e suspirou o que me fez arder de raiva.


—  O que ele queria? – perguntei sério.


—  A Anna ué – riu


—  Eu to falando sério Isabel – falei irritado.


—  Eu também – deu de ombros.


—  Eu te proíbo de levar ele pra ver a Anna.


—  E quem é você pra proibir alguma coisa, Guilherme? – riu – meu Deus ela vai pirar de alegria – falou animada e ia saindo da sala.


— Isabel eu não to brincando – gritei ao pé da escada.


— Se me dá licença? Eu tenho que ficar muito gata pra ir ao aeroporto – riu e subiu as escadas. E eu? Eu fiquei na sala com cara de taxo desejando que o avião dele caísse ou que sei lá, ele não conseguisse ver a Isabel e muito menos encontrar a Anna, desejar feliz natal pra ela, abraça-la ou qualquer outra coisa que deixe ele próxima dela. Porque se alguém tinha o direito de fazê-la “[i]pirar de alegria[/i]”, esse alguém sou eu.


 


Fim de narração.


 


Anna Lizarga Narrando.


 


— Tem certeza que não quer sair pra comemorar a noite de natal com a gente? – estávamos na sala, já passava da 6 da tarde e eu desejava felicidades para O Miguel e pra Laura que estava bicuda.


— Tenho sim, obrigada pelo convite – sorri – Laura – a chamei com a mão, a mesma estava sentada na escada com os braços cruzados e uma cara nada boa – não vem me desejar um feliz natal? – ela negou e eu fiz bico pra ela – eu vou ficar triste...


— Fica aqui comigo, Anna. – pediu fazendo bico e eu quase fiquei, mas já estava tudo programado, até no amigo secreto eu estava brincando e a propósito, tirei o Rodrigo.


— Oh meu amor, eu até queria, mas eu tenho uns compromissos hoje. – ela assentiu tristinha – vem cá, me deixa dar um beijo em você?


— Vem filha, você só vai ver a Anna agora daqui a  um dia, não quer vir abraçar ela? – ela levantou ajeitando o vestido vermelho e branco com um laço no meio, Havíamos comprado ele a um mês, o Miguel havia achado horroroso, mas ela gostou tanto que fez o pai comprar. Ela se aproximou de mim e estendeu os braços pra que eu a pegasse no colo e assim eu fiz.


— Feliz natal minha princesinha – dei um beijo no rosto dela – Que papai do céu ilumine todos os seus passos sempre e que você continue essa menina linda que é. – olhei o Miguel que sorria, a sala estava iluminada pelos piscas-piscas que haviam na enorme arvore posicionada ao lado da escada transbordando luz vermelha e azul por todo canto, fazendo com que o azul dos olhos dele estivessem mais lindos do que nunca e quando o silencio reinou ali entre a gente, aquela garotinha em meus braços sussurrou em meu ouvido.


— Eu amo você, Anna. – Falou numa voz lenta e meus olhos arderam, fechei os mesmo e a abracei forte.


— Eu também amo você minha menininha...


— Ei, posso fazer parte desse abraço? – perguntou,  pois estávamos abraçadas, eu com os olhos fechados pra não chorar e ela com a cabeça enterrada em meu pescoço. Eu encontrei na Laura o filho que não tive e ela a mãe que ao teve, estávamos tão unidas, fazíamos tudo juntas e ela em tão pouco tempo se tornou tão especial e eu já a amava tanto, mas nunca em todo esse tempo ela tinha dito que me amava, ela já disse que gostava de mim, que eu era bonita, engraçada. Chegou a dizer algumas vezes que eu deveria namorar o pai dela, eu claro, ri. Não pensava nisso, só gostava de ter a amizade dele. Abri os braços pra ele se encaixar no nosso abraço e assim ele fez. Nos abraçando apertado, o que fez a Laura rir.


— Assim você vai me esmagar papai – riu – solta a gente...


— Só se me der um abraço igual a esse. – Ela assentiu e ele desfez o abraço a coloquei no chão e sequei meus olhos, ela abraçou ele e deu um beijo no rosto do mesmo que cochichou algo em seu ouvido. Ela olhou pra ele e assentiu e saiu correndo em direção a escada logo em seguida.


— Laura assim você cair – falei a repreendendo que nem prestou atenção.


— Você tem mesmo jeito pra mãe – O Miguel disse e eu ri – ela sobe essas escadas correndo desde que aprendeu a andar, já é normal.


— Eu nunca vou me acostumar com isso, não sei como você consegue agir tão natural – sorri. 


— Acostumei – sorriu e ficamos em silencio – obrigada Anna – falou do nada quebrando o silencio, o olhei confusa – obrigada por cuidar tão bem do ouro da minha vida – riu – ela nunca se deu bem com  babás e olha só, hoje disse que te ama.


— Eu também a amo. – ele se aproximou.


— É uma pena você não poder passar o natal com a gente – acariciou meu rosto – e um abraço, posso ganhar?


— Você me ajudou tanto que merece quantos abraços eu pudesse dar na vida – ri e o abracei – obrigada você, por tudo... – escutamos um pigarrozinho vindo da escada e nos separamos.


— Atrapalho? – perguntou com a mãozinha na cintura, tinha um embrulho de presente na mão e se aproximou.


— Nunca atrapalha, meu amor – sorriu e ela desceu as escadas.


— Toma Anna, é pra você – estendeu o embrulho pra mim e o Miguel a repreendeu.


— Não é assim que se fala filha.


— Anna foi o meu pai que comprou, eu ajudei a escolher e é de ultima geração, ele disse que era bonito igual você – sorriu – tá bom assim pai? – ele riu e passou as mãos no rosto envergonhado.


— Laura me coloca em cada situação, viu – ri – e então Anna, não vai aceitar o meu presente – a Laura puxou a barra da calça dele – quer dizer, o nosso.


— Gente, não precisava – falei envergonhada.


— Aceita Anna, se vai gostar – estendeu de novo fazendo uma carinha linda e eu peguei o embrulho, o abrindo em seguida. Era um celular, daqueles bem modernos, sabe? Devia ter de um tudo ali...


— Ain gente, ele é lindo.


— E tem o numero daqui de casa gravado – coçou a nuca – e o do meu celular também, caso precise – ele corou – é.. e então, gostou?


— Adorei, é lindo. Mas vocês não deviam ter feito isso, eu nem comprei nada e...


— É de coração Anna, pra você poder se comunicar com a gente a hora que quiser e... – o telefone dele tocou – só um minuto – ela saiu para atender e eu me abaixei de frente pra Laura.


— Você que escolheu? – ela assentiu – eu amei, viu.


— Você vai passar o ano novo com a gente Anna? Eu queria tanto passar com você. – a Laura  perguntou.


— Você quer passa comigo? – ela assentiu – tá bom, a gente passa junta.


— O meu pai gosta de você, sabia?


— Hã? – perguntei confusa e ela soltou uma risada sapeca.


— Ah, ele tinha me dito assim, que você...


— Vamos Laura? – chegou atrapalhando o que ela ia falar


— Agora papai?


— É filha, agora... – ela me olhou desanimada.


— Feliz Natal Anna – me abraçou e eu a enchi de beijos.


— Feliz natal meu amorzinho. – ela se soltou do abraço e eu me levantei.


— Feliz natal Anna – abriu os braços para que eu ao abraçasse e assim eu fiz.


— Feliz Natal Miguel. – ele tinha um perfume gostoso, muito gostoso. – obrigada pelo presente.


— Imagina, isso não foi nada comparado a sua beleza – ele arregalou os olhos – quer dizer, a ajuda que você está dando pra gente. – corou de novo e eu ri – e então, quer uma carona até em casa?


— Não vai ser incomodo?


— Nunca é!


 


 


[...]


 


Eles me deixaram na porta de casa, eu até os convidei pra entrar mas o Miguel tinha uma festa e estava atrasado, a Laura não parecia querer ir, mas foi. Com a certeza de que iríamos comemorar o ano novo juntas, já até imagina a alegria. Já passava das oito da noite, eu já estava pronta, só estava terminando de passar um gloss cor de rosa bem fraquinho. Vestia um short branco de cintura alta e uma camisa rosa bem clarinha com botões. Estava calçando uma sapatilha, coisa bem básica, só pra curtir entre “família” mesmo. Estava terminando de cachear o meu cabelo quando a Babi abriu a porta.


 


— Anna, tá pronta? – a olhei.


—  Estou sim amor, porque?


— Aquela sua amiga tá ai em baixo, acompanhada de um homem.


— Homem? – a olhei confusa, a única amiga que vinha aqui era a Isabel e se ela veio acompanhada de um homem.. Meu Deus.. Guilherme? A saudade que sentia dele nem se explicava mais, meu coração nunca bateu tão rápido em toda a minha vida. – que homem?


— Acho que você vai ter que descer pra ver – riu – um tremendo gato – falou maliciosa e fechou a porta em seguida. Respirei fundo e passaram-se mil e uma coisas pela minha cabeça, toda a saudades e todo o resto e pensei que se fosse ele querendo reatar, eu não pensaria duas vezes, a saudade era maior que o orgulho e o amor maior do que qualquer coisa. Terminei de me olhar no espelho e finalmente abri a porta para descer. Já não sentia minhas pernas e quando desci as escadas dei de cara com o Binho se abanando e olhando pra sala, a Babi que estava ao lado da Julia olhava atenta e eu virei a escada rápido e só então pude ver quem era, estava ao lado da Isabel que estava incrivelmente linda, ele também como sempre. E a decepção de não ser o Guilherme não chegou nem perto da euforia que foi vê-lo novamente, eu, meu corpo e todos os meus sentidos aviam entrado em festa, ele havia voltado, já não estava mais tão sozinha...


— Celo? – falei um pouco antes de chegar a sala e ele me olhou, soltando o seu sorriso mais lindo correndo em minha direção.


— Que saudade de você princesa – falou quando me abraço forte me enchendo de beijos.


— Porque demorou tanto? – eu já chorava e o apertava forte pra sentir o seu cheiro, me dava paz.


— Como foi que você mudou em tão pouco tempo, hein? – Ele perguntou admirado, me analisando.


— Eu quase morri sem você aqui, estava tão sem rumo.


— Tudo vai ficar bem agora meu anjo, eu estou de volta e nada mais vai me tirar de perto de você..  – Me soltei do abraço.


— Quando foi que você chegou? Que horas?


— A algumas horas. A Isabel me pegou no aeroporto e disse que você estava aqui. Meu Deus Anna. Eu estava morrendo de saudade.


— E a viagem, como foi? Arrumou alguma namorada, casou? O que aconteceu todo esse tempo.


— Calma a gente vai ter tempo pra conversar sobre tudo isso. E você ainda tem que me explicar algumas coisas... – falou sério.


— Se for sobre eu ter...


— Eu adorei – Me interrompeu – eu não podia estar mais feliz por você ter tomado uma decisão tão justa, estou orgulhoso de você – falou sério e então eu desabei no choro.


— Não sai mais de perto de mim, nunca mais, tá? – o abracei forte e voltei a chorar – eu amo tanto você, maninho.


— E eu você, princesa. – eu não soltaria o abraço, fato.


— Que isso? Ninguém quer saber de mim nesse lugar, é? – A Isabel resmungou, a olhei por cima do abraço – eu sei que ele é lindo, gostoso, cheiroso – riu – mas eu também sou pô...


— Bel..


— Já estava com tanta saudade amor – veio em direção a gente e completou o abraço.


— Eu amo vocês dois, demais..


 


Depois de declarações e muito choro eu finalmente consegui soltá-los, eles eram minha paz, e isso eu não poda negar. Apresentei o Celo a todos presentes na sala, os meninos até gostaram dele, agora as meninas e o Binho o amaram, quem não o amaria. Eu não consegui desgrudar dele um só minuto, até no amigo secreto eu lembrei dele, a Isabel estava quietinha, calada. Eles jantaram com a gente e passaram a noite inteira ali, minha garganta coçava pra perguntar do Guilherme pra Isabel, mas não o fiz, inútil porque quando o grande relógio da sala aponto meia noite, o rosto dele foi a primeira coisa que veio a minha cabeça, do mesmo jeito que seu nome foi o primeiro que saiu da minha boca...


 


— Feliz Natal Gui...


 


Fim de Narração.


 


Escorado na porta ele via a casa cheia de pessoas, não sabia por que, mas sempre odiou a mania da mãe de fazer festas, ainda mais agora que estavam tão sem motivos para comemorar.  Pelo menos no caso dele, não havia o que comemorar e ele sabia que séria assim por um bom tempo.


 


Flashback on:


Roubo, você roubou. Não vale – falou indignada enquanto eles caminhavam no shopping depois de Anna ter perdido feio pra ele no boliche.


Não tem como roubar Anna, você perdeu pronto – ele riu com o tapa que ela acertou nele.


Você não deveria fazer essas coisas. – falou emburrada.


O que? – perguntou confuso bebendo um pouco do seu Milk shake de chocolate, que na verdade ele nem gostava, só segurava pra Anna beber assim que terminasse o dela.


Apostar comigo e roubar, só pra me obrigar a fazer o que você quer.


Ué, você não quer? – perguntou provocativo, parando na frente dela que ficou sem jeito.


Porque você faz perguntas difíceis, hein? – perguntou corada


— Não muda de assunto, a gente já dormiu junto tantas vezes. Não sei porque ainda fica corada quando pergunto.


— Porque dessa vez é uma aposta, sei lá, é esquisito.


Então pensa assim – sorriu abraçando-a de lado e sussurrou no seu ouvido– eu vou entrar no teu quarto de madrugada, porque estou com medo, vou me aconchegar  ao seu lado porque estou com frio – ela riu – e vamos fazer amor porque eu te amo – ele deu um beijinho no pé da orelha dela que se arrepiou rindo em seguida.


Você é um bobo – riu dando um tapinha no ombro dele enquanto andavam.


Bobo mas você... – se calou ao ver uma multidão de pessoas em volta de algo – o que é aquilo?


— Não sei, vem vamos ver – falou puxando-lhe a mão


Essa sua curiosidade ainda vai te matar – resmungou deixando ser levado por ela.


Vem logo amor – pediu com dengo e se aproximaram da multidão – Não acredito – falou animada e ele revirou os olhos.


Sério que nunca tinha visto um papai Noel?


Não assim, só em TV – falou animada e ele riu.


Vai me dizer que vai querer ir lá se sentar no colo do papai Noel? – perguntou irônico e ela assentiu sorridente – o que? Claro que não.


Ah amor, eu sempre sonhei em conhecer o papai Noel. – fez bico e ele negou.


Mas meu amor, aquele não é o papai Noel dos seus sonhos, não sei se você sabe ô desatualizada, mas por debaixo daquela roupa de velhinho tem um homem – falou irritado e ela riu – até parece que vou deixar você ir lá se sentar no colo do pai Noel – falou sério – haha sonha.


— Ah, qual é o problema? – falou com dengo entrelaçando as mãos na dele – só um pouquinho – fez bico e ele negou.


— Nem adianta fazer essa cara, já disse que não.


Então tá, eu vou mesmo assim – deu de ombros e soltou a mão dele que a segurou pelo braço.


Anna... – pediu irritado.


Então vem comigo?


Eu? Me sentar no colo do papai Noel? Tá de brincadeira com a minha cara, né? – ela riu – olha a fila daquilo Anna, e o pior, só tem criança.


Eu sou criança – ele arqueou a sobrancelha – você Guilherme, você vai ser um velho muito do chato, quer dizer, um jovem velho muito chato – ele sorriu.


— Pra ser legal eu tenho que me sentar no colo do papai Noel? – ironizou e ela riu o abraçando pelo pescoço.


Claro que não meu amor – roçou os lábios nos dele – é só ir comigo, e ai quando a gente tiver um filho, eu vou dizer pra ele que o pai dele é um amor de pessoa e que sempre adorou curtir a vida – ele bufou – Ah amor, prometo que sento na pontinha – ele arregalou os olhos.


Anna você não tá ajudando – falou irritado.


— Vem logo seu bobo – lhe deu um selinho rápido e puxou-lhe a mão novamente.


 


 Ele foi, arrastado mais foi. A fila nem era tão grande então logo chegou a vez de Anna e para o alivio dele o papai Noel era velho, o que o fez suspirar mais tranquilo. Ela se sentou e o papai Noel cochichou algo em seu ouvido, ela sorriu olhando para Guilherme que retribuiu o sorriso, talvez até um pouco bobo. O papai Noel pegou um pote com balas e estendeu a Anna que pegou uma em forma de coração e se levantou agradecendo ao papai Noel deu um beijo no rosto do mesmo e foi toda feliz em direção ao Guilherme.


 


Que isso? – perguntou confuso quando ela lhe ofereceu um chocolate em forma de coração.


— Um chocolate ué – riu – não quer?


Não. Pra que isso? – ela olhou com cara de tédio pra ele.


— O papai Noel disse que eu deveria comer com alguém que eu amasse, mas se você não quer eu posso comer sozinha. – falou irônico o que fez ele sorrir.


Então você me ama?


Ah Guilherme, você sabe – revirou os olhos e quebrou o chocolate ao meio – toma, a gente tem que comer juntos e fazer um pedido.


Pedido de que?


Um pedido de natal ué, qualquer coisa. Mas tem que pedir de coração se não ele não realiza.


Ok – pegou o chocolate na mão dela – no três então?


— Não, calma – segurou uma de suas mãos e levou até a cintura da mesma – fecha os olhos – ele fechou e a mesma se aproximou mais – não esquece de fazer o pedido, tá? – ele assentiu – no três, um, dois – ela colocou o chocolate na boca e ele fez o mesmo, recebendo um beijo inesperado dela ao fechar a boca. Ele apertou a cintura da mesma a puxando pra mais perto, e ela abriu a boca dando passagem a língua dele. Terminaram o beijo com Anna puxando seu lábio inferior e ele a abraçou com força.


Faz isso mais vezes – sorriu acariciando lhe o rosto – o que você pediu? – perguntou selando os lábios no dela.


Se eu falar não realiza. – riu – o que você pediu?


Ah eu pedi...


Não fala, vai que não realiza – o interrompeu.


Não acredito nessas bobagens – a puxou pra mais perto colocando seus corpos novamente e sussurrou ao pé do seu ouvido, bem baixinho arrepiando-a – eu pedi que você ficasse na minha vida pra sempre. Pra sempre comigo! – sorriu e ela abriu o sorriso mais largo que já havia dado a ele na vida. Afastou-se um pouco para olha-lo.


Eu te amo – ele leu os lábios dela antes de arrancar-lhe um beijo.


 


Flashback Off.


 


— Você tinha razão, eu não devia ter contado – suspirou.


— Pensando na rainha da inocência? – Cristine perguntou irônica aparecendo do nada, parando ao lado dele na porta. O mesmo a olhou surpreso.


— Tá fazendo o que aqui, demônio? – perguntei entediado.


— Adoro as suas formas de demonstrar carinho – sorriu e passou a mão no braço dele – e então, o que vamos fazer depois da meia noite?


— Bom, se você não tirar essa sua pata do meu braço imediatamente. – sorriu – provavelmente eu vou passar a noite te matando ou planejando a sua morte. – falou calmo e acenou pra um colega que passou.


— Isso me excita, sabia?


— Então você vai morrer excitada – falou com um sorriso cínico e ela bufou irritada, já havia perdido todos os argumentos que tinha.


— Guilherme, se a gente não ficar junto, você não fica com mais ninguém. Entende isso?


— Prefiro morrer sozinho a ter que passar 10 minutos olhando pra essa sua cara de piranha. 


— A piranha não sou bem eu, né? – riu – sabe como é.


— Eu já não pedi pra você sair de perto de mim? – perguntou irritado.


— Já ligou pra sua amada?


— Isso não é da sua conta.


— Caramba, ela não ligou nem pra te desejar um feliz natal?


— Você não tem vida própria não, é? Sei nem quem te convidou pra vir aqui.


— Sua mãe ué.. Ah amor, eu estava com saudades? – passou a mão no corpo dele de novo e o mesmo deu um tapa forte em sua mãe.


— Tira a mão de mim – falou bravo.


— Eu gosto tanto quando você fica assim, bravo. – falou mordendo os lábios.


— Você é o capeta, né? Só pode!


— Eu sou – riu – to pegando fogo.


— A piscina resolve o teu caso, só que ai você pula de cabeça e fica umas duas horas lá dentro. Vai apagar teu fogo e resolver minha vida.


— Se você vier comigo.


— Ah, teu problema é falta de companhia? – ela assentiu – não seja por isso – agachou a pegando pelas pernas e colocando-a nas costas, a mesma no principio gostou, mas quando viu pra onde ele estava a levando começou debater-se. A festa inteira parou para olhar ele carregando-a nas costas a levando pra beira da piscina.


— Guilherme eu estava brincando, para, desculpa...


— Tarde demais amor – falou sério a jogando na piscina de cabeça e tudo, a mesma quase se afogou, levantou ofegando batendo na água.


— Apagou o fogo querida? – se agachou de frente a piscina.


— Guilherme eu vou matar você..


— Ah vai? – riu – como, será que posso saber? – ela mergulhou na água e se aproximou dele – você ficou bem bonitinha molhada – riu – ridícula.


— Você vai ver a Ridícula –deu um pulo na água puxando o colarinho da camisa dele o derrubando também.


 


Richard que estava do outro lado da casa com Afonso e sua esposa, procurava por Isabel a noite inteira, quando avistou pessoas em voltas da piscina, algumas riam, outras pediam ajuda. Que foi quando ele resolveu conferir o que foi, junto de sua esposa e todos os outros amigos que conversavam. Ao chegar lá, ele avistou Guilherme tentando afogar Cristine na piscina, que se debatia  em baixo d’água.


 


— Meus Deus, ele vai mata-la. – Veronica falou apavorada, tanto pela vergonha como pela preocupação com a nora dos sonhos. Richard que já estava entediado da festa até estava gostando do espetáculo, mas sabia que se deixa-se ela mataria ela sem pensar duas vezes, então pulou na piscina de roupa e tudo pra “salvá-la”.


 


— Guilherme solta – o puxou.


— Não eu vou mata-la! Vagabunda. – falou raivoso.


— Não faz isso cara, você vai se arrepender depois, é natal.


— Foda-se... – apertou mais a cabeça deca


— Guilherme você vai matá-la.


— É essa a intenção.


— Não faz isso – puxou o braço dele deixando que ela respirasse um pouco – pensa em você.


— Sai daqui Richard, não sei quem te chamou.


— Se não quer pensar em você, pensa na Anna cara, solta ela. Isso é pouco, não se rebaixa assim – falou alto e só então o Guilherme a soltou. A mesma suspirou aliviada e todos que estavam presentes a ajudaram a sair da piscina.


 


 [...]


 


— Ótimo, agora eu sou o errado da história – estava na sala, com uma toalha no pescoço, ainda com raiva.


— Esquece ela um pouco, vamos lá pra fora, faltam 32 segundos por natal – olhou no relógio – 30 agora..


— Pode ir, acho que os convidados vão correr de mim.


— Provavelmente – Riu e o abraçou – feliz natal ai em cara, juízo.


— Pra você também – deu três taãs nas costas dele.


— Estou indo, Lorena me mata se eu não for o primeiro a desejar Feliz natal pra ela.


— Vai lá – ele saiu e o Guilherme suspirou saudoso. Queria ser o primeiro a dar Feliz natal a Anna. E quando os fogos explodiram no céu, ele olhou o relógio central da sala que marcava meia noite e como um filme se lembrou dela.


 


— Feliz natal amor..


 


 


 [...]


 


Era mais uma noite de natal, na qual Tati estava reunida apenas a sua mãe ceando. O clima estava tenso, a mãe de Tati estava triste, pois era a primeira vez que seu pai não participaria já que ele havia morrido há alguns meses atrás. Já Tati estava tensa pela viagem que ela teria que fazer em breve, dizem que natal é uma data triste e Tati teria que concordar com isso. Mais uma vez ela estava passando o natal sozinha, sem Miguel e muito menos sem sua filha. Assim que ambas acabaram de comer, Tati pediu licença à mãe e saiu da sala de jantar, subiu até seu quarto e deitou na cama, fechou os olhos para que pudesse controlar as lágrimas, lágrimas essas que eram de saudade, de dor, de medo. Apesar de tentar mostrar-se bastante dura e fria, Tati levava consigo uma dor que ela jamais deixaria de sentir. Ela levantou da cama e foi até seu guarda-roupa lá ela pegou uma sacola escorregou pela porta do guarda-roupa e sentou-se no chão, tirou o embrulho que tinha dentro da sacola e ficou olhando-o. Tati nunca aceitou a morte de sua filha, então seja em natal, aniversário ou dia das crianças. Ela sempre compra alguma coisa pra menina e nesse momento, ela estava segurando uma boneca.


 


— Tudo seria mais fácil se você tivesse aqui comigo. –disse baixinho- Porque você foi embora Miguel, porque? Eu não consigo entender isso. – Ela jogou a cabeça pra trás e fechou os olhos. – Me lembro do ultimo natal que passamos juntos...


 


Flashback On:


Era o primeiro natal que Tati e Miguel passaram juntos, Tati ceou com seus pais e após a troca de presentes ela subiu correndo para o quarto pra pode ligar para Miguel, o mesmo estava em casa ansioso esperando a ligação de sua amada. Tati jogou-se na cama e pegou seu celular, discou o numero de Miguel que na segunda chamada atendeu.


Inicio da ligação


— Meu amor.
— Miguel. –sorriu- Feliz Natal meu amor.
— Feliz natal linda.
— To com saudade. –disse fazendo biquinho.
— Eu também estou. Vamos nos vê?
— Não posso sair de casa Miguel.
— Você foge, depois te levo em casa.
— Amor, eu não sei.
— Confia em mim? –ele perguntou.
— De olhos fechados.
— Então vamos?
— Ok. –ela deu um pulinho da cama.
— Quando eu estiver chegando ai eu te ligo e você sai de casa.
— Ok.
— Beijos meu amor.
— Beijos amor.


Fim da ligação.


Miguel deu a seus pais a desculpa que iria visitar alguns amigos e logo voltaria para casa, saiU e foi andando a casa até a casa de Tati, depois de quase 30 minutos ele chegou e ficou escondido atrás de um poste, deu um toque pro celular de Tatiana, a menina estava nervosa, ela já estava acostumada a sair escondida para encontrar Miguel, mais sair na noite de natal seria muito perigoso, ela desceu até a sala e deu boa noite aos seus pais e convidados que estavam na sala conversando animadamente, subiu para o quarto e arrumou sua cama colocando alguns travesseiros fazendo o formato do seu corpo, apagou a luz e tirou a sandália e jogou pela janela, com cuidado Tati saiu pela janela e foi andando pelas telhas até chegar na parte baixa, assim que ela chegou, pulou e deu uma risadinha caindo sentada, ela correu abaixada e foi até onde suas sandálias estavam pegou  a mesma e com cuidado abriu o espaço que ela mesmo havia feito entre as grade e fora escondido pelas folhas de trepadeiras, saiu e assim que viu Miguel foi correndo até seu encontro, ela pulou no colo de Miguel e o mesmo a girou beijando-a.


— Agora sim, Feliz Natal meu amor. –ele disse alisando seu rosto.
— Feliz Natal Mi. –lhe selou os lábios.
— Mi? –ele arqueou uma sobrancelha.
— Para vai. –lhe deu um tapa.
—  Vamos sair daqui.


Ele disse e segurou na mão dela puxando-a, Tati morava em um luxuoso condomínio que ficava perto da praia, então ela e Miguel andaram até a praia e foram para o seu “esconderijo”, que era como se fosse uma caverna era debaixo de um amontoado de pedras bem no finalzinho da praia, ali apenas a luz da Lua e uma lanterna iluminava o lugar, Tati morria de medo de ficar ali mais Miguel sempre a convencia de ir pra lá já que era um lugar que ninguém imaginaria que eles estivessem.


— Não quero entrar ai amor.
— Vem..
— Não Miguel.
— Por favor? Eu estou com saudade de você.
— Eu também estou.
— Então vem.


Devido à insistência de Miguel, Tati entrou na “caverna” como foi denominado por Miguel, ele sentou-se e logo depois ela sentou-se no meio das pernas dele, Miguel deu um beijo no pescoço de Tati e tirou algo do bolso.


— Eu comprei um presente pra você.
— Não precisa amor.
— Claro que precisa, é natal e todos gostam de ganhar presente no natal.
— Então o que você comprou.
— É humilde, você sabe que não tenho muito dinheiro.
— Eu não me importo com isso amor.
— Estica o pulso. –Tati fez o que Miguel pediu e ele colocou uma pulseira em seu pulso, era uma pulseira simples com alguns pingentes, tinha um M e um menininho, um coração, a letra T e uma menininha.


— É linda amor.
— Eu sei que você deve ter ganhado muitos presentes melhores que esse, mais é o único que tive condições de comprar, mas é de coração.
— Quantas vezes tenho que repetir que não ligo pra essas coisas? Eu amei a pulseira amor, amei muito. –ela virou olhando-o nos olhos e balançando a pulseira.
— Fico feliz que tenha gostado.
— É linda, linda, linda, lindo igual a você. –disse selando seus lábios e Miguel abraçou-a.
— Te amo demais, muito muito.
— Pra sempre? –ela o olhou nos olhos.
— Pra toda minha vida.
— Pra toda nossa vida. –ela sorriu e eles iniciaram um beijo, calmo, lento, cheio de carinho e muito amor.


 


Flashback Off.


Tati estava com o rosto todo molhado, lembrar-se de seus momentos com Miguel a mostrava o quanto era feliz, ela o amava com toda a suas forças, Miguel a fazia falta, muita falta. Se seu pai não tivesse a feito separar dele, hoje eles estariam comemorando o natal juntos, juntos e com a filha que não teria partido, ela teria a família dela a família que ela tanto sonhou em ter com Miguel, Tati desencostou do guarda-roupa e abriu o mesmo, numa caixinha bem pequena e bem no fundo do armário estava a pulseira que Miguel havia lhe dado, era o único presente que ela tinha guardado de Miguel, o único que ele havia lhe dado e ela pode guardar. Tati olhava para a pulseira na palma de sua mão e sacudiu a mesma.


— Você disse que era pra sempre. –fungou – O sempre não existiu. – limpou o rosto – O sempre, sempre acaba. Eu não acredito no pra sempre. 


Tati levantou e jogou a pulseira dentro do guarda-roupa, pegou a bonequinha que ela  havia comprado pra filha e foi para o quarto, deitou na cama abraçando a boneca e com custo e ainda pensando na filha e em Miguel, ela acabou pegando no sono.


E do outro lado, bem longe dali, ele via os fogos queimarem, a filha olhava atenta cada brilho que explodia no céu. O coração dele estava pequeno, sempre sentia falta dela nessa época do ano, e mesmo tendo motivos para odiá-la, aquela garotinha ali do lado dele, jamais deixaria que ela a esquecesse, um só segundo do quão linda foi a história de amor que teve com ela, isso nem mesmo uma novo amor poderia apagar.


— Feliz Natal Tatiana – olhou pro céu – aonde quer que você esteja, eu te desejo um ótimo natal..


 


É, o destino não havia sido generoso com nenhum dos quatro. Mal sabia eles que tudo mudaria a partir de ali e que o destino deles estavam mais cruzado do que nunca. Anna havia passado uma ano novo glorioso ao lado de Miguel e de Laura, finalmente tudo havia voltado a fazer sentido. O vazio ainda a consumia por dentro, vazio o qual ela sabia que nunca iria sumir. Guilherme aprontou tanto, errou tanto e agora se afoga atrás de um orgulho, de uma vontade alucinante de correr pros braços da esposa e implorar perdão de joelhos, mas como disse, ele ainda anda afogado no orgulho. Miguel e Tatiana, ambos se amaram loucamente e hoje sentem um ódio com uma pontada de saudade, que os sufoca cada vez que lembram o quão boa foi a época em que estavam juntos. E a saudade um do outro ainda pesavam, e Miguel sentia isso cada vez que olhava nos olhos da Filha. Com a chegada de Marcelo muito coisa havia mudado na cabecinha de Isabel, de um momento para outro Richard havia deixado de ser o centro das atenções, o que não o agradou muito, porque apesar de amar a esposa, esquecer Isabel seria uma coisa que ele jamais conseguiria. O destino de Marcos e Cristine era o mais cruzado de todos, eles mataram, roubaram e feriram o coração de Anna e Guilherme aonde mais dói, afastar-se um do outro. Tudo estava pra mudar, sorte, azar, saudade, ódio, amor... A vida os ajudaria a comandar o destino? Ou mais uma vez ele surpreenderia a todos com mais uma reviravolta? E Anna e Guilherme, assumiram esse amor louco e passariam por cima de tudo pra ficarem juntos? Tatiana encontraria Miguel e descobriria da filha? E Laura, aceitaria a volta da mãe, que nunca conheceu, mas que sempre sentiu falta? E você, acredita que as pessoas merecem uma segunda chance? Que a vida e injusta e todos tem direito de errar? Ou acha que cada um merece um futuro melhor? Sem marcas, sem passado, sem sofrimento? E o amor, seria ele capaz de resistir a tanto desencontro?


 


1 Mês depois...


 


— Está boa essa gravata? – Guilherme perguntou pelo milésima vez ao Richard.


— Tá ótima, eu já te disse isso umas 500 vezes.


— Sabe que precisamos Fechar esse contrato, não sabe?


— Relaxa, eles estão ali – apontou – você tá ótimo e essa parceria já é nossa..



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Autor(a): Writer Sophi

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

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Guilherme Lizarga Narrando: Eu olhei pra mesa aonde só tinha duas mulheres, achei esquisito já que eu não me lembro de ter negociado nada com mulheres.   — Só tem duas mulheres ali, Richard. – olhei pra ele confuso. — Devem ser a secretaria e a esposa dele, não sei. — Quando eles ligaram, o que falaram? &m ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 5



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  • annakarolliny Postado em 22/04/2016 - 13:26:22

    Volta a postar

  • annakarolliny Postado em 22/04/2016 - 13:26:03

  • annakarolliny Postado em 22/04/2016 - 13:24:40

    Porque não postou mais ? É ótima ! Comecei minha leitura no orkut , só que você não postou mais lá e disse que iria postar aqui .. Desde então estou aguardando e até agora nada :(((

  • laisse_florencia_da_cruz Postado em 21/10/2014 - 14:22:17

    Web ótima...Mas pq não posta mais?? Abandonou???:/

  • samanta_shulz Postado em 09/09/2014 - 20:44:28

    uuuuuuuup


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