Fanfics Brasil - Capítulo - 11 Just a Kiss .. ♪

Fanfic: Just a Kiss .. ♪ | Tema: Just a Kiss .. ♪


Capítulo: Capítulo - 11

23 visualizações Denunciar


Richard Binsfield Narrando:


Minha vida tá péssima, minha esposa mais briga comigo do que conversa e sem contar no arrombo que ela anda fazendo com a minha conta bancaria. E pra melhorar ainda mais, Guilherme Lizarga, o todo poderoso não aparece na empresa a três dias, tá uma bagunça só, e ele não dá nem sinal de vida. A Tatiana tá dando um duro danado lá pra tentar me ajudar porque aquilo sem ele fica uma bagunça só. Era sábado Sai cedo do trabalho e em poucos minutos já estava em frente a casa dele, toquei a campainha e nada, toquei novamente e abriram a porta, era Ruth a governanta da casa.


 


— Oi Ruth, o Guilherme tá por ai? – perguntei simpática e ela assentiu.


— Tá sim, entra. – Me deu passagem e eu entrei, ela me seguiu.


— Sabe porque ele não foi trabalhar esses dias?


— Olha, eu não sei. Ele tá trancado no quarto a quase três dias, não sai pra quase nada. – suspirou – Nunca vi o meu menino assim. – ela lamentou chorosa.


— Esquisito, ele não é de faltar ao trabalho.


— Eu não sei o que deu nele, tá triste, abatido, desde que... – foi interrompida por um grito.


— Ruhtziiiiiiiiiiiinhaaa... Você viu a minha... – Olhei pra escada e ela descia devagar e distraída, mas parou assim que me viu – Richard? – disse surpresa.


— Eu – sorri e a Isabel olhou pra Ruth.


— Perdi aquela minha pulseira dourada com as minhas iniciais, você viu?


— Não foi a que você perdeu semana passada? – perguntou a ela que assentiu e riu, há que saudade dessa risada.


— Desculpa, mas eu juro que a deixei na escrivaninha e agora eu não consigo encontra-la de jeito nenhum – fez bico.


— Olhou dentro do closet? Eu achei dois pares de brincos e um colar esses dias lá dentro. – A Ruth disse.


— Eu já olhei, mas não encontrei nada é que eu tenho que sair agora e não queria ir sem ela, me ajuda? – fez um biquinho lindo.


— Você vai me enlouquecer Belzinha, juro que vai – riu – vai comer alguma coisa, porquê a senhorita não tomou café e depois fica reclamando que tá magra demais – Irônico a Isabel reclamar que tá magra demais – e deixa que vou procurar essa bendita pulseira. – Falou subindo as escadas e a Isabel riu, terminando de descê-las.


 


Ela ia passar por mim direto, mais eu não saberia quando eu teria outro oportunidade como aquela e não poderia desperdiça-la.


 


— Tá tudo bem com você? – ela parou de andar e se virou pra mim.


— Falou comigo? – perguntou confusa.


— Acho que você é a única pessoa aqui. E então, está bem?


— Não que te interesse, mas estou bem sim, obrigado. – sorriu – veio falar com o meu irmão?


— Vim tentar...


— Fico feliz que ele tenha um amigo de verdade, e acredite, ele vai precisar. – falou calma e ia saindo de novo.


— Não vai perguntar se eu estou bem? – caminhei um pouco ficando próximo a ela.


— Não me interessa.


— Acho que ainda tenho que te explicar algumas coisas, não?


— Não se dê ao trabalho. – deu de ombros.


—  Eu quero explicar, preciso, na verdade quero entender.


— Entender o que?


— Entender como depois de tanto tempo eu ainda fico esquisito quando estou perto de você.. É que ás vezes não me conformo pela maneira que acabamos, na verdade não entendo. E acho que tenho dever e obrigação de explicar.


— Você não me deve explicação nenhum Richard, eu não tenho nada haver com a sua vida e nem você com a minha e como eu já disse, não se dê ao trabalho. – falou seca.


— Eu sofri muito por você! – disparei.


— É mesmo? Sofreu tanto a ponto de me mandar o seu convite de casamento? Tava tão certo  da tua escolha que mesmo eu estando lá não te abalaria nenhum um pouco?


— Eu não podia ser tão mal educado a ponto de não te convidar pro meu casamento.


— Isso é ser mal educado pra você, na verdade eu chamo isso de egoísmo.


— Egoísmo? – perguntei confuso.


— É falta de educação pra você não convidar a sua ex-namorada para o seu casamento, mas terminar com ela por telefone e 3 meses depois se casar é o que? Imagina como eu não me senti? Eu tinha planos pra gente, pensava num futuro ao seu lado e imaginava que você também pensava em um ao meu. – ela estava com os olhos marejados.


— Eu pensava, sempre. Mas você ficou três anos fora, estava trabalhando, conhecia gente nova, a gente se via uma duas vezes no ano e eu estava carente e a Lorena apareceu e... – me interrompeu.


— Não precisa continuar, essa parte eu já sei e já sofri o suficiente. – ela respirou fundo –  Olha vamos fazer assim, eu esqueço tudo o que aconteceu e você esquece que um dia tivemos algo.


— Eu te amei demais pra esquecer assim de um dia pra outro.


— Mas você casou caramba! – gritou – e não foi comigo. Pelo amor de Deus Richard, me deixa tentar viver novamente.


— Não posso, não com essa confusão dentro de mim.


— Confusão? – riu sarcástica – Confusão Richard, confusão ficou a minha cabeça quando do nada me deixou, quando do nada  casou, quando do nada você decidiu que ia amar outra mulher.


— Mas eu ainda gosto de você caramba – falou alterado.


— Já não me importa – gritou – não mais.


— O que você tá querendo dizer com isso?


—  Que eu mudei Richard! Que você já não é mais prioridade na minha vida a muito tempo. Eu me via juntando pedaços todo esse tempo, eu era sempre metade sem você e agora eu encontrei alguém que gosta de mim, e sabe? Eu gosto dele, talvez até ame. Mas a praga que você me jogou é grande demais pra me deixar entender que ás vezes as pessoas saem da nossa vida e temos que aceitar.


— Eu não quero sair da tua vida.


— Mas eu estou expulsando você dela. – fechou os olhos e respirou fundo e ao abri-los fez meu coração doer – estou expulsando você da minha vida, da mesma maneira que me expulsou da sua. Acabou, eu vou seguir a vida e cada um pro seu lado. Sem magoa, sem mentira, e sem passado pra remoer.


— Eu pensei que íamos casar. Ter uma vida juntos, ter uma família.


— Eu também pensei – sorriu – mas não se tortura, o futuro muda conforme as nossas ações, e não era pra ser. – ela parecia tão conformada com o fim, ela nunca foi tão conformada assim.


— Não é o que eu sinto. – falei sincero. Queria chorar feito um veadinho e implorar pra ela reconsiderar, que eu largava tudo, tudo por ela.


— Mas é o que eu sinto. É o que eu quero, tenta entender. – pediu


— Quem é esse cara que tá te tirando de mim Bel?


— Ninguém pode tirar algo que não pertence a você. – sorriu fraco – e o cara, ele é magnífico. Como homem, como pessoa, ele é o extremo da perfeição. É meu amigo e me entende. E por mais que eu ainda ame você, eu já não faço questão do seu amor. To completa! – apertei os lábios e fechei os olhos, eu queria chorar – fala com o Gui, ele tá precisando de você. – assenti.


— Eu ainda gosto tanto de você, Bel..


— Eu também – sorriu e depois passou as mãos no rosto e quando tirou-as os olhos estavam vermelhos e marejados – quero que você seja feliz. – sorriu e deixou escapar uma lagrima mas logo limpou – e...


— Isabel eu achei a pul... – A Ruth nos interrompeu mais parou de falar assim que nos viu um de frente pro outro.


— obrigada Ruth – sorriu pra mim e a Ruth desceu e entregou a pulseira pra ela – tenho que ir – assenti – o Guilherme tá lá em cima. – apontou.


— Eu vou lá, tchau.


 


Eu queria dar um abraço nela e sentir seu cheiro, mas ela não deixaria ou recuaria se eu tentasse, então não fiz nada. ela sorriu e saiu com a pulseira na mão em direção a porta de entrada e sumiu. Fiquei olhando pra porta, porque a sensação de que tenho que um dia a gente vai voltar e ficar junto tortura tanto, que eu pensei que ela fosse voltar e dizer que queria ficar comigo. Porque eu sei que ela me ama, porque eu sei que ela quer, mas sei que depois de tudo o que fiz eu não merecia nem o abraço que não cheguei a dar antes dela sair. Não merecia nada. Olhei pra Ruth que pareceu entender tudo o que eu pensava e soltou um sorriso confortador.


Subi as escadas e fui direto pra porta do quarto do Guilherme, rodei a maçaneta e pra minha surpresa estava aberta, então entrei. O mesmo estava na sacada do quarto olhando pro nada, e pareceu nem reparar quando cheguei.


 


—  Pode deixar a bandeja ai Graça, depois eu como – falou sem nem olhar pra trás.


— Vishe foi mal ai cara, mas não sou a Graça e to sem bandejas – ele olhou pra trás.


— Tá fazendo o que aqui?


— Pensou que é assim é? Me abandona com uma filha pra criar? – ele soltou um riso fraco – a empresa esta uma bagunça. – falei quando percebi que a piada não tinha graça pra ele.


— Não estou com cabeça pra trabalhar. – me aproximei.


— O que aconteceu cara? To te ligando a dias, não atende o telefone.


— Fez aquilo que eu te pedi? – ignorou as minhas perguntas.


— Sobre a vida do Miguel?


— É – assenti – quero que desmanche, todo e qualquer tipo de contrato que eu tiver com ele, que separa as empresas.


— Esperai. Você tá querendo quebrar o contrato com o Fontes? – perguntei assustado. – Você tá maluco Guilherme? Estamos trabalhando dobrado pra sair dessa crise que a empresa entrou e você quer pagar milhões pra quebrar um contrato? Além do mas ele é um empresário, rende bastante pra gente, não podemos. – falei alterado.


— Ele tá com a Anna inferno. – falou irritado e eu o olhei confuso – ele tá com a minha Anna. Ele tá com a minha mulher – passou as mãos no rosto agoniado.


— Quem te disse isso?- perguntei confuso


— A Tatiana foi na minha sala reclamar das coisas que disse pra ela na terça e viu o retrato da Anna, ficou pasma e disse que a conhecia. Que ela estava no shopping com o Miguel e mais uma garotinha.


— Deve ser outro Miguel, ou outra Mulher, não é certeza. – tentei esclarecer algo, inútil pela cara que ele fez.


— Na quarta um advogado veio me procurar – respirou fundo – a Anna entrou com um pedido de divorcio, e adivinha só quem é que tá pagando o advogado pra ela?


— Você tem certeza?


— O envelope tá em cima da penteadeira, ao lado da foto dela se quiser conferir. – falou simples.


— E o que pretende fazer?


— Matar o Fontes e trazê-la pra cá nem que seja arrastada? – olhei sério pra ele e neguei, o mesmo respirou fundo voltando a olhar pro nada – eu não vou suportar a ideia de deixa-la. Não existe nem hipótese de ficar sem ela. Foram 11 anos Richard, não foram 11 dias... – falou indignado


— Ainda ama, não é?


— Não consigo imaginar o dia que não amarei. – disse sério.


— E quais são as condições dela? Digo, o que ela pediu?


— Separação total e anulação do casamento. Quer me apagar da história dela – fechou os olhos – eu vou matá-lo se ele encostou um dedo nela, juro que o mato. Porque eu deveria ter ido buscá-la no momento em que ela saiu porta a fora, eu deveria ter ido lá e  ter voltado com ela pra cá, pro lugar aonde ela pertence, pro meu lado.


— Sinto muito Guilherme – falei, porque sempre o mandava ir atrás dela, concertar as coisas, pedir desculpas. Mas ele não ia. E se ela pediu o divorcio, certamente não quer mais as desculpas dele.


— Eu não vou desistir dela. Você melhor do que ninguém sabe a vida que levei pra ficar com ela, sabe dos sacrifícios que fiz. Eu não poso dar ela de mão beijada pra outro homem, eu não vou entregar a minha mulher pra ele.  A Anna nasceu pra ser minha, e ela sabe disso.


— E vai fazer o que?


— Vou buscá-la. – falou simples – chega, ela já pensou e já fez burradas o suficiente, não vou mais deixa-la longe..


— E o divórcio?


— Não vou dar.


— Sabe que ela pode te processar por isso, não sabe?


— Que me processe, que faça o que quiser, mas o divorcio ela nunca vai ter.


— E quanto ao fontes?


— Já disse, quero que quebre todos os contratos com ele.


— Sabe que isso é uma das maiores burradas que você vai fazer na vida, não sabe?


— Se for pra trazê-la de volta, não me importa – falou rude, aprecia mais atormentado e se com ela ele já fazia muitas besteiras, sem ela eu já começava a temer o destino que a empresa e todo resto tomaria.


 


Fim de narração.


 


Anna Lizarga Narrando.


“Preciso conversar com você, sério !” Era a mensagem do Miguel, que apareceu assim que liguei o celular, a Laura havia sumido com o meu carregador então fiquei dois dias incomunicável, e graças a Deus a Babi tem uma carregador igual ao meu e me emprestou. E depois de ler a mensagem do Miguel eu vi 15 ligações perdidas da Isabel, estranhei mas não retornei, o que quer que fosse, ela me ligaria de volta.


Já passava das sete e meia e havíamos marcado as oito e quinze, eu estava nervosa nunca havia ido a um encontro e era esquisito se sentir nervosa depois de ter sido casada, ter filho e todo o resto, mas eu estava, estava nervosa e feliz.


Estava quase pronta, vestia um vestido preto curto e bem colado. Eu nunca usava cores escuras mas quando saia a noite (coisa que era muito raro) sempre usava algo mais escuro, me sentia mais mulher. Calçava um scarpin preto e meu cabelo estava solto, ele havia crescido um pouco de uns tempos pra cá, o Binho havia feito uma hidratação nele que o deixou perfeito e era como ela estava, caindo em cachos perfeitos pelas minhas costas. Estava passando batom quando escutei a porta abrir, olhei o relógio que ficava em cima da penteadeira que marcava sete e quarenta, com o sempre ele passando por cima de tudo que “combinávamos”.  Dei uma ultima passada de batom e me olhei no espelho novamente.


 


— Ah Miguel a gente tinha marcado ás oito e... – me calei quando o vi pelo espelho, meu Deus era um teste? E tudo o que eu planejei, todo esse tempo e todo o resto sumiram. Meu coração batia como nunca, tanto que eu podia sentir as veias do meu corpo pulsarem na mesma intensidade que ele. Me virei o mais rápido possível, quase caindo sentindo a falha que minhas pernas estavam, todo o meu corpo fora o meu coração estava paralisado, nem respirar eu conseguia, e se não dissesse nada provavelmente explodiria. – Guilherme? – perguntei em um sussurro. Ele estava parado na porta, sério como sempre e em segundos seu perfume já havia incendiado o meu quarto me provocando sensações de saudade.


— Quanto tempo amor – sorriu irônico – sentiu minha falta?


— O.. que você tá fazendo aqui? – me forcei a falar. Ele estava parado perto da porta, mas precisamente de frente pra mim. Lindo como nunca esteve em toda a sua vida, é, eu tinha me esquecido como ele era lindo.


— Eu que deveria te perguntar, o que faz aqui? O que fez todo esse tempo? Por que tanto tempo Anna? – desmanchou a cara de sério.


— Você sabe o por quê.


— Não, eu não sei – falou bravo – eu sei que a 5 meses você saiu de casa, me deixou lá. Isso é a única coisa que sei.


— Eu tive meus motivos.


— Motivos maiores que a gente? 5 meses e nem uma ligação, nem um sinal?


— Você não precisa de ligações e nem sinais pra me encontrar Guilherme. Você faz o que quer a hora que quer e não se impor...


— Eu estou arrependido Anna. – me interrompeu e eu fechei os olhos sentindo eles arderem, e quando abri as lagrimas caíram, não fiz nenhum esforço pra segurá-las.


— Se arrepender não apaga as burradas que você fez, não apaga as lagrimas que derramei e nem a dor que senti quando você me traiu.


— Eu sei. Mas...


— Mas sente muito não é? – o interrompi – você sabe que errou mas não se desculpa, não sabe ser sincero. Você tem noção do que fez comigo Guilherme? Você proibiu todos da cidade de me darem emprego. Não se importou se eu tinha o que vestir, o que comer. Não ligou pra nada.


— você tinha tudo isso, mas ao meu lado. Na nossa casa.


— NA SUA CASA –gritei – aquela casa não é minha, nada ali é meu.


— Eu sou, Anna – falou calmo – eu sempre fui, a vida inteira eu fui seu e...


— Porque colocou um detetive atrás de mim quando ainda éramos casados?


— Hã? – perguntou assustado – detetive?... Como você sabe disso.


— Não importa, só responde o que te perguntei.


— Foi um erro.


— Parece que a nossa vida tá cheia de erros, não é?


— O primeiro deles, é o seu pedido de divorcio. – me calei – eu poderia passar a vida inteira longe de você Anna, o mundo poderia me dar razões pra te deixar e mesmo assim eu não o faria. Mas você não pensou duas vezes antes de me mandar um pedido de divorcio, exigindo a anulação do nosso casamento, como se fosse fácil assim acabar com tudo o que a gente teve, como se isso nunca tivesse existido.  O nosso namoro, o nosso casamento, o nosso filho, eu Anna. Eu não existo mais dentro de você, é isso? Então é o fim? Tanto sacrifício pra nada, você vai embora e me deixa, é isso que você quer? – perguntou tudo em um tom calmo, eu esperava que ele gritasse, que me xingasse ou que falasse algo grosseiro, mas não. Ele estava ali na minha frente, segurando um envelope, depois de tanto tempo ele estava ali, tinha vindo me buscar e eu já não sabia de nada. todas as certezas haviam se esvaído e agora era só eu e ele, depois de tanto tempo...


— O que eu quero já não importa mais.


— O que você quer sempre vai importar Anna, pelo menos pra mim.


— Para – pedi chorando – para de falar que se importa, que tá arrependido, porque não tá Guilherme, você já cansou de me dizer que um homem nunca se arrepende das coisas que faz, então para de tentar passar por cima da pessoa que você criou, para.


— Você sabia disso quando se casou comigo.


— É eu sabia. E me odeio por saber disso e ainda sim aceitar me casar com  você. Porque eu estava tão cega, tão apaixonada que nem percebi o que estava fazendo. – falei alterada e ele me olhou tristonho, queria dizer que não, que não é verdade, que me casei porque sou louca por ele, as ao invés de dizer a verdade eu omiti, omiti feio.


— Então é por isso que quer o divorcio? Não me ama mais? – Amo, amo mais que tudo.


— Eu não disse isso. – me forcei a responder a primeira coisa que veio na minha cabeça.


— Mas também não negou Anna – ele gritou – você ficou 5 meses longe de mim, eu tava vindo buscar você quando recebi esse maldito divorcio, eu ia te perdoar.


— Me perdoar? – perguntei incrédula – o que é que você tem pra me perdoar Guilherme?


— Não vai pensando que eu esqueci as suas falhas Anna, não é ó porque estou arrependido que vou me esquecer de tudo que aconteceu.


— Então se você não esqueceu de nada, então sabe porque fiquei 5 meses longe de você e o porque desse papel estar em suas mãos.


— A culpa disso, não é só minha.


— Mais da metade é. E eu já sei de tudo Guilherme, sei do detetive que contratou pra me seguir, eu já sei de tudo.


— Tudo seria mais fácil se você tivesse dito a verdade pra mim. – confessou sem nem tentar negar.


— Você não entenderia, brigaria comigo, me humilharia e me deixaria chorando a noite inteira enquanto você pegava as suas coisas e ia dormir em outro quarto. Você não entenderia.


—  A gente podia ter dado um jeito. – Ele deu um passo pra frente o que me fez por instinto me afastar – não foge – sussurrou tristonho.


— Que jeito? Com você não tem jeito, não tem explicação – passei as mãos no rosto borrando toda a minha maquiagem – eu fui chamada pra depor na delegacia. – ele me olhou assustado e nervoso.


— Você o que?


— Você ouviu. Eles disseram que acham que eu cometi um crime, que eu tentei matar um homem, um homem que você colocou pra me seguir...  meu Deus Guilherme você tme noção do que fez comigo? Eu nunca entrei em uma delegacia, em toda a minha vida, eu nunca nem se quer matei uma mosca. – falei indignada e ele abaixou a cabeça.


— Eu não sabia.


— Sabia sim, você sabia sim. – o culpei e o mesmo apertou os lábios e se aproximou de mim, ergui uma das mãos para que ele parasse – não chega perto – pedi.


— Amor – falou calmo tentando se explicar – Eu sei que não tenho direito de te pedir nada, que você tá magoada e que nunca vai entender os meus motivos. Sei também que exagerei em todas as coisas que fiz, todas as coisas que disse, e eu juro que to arrependido.


— Encontrou com a Cristine depois da noite em que dormiu com ela?


— Agora não é hora pra falar dela. – falou irritado.


— Eu te fiz uma pergunta Guilherme – gritei.


—  Encontrei, mas antes que você pense qualquer tipo de besteira não, eu não dormi com ela. Não dormi com ela e com nenhuma outra amor, eu quero você. – me calei e ele deu mais um passo pra frente, agora fiando bem mais próximo, fazendo com que eu sentisse o quão maravilhoso era o cheiro do seu perfume,  quão lindo era o seu rosto. – Vem comigo, a gente vai pra casa e conversa lá – falou calmo –  desiste dessa ideia absurda de me deixar e deixa que eu vou resolver tudo, confia em mim?


— Eu não consigo mais – apertei os lábios sentindo as lagrimas molharem meus rosto como um rio. – eu não consigo mais acreditar em nem voltar com você Guilherme. Você fez uma confusão muito grande dentro de mim. Eu já não reconheço o homem que eu amei. – ele se aproximou e eu tentei recuar pra trás, mas fui impedida pela penteadeira.


— O homem que você amou tá aqui Anna, mas ele só existe pra você, ele só existe com você – deu ênfase no você – eu juro que não olhei pra ninguém, que todo esse tempo eu te esperei. Não teve um só dia que eu não lembrasse de você, não teve uma só noite que eu não desejei o seu corpo junto do meu.  – ele segurou uma das minhas mãos e a levou até o seus lábios, beijando a mesma. Fechei os olhos ao sentir os lábios quentes dele encontrarem a minha pele, tão necessitada dele e me surpreendi mais ainda quando ele colocou a minha mão em seu peito, em cima do seu coração...


— Guilherme – abri os olhos e suspirei, ele passou a mão livre no meu cabelo, o colocando pra trás..


— Sente isso? – olhei nos olhos castanhos claros dele, que me olhavam com saudade – ele só fica assim quando você tá por perto. Imagina o quanto doeu ficar toda esse tempo sem ver você? Imagina o quão lento ele bateu, o quanto ele e eu sofremos sem você por perto? – mordi os lábios e fechei os olhos pra não chorar – olha pra mim Anna, olha pra mim e me diz que já não me ama. – eu o amava, e nem com toda a coragem do mundo eu conseguiria dizer que não, mas as brigas, a traição, as mentiras, o machismo, ainda doem e pesam e eu não quero voltar a ser o brinquedo dele.


— Para com isso – ele negou e fechou os olhos se aproximando – para Guilherme, eu não quero – o empurrei com a mão que estava em seu peito, ele abaixou a cabeça e colocou as mãos na mesma – não é assim, não vamos a lugar algum assim.


— O que você tem com o Fontes? – perguntou tirando as mãos do rosto e agora já era outra pessoa.


— Não é da sua conta.
— Não é da minha conta? – Perguntou incrédulo e eu assenti – então depois não reclama quando eu descobrir as coisas sozinho e tomar decisões.
— Isso é chantagem.
— Vai falar ou não? – perguntou rude e eu assenti.
— Eu trabalho pro Miguel.
— Esperai, você faz o que? – perguntou irritado – aonde se reencontraram? Você nem conhece o Miguel direito.
— Eu não te devo explicações Guilherme. – apertei os lábios.
— Fala. –ele disse bravo. – Ou eu vou atrás dele e ele vai ter que me dizer. – Eu respirei fundo, eu não poderia colocar o Miguel nessa confusão ele já estava me ajudando demais e o Guilherme ir atrás dele seria horrível, fechei os olhos com força e abri de novo.
— Estou esperando Anna. –disse ele cruzando os braços e com o semblante bastante irritado. – Eu vou ter que ir mesmo atrás do Miguel?
— Em uma lanchonete quando fui procurar emprego.
— E ai ele te viu e te chamou pra trabalhar? Meigo ele, não? – perguntou irônico.
—  Eu estava sem dinheiro Guilherme, precisava de emprego. E ele me perguntou se eu não queria ser babá da filha dele. – tentei explicar.
— Você trabalha na casa dele? – perguntou incrédulo andando de um lado pro outro – O dia inteiro do lado dele, vendo ele tod.... – respirou fundo – Você vai pedir demissão hoje, agora.. – falou bravo.
— Não, eu não vou! –disse firme.
— Você vai! Vai porque você não precisa disso Anna, não precisa procurar emprego, não precisa morar nessa pensão, não precisa de nada disso, você tem conforto, você tem dinhe...
— Não – interrompi – você tem isso, você tem conforto, você tem dinheiro, você tem tudo isso, eu não. Eu não tenho nada disso, é tudo seu Guilherme. –disse aumentando o tom de voz.
— Porque você não quer sair de lá? – ignorou a minha resposta anterior – É trabalhar que você quer? Eu arrumo um emprego pra você, te deixo trabalhar Anna, é só você voltar pra casa, que eu te arrumo um emprego. Esquece tudo e volta pra casa.
— Esquecer? – perguntei incrédula. Como é que ele quer que eu esqueça tudo o que passei? Como alguém pode esquecer tudo o que de ruim aconteceu, como se esquece uma traição? – E os erros? – perguntei em um sussurro.
— Erros? Que erros Anna? Todo mundo erra, até você erra. Eu vou esquecer que você mentiu pra mim e você esquece o que aconteceu, volta pra casa comigo e vamos voltar a viver felizes. Você não é digna de trabalhar como babá, o que as pessoas vão dizer quando souberem que você trabalhar de baba? O Miguel que arrume outra pessoa para tomar conta da filha dele.
— Esquecer Guilherme? Se coloca no meu lugar pelo menos uma vez na vida, como eu vou esquecer uma traição que foi praticamente jogada na minha cara. Que você fez questão de me dizer. –disse passando as mãos no rosto. – Eu não sou digna de ser babá, então eu sou digna de que Guilherme? De ficar trancada dentro de casa? De pouco receber atenção sua, de ficar sendo atormentada pela sua mãe. É DISSO QUE EU SOU DIGNA GUILHERME? – gritei. – Ás coisas não são assim. Você não manda em mim, não mais! Eu estou apegada a Laura. – confessei – não posso deixá-la. – ele pareceu surpreso.


— É a ela mesmo que você tá apegada Anna? – perguntou sério me encarando – diz a verdade, é a menina que você tá apegada? – olhei pra qualquer canto do quarto que não fosse ele – olha pra mim Anna, eu te fiz uma pergunta – se aproximou novamente – É na menina que você tá apegada? – E sim, eu poderia dizer que era por ela que eu não queria sair de lá, mas não. Eu amava o Guilherme tanto que todo o meu corpo respondia a cada toque dele, tudo se ascendia perto dele. Era como uma droga, um vicio. Mas o Miguel era, meu amigo, era responsável, carinhoso e me ajudou em todos os momentos que o homem que eu amava não estava presente, e por mais que eu tivesse motivos o suficiente pra dizer que era só pela Laura, eu não o faria, porque o sentimento que tenho por ele também me faria ficar.


— Eu não sei – sussurrei e ele abaixou a cabeça e fechou os punhos.


—  Que p.orra – deu um soco na parede e eu fechei os olhos por instinto – e você fala assim? Será possível que não vê que sou eu aqui Anna? – colocou as mãos no peito me encarando.


— Você pediu pra que eu falasse a verdade.


— Se a verdade for essa então mente – falou tudo de uma vez – mente que me ama, mente que me quer de volta, mente que me perdoa. Se a verdade for essa, eu prefiro a mentira a ter que perder você.


— Eu não preciso mentir pra você saber que eu ainda te amo.


— Me ama mas, não me quer. Prefere cuidar de uma família que não é sua, ao invés de voltar e cuidar de mim que sou seu.


— Você sabe os meus motivos caramba. – gritei.


— Que se dane os motivos Anna. Que se dane os erros. – falou irritado.


— Tá ai o seu erro Guilherme, você não pode errar e esquecer as coisas. Porque se você não sofrer com os teus erros, você nunca vai aprender.


— E você acha que me pedindo o divorcio vai fazer com que  eu aprenda com os meus erros? Acha que me afastando de você, seguindo com essa ideia absurda vai fazer algo melhorar em você? – passei as mãos no rosto e sequei o mesmo – acha que se aproximando de outro homem vai resolver os nossos problemas?


— Se for preciso me aproximar de outro alguém pra esquecer você, eu vou fazer.


— 11 Anos Anna – falou incrédulo – 11 anos de história, planos, vontades... Tudo jogado no lixo?


— Você jogou eles no lixo – o acusei –  Eu mudei pra entrar na sua vida Guilherme, larguei o meu passado, as minhas origens, deixei vontades de lado pra ser a sua esposa, pra te acompanhar e ficar do seu lado, e o que foi que você fez? Você me traiu, me maltratou, me fez de brinquedo, de objeto, como se eu não fosse ninguém. – solucei – E você não lembrou dos planos, das vontades e nem do futuro que me prometeu quando estava com a Cristine? Lembrou? – perguntei irônica – o que eu penso e o que sinto ainda estão mais vivos do que nunca , não pense que só porque eu fiquei 5 meses longe de você que não doeu, que eu não senti a sua falta e que eu não desejei que tudo isso fosse só um sonho. – funguei – doeu tanto, e eu passei noites e noites em claro imaginando porque você faria isso comigo. E era eu Guilherme – falei no mesmo tom que ele – era eu quem você estava machucando e prejudicando.


— Anna... – Ele apertou os lábios. E eu fiz uma promessa, que se ele me pedisse desculpa, ou dissesse que sente muito de coração, eu voltava com ele, passava por cima de todos os erros e enfrentava tudo, porque só de saber que ele se arrependia, tudo mudava – Vem comigo? – abaixei a cabeça decepcionada, ele nunca ia mudar e eu sabia disso.


— Vai embora Guilherme – falei firme o olhando – vai embora e não volta nunca mais. Não enquanto não puder pedir perdão pra mim.


— Você vai sair com ele, não vai? – o olhei confusa, era horrível vê-lo tão perto depois de tanto tempo, me dói saber que ainda sou tão fraca perto dele - Acha o que? Que eu ia pensar que você fica linda assim pra passar o sábado a noite em casa? – perguntou irônico, me irritava as mudanças de humor dele, uma hora me amava, outra hora me  odiava e queria mandar em mim.


— Eu não te devo satisfações. – falei seca e ele riu


— Enquanto você for minha mulher, você vai me dar explicações sim.


Anna: Então é simples Guilherme, assina o divorcio e você não precisa se preocupar com nada.


— Eu vou embora – ignorou a minha sugestão. E só de pensar que ficaria não sei mais quanto tempo sem ver o rosto dele me fez repensar em todas as vezes que o mandei ir. Ele deu um passo se aproximando de mim – Eu vou, mas volto. – falou sério – E não vou assinar nenhum divorcio, não vou deixar você tirar o meu nome – soltou um riso – não vou deixar você sair da minha vida – deu mais um passo ficando frente a frente comigo, eu que já nem respirava, nem sentia as minhas pernas ou qualquer outra parte do meu corpo. E o cheiro dele, esse cheiro. Ele levantou uma mão e passou a mesma por trás de mim, a principio pensei que ela ia enlaçar a mesma na minha cintura, mas não, ele colocou o envelope na penteadeira, mas ao invés de se afastar ficou perto, muito perto. – Fica longe do Fontes – sussurrou de tão perto que pude sentir os lábios dele se moverem – E isso não é um pedido.


— Até porque você não está em condições de me pedir nada – me forcei a falar porque a aproximação estava acabando com a minha sanidade.


— Anna eu – suspirou e a mão que eu achava estar morta atrás de mim segurou minha cintura – não me força a fazer coisas que vão machucar você, eu não quero. – ele apertou a minha cintura e a essa altura do campeonato eu nem raciocinava mas – Você é minha esposa, e não, nunca te tratei como brinquedo e... quer saber? Esquece...


 


 Juntou nossos lábios tão rápido que nem tive tempo de impedir, ou coragem, ou vontade, não sei. E minhas mão deveriam empurra-lo, mas não, eu passei elas pela nuca dele e desci uma até as suas costas, sentindo os músculos do seu corpo. Entreabri a boca e ele forçou a língua pra dentro da mesma, dando inicio a u beijo lento, cheio de saudade. E como era bom beijar ele, eu havia esquecido. Ele tinha uma mão na minha cintura e a outra na minha nuca por debaixo do cabelo o segurando firme. E apesar do beijo ser lento, era malicioso, tinha saudade, raiva e tudo que prendemos durante esses 5 meses. E a minha cabeça rodava lembrando do tanto de beijos iguais a esses que demos, de todas as vezes que com um beijo ele concertou tudo, de todos os momentos. Ele desceu a mão que estava na minha cintura um pouco mais pra baixo e alisou a minha coxa, senti ele colocar a mão na barra do meu vestido, e eu não o impediria, por mim ele continuaria e viraríamos a noite assim. Eu já nem raciocinava direito quando uma voz ecoou os meus ouvidos, vindo das minhas lembranças, eu não via a cara dela, mas sabia perfeitamente as expressões que fazia “Não é por mal querida, mas homens iguais ao Guilherme podem até se encantar com uma flor do campo, mais são com os diamantes que eles terminam, entenda que ele sempre vai ser muito pra você...” E como um balde de água fria, eu abri os olhos e me dei conta do que estava acontecendo, eu queria, mas não podia, não com essas lembranças... O empurrei e ele pareceu se assustar. E não foi preciso que eu dissesse nada pra que ele entendesse que ainda doía, que não era pra ser assim. O olhei, nem queria imaginar a cor ou o jeito que estavam os meus olhos, ele tinha os mesmos vermelhos, e não tirou as mãos de mim.


 


— A gente não... – fui interrompida por ele afundando a cabeça no meu pescoço.


— Eu te amo – disse em um suspiro, fechei os olhos sentindo ele tão próximo – pro resto da minha vida – deu um beijo no meu pescoço arrepiando-me – To indo, volto depois pra te buscar – falou sério me dando mais um beijo, mordi os lábios com força pra não demonstrar nenhuma reação e ele se afastou, sorriu e se afastou e antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele foi embora... E eu? Ah e lá vai eu chorar de novo..


 


E eu me odiava, e odiava por ser tão fácil, me odiava por ceder a ele, e me odiava mais ainda por estar desejando ter os lábios dele de volta. E eu quis tanto o divorcio, que agora ele aprece uma coisa tão absurda comparada ao sentimento que carrego pelo meu marido. Meu marido, eu acabei de beijar o meu marido, palavra que soava distante...


Estava sentada na cama do meu quarto, incrédula, olhando pra penteadeira, lembrando dele, odiando ele, quando uma voz roubou a minha concentração..


 


— Eu sei que Estou atrasado 20 minutos, mas a Laura não me deixou sair e você sabe... – ele falava distraído entrando no quarto, mas se calou quando me viu – aconteceu algo? – perguntou preocupado se aproximando e eu escondi o rosto entre as mãos, estava envergonhada demais pra poder responder...


 


Fim de narração.


 


Guilherme Lizarga Narrando.


Depois de deixar o quarto e passar pela sala da “casa” onde ela morava, eu me vi mais uma vez sem ela. Deus, eu sabia aonde ela estava, sabia o que fazia e porque eu não a trouxe comigo? Arrastada, a força.


Entrei dentro do meu carro e soquei o volante algumas vezes, eu queria socar a cara do Miguel, da Cristine, até a minha se fosse preciso, eu só não queria ficar sem ela, que estava tão linda, meu Deus tão cheirosa. O seu cheiro estava na minha camisa e eu pensei em nunca mais lava-la, não enquanto ela não voltasse pra casa. Passei as mãos nos lábios me lembrando do beijo doce dela, ah que saudade eu estava de sentir o beijo dela. E só de pensar que aquele filho da puta do Fontes poderia... soquei o volante novamente. Eu o mataria, se ele encostasse um só dedo nela. Mas tudo ia ficar bem, o detetive ia esclarecer tudo o que aconteceu, ela seria liberada, o tempo ia passar e ela ia sentir falta de mim, e com isso voltaria, eu só não aguentaria esperar tanto tempo. E só de imaginar a Anna entrando em uma delegacia me dava agonia, ela é doce demais pra frequenta um lugar assim, ela é pura demais pra isso. E pensar que é tudo culpa minha, é culpa minha o divorcio, é culpa minhas os traumas dela, é culpa minha ela estar trabalhando pra um homem... E o medo dela me deixar por essa garotinha então? Na verdade eu estava com medo de que ela ficasse tão próxima da menina, que a quisesse como filha, talvez o filho que perdemos e se ela chegasse a gostar da menina dessa forma, talvez poderia ver o Miguel como... Respira, não pensa nisso.


 Sai dali rápido, pra não subir no quarto e leva-la comigo. E ao virar a esquina dei de cara com um carro luxuoso, provavelmente seria ele já que o bairro é simples. O filho da puta estava lá indo buscar a minha esposa, era meuá migo e todos a minha volta sabem o que significa ter a Anna... Ah mais isso não ia ficar assim, não ia mesmo. Mas pelo muito que eu conheço a minha mulher, ela não teria coragem de sair com ele, ou teria? Não sei se conheço essa nova Anna. E no meio de tantos pensamentos absurdos e sem nenhum fundamento eu cheguei em casa, minha mãe estava na sala e sorriu quando me viu...


 


— Filho eu preciso que você... – ela falou animada.


— Não me enche – falei bravo e subi pro quarto, provavelmente ela queria algo ou me jogaria alguma indireta sobre a Cristine, preferi evitar. Me joguei na cama e tirei a camisa, cheirando a mesma, o perfume dela estava tão grudado nela que eu me abracei forte a camisa e suspirei enquanto chamava pelo nome da minha amada, e pela primeira vez em toda a minha vida, eu chorei de saudades..


 


 [...]


 


— Posso entrar? – Tatiana ótimo, tudo o que eu queria no momento! Era segunda, e eu estava péssimo. Ela estava parada no meio da minha sala com uma cara melhorzinha do que nos outros dias..


— Já entrou – dei de ombros batendo o lápis na mesa. Ela se aproximou.


— Queria falar contigo, pedir desculpas pela maneira como falei da sua esposa, eu não tinha o direito de te contar dessa maneira.


— Tá tudo bem. – falei sincero, uma hora ou outra eu ficaria sabendo mesmo.


— Tem certeza? – assenti.


— Era só isso?


— Não. – a olhei confusa – como eu já te pedi desculpas, acho que você poderia fazer o mesmo pelo ocorrido na terça, né? – eu ri e ela ficou séria.


— Foi mal, não faça de novo.


— Você é um ogro, né? – pronto, cadê a moça boazinha que entrou na minha sala?


— Se veio me xingar pode ir embora – apontei pra porta – eu já te desculpei e temos muito trabalho hoje. – falei pegando alguns papeis em minha mesa e ela ficou lá, calada e parada.


— É que eu queria te fazer umas perguntas. – falou acanhada e eu a olhei confuso.


— Sobre? – arquei uma sobrancelha.


— Você, sua esposa, O Miguel... – falou receosa.


— Conhece o Miguel?


— Um amigo de infância. – deu de ombros – mas me fala de você – puxou a cadeira em minha frente e se sentou – fala do seu casamento.


— Não tenho o que falar..


— Você ficou 4 dias sem dar as caras na empresa, ou foi pela sua mulher, ou foi pela sua mulher, não vejo outra explicação.


— Odeio mulher curiosa! E você deveria se preocupar mais em cuidar mais da tua vida – falei sério – E porque eu contaria a minha vida pra você?


— Será porque pelo que vejo não tem muitos amigos, e a gente mal se conhece, ou seja, temos tempo e eu não vou poder julgar você.. E então? – perguntou presunçosa e eu suspirei irritado.. Mulheres, elas ainda me enlouqueceriam....


— Por que tanto interesse na minha vida?


— Não sei, sou curiosa – sorriu – estou vendo que tá precisando desabafar.


— Desculpa ridícula. – ela fez uma careta – mas já que pergunta, e antes de tirar conclusões precipitadas, não estamos juntos.


— isso eu percebi. Mas Porque não estão juntos? – bufei irritado – Como é difícil rançar informações de você, hein? – riu – eu não vou sair daqui enquanto não falar.


— ótimo, eu não estou com pressa mesmo. – dei de ombros


— Fala só o motivo de não estarem mais juntos, prometo não palpitar.


— Juro que se você disser algo que me irrite, eu te jogo da janela – ameacei e ela assentiu fazendo sinal de tranca com a boca. – brigas, desentendimento, falta de confiança – suspirei e ela arqueou uma sobrancelha.


— Eram casados a muito tempo?


— Um ano e meio, tirando os 11 anos de namoro.


— Namoraram durante 11 anos? – perguntou assustada e eu assenti – aonde se conheceram?


— Na cozinha de casa – sorri ao lembrar, estava me sentindo patético falando dessas coisas pra ela, que estava confusa – a mãe da Anna era empregada lá de casa.


— Caramba, estou boquiaberta – falou surpresa – você não tem cara de quem casa com filha de empregada. Sei lá, é todo superior, cheio de si.


— As aparências enganam.


— As suas não, tenho certeza – riu – estão separados a muito tempo?


— Quase 5 meses... – suspirei


— Eu juro que se você não dissesse eu jamais imaginaria, claro que eu sabia que você era casado. Porque usa aliança e também age feito um homem casado, agora casado com a empregada da sua casa, por essa eu realmente não esperava. – soltei um riso


— Não sei se isso foi um elogio ou uma ofensa.


— Metade dos dois. – falou sincera – Você me tratou tão mal quando descobriu que eu era mulher, que não me parece alguém que  deixaria a classe social de lado pra se casar com alguém totalmente inferior a você. No Máximo brincar com alguém da classe dela.


— Por que? Você brincaria com alguém somente por ser pobre?


— Não. – falou rápido – Por isso fiquei tão surpresa, geralmente as pessoas não se importam muito com as outras.


— Não é o meu caso, acredite! – ficamos em silencio.


— Ela é muito linda – disparou mudando de assunto olhando a foto dela em cima da mesa – linda em foto, e pessoalmente também.


— É mesmo muito linda – olhei o porta retrato dela e sorri.


— Por que deixou ela ir? – disparou e eu a olhei confuso – eu não vou julgar, já disse!


— A história é longa. – ela sorriu e olhou o relógio.


— Eu tenho tempo. – sorri e lhe contei o comecinho de toda a história.


— A Anna estava grávida quando casamos, grávida de 3 meses. Já íamos no casar mesmo, o bebê foi só um empurrãozinho.


— Então vocês tem um filho? – neguei e ela me olhou mais confusa do que antes.


— Não, mas eu daria tudo pra que tivéssemos – a expressão dela era mais confusa do que nunca –  A Anna sofreu um acidente e o bebê não resistiu. Morreu assim que nasceu – falei me lembrando do dia do nascimento do meu filho e ela pareceu travar.


— Ela perdeu um bebê? – falou em um sussurro um tanto horrorizada, como se a ideia a atormentasse um pouco.


— Perdemos. E desde então nunca mais conseguimos ser os mesmo, tanto ela quanto eu.


— Então você começou a mudar com ela? –  assenti


— Ela tinha mudado, de um dia pro outro não era mais a mulher com quem eu havia me casado, estava fria, distante. Os problemas de casa pareciam pesar mais, a classe social, dinheiro. As dificuldades foram tantas que ela não resistiu e foi embora.


— Boba – soltou um riso – depois de passar por tanta coisa, abriu mão de um amor de toda uma vida por alguns obstáculos? – negou rindo – se fosse caso de traição tudo bem, eu até entenderia, até porque se você enfrentou tudo isso por ela não a trairia, né? Praticamente jogaria a história de vocês e toda e qualquer chance de volta no lixo –  falou distraída e senti um frio percorrer por toda a minha espinha. E acho que ela percebeu o meu desconforto – Você a traiu? – perguntou incrédula colocando as mãos na boca.


— Foi só uma vez, não teve importância.


— Então a coisa tá bem pior do que eu imaginava. E agora que ela tá com outro isso..


— Ela não tá com outro – falei irritado.


— Mas e o Miguel? – perguntou confusa – se eles não estão juntos porque ela estava no shopping com ele.


— A Anna trabalha pra ele – bufei – cuida da filha dele. – e só de lembrar a raiva já me cegava.


— Ela trabalha? – assenti e ela riu.


— Tá rindo do que? – perguntei bravo.


— você todo machista, casado com a filha da empregada, que te deixou e trabalha. – riu – as aparências enganam mesmo.


— Você disse que não iria julgar.


— Não estou julgando, só estou fazendo uma análise.


— Até agora eu não entendi porque desse seu interesse pelo meu casamento.


— Fiquei curiosa. – deu de ombros.


— Conhece o Miguel de onde? – estava engasgado com isso, precisava perguntar.


— O Miguel? Que Miguel? -


— Não se faça de sonsa. Porque na quarta, você me pareceu saber muito bem de que Miguel que falava.


— nã..ooooo, impressão sua. – falou atrapalhada


— Você se atrapalhou tanto pra falar, que mesmo que fosse mentira eu desconfiaria. Mas pode confiar em mim, não vou julgar você – falei presunçoso. – e então, o conhece de onde?


— A gente foi amigo de infância. – falou em um suspiro – feliz? – perguntou irônica.


— Seu amigo de infância te fez perder uma reunião importantíssima e fez você vir aqui me interrogar pra saber da minha vida conjugal, porque viu a minha esposa com ele – neguei – acho que essa história tá mal contada.


— Não tem nada mal contado aqui, você que é maluco.


— Você entra na minha sala pra saber da minha vida e eu que sou o maluco? – ri – acho que esse amigo era melhor viu, quer dizer, era muito mais que amigo. Porque pra te deixar em choque desse jeito, amigo não foi. Não é?


— A gente teve um lance na adolescia, nada de muito importante. – eu a olhei com a sobrancelha arqueada e ela abaixou a cabeça – e eu não sabia que ele tinha um filha. por isso fiquei tão assustada.


— Geralmente as pessoas ficam felizes quando descobrem que alguém teve filhos.


— Eu já disse caramba, não temos nada.


— Eu acredito. Só que fiquei surpreso por ter tido algo com ele, mal o vejo com mulher nenhuma, não sei nem como tem filho.


— Ué, ele não era casado com a mãe da menina?


— Não, parece que a filha dele é de uma namorada de infância, alguma coisa assim.


— Namorada de infância? – perguntou confusa.


— O que? Vai me dizer que é mãe da menina?


— Quanto anos a menina tem? – perguntou interessada.


—  Acho que 5 ou 6. Não sei. – ela olhou por chão e ficou um tempo pensando – tá tudo bem? – ela levantou a cabeça pra me olhar.


— Tá sim, eu só... desculpa eu preciso sair. – falou se levantando e nem esperou eu dizer nada, eu hein..


 


 


Assim que ela saiu meu telefone tocou, tinha três ligações não atendidas do Richard, se não fosse tão safado diria que é gay.


 


— Fala


— P.orra, atende telefone não é? – perguntou bravo.


— Foi mal, não vi tocar.


— Presta mais atenção, né?


— E fez o que eu pedi pra você fazer?


— To aqui na delegacia.


— E então?


— E então que a Anna só foi chamada pra depor pra poder esclarecer o caso, pra eles acharem o responsável do crime e saberem o que ela fazia no dia. Mas só foram chamados pessoas envolvidas..


— E porque eu não fui chamado?


— Porque você não negociou diretamente com ele. E até porque seu nome é forte demais pra se envolver com algo assim.


— Mas tá errado, a culpa é minha e eu tenho que ser chamado pra depor também.


— Mas eles só chamaram ela.


— Vê o que você consegue fazer ai, e depois vai tentar falar com aquele detetive inútil – falei bravo – não quero a Anna entrando em delegacia.


— Não foi a Anna cara, relaxa, ela só vai dizer o que estava fazendo no dia.


— É que você não viu como ela estava só de pensar em entrar em uma delegacia – bufei – e então, viu as coisas do Fontes?


— Dei  uma pesquisada. Até dei uma lida no contrato, e nas multas que vamos levar por quebra.


— Não importa, quero esse contrato rasgado até o final do mês.


— Já te disse que isso é loucura. Vai ser uma burrada.


— Burrada é ele pensar que pode ficar com a minha mulher.


— Quando o dono entrega ela de bandeja, porra. Ele é homem e a Anna é uma mulher linda Guilherme, qualquer homem em sã consciência ia querer ser muito mais que amigo dela.


— Faz o que eu te mandei e não se mete na minha vida. – o cortei seco


— Então para de se meter em furada e me meter junto com você. – falou bravo – eu não vou deixar você quebrar esse contrato.


— Eu sou dono, faço o que quero.


— Isso, continua assim.., Mas guarda essas palavras pra me dizer quando você ficar sem empresa, sem dinheiro, sem nome e sem Anna. AI eu quero ver você dizer isso com tanta convicção.


— Vou até desligar porque quando começa assim..


— Também te amo. – ironizou.


— Para de ser gay.


— Até mais tarde... – fez voz de mulher


— Até, v.iado! – ele riu e desligou.   


 


E mesmo ele dizendo que não tem nada demais ela entrar em uma delegacia, falar com um delegado, eu ainda sim não me sentia confortável com essa situação, situação a qual eu criei. Eu meti a a Anna em tanta confusão, coloquei ela em tantos caminhos que não posso nem ficar nervoso em imaginar ela ao lado de outro homem, mas o meu amor é egoísta demais. E no que dependesse de mim, a Anna não ficaria mais uma semana trabalhando para o Miguel. Eu teria uma conversinha séria com ele, ou demite a minha esposa, ou fica sem fornecedor, a escolha é totalmente dele. Na hora do almoço como esperado o Richard não estava na empresa, então decidi almoçar sozinho. Engraçado, toda as vezes que ia almoçar sozinho eu chamava a Anna, ou passava em casa e almoçava com ela, a vida toda foi assim. E a rotina que criei pra gente tá fazendo tanta falta.


 


Estava saindo da empresa quando escutei alguém me chamar, olhei pra trás e a Tatiana vinha em minha direção, confesso que era engraçado essa “amizade” entre a gente.


 


— Vai almoçar agora? – perguntou parando ao meu lado.


— Vou sim, por quê?


— Tá afim de uma companhia? – a olhei confuso, e ri da careta que ela fez – não vai recusar, vai?


— Claro que não – ri – só estranhei.


— Estou tentando ser sua amiguinha, se vamos ser sócios temos que ser amigos, não é?


— Se você diz – ri – vamos logo que to com fome e tenho trabalho demais pela frente.


— Sim senhor. – apontou pra passagem.


— As damas primeiro – apontei com as mãos dando-lhe passagem e a mesma assentiu rindo e saiu na minha frente.


 


O Almoço até que foi bem divertido, ela era engraçada, apesar de ser bem mal educada as vezes, até que conversar com ela era divertido. Não toquei no assunto do Fontes e nem ela tocou no assunto da Anna, até porque eu queria evitar falar um pouco da Anna, não me fazia bem.


 


Fim de narração.


 


 



Compartilhe este capítulo:

Autor(a): Writer Sophi

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

- Links Patrocinados -
Prévia do próximo capítulo

Anna Lizarga Narrando:  — Tá mais calma? – O Miguel perguntou e eu assenti, estávamos sentados na cama do meu quarto, ele acariciava os meus cabelos depois de eu ter contanto tudo pra ele, tudo tirando a parte do beijo. Olhei pra ele e o mesmo tinha um sorriso fraco nos lábios e eu quis chorar de novo, mas ao invés disso coloquei ...


  |  

Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 5



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • annakarolliny Postado em 22/04/2016 - 13:26:22

    Volta a postar

  • annakarolliny Postado em 22/04/2016 - 13:26:03

  • annakarolliny Postado em 22/04/2016 - 13:24:40

    Porque não postou mais ? É ótima ! Comecei minha leitura no orkut , só que você não postou mais lá e disse que iria postar aqui .. Desde então estou aguardando e até agora nada :(((

  • laisse_florencia_da_cruz Postado em 21/10/2014 - 14:22:17

    Web ótima...Mas pq não posta mais?? Abandonou???:/

  • samanta_shulz Postado em 09/09/2014 - 20:44:28

    uuuuuuuup


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.


- Links Patrocinados -

Nossas redes sociais