Fanfic: Just a Kiss .. ♪ | Tema: Just a Kiss .. ♪
Anna Lizarga Narrando:
— Tá mais calma? – O Miguel perguntou e eu assenti, estávamos sentados na cama do meu quarto, ele acariciava os meus cabelos depois de eu ter contanto tudo pra ele, tudo tirando a parte do beijo. Olhei pra ele e o mesmo tinha um sorriso fraco nos lábios e eu quis chorar de novo, mas ao invés disso coloquei minhas mãos no rosto e abaixei a cabeça.
— Eu estou morrendo de vergonha de você. – falei constrangida.
— Por que linda? – perguntou doce
— Tínhamos um encontro, eu prometi pra você que ia. Você fez reserva e tudo o que consegui foi te deixar dentro de um quarto com uma mulher fraca e chorona. Péssimo primeiro encontro. – ele riu.
— Olhando por esse lado até que não. Porque perdemos um jantar italiano maravilhoso, mas em compensação eu fiquei dentro de um quarto com uma mulher, inteligente, forte e incrivelmente bonita – sorri fraco e o olhei – não sai perdendo. – sorri fraco
— Só você pra me alegrar num momento desses.
— Ele não tem direito Anna, ele não tem direito de exigir nada de você.
— Pior é que eu não sei negar nada ao Guilherme, a vida inteira foi assim. E quando eu acho que tá tudo bem ele volta, mexe com a minha cabeça. – falei indignada.
— Você sabia que uma hora ou outra, ele iria te procurar. Até porque meu advogado disse que ele reagiu super mal com a noticia do divorcio, não quer aceitar.
— Mas ele vai ter que aceitar. – falei irritada.
— Você tem certeza disso Anna? Tem certeza que o quer fora da sua vida?
— Não sei – falei após um tempo num suspiro – eu sei que não quero voltar pra ele, não posso, não devo!
— Olha pra mim Anna – eu o olhei e o mesmo me encarou sério – eu gosto de você, gosto como amiga, melhor dizendo, eu gosto muito mais do que uma amiga. Só que eu sou pai, homem, não posso me arriscar a entrar em um lance com você, sendo que seu coração, seus pensamentos e tudo em você pertence a outro, entende? Eu gosto de você sim, e o Guilherme te ama. E eu sei que não posso disputar você com ele, mas também não quero aquecer o lugar dele na sua vida.
— Você não aquece o lugar pra ninguém, Miguel. Eu nunca te pediria isso. – falei sincera.
— Hoje quando sai pra vir pra cá – soltou um riso – a Laura disse que queria ter você como mãe. Ela nunca disse isso de ninguém Anna, e pela primeira vez eu fiquei feliz que ela tenha escolhido alguém tão boa pra amar como mãe.
— Eu a amo como filha, o filho que perdi. – Suspirei, já queria chorar de novo.
— Fico feliz que goste dela assim. E to aqui pra te apoiar no que você precisar, se for preciso até falar com o Guilherme eu...
— Não – o interrompi me lembrando do que o Guilherme seria capaz – não preciso de ajuda.
— Anna, eu quero ajudar. – eu sei, lindo.
— Mas eu não quero ajuda, por favor, tenta entender?
— Ele ameaçou você? – perguntou irritado.
— Claro que não – falei tentando ser o mais convicta possível. – e eu ainda to morta de vergonha por hoje. – abaixei a cabeça.
— Já disse que é bobagem, a gente ainda vai ter tantos encontros... – ri – vai, não vai? – perguntou com cautela.
— Claro que sim. E desculpa de novo por..
— Para de pedir desculpas – me interrompeu – quando quis sair com você, eu já sabia de tudo que poderia acontecer, eu to ciente dos problemas Anna, e mesmo assim ainda quero poder ter uma chance com você. – levantou o meu rosto pra que eu o olha-se – você tem lindos olhos verdes, alguém já disse? – perguntou se aproximando e eu não devia, não queria empurra-lo. Mas era preciso, me sentiria nojenta de deixar acontecer após ter ganhado um beijo do Guilherme, aquele beijo que já me irritava só de já estar pensando nele...
— Anna eu.. – a Babi nos interrompeu e eu me afastei rápido do Miguel – viiii..iim ver se estava tudo bem – sorriu fraco – eu volto outra hora então.. – falou sem jeito e ia saindo, mas voltou – A Vó me mandou perguntar se vão querer jantar com a gente? – olhei pro Miguel na esperança dele aceitar, a Babi também o olhava.
— E então? – perguntei olhando pra ele o mesmo olhou o relógio.
— Acho que já perdemos a nossa reserva – fiz um careta e ele riu.
— Bom, é macarronada – A Babi disse e ele virou-se para olha-la – é uma das melhores do bairro – apertou os lábios – topam?
— Topa? – perguntei e ele se virou pra mim, aff é claro que ele não ia topar, o cara é rico, só come do bom e do melhor, tem empregadas a disposição dele dia inteiro, tem meses que está sendo um fofo comigo, perdeu uma puta reserva em um restaurante caro e eu aqui perguntando se ele queria comer a macarronada da Vó Iná, que era maravilhosa, mas pra alguém igual ele talvez..
— Quero! Me deu até água na boca – falou com um sorriso sem tirar os olhos de mim. Retribui o olhar, mas não pude deixar de corar com as investidas dele.
— E então, vamos gente? – A Babi perguntou sem jeito percebendo o clima – tipo vai esfriar... – ri
— Vem Miguel, vamos – o puxei pela mão para levantar e assim ele fez, andando em minha frente. A Babi esperou até que eu passasse do lado dela para se mover e me deu um cutucão, fazendo com que eu a olha-se.
— Ele não tem mais amigos assim? – A Babi perguntou ao pé do meu ouvido para que ele não escutasse – que cara gato! – riu – e depois temos que falar do bonitão, ele saiu arrasado daqui.
— Depois a gente fala sobre ele, tá? – ela assentiu.
Assim que chegamos a sala todos me olharam, e pela primeira vez eu senti vergonha deles. Não sei como o Guilherme havia os tratado, ou a imagem que tinham de mim na cabeça, e meus olhos vermelhos não negaram que a visita do meu futuro ex marido mexeu comigo mais do que deveria. O Miguel estava atrás de mim, ele não era vergonhoso mas hoje acho que estava tímido.
— Tá tudo bem Anna? – O Rodrigo perguntou com uma sobrancelha erguida e eu assenti – ele não te fez nada, fez? – neguei.
— Ei, ele não é um ogro igual você não Rodrigo, é um cavalheiro, e rico. Jamais faria mal a Anna. – falou se intrometendo defendendo o Guilherme, e ah se você soubesse quem é ele Binho. Suspirei.
— Mesmo cavalheiro e rico Anna, se ele tivesse feito algo com você, não teria dinheiro que me impedissem de trocar umas palavras com ele – O Dani falou e piscou, me senti confortada.
— Tá tudo bem gente – me forcei a falar – ele não tratou vocês mal, tratou?
— Tirando a parte em que exigiu falar com você não, não tratou ninguém mal. – O Fernando disse mal humorado.
— Eu sinto muito. – falei sincera num suspiro.
— Não sinta querida, não foi nada – A Vó disse e sorriu aparecendo na porta – vejo que temos visitas para o jantar – ela saiu de trás de mim e sorriu – Miguel querido, como está a pequena? – ela o adorava, de tanto que eu falava dele e de tanto que ele me ajudou.
— Ela está ótima – O Miguel disse sorriu e a cumprimentou com um beijo e um breve aperto de mão, mas ao invés de soltar a mão dele a Vó a segurou com força.
— O passado – murmurou distante, parecia olhar pra algo inexistente.
— Tá tudo bem Vó? – O Binho perguntou o que todos estavam prestes a perguntar, até o Fernando que já comia parou pra olha-la.
— Ela voltou – ela disse e ele a olhou confuso – a sua menina, ela voltou. – sorriu pra ele e piscou os olhos demoradamente, todos estávamos surpresos, ela tinha essas pressentimentos como da vez que pressentiu que eu viria, ela sempre sabia. A mesma abriu os olhos e sorriu pra ela – a macarronada está divina, espero que goste. – sorriu e soltou a mão dele que me olhou confuso, retribui a expressão.
— E então gente – A Julia falou cortando o clima já que todos olhavam para o Miguel confuso. Eu juro que queria entender o que ela disse com a Menina dele estar de volta – vamos comer? – assenti e segurei o ombro do Miguel, me sentado a mesma com eles, o Miguel se sentou ao meu lado e me olhou rápido com um sorriso lindo.
O jantar foi calmo, eles riam, brigavam e xingavam uns aos outros e a Vó brigava com todos. O Miguel estava calado, acho que ambos teríamos muitas surpresas pela frente, depois da noite de hoje eu já não desconfiava de nada, apesar de ainda estar abalada com ele, com o beijo... Quando o jantar terminou o Miguel ficou mais um pouco e depois fui acompanha-lo até a porta, ele deu a desculpa de que precisava ir embora por causa da Laura, mas eu sabia que não era por isso...
— Ficou intrigado com o que ela disse pra você, não foi? – estávamos em frente ao portão da pensão, encostados no carro importado dele, a Laura chamava Ferrari, porque era o único carro que ela conhecia, mas eu nunca quis saber a marca e nem o nome.
— Não – riu nervoso – só achei estranho. Não me lembro de nenhuma menina, só se ela estiver falando da Laura – sorriu.
— Não precisa fingir que não ficou abalado, e você sabe de que menina ela falava. – ele soltou um riso e me olhou sério.
— Ela nem sabe como eu me chamo direito Anna, tudo mudou muito. Seria impossível encontra-la andando por ai, na verdade eu nem quero.
— Você tem certeza?
— Mais certeza do que você tem de se divorciar do Guilherme – e de repente ele acaba com a conversa e com todo o resto, faço uma careta pra ele e fito o chão – desculpa vai, deve ser desagradável ficar falando dele.
— Não imagina o quanto – falei baixo e o olhei em seguida – O Guilherme foi a minha vida durante anos – confessei, não devia falar essas coisas pra ele, mas é o único que entende, pois pelo visto já teve experiências parecidas. – sempre fiz tudo o que ele quis, as vontades dele, mudei pra viver a vida dele. Aceitei as diferencias, os costumes, amava os defeitos dele, e acredite se quiser, eu era feliz por isso, por tê-lo. – já queria chorar. – eu daria a vida por ele, sem pensar duas vezes.
— E ele? – arqueia a sobrancelha – daria a vida por você?
— Provavelmente não – soltei um riso – ele nunca faria nada por mim, nunca vai fazer..
— E ainda sim você o ama – falou sério confirmando e eu nem questionei, era verdade, eu o amava.
— A gente não esquece uma vida de um dia para o outro.
— E você fala isso pra mim? – sorri torto e ele se aproximou – Anna, eu to envolvido demais com você, não só por você ser linda, mas por ser quem você é – passou a mãos no meu rosto parando em meu queixo – quer uma dica de alguém que já passou por isso? – assenti – você é melhor! – falou simples – é melhor do que todo esse sofrimento, é melhor do que ele, porque ao contrario ele não estaria enlouquecendo para te dar o divorcio. Você é demais pra ele. – e ele fala doce, me fazendo chorar – juro que não suporto mais ver você chorando.
— Desculpa – sussurro.
— Não pede desculpas, você não tem culpa.
— Sinto como se parte da minha vida tivesse desmoronando. Eu simplesmente não sei deixa-lo.
— Se é pra sofrer sem ele Anna, não seria melhor sofrer com ele?
— Não consigo, é humilhação demais viver com ele naquela casa, na casa da mãe dele. Com as regras dela e todo o resto. E ainda sou acusada de ter matado o meu bebê Miguel – solucei – como se algum dia eu tivesse coragem de machucar alguma criança, como se eu fosse culpada da morte do meu bebê.
— Vem cá, deixa eu te dar um abraço – estendeu os braços e eu me virei pra ele, abraçando o mesmo em seguida, enterrei meu rosto no peito dele tinha um cheiro maravilhoso, que me fez chorar ainda mais. Ele acariciava os meus cabelos enquanto eu me desmanchava em lagrimas perto dele.
— Era pra ser uma jantar divertido, eu estraguei tudo .- lamentei baixinho contra o peito dele
— O importante é estar com você, o resto a gente concerta. – me afastei um pouco para olha-lo – você está linda com esse vestido Anna, muito linda – sorri torto – almoça comigo amanhã? – perguntou com cautela, e aqueles olhos azuis...
— Almoço! – não pensei duas vezes e ele sorriu me abraçando novamente.
— Me fez tão feliz agora – sorri sentindo o cheiro dele, incrível como em tão pouco tempo eu já o considerava tanto...
Não sei quanto tempo fiquei o abraçando, já era tarde quando ele disse que tinha que ir embora.
— Te vejo ás 8 da manhã então? – assenti
— A Laura vai fazer diversas perguntas sobre a gente.
— E o que eu faço? – perguntei assustada
— Nega tudo – riu –diz que somos só amigos.
— E não é o que somos? – pergunto confusa e ele solta um riso.
— Não na minha cabeça – sorriu – adorei o jantar, todos aqui são maravilhosos.
— Minha nova família –sorri
— Agora eu entendo de onde puxou tanta simpatia – ri
— Obrigada por tudo Miguel – falei séria – eu não tenho como agradecer tudo o que anda fazendo por mim.
— Nem quero que agradeça, faço porque gosto de você – sorriu e me deu um beijo na testa – te espero amanhã então?
— Ás 8 – ele assentiu e pegou uma de minhas mãos beijando a mesma.
— Até linda – soltou a minha mão e pegou as chaves do carro no bolso desalarmando o mesmo – fica bem tá? Qualquer coisa pode me ligar, eu venho voando. – ele entrou no carro e ligou o mesmo.
— Você é incrível – falei Andes de ele dar partida.
— Você também é – sorri e ele saiu cantando pneu, lindo..
Entrei em casa e todos estavam me olhando.
— Passa o segredo pra mim vai Anna – A Julia choramingou – eu não fazia ideia de que o seu marido era tão bonito assim. – ah droga, falar do Guilherme não.
— Bonito? – O Binho perguntou irônico – menina que babado – bateu palma e eu torci os lábios pra eles.
— Será que as duas mocinhas poderiam ser menos inconvenientes? Não tão vendo que falar do cara não agrada a Anna? – o Fernando falou bravo, não sei se pra me defender ou por ciúmes da Julia – francamente viu...
— Concordo com o Nando, até porque se eu tivesse que escolher entre o Guilherme e o Miguel, eu escolheria o Miguel. – A Babi disse e ela estava sentada no sofá no meio das pernas do Rodrigo. – amor sem ciúmes – ele riu e deu um beijo na testa dela.
— Aff eu queria qualquer um dos dois, bonitos e cheios da grana, aposto que as meninas do salão morreriam de inveja. – O Binho disse e riu
— Como se algum deles fossem querer você né Binho? – riu – faça-me o favor.
— Gente a conversa tá boa mas vou subir – Dei uma olhada na sala e percebi que está faltando alguém – aonde está a Vó?
— Foi se deitar mais cedo, ela disse que estava cansada demais. – A Julia disse.
— Queria perguntar sobre o que ela disse lá pro Miguel? – O Rodrigo perguntou e assenti, o mesmo riu – Anna ela já é de idade, as vezes diz essas besteiras mesmo. – deu de ombros.
— Mas ela adivinhou que eu viria pra cá. – falou rápido.
— Eu também, ela estava até me esperando quando cheguei – O Fernando falou simples e soltou um riso – acho que o que quer que signifique o que ela disse, o cara lá tem que prestar atenção, porque vai acontecer... – deixou no ar.
— Eu não acredito muito. – O Binho falou se jogando no sofá – acho isso meio esquisito – riu – eu vim e ela não disse nada.
— Quem ia querer um traste feito você em casa Binho? Ela não previu porque não te queria aqui.. – O Rodrigo brincou e todos riram.
— Ai, não sei quem tá falando com ele. Dá um jeito no teu homem Babi, aff abusado – O Binho resmungou e soltei um riso.
— Então vou indo, boa noite gente. – falei sonolenta – obrigado pela noite incrível.. – eles mandaram beijo pra mim
— Boa noite Anna. – falaram juntos e eu subi as escadas.
Queria mesmo perguntar pra Vó sobre o que significava a volta da menina do Miguel, e quem seria essa menina? Talvez a mãe da Laura? mas desisti. E ao entrar no quarto, as lagrimas inundaram meu rosto e a garganta se fechou... Porque eu o queria tanto? Porque não podia simplesmente esquecê-lo? Colocar um ponto final em tudo? Odiava a ideia de passar a vida longe dele e o amando tanto..
[...]
Na manhã seguinte quando cheguei a casa do Miguel estranhei não ver a Cida( Empregada da casa) vir atender a porta, e estranhei mais ainda sentir um cheiro de maça queimada vindo da cozinha. Esquisito porque a Cida nunca queima nada e pra matar minha curiosidade resolvi me encaminhar para lá. E a cena era hilária, mereci foto e gravação. O Miguel estava na frente do fogão, sem camisa com um avental lilás bem rosado e mexia freneticamente em uma frigideira, me encostei a porta para observa-lo mas algo apitou na cozinha e ele se virou me encontrando ali. Sorri pra ele e o mesmo me olhou surpreso.
— Chegou cedo – ri – preparei o café da manhã – falou divertido e eu arquei uma sobrancelha
— Cadê a Cida? – perguntei confuso.
— Lhe dei um dia de folga – deu de ombros – a ela e a todos os funcionários.
— Inclusive o motorista? – ele assentiu – e quem vai levar a Laura na escola?
— A gente, é.. quer dizer, se você quiser ir comigo. – falou sem jeito, confesso que estava lindo com aquele avental.
— Ela ainda está dormindo?
— Tá – apertou os lábios – apesar de ser um pai maravilhoso eu não sei se tenho coragem de acordar a minha filha – eu ri – ela costuma ser um pouco rebelde quando está com sono.
— Ok, eu acordo ela – olho pra cozinha que não está lá nos seus melhores dias – já que você preparou o café da manhã.
— Está duvidando dos meus dotes Anna Oliveira? – gostei de ouvir o meu nome de solteira sair da boca dele.
— Claro que não, na verdade estou super curiosa pelo sabor dessas suas.. – dei uma olhada – panquecas um pouco escuras – ele riu.
— Você vai gostar tanto que vai me implorar pra fazer de novo – se gabou – ah se vai... – ele riu – ah Anna, dá um desconto vai, to tentando curtir o dia.
— o dia? – perguntei confusa.
— Com você! – sorriu fraco – como você está? – perguntou agora sério e eu soltei um suspiro.
— Bem melhor – respondi sincera, porque a verdade era que eu me sentia bem perto do Miguel.
— Então você topa? – o olhei confusa. Ele tem o dom de mudar de assunto de uma hora pra outra. – almoçar comigo? A gente deixa a Laura na escola, e almoça em algum lugar legal que tenha comida boa e depois quem sabe, tomar um sorvete. – sugeriu divertido.
— Eu topo – sorri – vou acordar a ferinha agora.
Miguel: Fique a vontade.
— Sabe que ela vai acordar faminta, né?
— Já disse que minhas panquecas estão boas Anna, agora sobe e vai acordar ela que quando voltar prometo ter terminado tudo.
— Não quer ajuda?
— Vai acordar minha pimentinha logo – praticamente me empurrou da cozinha – estou esperando pra ver você pedir por mais da minha refeição Anna .. – gritou quando eu subi o segundo degrau da escada.
— Pode esperar – gritei e continuei meu trajeto até o quarto da minha princesinha.
Quando abri a porta do quarto ela estava esparramada na cama segurando a Aninha (Ela deu meu nome pra boneca que dei de presente a ela no ano novo) E era reconfortante imaginar ela dormindo com a boneca. Me sentei na cama ao lado dela e passei as mãos no cabelo da mesma.
— Laura – chamei – amor acorda – ela fez bico e apertou os olhos – levanta amor tá na hora de ir pra escola – puxei o edredom e sacudi ela devagar. Ela choramingou feito um bebe e tentou puxar o edredom e quando viu que não ia conseguir, enfiou o rosto no travesseiro e bateu as pernas fazendo birra. – Bom dia flor, hora de levantar... – falei doce enquanto ela batia as pernas na cama.
— Eu não quero – saiu abafado.
— Mas não tem querer. E vamos, levanta o rosto desse travesseiro. – ela levantou o rosto que estava todo vermelho com os olhos ainda fechados – Vai Laura, seu pai tá esperando você pra tomar café.
— Papai tá em casa? – abriu os olhos rapidamente e eu assenti.
— Tá em casa e fez um café da manhã delicioso pra você. – ela sorriu e se sentou na cama ainda sonolenta. – e o meu beijo? – ela virou pra mim e me deu um beijo demorado. – agora levanta, vamos tomar banho que você tem aula – ela fez uma cara de desanimada e se levantou.
A coloquei dentro do banheiro e liguei o chuveiro para ela e a deixei lá enquanto pegava a farda da escola. Peguei os sapatos e logo ela aio enrolada em um mini roupão rosa da Barbie e uma toalha na cabeça.
— Escovou os dentes direitinho? – perguntei enquanto a secava e ela assentiu abrindo a boca pra me mostrar – boa garota – peguei a roupa em cima da cama e vesti nela. A mesma estava quieta, calada – tá tudo bem amor? Tem alguma coisa te incomodando? A roupa tá apertada? – ela negou – o que foi então? – ela olhou pro baú de brinquedos e pra porta e depois me olhou novamente – não quer falar?
— Anna a mamãe não gosta de mim? – ela perguntou tristinha.
— Porque diz isso amor? Quem é que não gostaria de ter uma filha igual você?
— A mamãe não quis. – senti um nó na garganta – tem uma menina na minha sala, o nome dela é Carolina e ela disse que eu não tenho mamãe porque eu fui desobediente e a minha mamãe não me quis mais. Só que como eu posso ter sido desobediente se eu nem conheço a mamãe? – fechei os olhos com força e os abri ela esperava atenta a minha resposta.
— Não princesa, você não foi desobediente. E um dia quando você for grande você vai entender o porque, e não agora, você ainda é um criança, não tem que se preocupar com isso.
— Mas acho que fui desobediente sim.
— Porque diz isso? – ela abaixou a cabeça envergonhada – Laura..
— Eu disse pra Carolina que você era a minha mamãe, que você era muito bonita, e que ia casar com o papai.
— Você disse isso pra ela? Disse que eu era sua mãe? – ela assentiu sem jeito – mas isso não tá certo, é mentira... – falei com cautela
— Eu queria que você fosse minha mãe, que fosse nos encontros de mãe da escola e que me levasse pra tomar sorvete. Você não quer ser minha mãe?
— Amor senta aqui – apontei pra cama e ela se sentou e me sentei ao lado dela – Você sabe que eu te amo, não sabe? – ela assentiu – mas sabe que não sou sua mãe de verdade, porque por mais que você não conheça a sua mãe, você sabe que tem uma, não sabe? – ela abaixou a cabeça – e também eu não posso casar com o seu pai, lembra daquilo que eu te disse?
— Que você não pode casar com o papai porque é casada? – eu assenti. – mas você não mora com o seu marido, eu não vi ele no dia em que você me levou pra visitar a sua casa. – ai droga..
— É eu sei, mas isso é uma coisa que eu não posso explicar pra você agora, só quando você crescer.
— Então você não vai casar com o papai? – neguei.
— Não! – ela fez bico e abaixou a cabeça novamente, a minha menininha – mas isso não quer dizer que eu não possa ser sua amiga e amar você como mãe, não é? – ela não respondeu – vamos fazer um acordo então? – levantou a cabeça pra me olhar, curiosa – a partir de hoje eu sou sua mãe e você é minha filha, de mentirinha, tá? – ela sorriu
— Posso te chamar de mãe e dizer aos meus amigos sobre você? – eu sorri e assenti
— Mas você sabe que não é minha filha de verdade e que tem uma mãe, né? – ela assentiu e sorriu me dando um abraço com um monte de beijos.
— Eu amo você mamãe – falou dengosa abraçando meu pescoço com força.. Ah Laura como eu queria ser sua mãe, suspirei sentindo o cheiro do xampu de morango dela.
— Eu também amo você filha – ela riu – e então, vamos arrumar esse cabelo pra tomar café com o papai? – ela assentiu e se sentou na cama enquanto eu pegava a escova e uma tiara.
[...]
— Nossa pensei que não iam tomar café hoje – falou animado vendo a gente descer as escadas.
— Papai – gritou e saiu correndo pra abraçá-lo
— Oi minha menininha – a pegou no colo enchendo-a de beijos – meu Deus como essa minha menina tá cheirosa – falou cheirando o cabelo dela que estava solto.
— Foi a mamãe que passou perfume em mim – falou ainda abraçada a ele e o mesmo me olhou confuso.
— Mãe? – Perguntou confuso.
— Depois eu explico – apertei os lábios e ele assentiu com um sorriso a colocando no chão.
— E então, estão com fome? – perguntou apontando pra mesa e só então pude ver que estava repleta de coisas, mas não vi as panquecas dele.
— Você fez tudo isso? – perguntou confusa e ele puxou uma cadeira pra que eu sentasse e fez assim com a Laura também, um verdadeiro cavalheiro e só depois de estarmos sentadas que ele se sentou.
— Bom, as panquecas não deram muito certo então eu fui na padaria da esquina. – falou simples e eu soltei um riso.
— Tem sonho papai?
— Tem sonho, bisnaga, rosquinha e bolo de laranja – falou animado – e eu, fiz o suco. – falou levantando a jarra.
— Mamãe me dá um pedaço de bolo? – olhei pra ela surpresa.
— Claro amor – sorri e cortei um pedaço de bolo pra ela e coloquei um pouco de suco no copo – aqui – coloquei em sua frente.
— Hum, tá gostoso – falou sorrindo e o Miguel riu.
— Melhor do que as panquecas do seu pai, tenho certeza que ficou. – ele me olhou e tentou fazer uma cara de bravo.
— Não fala assim vai, quando eu era novo elas eram muito boas. – tentou se gabar
— Então perdeu o jeito – ele fez um careta e eu ri – mas sério, eu adoraria provar uma das suas panquecas.
— Mesmo? – assenti e ele se levantou – não seja por isso, porque eu guardei uma pra você.
— Sério? – perguntei confusa, assustada e surpresa ele riu assentindo – tá bom. – sorriu e foi ate o micro-ondas e pegou um prato aonde tinha duas panquecas, aparentemente queimadas. E me estendeu, peguei o prato.
— Se você passar mal, eu não tenho convenio, ok?
— Haha, engraçadinho – ele riu. A panqueca era de chocolate e combinava com o resto dela que estava preto, fiz uma careta pra ele que já havia se sentado novamente, peguei um garfo e a faca e cortei a mesma levando a boca em seguida e pra minha surpresa, estava bom, estava gostosa – isso tá... muito bom – ele riu
— Sério? – Perguntou surpreso.
— Apesar do queimado, tá gostoso! – falei e era verdade, estava muito, muito bom!
— Ai contenha-se, obrigada, obrigada – O Miguel se gabou.
— Mãe deixa eu provar? – sério que eu me derretia toda vez que ela me chamava de mãe. Cortei um pedaço e dei na boca dela
— Tá gostoso? – ela assentiu levantando as sobrancelhas.
— Eu também quero, já que tá tão bom assim. – entreguei o garfo pra ele a faca – ué, não vai me dar na boca? – arquei uma sobrancelha e ele pegou os talheres e cortou um pedaço – não é que tá bom mesmo? – falou surpreso cortou outro pedaço mas esse ele enfiou na minha boca.
— Ficou uma delicia Miguel, você realmente superou minhas expectativas – sorri e ele ficou me encarando, com um sorriso torto e me perdi no olhar dele...
— Quer mais filha? – perguntou sem tirar os olhos de mim
— Pai você gosta da Anna? – ela disparou do nada sem nem responder a pergunta dele, a olhei rápido.
— Laura – a reprendi..
— Gosto filha – senti os olhos dele me queimarem, mas não tive coragem de olhar pra ele, e acho que fiquei vermelha feito um pimentão – gosto muito e... – o celular dele tocou – com licença – suspirei e ele se levantou, olhei pra Laura que comia graciosamente e não tive coragem de dizer nada, ela era tão pequenininha, tão linda, tão carente de carinho, na verdade os dois eram, assim como eu. E me partia o coração imaginar alguém fazendo mal a Laura ou dizendo pra ela que tem culpa por não ter mãe, juro que se visse essa tal de Carolina eu ia dizer umas coisas muito malvadas a ela, onde já se viu tentar colocar isso na cabeça da minha princesinha?
— E então, vamos? – o Miguel apareceu na porta da cozinha – já tá no horário do colégio filha. – ela assentiu e se virou pra que eu limpasse a sua boca.
— Termina de tomar o suco Laura. – falei com cautela e ela bebeu o resto do suco e fez um limpar a boca dela novamente. Me levantei e ela saiu puxando minha mão, eu nunca havia levado ela na escola, ela sempre ia com o motorista e hoje estava super animada porque eu ia.
O Miguel abriu a porta do carro pra gente e colocou o cinto nela, depois deu a volta e entrou. Ela pediu pra que ele colocasse Xuxa e assim ele fez, a mesma foi o caminho todo cantando e rindo com as graças que o Miguel fazia. Ele parou em frente a uma escola enorme tinha o prédio azul e um monte de criancinha, ele abriu a porta do carro e desceu abrindo a porta pra mim e pra Laura, tirou os cintos da mesma e ela desceu do carro dando a mão pra mim e pra ele, a levamos até o portão e o Miguel colocou a mochila em suas costas.
— Você vem me buscar papai?
— Venho amor, eu e Anna – sorriu e olhou pra mim. – vem cá dá um beijo no papai – ela estendeu os braços e ela a pegou no colo dando beijos e sussurrando algo em seu ouvido – te amo.
— Também te amo – deu um beijo no rosto dele e ele a colocou no chão. Me agachei pra ela poder me beijar. – tchau mamãe..
— Tchau amor, até mais tarde, tá? – ela assentiu e eu a enchi de beijos – linda – ela sorriu e me soltou indo em direção ao portão acenando com a mão pra gente. Então era assa? É essa a sensação que as mães tem de deixar os filhos entrarem na escola? Eu estava com o coração pequeno, eu nunca havia trago ela pra escola, e agora depois de saber que essa menina enche a cabecinha dela de baboseiras eu estava muito, muito preocupada.
— Ei – chamou minha atenção – com o tempo você acostuma – falou brincalhão e eu sorri fraco o seguindo pro carro novamente.
[...]
Estávamos em um restaurante que ficava no centro, a comida de lá era boa, eu já havia ido lá umas duas ou três vezes com o Guilherme. Fizemos o nosso pedido e não demorou muito pra chegar e enquanto comíamos eu contava pra ele o porque da Laura estar me chamando de mãe.
— A culpa é minha Anna, a culpa é minha por ela se sentir culpada em relação a mãe, eu devia ter poupado ela dos detalhes, ele é só um bebê.
— Não vou dizer que a culpa é sua Miguel, apesar de achar que ela é. Mas ela está em uma fase difícil, é complicado fazer uma criança de 5 anos entender que não tem mãe.
— E a culpa é toda minha. Eu deveria ter ido atrás da Tatiana, ou até tentar dar uma mãe a ela Anna. – ele sorriu – fico feliz que ela tenha escolhido você pra ser a tal...
— Você sabe que eu perdi o meu bebê, não sabe? – ele assentiu – não quero que pense que estou tentando colocar a Laura no lugar dele e nem que estou usurpando o lugar da Tatiana na vida dela. Mas eu não pude negar quando ela me pediu isso, eu amo tanto e ver ela sofrer me faz sofrer.
— Pelo jeito você tem o dom de deixar as pessoas encantas Anna. Minha filha apesar de ser pequenina é uma pessoa muito difícil, e ela aceitou você, ela gosta de você.. Ela te quer como mãe. – falou surpreso – você seria a mãe ideal pra ela. – senti todos os pelos do meu corpo se arrepiarem..
— Tá querendo dizer o que com isso?
— O obvio Anna, tá na minha cara, nas minhas ações e em tudo o que faço ou falo – respirou fundo e fechou os olhos, ele soltou os talheres que segurava para poder segurar minha mãe, e só então me olhou – eu to apaixonado por você Anna, pelo seu jeito doce, pela maneira como sorri, como fala, como trata a minha filha e a mim. – falou doce e eu não soube o que responder, ele é lindo, encantador, divertido e talvez eu esteja sim apaixonada por ele, mas eu amo.. eu amo o Guilherme.. – fala alguma coisa pelo amor de Deus Anna..
— Miguel eu acho que é um pouco cedo pra mim se envolver com alguém, e você é um homem maravilhoso, tem uma garotinha maravilhosa e tenho medo de machucar um de vocês... – falei me lembrando do que o Guilherme disse.
— Eu só quero que você saiba uma coisa, uma coisa só... – falou cauteloso alisando minha mão com os dedos enquanto se aproximava – quero que saiba que eu nunca, eu nunca faço isso no primeiro encontro, na verdade eu espero o quinto, o sexto ou quem sabe até mais, só que não dá mais pra resistir – parou de se aproximar quando estava já bem próximo de mim. Meu coração estava acelerado, não sei se de susto ou pela aproximação.
— Miguel eu...
— Desculpa Anna... – Ele se inclinou pra frente fazendo com que os nossos lábios se encontrassem e eu fechei os olhos ao sentir sua pela quente encostar na minha, ele tinha os lábios macios e eu abri a boca dando passagem a língua quente dele. O mesmo retirou a mão que estava na minha e colocou em minha nunca, iniciando um beijo incrivelmente lento e gostoso. Eu tinha as duas mãos pousadas no colo, não tinha coragem de tira-las dali, na verdade eu estava tão extasiada com o beijo maravilhoso dele que nem raciocinei. Ele puxou meu lábio inferior com cuidado e eu pensei que ele ia encerrar o beijo, mas ao contrario ele apertou minha nuca contra o rosto dele iniciando outro beijo, um pouco mais ritmado e mais gostosos ainda que o outro, e quando estávamos quase sem ar ele encerrou me dando selinhos, continuei com os olhos fechados e ele encostou a testa na minha. – Me desculpa linda, não deu pra resistir..
— Para de pedir desculpas, eu retribui o beijo – falei ofegando.
— Foi bom? – se afastou um pouco pra me olhar e soltou um riso.
— Foi ótimo – falei sincera – mas não devíamos, eu não devo.
— Por que não? –perguntou confuso.
— Porquê eu ainda tenho isso – levantei a mão pra mostrar a aliança e o anel de noivado que eu não consegui tirar dos dedos – e eu sinto como se traísse ele.
— Vocês não estão mais juntos Anna...
— Eu sei, mas ainda preciso que tenha paciência comigo, eu realmente quero tentar algo novo, dar outro rumo a minha vida, mas ainda é cedo, ainda dói. – ele assentiu me roubando um selinho.
— Eu vou esperar o tempo que for preciso Anna, eu to realmente apaixonado. – falou sério.
— Você deveria se dar conta as vezes do quão lindo consegue ser perto de uma mulher... – falei sorrindo.
— E você deveria parar de sorri desse jeito, é desconcertante – abaixei o olhar envergonhada sentindo meu rosto queimar – Ei – o olhei – a comida vai esfriar – revirei os olhos e ele riu voltando a comer. E meu Deus, devia doer ser tão bonito assim. E depois de muito tempo, eu finalmente afastei a vergonha e voltei a comer. Por um lado a consciência pesava pelo fato de ter beijado outro homem, nunca na vida eu havia beijado outro que não fosse o Guilherme, mas por outro lado eu imagino o tanto que não perdi da vida sendo do Guilherme, com ele me poupando das coisas, talvez se eu não tivesse me apaixonado pelo filho da patroa, hoje eu não teria um vida feliz com alguém igual ao Miguel. E confesso que o pensamento me alegrava..
Dias depois.
— Então você estava fazendo o que no local? – a delegada perguntou com ignorância e eu apertei a mão do Miguel que estava ao meu lado.
— Não foi exatamente no local, eu estava de carro e só vi a aglomeração de pessoas em volta, e também estava transito, é a única coisa de que me lembro.
— Então a senhora não sabia que seu marido contratou um homem para vigiar a senhora?
— Não, eu não sabia.
— Entendo – falou séria – e a senhora fazia o que naquela área, já que morava um pouco distante, não imagino o que alguém do seu porte pode estar fazendo por ali.
— Eu estava trabalhando.
— A senhora está querendo alegar que mesmo sendo casada com um homem rico a senhora trabalhava?
— Sim, ele é rico, não eu.
— E por que escondeu isso do seu marido a ponto dele se sentir tão traído que decidiu contratar um detetive.
— Ele não permitia que eu trabalhasse, não gostava.
— E mesmo assim você passou por cima de tudo o que ele queria? Alegando para mim que queria trabalhar mesmo não precisando..
— Eu não nasci rica, eu trabalhei toda a minha vida senhora. Eu não estava acostumada a luxo e nem a nada disso. – já queria chorar.
— E trabalhava do que? – Perguntou arrogante.
— Eu fiz alguns cursos de enfermagem quando era mais..
— Eu perguntei do que a senhora trabalhava e não o que fez durante a vida – me interrompeu seca e eu assenti.
— Eu era ajudante de enfermagem, um amigo meu que é médico me arrumou um pequeno trabalho, só estagio.
— E a senhora ganhava bem nesse estágio?
— Não senhora, o que eu ganhava eu guardava, mas ao precisava disso.
— Então trabalhava por prazer?
— Sim. – respondi convicta – sempre trabalhei com vontade.
— Uma última pergunta Senhora Lizarga. A senhora alguma vez já viu a vitima?
— Não senhora. Eu nunca o vi, nem quando me seguia.
— Está encerrado por hora – se levantou – obrigada senhora Lizarga, tenho um ótimo ano.
— Igualmente – apertei a mão dela e me levantei.
Estava fraca, queria chorar, mas o Miguel do meu lado me passava segurança. Na verdade ele vem me passando segurança a meses e não, nós não tivemos nada desde aquele dia. Eu praticamente gritei que ainda amava o Guilherme, era sujo querer que ele insistisse depois de tudo. Eu estava me sentindo um lixo saindo daquela delegacia, o Miguel me apertou em um abraço dizendo que ia ficar tudo bem, e eu acreditei nele. Pensei ter visto um carro muito conhecido, mas ignorei a hipótese, não estava com cabeça. O Miguel me levou pra almoçar e tentou de tudo pra me fazer sorrir, mas eu não consegui, estava chateada, magoada demais com tudo. Ele me deixou em casa depois do almoço e disse que eu devia ficar em casa, colocar minhas ideias no lugar e deixar que ele se resolvia com a Laura.. Ah a minha bonequinha, tinha esquecido dela. Ele me deixou na porta de casa e foi embora, entrei e não tinha ninguém então passei a tarde inteira trancada no quarto vendo TV, o tempo estava voando e logo seria páscoa e eu não tinha um sinal, ele não apareceu de novo, não mandou nenhum recado, não faz esforço algum pra me ter de volta. Quando anoiteceu fazia frio, muito frio, tomei um banho bem quente e me deitei pra dormi, demorei um século mas consegui..
[...]
Acordei com o meu telefone tocando, olhei para o relógio que marcava 2:15 da manhã, estranhei e estava com tanta sono que atendi sem nem ver quem era, ligando essa hora só podia ser problema, tragédia o pensamento me fez ficar elétrica.
— Alô – falei sonolenta e ninguém respondeu – alô – falei novamente e dessa vez pude ouvir um suspiro – se você não falar quem é eu vou desligar – esperei um pouco e ouvi outro suspiro – ah ninguém...
— Não amor, não desliga – me interrompeu numa voz triste, fazendo tudo no meu corpo se ascender e todo o meu sono se esvair..
— Guilherme? – perguntei confusa.
— Te acordei? – perguntou baixo.
— Acordou – suspirei e dei graças a Deus por estar deitada, meu corpo todo estava tremulo.
— Minha intenção não era te acordar – e o pedido de desculpas?... – queria saber como você estava.
— Estou bem. – falei simples.
— Como foi o interrogatório hoje?
— Ontem – o corrigi e ele soltou um riso – foi péssimo, foi humilhante e constrangedor – suspirei – mas agora passou.
— Sinto muito por ter feito você passar por isso, juro que sinto.
— Acho que estou acostumada a passar por certas coisas por você Guilherme, não me importo mais – falei baixo e ele se calou com um suspiro, só dava pra ouvir sua respiração um pouco alterada.
— Eu sonhei com você – falou baixo quebrando o silencio.
— Sonho bom? – Perguntei interessada.
— É sempre bom. Sonhar com você, pensar em você... – respirou fundo, e só Deus sabe a sensação que a voz dele me causa – eu fui na delegacia hoje, quer dizer ontem.
— Foi fazer o que lá Guilherme?
— Fui ver você!
— Pra...?
— Pra ver você, saber se você estava bem mas pelo visto já estava acompanhada - falou tristonho.
— Ele é só um amigo.– nem sei porque estava dando satisfação, não temos mais compromisso.
— E você prefere chamar seu amigo ao invés de mim?
— Você é o causador de tudo isso Guilherme? Como acha que eu te chamaria pra resolver um problema que você mesmo criou?
— Porque eu posso resolver Anna, porque é isso que os casais fazem, ou você já se esqueceu? Eu prometi estar do seu lado sempre.
— Já parou pra pensar que talvez eu não queira você do meu lado?
— Até quando a gente vai continuar com isso hein Anna?
— isso o que?
— Eu estou morrendo Anna! Eu morro todo dia quando lembro de você. Pelo amor de Deus, não me trata como se eu fosse alguém do passado.
— Você fala como se não tivesse feito nada pra virar alguém do passado.
— Não fala assim Anna, você sabe que eu te amo, amo muito.
— Do que vale seu amor Guilherme? Do que vale eu ter o seu amor, se você pouco se importa comigo?
— É claro que me importo com você, de onde você tirou isso?
— Se importa mesmo Guilherme? –disse rude. – Se você se importasse comigo nada disso estaria acontecendo.
— Se você não tivesse mentido pra mim.
— Eu não menti, em momento nenhum eu menti. Não tente me colocar como errada Guilherme, eu tenho a minha consciência tranquila. Você, você é o errado aqui.
— Eu só quis te proteger, sempre. Sempre quis te dar o melhor e você nunca deu valor.
— Eu não queria nada de melhor, eu só queria o seu melhor, as suas atitudes. Eu nunca quis carros caros, joias, dinheiro em todo o momento eu só queria você, apenas você.
— Eu sou seu meu amor.
— Não é não. –suspirei. – Você não entende né?
— Eu entendo, você está de birra e não quer voltar pra mim.
— Não estou de birra, você queria me transformar em algo que eu nunca fui. Você tinha que me aceitar do jeito que eu sou, eu nunca precisei de nada que você poderia me dar, eu só queria o seu amor.
— Você sempre teve o meu amor.
— Mas junto dele veio muita coisa, muita coisa que era pesado demais pra eu carregar, coisas que eu não me encaixava, que eu não podia sequer segurar.
— Eu queria te dar o mundo.
— Eu não queria o mundo, eu só queria você.
— Volta pra mim Anna. – falou quase em um sussurro.
— Não posso, não depois de tudo que passei pra ta aqui hoje, pra ta bem, de pé.
— Eu te amo.
— Nem tudo se resolve com um eu te amo.
— Não fala assim.
— Antes de você querer exigir algo de alguém, você tem que mudar muito Guilherme, você tem que mudar demais.
— Eu mudo por você.
— Agora é tarde demais.
— Me ouve Anna...
— Eu to cansada de ouvir sempre as mesma coisas Guilherme, o seu repertorio não muda.
— Eu te amo e isso basta.
— Pode bastar pra você, mas não pra mim.
— O que você quer? ME fala , o que você quer?
— Eu não tenho que querer nada, quem tem que querer alguma coisa aqui é você.
— Eu quero você.
— Mas isso você não vai ter, eu sinto muito.
— Anna...
— Boa noite Guilherme. – falei o interrompendo, aquela conversa me levaria a uma noite de choro.
— Eu não sonhei com você – fiquei calada – na verdade eu não dormi, eu não durmo direito a meses. O Sonho foi só uma desculpa pra te ligar – falou num tom tão triste, e eu queria dizer que sim, que eu também fiquei dias sem dormi, que ás vezes ainda choro, mas me calei.
— Eu vou desligar... – falei rápido pra minha voz não me trair.
— Não meu amor, não desliga.
— Eu tenho que acordar cedo amanhã. – ouvi um suspiro dele.
— Vamos nos encontrar? Conversar, esclarecer as coisas e...
— Eu não tenho tempo. – o interrompi – Boa noite Guilherme.
— Não faz assim Anna.
— Boa noite. – repeti e antes que eu pudesse desligar o telefone eu ouvi ele falar um “eu te amo”.
Pressionei a tecla vermelha no telefone, não queria desligar só a ligação, tinha medo dele retornar e o meu lado bobo deixar ele entrar na minha vida de novo, bagunçar tudo, me fazer feliz e depois acabar comigo, não agora, não agora que eu to tão bem.
— Eu também, eu também te amo – suspirei com o telefone nas mãos e todo o meu sono já havia se esvaído, eu o quero tanto... Oh meu Guilherme..
Fim de narração.
Tatiana Petrovick Narrando.
Ela corria por um jardim bem iluminado e ria sem parar, uma risada gostosa. Os cabelos loiros com cachos nas pontas corriam pelo vento e eu podia vê-la, cuidar dela, toca-la.
— Vem mamãe, vem brincar comigo – a menininha loira vinha correndo em minha direção com a mãozinha estendida e eu esperava a chegada dela ansiosa, ela brilhava feito estrela, minha estrelinha. Meu coração batia acelerado ansiando por ma braço dela, pra sentir o cheiro do seu cabelo, pra poder tocá-la...
— Vem Isa – eu chamei e ela pareceu aumentar mais os passos, mas não, não era a minha Isa, não era o meu bebê, não. Era a garotinha, era a garotinha do shopping...
— Vem mamãe, vem – ela chamou com as mãozinhas e um voz grave soou atrás dela.
— Vem logo, a gente tá esperando por você... – Meu Deus.. Miguel?
Bateram na porta me despertando dos meus pensamentos sobre o sonho confuso da noite passada.
— Atrapalho? – O Guilherme perguntou com um olhar triste da porta e eu neguei. Já fazem alguns dias que estamos tentando manter um relação amigável, e me sinto orgulhosa de poder dizer que está funcionando, eu adoro a companhia dele.
— Não atrapalha não – sorri torto.
— Eu trousse uns papeis pra você Analisar. Tá tudo bem? Você pareceu estar no mundo da lua quando entrei.
— Tá tudo bem sim, só uns pesadelos – dei de ombros – você que está com uma cara péssima, aconteceu algo?
— Não dormi direito – respondeu simples.
— Insônia? – sugeri e ele soltou um riso.
— Minha cama tá espaçosa demais – falou com um sorriso torto e nem precisou de mais palavras pra eu saber que falava dela... Ah já a odiava sem nem a conhecer, não pelo Guilherme. Por que pelo tanto que ele sofre com a ausência dela, a merda que fez teve ter sido grande. Odeio ela simplesmente por poder estar ao lado dele, ah Deus como eu queria estar do lado dele. – no mundo da lua de novo? – me interrompeu dos meus pensamentos.
— Você deveria dormir um pouco, tá com a cara péssima – falei tentando mudar o rumo da conversa.
— Vou tomar como um elogio.
— Cara péssima? – perguntei confusa.
— Significa que nos outros dias estou com uma cara ótima – sorriu – sempre dá pra inverter a situação.
— Nem sempre – suspirei – o que é isso? – me referi ao papel que ele me estendeu.
— São os lucros do mês, achei que ficaria feliz de dar uma conferida. Ambos faturamos bem.
— Era o que eu esperava. – falei animada dando uma olhada – se tudo correr tão bem assim, logo vou poder voltar pra casa.
— Ué, não gostou da cidade?
— Amei, quem não gostaria de morar em um lugar lindo desses?
— Tá fugindo de alguém? – arqueou uma sobrancelha – não estou interessado em você se for por mim, apesar das crises continuo muito bem casado. – ele estava engraçado, nunca era engraçado.
— Nossa Guilherme, como eu estou interessada em você – ironizei.
— Senhor, por favor – tentou me corrigir e eu revirei os olhos – e então, porque quer fugir logo daqui?
— Não disse que quero fugir.
— Mas também não disse o motivo de querer ir embora.
— Tenho uma empresa em São Paulo, esqueceu?
— Não, não esqueci – deu de ombros se levantando – já terminou de ver? Tenho que trabalhar. – estendi o papel pra ele, que sorriu e ia se retirando da sala.
— Guilherme – chamei e ele olhou pra trás – você era amigo do Miguel, não era?
— Não sou mais – respondeu frio – porque?
— Ele já foi casado alguma vez?
— Não que eu saiba, e no que depender de mim vai continuar solteiro.
— Mas e a filha dele?
— Acho que é de uma namorada de infância. – deu de ombros.. namorada de infância? – meu consciente perguntava pra mim.
— Como assim namorada de infância? Se sabe mais ou menos quantos anos tem a garotinha?
— 5 ou 6, quando eu conheci ele a menina já tinha uns 5 meses de vida, ela tem em torno dessa idade que lhe falei mesmo, por quê? Tá interessada no Fontes?
— Isso te faria feliz?
— Mais do que imagina! – sorriu – Mas conhece ele de onde?
— São Paulo, é uma longa história.
— Não vai me dizer que namoraram e que você é a mãe da filha dele, né? – riu e eu neguei, ah se você soubesse que foi bem mais que isso – acabou o interrogatório? To com pressa e o Fontes no momento não é o meu assunto preferido, vamos dizer que está entre os dez piores...
— Dor de cotovelo? – provoquei, ele é engraçado quando tá com ciúmes.
— Não – sorriu – as pessoas desse lugar ás vezes esquecem com quem deve se mexer. E algo me diz que o Fontes anda muito esquecido.
— Tá insinuando o que?
— Nada – riu – depois a gente conversa, tenho umas coisas pra fazer... – não não vai, eu ainda quero saber mais sobre o Miguel...
— Guilherme – quando vi já tinha chamado e ele me olhou entediado, obvio que o assunto não o agradava – É... – eu queria perguntar se ele sabia mais sobre a menina, se chegou a conversar com a esposa, o que o Miguel fazia, como ele vivia... eu queria saber tanta coisa sobre o meu Miguel – vai almoçar agora? – foram as únicas palavras que consegui formular.
— Não, vou ter que resolver uns assuntos. Mas o Richard acho que vai estar por ai, se quiser companhia... - sugeriu
— Tá bom, brigada – dei um sorriso amarelo pra ele que me olhou confuso e saiu logo em seguida, ainda pude ouvir eu “Eu hein”..
E não, eu não deveria ir atrás dele, não deveria pensar nele, e uma voz insistia na minha cabeça tentando fazer com que eu desista.. “ A história de vocês acabou Tatiana, é claro que ele teve outras namoradas, é claro que ele pode ter tido filha com outras. O seu bebê, a sua Isa morreu, para de procurar coisa aonde não tem”. E quando dei por mim, já estava no Google pesquisando sobre ele, sobre a vida dele... “Miguel Fontes” o meu namorado, o meu melhor amigo, o pai da minha filha.
No Google apareceram vários, eu cacei, cacei, cacei e finalmente achei.. Deus era ele. Uma foto em frente a uma concessionária, estava com um terno preto, ainda tinha a cara de bebê que sempre teve, o sorriso, ah o meu sorriso.. A descrição dizia.
“O Herdeiros dos Fontes” Herdeiro? Deus ele não era herdeiro de nada, vivia de entregas e encomendas de bolo, de bicos, o meu Miguel não era rico. E a vontade de descobrir de onde ele arranjou tanto dinheiro me consumia, eu queria falar com ele, perguntar porque não respondeu as cartas, porque sumiu no momento em que mais precisei dele? Porque ficou rico? Ele sempre disse que dinheiro não era nada, e simplesmente larga o tudo pelo nada? Não dava pra entender, eu não podia entender..
Tinham várias fotos e ele era dono de concessionárias e postos de gasolina. O senhor rico. Tinha fotos com algumas mulheres, fotos de eventos e uma foto em especifica chamou minha atenção, talvez a melhor... Ele segurava uma garotinha loira, devia ter uns dois três anos, ela tinha os bracinhos passados no pescoço dele e estava com o rosto encostado ao dele e se pareciam tanto, a boca, a cor dos cabelos, o nariz, a testa exceto os olhos que não eram azuis iguais aos dele, olhos castanhos escuros, puxadinhos pro lado e bem redondinho no meio, olhos que me eram familiares, olhos que ao contrario de como já disse não se pareciam nem um pouco com os olhos dele, os olhos dela me lembravam... dei uma longa olhada naquela menina linda e os seus olhos lembravam os meus olhos. Os olhos do meu pai, ela tinha o olhar do meu pai.. A menina do shopping, agora um pouco maior claro, mas era ela, a menina do shopping. Em baixo da foto tinha outra legenda, corri meus olhos para lá e li e reli o trecho diversas vezes.
“ Miguel e Laura fontes, linda não?” Não sei de que site de fofoca saiu aquela foto e nem quando, ela se chamava Laura.. Deus, o nome dela era Laura. Porque Laura, porque? Continuei a ver as fotos, procurava feito uma maluca por fotos que ele estivesse com ela, queria olha-la, conferir, ver seus olhos.. Coloquei no Google imagens. Miguel Fontes e sua filha, Laura. No mesmo instante abriram fotos e mais fotos dele com ela. Como eu passei 5 anos sem saber deles, ele estava no Google, a uma passo de mim e eu fiquei 5 anos sem saber dele, sem receber noticias. Cliquei em uma foto dele ,a Cho que era em uma parque de diversões. A menina agora estava bem mais nova, um bebê de cabelinhos loiros e cacheados segurando um algodão doce maior que ela. Tinha umas perninhas gordas, estava com um conjuntinho branco e roxo e era a combinação da perfeição em uma só criatura, incrivelmente linda e Laura, ele não podia ter colocado nome mais bonito. Esperai, o que deu em mim? Aquilo estava tão confuso. Passei pro lado e tinha outra foto, passei de novo e vi diversas fotos deles, sempre sozinho, sempre ela e ela. Se essa menininha tinha mãe, cadê a mãe dela? E porque os olhos dela parecem tanto com os meus? Passei foto e foto, de novo, de novo e de novo e achei uma que parecia antiga, muito antiga. Ele estava saindo de uma lanchonete, tinha uma mulher morena vestida de branco ao seu lado segurando uma bolsa rosa e ele segurava algo, quer dizer ele segurava um Bebê... Reparei bem na foto, olhei, olhei e Meus Deus, eu conheço essa manta...
Flashback On.
— Vai levar tudo isso senhora? – A Vendedora perguntou animada vendo o tanto de coisas que eu comprei.
— Vou sim. – sorri – você tem mantas aqui?
— Tenho algumas ali atrás – apontou.
— Não, eu dei uma olhada nelas e me pareceram muito fraquinhas, pano não muito quente, sabe? Será que você não tem nada mais grosso, mais quentinho?
— Eu acho que temos umas, no estoque, se importa se eu sair um instante pra pegá-las?
— Não, não me importo – sorri e ela saiu apressada pra pegar as mantas, dei mais uma olhada em algumas coisas e comprei chupetas, no total eram 8, todas coloridas. As mães que conheci sempre diziam que chupeta era uma salvação, ajudava a manter o bebê “ calado” não que eu quisesse calar a minha Isa, só que todo conselho estava sendo bem vindo.
— Pronto – falou surgindo atrás de mim – seu bebê é menina ou menino?
— Menina – sorri
— Então a rosa é perfeita – abriu uma caixa comprida tirando a manta rosa de dentro. – ela é bem quentinha. Saiu muito, mas agora tá um pouco esquecida. – eu peguei na manta e era grossa, bem quentinha, era perfeita.
— Gostei, vou levar.
— Qual forma de pagamento senhora?
— Cartão – ela sorriu
— Está de quantos meses?
— 6 meses, logo ela nasce – sorri alisando minha barriga.
— Nome?
— Isabela.
— Você que escolheu?
— O pai dela – sorri e alisei minha barriga – e agora a mamãe comprou um monte de coisa pra ela vir ao mundo bem quentinha, né filhota? O papai vai ficar tão feliz... – senti ela chutar minha barriga. Miguel, aonde você está meu amor?
— O nome dela ficaria lindo bordado na manta. – sugeriu e eu achei uma ótima ideia – são 862 reais senhora. – tirei o cartão da bolsa e entreguei a ela, que rápido passou o mesmo e embrulho minhas coisas – que a Isabela venha cheia de saúde a mundo.
— Muito obrigada. – sorri e sai dali, feliz da vida com as compras pro meu bebê... Minha Filha, minha...
Flashback Off.
— Isa – sussurrei ainda em choque – minha filha, ela é minha... minha filha!
Só pode ser ela a manta cor de rosa, bordada em letras grandes e vermelhas “ Minha princesa”. Mas como? Como... meu pai disse que ela morreu assim que nasceu, o meu bebê faleceu. Mas a manta era dela, me lembro de ter passado dias bordando a manta do meu bebê, eu bordei aquilo, eu comprei aquilo. Reconheceria cada objeto que comprei pra ela de longe, e aquela era a manta do meu bebê, a manta da minha filha. rápido peguei minha bolsa e mexi em alguns papeis, eu guardava dentro da bolsa a pulseirinha dos hospital a minha e a dela. Foi a única coisa que esteve em seu corpo quando ela nasceu, e não considerei a hipótese de jogar fora, então guardava dentro da carteira, igual a um amuleto da sorte. A pulseirinha continha o nome do hospital, nome e identificação do bebê. Isabela Petrovick nº 18457. Com rapidez procurei o nome do hospital na minha agenda e disquei o numero as pressas. Toda certeza parecia inútil no momento e demorou um século até atenderem.
— Hospital Maria do Carmo, boa tarde. – Uma moça atendeu.
— Boa tarde, aqui quem fala é Tatiana Petrovick – falei apreensiva.
— Boa tarde senhora, poderia ajudar? É agendamento de consulta?
— Não, não é.
— E no que eu poderia ajudar?
— Eu gostaria de obter informações sobre o meu parto.
— Sim, e a senhora teve bebê recentemente?
— Não, eu estive internada ai ah cerca de 5 anos atrás.
— Hum – digitou algo - E como é o numero de sua identificação?
— 18457.
— Sim – digitou algo – e quais informações gostaria de obter?
— Só o horário, estado e saída do meu bebê.
— Sim, só um minuto. – esperei uns minutos – Tatiana Petrovick – ele falou ao telefone.
— Sim.
— Você deu entrada no hospital ás 2:45 da manhã e teve o bebê ás 8:17 do mesmo dia, certo?
— Certo.
— Quarto 145 e deu a luz a uma menina de 3,45 kl.
— Saudável? – minha voz saiu mais chorosa do que eu queria.
— Sim, uma menina muito saudável.
— Você poderia me informar quanto tempo ficamos no hospital.
— Senhora você é mesmo Tatiana Petrovick? – perguntou confuso.
— Sim, é que estou montando um álbum de fotos e preciso de detalhes – disse a primeira coisa que me veio a cabeça.
— Você saiu 3 dias depois do parto e a menina ficou 6 dias, mas logo a retiraram daqui.
— Quem a retirou?
— A mesma pessoa que assinou a sua entrada, o Senhor Petrovick – e foi impossível não soluçar ao telefone.
— A bebê saiu bem?
— Perfeitamente bem, nasceu saudável.
— Você sabe me dizer o dia exato em que ela saiu do hospital?
— No dia 22 de julho, exatamente ás 16:30. – foi o dia em que ele disse que havia doado o bebê para pesquisa.
— Muito obrigada – falei com a voz arrastada.
— Nada, tenho uma boa tarde.
Mentira, ele mentiu pra mim, meu pai me enganou, ele mentiu.. Ele deu a minha filha ao Miguel... Queria responder um igualmente ao atendente mas as palavras me faltaram, a minha filha está viva, a minha filha está viva e se chama Laura.. Laura Fontes, ele roubou a minha filha. meus Deus tanto sofrimento, tantas lagrimas, tanta dor e ela sempre esteve lá, com ele...
— Keeeeeeeeeeeeeeeeeeyla – gritei ela adentrou a sala ofegante..
— Aconteceu algo? – neguei chorando, um choro engasgado, confuso – Meu Deus Tati, o que aconteceu?
— Eu achei – balancei a cabeça – minha filha...
— O QUE? – perguntou confusa – Tati você tá bem?
— Não, eu não to Keyla, é ela – apontei pro monitor – a minha Isa, minha filha é ele – saiu mais pra um sussurro, meu peito estava esmagado, eu nem sentia mais as pernas ou qualquer outras coisa.
— Essa menina? Sua filha? – perguntou confusa, devia estar me achando louca.
— Esse ai é o Miguel.. Ele roubou ela Keyla, roubou o meu bebê. – mal conseguia falar devido as lagrimas.
— Eu vou pegar uma água com açúcar pra você, você tá nervosa precisa se acalmar. – ela falou saindo de perto de mim indo em direção a porta
— Eu não quero me acalmar – gritei – não haja como se eu estivesse ficando louca, é ela caramba. É a minha filha.
— Como? Você tinha dito que ela morreu, que foi doada pra pesquisa.. Meu Deus Tati isso já tem 5 anos.
— Eu não sei como, ou como conseguiram me enganar, eu devia ter olhado os papeis, ter desejado fazer um enterro, eu deveria... ter cuidado dela. – suspirei – meu bebê...
— Ei calma – ela me puxou pra uma braço – tá tudo bem, vai ficar tudo bem.
— Não, não tá. Você não sabe o que passei, Deus eu morri em todos os aniversários dela, morri cada vez que via algo dela, cada vez que a imaginava e tudo isso e pra que? Ela sempre esteve aqui, com ele.
— Tati você não tem certeza.
— Eu sei, eu sinto. Sinto desde do momento que coloquei os olhos nela. E é ela, a minha Isa, o meu bebê. Pelo amor de Deus Keyla, não vai me dizer que você acha que eu to ficando louca porque não, eu não estou.
— Eu sei Tati, só acho que é muita coisa pra sua cabeça e que você deveria..
— Não – gritei interrompendo-a – chama o Richard pra mim, eu preciso falar com ele.
— Tati...
— Chama ele caramba.. – gritei – por favor..
— Tá bom, eu vou chamá-lo.
Assenti chorosa e ela saiu apressada, e eu não sabia se chorava de triste ou de alegria.. Deus ela tá viva, o meu bebê tá vivo, mal posso acreditar. E a dor é tão grande que confunde mais ainda. Eu o amava tanto! Porque fez isso comigo Miguel? A gente era tão felizes juntos...
Fim de narração.
Guilherme Lizarga Narrando.
— Tem certeza que quer ir lá? – O Richard perguntou pela milésima vez quando nos aproximávamos da delegacia.
— Claro que tenho. Até parece que vou deixa-la entrar em uma delegacia sozinha. A Anna é muito frágil pra esse tipo de coisa.
— E a reação dela quando te ver? Parece que as vezes você esquece que o causador de tudo isso é você.
— Ela também tem culpa no cartório, não é santa.
— Então pergunta de uma vez por todas o que ela fazia caramba, o detetive tá lá.. Ele já disse que falar o que você precisar saber. – falou irritado.
— Eu não quero. Se ela quiser me contar de livre e espontânea vontade eu vou entender. Não quero mais pressiona-la.
— Eu disse que as coisas iam piorar, não disse?
— De novo confundido os meus erros com os seus?
— Ela tá mesmo namorando aquele cara? – perguntou agoniado, era evidente que amava a Isabel, mas eu não o quero perto dela.
— Estão.
— E você vai deixar? – perguntou irritado – porque você sempre disse que odiava o cara, qual foi agora? Vai deixar ele namorar ela?
— Com tanto que ele não fique em cima da Anna e a Isabel não fique chorando pelos cantos, é – sorri – eu vou deixar ele namora-la sim! – falei firme.
— Ela tá apaixonada por ele? – perguntou receoso.
— Quer que eu seja sincero? – perguntei olhando pra estrada.- É essa delegacia mesmo?
— Eu seria sincero com você. – ignorou minha pergunta e eu estacionei o carro
— Tá sim cara, e acho que isso é mais do que suficiente porque ela anda tão feliz, tão doce parece até a...
— A Bel – sussurrou me interrompendo. A delegacia estava vazia, eu ia esperar a Anna chegar a ia abordar ela na porta e insistir pra que ela deixasse eu entrar com ela – minha menina voltou, então? – perguntou distraindo-me dos meus pensamentos e eu dei de ombros olhando pra entrada da delegacia quando ela apareceu, linda. Sorri mas fechei o meu sorriso quando vi com quem ela estava.
— A Sua sim, agora a minha – bufei olhando ele segurar a mão dela, que porra que ele quer segurando a mão dela?
— Viu, perda de tempo. Eles não precisam da gente. – apontou vendo que o advogado do Miguel os acompanhava, o mesmo que foi lá em casa levar o divorcio, ah maldito divorcio.
— Eles um caaralho, eu não vim por eles. Eu vim por ela. – bufei – E depois você não quer que eu vá falar com o cara. Porra, ele tá pagando de marido da minha mulher Richard.
— Agora você sabe a sensação – deu de ombros.
— Sensação um caralho, ela é minha mulher tem nada que ficar de mão dada com outro – falei bravo abrindo a porta do carro.
— Ei Guilherme, tá louco? – perguntou bravo.
— Louco porque? Não posso falar com ela, ficar do lado dela?
— O Máximo que você vai conseguir é arrumar uma briga com o Miguel, eu sei muito bem que você não tá indo lá dar apoio moral pra ela. Tá indo esfregar na cara do cara que ela é casada com você. Vai falar besteira e ela vai ficar muito mais magoada.
— Ela é minha mulher, meerda – falei irritado, enciumado.
— Vamos embora vai cara, ela tá acompanhada, depois você liga pra ela, vai lá na casa onde ela tá morando...
— Como se eu tivesse o numero dela, ou melhor, como se ela fosse me receber. – falei irônico – E não, eu vou ficar aqui nessa porra até ela sair, quando ela sair a gente vai embora.
— Você nem sabe quanto tempo ela vai ficar ai dentro, vamos embora cara. Não acha que já se torturou demais? Se ela ti ver aqui vai sofrer, vai procurar refugio nele, e você vai se arrepender de não ter ido embora.
— Ela devia ter me procurado. Eu sou a solução pros problemas dela. Eu posso protegê-la, cuidar dela. – falei indignado.
— Eu acho que no momento você tem que cuidar de você – olhei pra ele quase que implorando, o cara só sabe me desanimar – Você vai ligar o carro ou eu vou ter que tomar a chave de você? Porra Guilherme, eu te avisei. Agora não adianta você ficar aqui chorando sobre a vodca derramada e me prendendo do teu lado. – fechei a porta do carro irritado e quase o capotei pro outro lado de tanta força – Gosta desse carro que só, né?
— Vai se fooder – vai bravo ligando o carro e dando partida no mesmo.
[...]
Nem estava com cabeça pra trabalhar, mas mesmo assim eu fui. Porra, como ela consegue? Eu estou aqui morrendo e ela tá lá, dando as mãos pra outro segurar.
Estava cheio de coisa pra fazer, papel pra analisar, lucros, despesas, contas e mais contas. Ainda não havia conseguido recuperar o que me roubaram e as investigações andam paradas, ninguém movimentou dinheiro e muito menos voltou a roubar, então temos que esperar outro susto pra descobrir quem é o ladrão. E isso é só uma das muitas coisas que tenho que resolver. Bateram na porta despertando-me da confusão dos meus problemas.
— Posso entrar? – O Marcos perguntou abrindo uma brecha da porta e eu assenti.
— Veio dar satisfação do seu sumiço? – perguntei irritado.
— Tive que resolver alguns problemas.
— Não pode nem avisar?
— Não tive tempo.
— Entendo.
— Vim saber como você está. – arquei uma sobrancelha pra ele – fiquei sabendo que a Anna foi intimada. E que ainda não se acertaram.
— Como ficou sabendo disso? – perguntei confuso.
— As noticias se espalham – deu de ombros – e você e ela, não tem mais jeito?
— Quando foi que você ficou tão interessado pela minha vida, Marcos?
— Só estou preocupado com você, com o seu bem estar. – se ele não fosse tão sínico, eu até acreditaria.
— Sério isso?
— E também andei conversando com a Cristine e...
— Seja lá o que essa louca tenha te falado, não me interessa. – o interrompi irritado.
— Nunca imaginou que se você tivesse com ela hoje, tudo estaria diferente? Você era louco por ela quando éramos criança.
— Aonde você tá querendo chegar com isso Marcos?
— Eu vou ser sincero com você Guilherme. Já tem uns dias que a Cristine anda me procurando, ela tá arrependida do que fez, tá sofrendo.
— Ótimo! Que morra de arrependimento.
— Você não sente nem um pouco de compaixão? – perguntou incrédulo. Tá louco, só pode!
— Como? Como você quer que eu sinta compaixão por uma pessoa que destruiu a minha vida Marcos? O Máximo que consigo sentir por ela é pena. – falei enojado.
— Só acho que talvez você devesse dar uma chance a ela, que sempre esteve do seu lado. Ela sempre foi louca por você, eu testemunhei, Richard, seus pais, todos que a conhecem sabem.
— Eu juro que não estou entendendo qual é a sua Marcos? Tudo bem que você nunca foi fã da Anna, mas ai vir aqui pra falar bem da Cristine sabendo de tudo o que ela fez durante anos pra me separar da Anna. Cara, eu realmente não entendo.
— Só achei que...
— O que quer que tenha achado, achou errado, Marcos. Eu não quero mulher nenhuma a não ser a minha. E mesmo que a Anna não me quisesse mais, eu nem em um milhão de anos iria querer a Cristine, ela não serve pra mim e nem pra qualquer outra homem. É falsa, dissimulada, sem classe.
— Só acho que você não deveria cuspir no prato que comeu, porque mais feio que isso é comer no prato que cuspiu. Se você pensasse assim desde o inicio, talvez seu casamento ainda estaria de vento em polpa. – falou presunçoso, aquilo me deixou confuso e extremamente irritado.
— Quem é você pra falar do meu casamento Marcos? Sempre tratou a sua esposa como um lixo, não venha querer jogar pedra no telhado dos outros quando o seu é tão frágil. – respirei fundo – até porque, você está em falta comigo.
— Sei disso e peço desculpas, Natalia estava com uns problemas. – tentou se explicar.
— E você resolveu abandonar o trabalho? – perguntei irônico.
— A minha esposa estava com problemas. – falou como se isso justificasse os furos dele.
— Pensasse nisso antes Marcos, você não pode sumir e achar que vamos estar aqui pra cobrir todos os seus furos. Todos estamos nos esforçando pra poder recuperar o dinheiro que foi roubado.
— as eu não tenho nada com isso, não roubei dinheiro. – deu de ombros.
— Mas é um funcionário, como todos os outros. E eu como seu chefe posso te demitir a qualquer momento. Por muito tempo deixei a nossa amizade em alta Marcos, mas as coisas agora são diferentes, ou você começa agir como adulto, ou vai ter que procurar outro lugar para trabalhar. – falei sério. Estava cansado das falhas dele.
— Foi falha minha, já disse. A Natalia estava doente, precisando de mim. Se fosse a Anna tenho certeza que você largaria tudo pra estar com ela.
— Não coloca a minha esposa no meio disso – falei seco, a Anna não tem nada haver com que está acontecendo – seus erros, suas atitudes e suas consequências.
— Não vai mais acontecer, to com uns projetos e eles também me tiraram muito, muito tempo.
— Mais uma das suas tentativas falhas Marcos? Você sempre acaba torrando dinheiro e ficando sem nada.
— Não Guilherme – riu – dessa vez é diferente.
— Diferente como? – perguntei confuso.
— Na hora certa você vai ver – piscou e se levantou. E eu a principio não entendi qual era a dele. O que ele tinha vindo fazer aqui.
— Presunçoso demais Marcos.. – neguei com a cabeça e ele riu.
— Aguarde e verá. Tudo vai mudar. Pra melhor, garanto – riu e se virou.
— Marcos – chamei e ele virou o rosto– sem mancadas, ou eu vou esquecer a amizade que temos, e começar a tratar você feito funcionário, ou pior. – alertei e ele assentiu.
— Sem mancadas – levantou as mãos como em sinal de paz – até mais ver Senhor Lizarga – falou debochado e eu não respondi. – Pensa no que eu te falei – piscou – prezar quem está sempre do nosso lado – o ignorei e então ele se retirou da sala.
E o que deu nele? Juro que não sei. Tudo bem que ele nunca gostou da Anna, mas também nunca gostou da Cristine. Agora vir aqui e me dizer o que tenho que fazer com a minha vida é demais. Ainda mais sabendo do que a Cristine é capaz. E sem contar que no momento o credito dele tá em baixa comigo, em pouco meses ou até semanas não quero mais ele trabalho aqui. Eu sei que vai parecer egoísta, falso. Mas não posso ficar com um funcionário que não trabalha, se bem que o salário dele vai ser descontado de todas as faltas e vice versa, estou levanto a nossa amizade em consideração demais..
Passei o resto do dia com raiva, querendo matar o Fontes e prender a Anna em algum lugar aonde ninguém possa vê-la, encontra-la, deseja-la.. Oh Anna, você ainda vai me deixar louco!
Fui pra casa um pouco mais cedo, estava sem cabeça pra trabalhar. Assim que cheguei ouvi o latido do Cimba, ele conhece o barulho do meu carro de longe, quer dizer, ele conhece o barulho de todos os meus carros. Olhei pro lado e vi o carro da minha esposa é um New Beetle branco, dei pra ela duas semanas depois do nosso casamento. Me lembro da cara de desaprovação, sempre tão reservada. Revirei os olhos me lembrando do mini show.
Entrei em casa coloquei a pasta em cima da mesinha da sala dei uma olhada na mesma, que aparentemente estava vazia. Quer dizer, só aparentemente porque de longe dava pra ouvir o som da Isabel. Os ouvidos dela devem estar com defeito porque pelo volume, ou tá surda ou perto de ficar. Escutava Anna Carolina – Quem de nos dois... E Porra, será que tudo hoje me lembra a Anna? Não sei se é porque a vi, se é porque tenho medo de perde-la, ou se é por causa dessa maldita saudade do sorriso dela e de todo o resto... O que foi que a vida fez com a gente?
— já chegou amor? – minha Mãe veio da cozinha toda animada me despertando dos pensamentos.
— Miragem – falei irônico e ela desfez o sorriso que exibia no rosto.
— Já tá mais do que na hora de você parar de me tratar assim filho. – me repreendeu.
— Quando você parar de mandar na minha vida, ou me arrumar pretendentes desqualificadas, quem sabe mãe.
— Eu contratei novos funcionários – mudou de assunto e eu a olhei confuso.
— E quando ia me avisar?
— Estou avisando agora, eles chegam semana que vem.
— Chegam?
— É um casal, a mulher tá vindo pra ajudar a Ruth e a graça, e o homem tá vindo pra ser motorista, já que você dispensou o meu.
— Que tentou matar o cachorro da minha esposa, você esqueceu disso, não é?
— É Guilherme – falou irritada – mas agora já foi, o cachorro tá ai e o novo motorista também.
— Tá ok, quando eles chegarem me avise, quero ver as carteiras deles. – ela assentiu e eu peguei a mala em cima da mesinha e me direcionei até a escada, precisava de um banho.
— É... – me virei pra olhá-la.
— É... ? – perguntei confuso.
— Eles estão vindo pra casa dos fundos.
— Esperai, você arrumou caseiros? – perguntei irritado.
— Contratei, a palavra certa é contratei. Eles são boas pessoas, trabalharam na casa de uma amiga minha e...
— Mãe, você deveria ter me avisado.
— A casa tá desculpada a mais de 2 anos. Elas não vão voltar, Guilherme.
— Eu sei que não. Mas ainda existe coisa delas ali. Você deveria ter me avisado mãe.
— To avisando agora Filho. – falou cautelosa – eu entendo que a ausência dela tá doendo mas a vida continua, existem mulheres por ai que podem...
— Chega – a interrompi – se for pra falar mal dela, ou me arrumar outras mulheres, chega.
— Tudo bem – levantou as mãos – eu vou subir, tenho uma reunião de amigas mais tarde. Só queria te avisar, dos caseiros..
— Tem filhos?
— Não, é só ele e ela. Tomei cuidado pra não correr nenhum risco dessa vez.
— Mãe – a repreendi.
— É amor, né? – revirou os olhos – Tudo bem já entendi. Mas não pensa que algum dia eu vou aceitar isso Guilherme. Vidas opostas demais, não esqueça disso. – se aproximou e me deu um beijo no rosto – eu te amo meu príncipe.. – beijou novamente e subiu as escadas e sei lá, parecia feliz?
E meu banho e todo o resto perderam o sentido. Fiquei tão ligado ao passado que to com medo de perder as únicas lembranças que tinha dela, sendo que agora ela não está mais aqui pra fazer momentos aos quais lembrar. E quando dei por mim estava na cozinha.
— Ruth – chamei e ela que mexia algo no fogão virou pra me olhar.
— Oi querido, chegou cedo? – falou animada vindo me dar um beijo no rosto.
— Estava cansado. – apertei os lábios. – sabe como é, né? – ela assentiu.
— Tá com fome? – perguntou voltando ao fogão.
— Tá fazendo o que ai de bom? – perguntei animado me escorando a porta.
— Molho pra uma macarronada, Isabel veio pedir. Mas o cardápio é outro hoje. – revirou os olhos, com certeza era uma das comidas chatas sem graça e verdes da minha mãe.
— Atá – ri – Ruth – chamei meio receoso e ela me olhou.
— Fala amor..
— Você ainda tem a chave da casa dos fundos? – ela assentiu – ela já foi desocupada?
— Não querido. Eu deveria ter repassado isso com a Anna, ter dado um jeito mas tudo aconteceu tão rápido, não tive tempo. – apertou os lábios e logo eu entendi do que falava.
— Entendo – suspirei – você soube que a minha mãe contratou gente pra vir morar lá.
— Sei sim, ela me falou hoje cedo.
— E o que você acha? – perguntei desanimado e ela me olhou confusa, desligando o molho no fogão e se aproximando de mim.
— Acho ótimo. A Joana foi embora faz muito tempo, e sem a Anna aqui, tudo ficou bem complicado. Eu a Graça sozinha não damos conta.
— Acha que ela nunca vai voltar Ruth? – perguntei, por que por mais dolorido que fosse, ela nunca mentiu pra mim. E se ela dissesse que a Anna ia voltar, eu sei que ia..
— Ela volta sim, claro que vai demorar um pouco. Mas ela volta!
— Você tem a chave da casa?
— Tenho – sorriu – limpei ela essa semana mesmo.
— Faz tanto tempo que não vou lá. – sorri fraco – nem me lembro como é..
— Tá tudo intacto – sorriu – vou pegar a chave pra você – assenti e ela saiu em direção a sala, mas logo voltou me entregando a chave, eram 5 no total. Tinha um pequeno chaveiro de coração. – As duas maiores são da porta da frente e a dos fundos – apontou – as outras são dos quartos. – assenti e ela sorriu, não me perguntou o porque, acho que já sabia.
— Obrigado Ruth. Sei que posso sempre contar com você.
— De nada meu amor. Não se atrase para o jantar.
— Volto logo – dei um beijo na testa dela e sai da cozinha.
E eu não devia, não devia e não devia. Mas quando vi já estava na casa dos fundos, subindo as escadas pro quarto dela. A casa ainda cheirava a alecrim, a Joana era fascinada por alecrim, esse cheiro me traz tantas lembranças. A casa era pequena, sala e cozinha em baixo e 3 quartos em cima, o primeiro era da Joana e o Segundo era o dela. Parei em frente a porta que tinha umas estrelinhas douradas, conferi a chave em minha mão e a coloquei na porta, respirei fundo e rodei a maçaneta abrindo a porta. Dei dois passos pra dentro e fechei a porta atrás de mim, e estava tudo exatamente como eu me lembrava. A cama que era embutida ao lado de um Guarda – roupas bege. O forro de cama é branco com corações amarelos que combinavam perfeitamente com as paredes que era uma amarelo pastel. Pintamos esse quarto juntos. Sorri ao me lembrar da cena. A penteadeira estava cheia de perfumes, batons, cadernos, canetas e caixinha de musica. Ela amava caixinhas de musica. Ao lado da penteadeira uma mesinha com um computador cheio de adesivos e um pequena cômoda a direita da mesinha com diversas fotos minhas, juntos, da Isabel com ela, minha com a Isabel, dela com o meu pai. Me aproximei da cômoda e peguei uma foto em que estava somente ela, parecia bem nova os cabelos grandes e cacheados. Me lembro da briga que tivemos quando ela alisou e cortou eles, e tinha ficado lindo. Como tudo nela. Mas eu gostava dos cachos. Dei um beijo na foto e a coloquei no lugar, tudo ainda estava tão igual. A luminária cheia de brilho na cômoda parecia toda empoeirada. As janelas tinha um cortina comprida também bege, sempre gostou de cores claras e alegres, explicava a porta do banheiro que era azul e amarela, sempre achei estranha, mas ela dizia que era linda e que lembrava de mim sempre que olhava pra porta, achava o cumulo ela lembrar de mim quando olhava pra porta, mas ficava feliz por ela lembrar de mim. Tantas loucuras, tantas manias engraçadas e esquisitas , rodei a maçaneta da porta do banheiro e abri a mesma...
Flashback On.
Aproveitei que a Joana conversava com a Ruth animada na cozinha e sai as pressas, quando passei pela sala meu pai estava ao telefone.
— Guilherme, aonde você vai filho? Mal chegamos e tenho que conversar com você sobre as ações do...
— Agora não dá pai – o interrompi sorrindo e ele sorriu entendendo pra onde eu estava indo.
— Tá, se está tão desesperado assim – sorriu – só tenha juízo – alertou e eu assenti.
Como se tivesse algum juízo perto dela, ainda mais depois de 20 dias sem vê-la. Sai disparado pra casa dos fundos e a porta estava aberta, ela não estava na sala e nem na cozinha, escutei o barulho do seu rádio e soube direitinho aonde ela estava, tocava Hoobastank – The reason. Abri a porta do quarto e nem um sinal dela, olhei novamente e vi a porta do banheiro entreaberta, dava pra ver os pés descalços dela se movendo enquanto ela cantarolava, daquele jeito errado e mineiro dela. Sorri e fechei a porta atrás de mim com cuidado e fui devagar até o banheiro, abri a porta de uma só vez, e ela levou um susto jogando a escova que segurava nas mãos e se virando pra me encarar.
— Você voltou – falou com um sorriso de orelha a orelha e não aguentei, corri até ela puxando a pra mim, enrosquei uma das minhas mãos na cintura dela e outra foi em sua nuca, trazendo os lábios dela até os meus. Suspirei em sua boca, só Deus sabe a saudade que eu estava disso. Ela passou os braços pelo meu pescoço e eu desci a mão que estava em sua nuca pra sua cintura levantando-a e a colocando em cima da pia do banheiro, sem parar o beijo. Ela abriu as pernas dando espaço para me encaixar no meio delas e eu desci o beijo pro seu pescoço, sentindo seu cheiro enquanto dava beijos, chupadas e algumas mordidas. Subi as mãos que estavam na sua cintura pra sua barriga, ela vestia um vestido branco curto e de frente única e gemeu quando meu dedos subiram e encontraram seus seios, subi um pouco as mãos até onde o vestido dela era amarrado e distribui beijos por sua face, vez ou outra roçando os lábios nos dela – amor para – pediu em um sussurro, mal pude ouvir – Gui – gemeu – amor – choramingou e eu parei os beijos ofegante, não sei se de excitação ou de saudade.
— Que foi? – ergui o olhar pra encontrar o dela que sorriu.
— Estava com saudades – ah isso.. suspirei aliviado.
— Eu também – falei voltando os beijos mas ela me afastou com as mãos. – o que foi agora?
— A gente tá a 20 dias sem se ver, e você chega assim – sorriu – eu gostei, mas você não acha que tem que ser um pouco mais romântico? – arqueou uma sobrancelha. Ah Anna...
— Ah claro – soltei um riso – desculpa, quer que eu seja romântico, né? – assentiu e eu sai de dentro das pernas dela. – romântico como amor? – ela riu e deu de ombros, como quem fala “Se vira amor”. – estava com saudades – ri porque eu a queria tanto que nem sei o que dizer- é... estava morrendo de saudade – ela riu agora alto – tá de gozação com a minha cara é? – ela negou e apontou pra porta, respirei fundo e tranquei a mesma e quando voltei ela estava sem o vestido, e como ela o retirou tão rápido eu não sei, só sei que estava linda. – Ainda tenho que ser romântico? – pedi sem tirar os olhos do conjunto azul que ela usava – Ah Anna, eu nunca mais vou ficar longe de você por mais de 24 horas – falei tirando a camisa – eu te amo tanto – ela sorriu e me chamou com as mãos. E me aproximei encaixando-me novamente em suas pernas – te amo, te amo, te amo... – falei voltando a distribuir beijos por sua face e pescoço.
— Cadê a minha mãe? – perguntou em um sussurro afundando as mãos no meu cabelo puxando o mesmo, fazendo com que eu a olhasse.
— Tá na cozinha.
— Fazendo? – ela riu
— Esquece a sua mãe caipira – falei impaciente – pensa em mim, na gente. – ema me deu um tapa enquanto minhas mãos subiam por suas coxas.
— Caipira não – se fez de brava e eu ri – te amo – falou divertida.
— Eu também – sorri e juntei nosso lábios de novo.
Subi as mãos na sua coxa achando as laterais da calcinha, enrosquei meus dedos ali e aprofundei mais o beijo, tava malicioso, ela passava as mãos nas minhas costas e vez ou outra arranhava a mesma fazendo com que meu corpo todo se arrepiasse, me excitando. Ela enfiou as mãos pro dentro da minha calça apertando a minha bunda e eu subi as mãos para os seus seios, descendo os beijos pro seu pescoço colo e seios.o sutiã era daqueles que abri na frente e não pensei duas vezes em abri-lo, abocanhando um dos seus seios. A mesma soltou um gemido alto quando minha língua entrou em contado com a pele dela. desci minhas mãos pras cochas novamente e rapidamente as subi pousando-as na virilha dela, rocei o polegar por cima da calcinha dela e ela soltou outro gemido puxando meu cabelo com força. Passei os dedos pela virilha dela e coloquei elas novamente nas laterais da calcinha, mas ao invés de enrosca-los ali, puxei ela pra baixo. A Anna levantou um pouco os quadris facilitando pra que eu a tirasse, me separei um pouco dela pra retirar a calcinha e agora ela estava nua, linda e minha.
— Você é linda, e ainda vai me matar – ela mordeu os lábios corando e me puxou pelos braço pra perto novamente, agora deixando seus dedos trabalharem no cós da minha calça. Ela abriu a mesma que caiu pelos meus pés. Eu já estava pra lá de excitado, carente, precisando dela. ela tem uma mão pequena, bem delicada e meio inexperiente, o que excita qualquer homem, coisa que não é diferente comigo. Soltei um gemido rouco quando os dedos dela encontraram a minha ereção por dentro da Box. Ela soltou um risinho e eu joguei a cabeça pra trás, puxando sua nuca para beija-la novamente.
Ela acariciava toda extensão do meu membro e roçava o polegar na cabeça, arrancando gemidos baixos e roucos de mim, abri as pernas dela novamente entrando no meio delas, enquanto a mesma me acariciava agora um pouco mais forte. Ela tinha os lábio entreaberto, e eu beijei mesmo puxando seu lábio inferior iniciando outro e outro e outro beijo. Ela retirou as mãos de dentro da minha Box quando meus dedos encontraram seu sexo, empurrei um deles para dentro dela e ela gemeu baixinho na minha boca e quando empurrei o outro ela soltou um gemido alto parando o beijo e jogando a cabeça pra traz. Adorava ver ela assim... fiz um vai e vem lento enquanto beijava seus seios, colo, pescoço e boca novamente. Ela encostou a cabeça na minha colando nossas testas e gemeu bem baixinho mordendo os lábios enquanto dava leve reboladas contra os meus dedos..
— Amor.. – gemeu – Gui eu vou gozar.. – falou num sussurro.
— Não – retirei meus dedos dela com rapidez e abaixei a cueca puxando-a pelas coxas, abri um pouco mais as pernas dela e passei a cabeça do membro de cima para baixo e ela suspirou fechando os olhos – olha pra mim – ela abriu os olhos novamente e eu fui pra frente, entrando lentamente nela. Gememos juntos com a saudade – enrosca as pernas em mim – ela enroscou as pernas e eu a puxei novamente para mais perno, agora começando a me movimentar, bem devagar. Ela enterrou os rosto no meu pescoço enquanto eu me movimentava. – você me ama? – perguntei em uma voz rouca subindo e descendo as mãos na suas costas enquanto ela arranhava a minha e mordia meu ombro.
— M-Mais do que tudo no mundo – falou em um voz estrangulada e eu sai inteiro dela entrando com força – demais – gemeu alto e eu aumentei a investidas.
— Se eu for forte demais você avisa, tá? – ela assentiu e eu continuei rápido. Sai de dentro dela inteiro e depois voltava novamente, tocava uma musica no rádio que eu não sabia qual era, nunca havia escutado, só sei que era agitada, o que me dava mais e mais vontade da Anna. Que gemia descontrolada, o que me descontrolada muito mais. Soltei um grito rouco quando ela cravou as unhas nas minhas costas e mordeu com mais força o meu ombro... E eu já estava quase, quase lá. Sai de dentro dela e a peguei pela cintura, erguendo a e colocando ela em pé. Ela se inclinou cobre a pia e eu abracei a cintura dela, abrindo um pouco as pernas da mesma e voltando pra onde eu nunca deveria ter saído. Agora eu estava um pouco mais rápido, o que fez com que os gemidos dela aumentasse muito, muito mais. Desci a mão que estava na cintura dela e com o polegar comecei a fazer círculos pelos seus clitóris, ela jogou a cabeça traz aumentando os gemidos, gemia gostoso, bem gostoso no meu ouvido. Sai de dentro dela entrando com força agora, aumentei as investidas no seu clitóris e ela grunhiu rebolando devagar, bem devagar sobre o meu membro.
— G- Goza cooomigo a-amor – falei numa voz estrangulada e investi contra ela mais duas vezes, me libertando na terceira e sentindo o corpo dela se contrair ao redor do meu... – que saudade – falei beijando o ombro dela – eu te amo..
— Também, também amo você – falou em um sussurro e eu sai de dentro ela para vê-la..
...
— Relembrando o passado? –... hãn, quê? Isabel...Droga!
Flashback Off:
— Que susto garota – falei mal humorado. E ele se encostou na porta ao meu lado.
— Esse lugar tá igualzinho o que era antes. O que vai fazer com essas coisas quando os caseiros novos chegarem?
— Não sei. Não sei o que vou fazer com essas coisas, com as lembranças, com a saudade dela. – me virei pra Isabel – você ainda gosta do Richard? – ela me olhou surpresa.
— Eu gosto. Mas acho que nem em um milhão de anos eu trocaria o Marcelo por ele.
— Tá apaixonada mesmo?
— Apaixonada é pouco, eu to desfrutando de uma coisa tão boa Guilherme. – sorriu – ele é carinhoso, divertido. Se importa comigo.
— Engraçado. Eu faço tudo isso por você, e mesmo assim insiste em me odiar.
— Eu não te odeio Guilherme.
— Mas me desobedece, que é a mesma coisa. – ela riu – eu sei que as vezes sou mandão Isabel, que quero controlar a sua vida e mandar em você. Mas é que de tudo o que eu tenho, você é uma das coisas mais importantes. Eu prometi cuidar de vocês e fracassei.
— É claro que não fracassou. A gente só fracassa quando deixa de sentir, de querer. E quando você se importa, quando pega as chaves da casa aonde a sua namorada de infância morou e vem pra cá lembrar. É quando mostra que ainda tem coração e que realmente sabe como usá-lo. É quando volta a ser o meu irmão – ela sorriu e me abraçou de lado.
— Eu me sentia um nada quando via você chorando pelos cantos por causa do Richard, Bel. Ele era o meu melhor amigo, e magoou você, se magoou e eu não sabia o que fazer. Porque você não me deu espaço, não me deixou escolha.
— Sabe que hoje eu entendo você. Entendo os seus motivos pra me querer longe do Richard.
— Ah entende? – perguntei divertido e ela assentiu.
— Só queria me proteger e não te culpo. Eu senti a mesma coisa em relação a Anna. – a olhei confuso – de um lado eu tinha ela e do outro eu tinha você.
— Algum dia na sua vida, você imaginou me ver analisando um pedido de divorcio?
— Eu não imaginei ela pedindo uma coisa dessas pra você.
— Eu realmente quero que você dê certo com o Marcelo, quem sabe a gente pode até marcar de assistir uma corrida – sugeri – quem sabe até um jantar aqui pra você apresentá-lo formalmente como o seu namorado.
— Fala a verdade vai? – ela riu – estou matando e aliviando um terço dos teus problemas.
— Por que? – perguntei confuso. Mesmo sabendo o que ela ia dizer.
— Namorando o Marcelo você deixa de ter ciúmes da Anna com ele, e mantém o Richard afastado de mim. O que significa, menos ciúmes e menos lagrimas de Isabel pela casa. – ironizou me fazendo rir.
— Pode ser. – de dei ombros- Mas eu realmente to feliz por você. Só não inventa de sair enganchada naquela lambreta dele, ou de querer casar e se mudar para a África – ela gargalhou.
— Caraca, agora você mais do que exagerou Gui. – ela me soltou e entrou no banheiro abrindo os armários – eu juro que fiquei curiosa pra saber sobre as suas lembranças, mas considerando a sua cara de safado e oi comportamento que você e a Anna tinham – negou com a cabeça e se sentou na pia – tenho certeza que as lembranças eram um pouco pervertidas – assenti com ironia.
— Cansei de colocar ela em cima dessa pia Isabel – ela arregalou os olhos – de varias posições diferentes, uma melhor do que a outra e... – ela levantou uma das mãos.
— Poupe-me dos detalhes – desceu da pia – e então, temos que dar um jeito nisso aqui. – girou as mãos mostrando o lugar e eu dei de ombros – você deveria ligar pra ela, são fotos, lembranças. Coisas que acho que ela não iria querer se desfazer. Quem sabe você possa ligar pra ela, puxar assunto – sugeriu – dizer que a ama e que tá tendo uns flash backs com ela – ri – liga de madrugada, mulher fica sempre mexida quando o cara liga de madrugada, é como se ele tivesse tanta necessidade da falar com ela, que não pudesse esperar o dia amanhecer pra dizer. – ela falava como se eu precisasse de conselhos. Oh Bel..
— Eu liguei, diversas, centenas de vezes. Liguei até ficar irritado ao ponto de tacar meu telefone longe. Mas o telefone dela não chama, sei lá. Parece que trocou de numero, bloqueou o meu. Tudo tá tão confuso em relação a Anna. Parecemos estranhos.
— Então você não sabe? – neguei confuso – ela foi assaltada uns dias depois que saiu daqui, ficou um tempo sem telefone e no natal ela ganh.. – parou de falar – quer o numero dela? – desconversou.
— E você vai me passar assim, de boa? – ela negou e eu bufei irritado – o que mais você quer? Tem nem dois meses que te dei um carro Isabel, você compra roupas todos os dias e algumas outras futilidades. Vai me dizer que quer comprar uma moto igual a do seu Robin Hood.
— Robin Hood? – perguntou rindo e se aproximando, dei de ombros.
— Foi o primeiro nome que me veio a cabeça. E então, o que vai querer?
— Bom, eu vou querer a moto sim – a olhei irritado. Até parece que vou deixa-la sair por ai pilotando uma moto – só que a moto eu vou pagar com o meu dinheiro, dinheiro o qual eu vou trabalhar pra ganhar.
— Mesmo? – Ironizei – E pretende trabalhar do que? Porque pelo que sei, você não fotografa mais, não quer mais nada relacionado a moda. O que tenho que admitir, me deixou irritado. A sua faculdade na Itália me custou os olhos da cara. Mas tudo bem, seja lá o que for pedir, prometo pensar com atenção.
— Bom. Quero que me prometa sim, mas quero que prometa que não vai dizer não, não vai espernear, não vai querer me comandar e vai confiar em mim? – assenti receoso.
— Então, pede – ela deu um sorriso irônico – eu prometo – falei com desdém.
— Então tá – respirou fundo – Euquerotrabalharnaempresa.
— Você quer o que?
— Eu quero trabalhar na empresa!
— Não! – falei sério.
— Você tinha prometido. – falou irritada.
— Acabo de desprometer. Tudo menos isso Isabel. – não, nem em sonho.
— Essa palavra existe?
— ão me enrola. Eu disse não, e é não! – falei convicto.
— Eu não vou me aproximar dele, não vamos nem nos falar. – tentou argumentar. Mas eu surtaria em pensar na Isabel perto do Richard – Gui... – suspirou – eu sei que te dou trabalho, que as vezes faço burrada e que sou meio rebelde. Mas eu quero trabalhar, quero me sentir útil. Sabe quantas pessoas meu namorado atende por dia? – neguei – ele trabalha a beça e fala cheio de empolgação do trabalho dele e sabe o que eu tenho pra falar? – soltou um riso – do seu mal humor, a histeria da mamãe e em como é entediante viver comprando roupas. – eu não queria. Mas não tem nada no mundo que ela não peça com essa carinha linda que eu não faça. Sou um tonto quando o assunto é a Isabel. E o pior de tudo é que ela sabe.
— Passa o numero da Anna primeiro.. – ela abriu um sorriso.
— Tá falando sério? – assenti
— O numero – ela riu e pegou o telefone.
— Me dá o seu celular? – tirei do bolso e entreguei a ela – qual o nome?
— O nome dela ué.
— Pronto.. – me entregou o telefone – não diz que foi eu que passei. Porque ela ainda tá muito chateada com você, e também querendo manter distancia.
— Ás vezes eu não sei de que lado você está Isabel.
— Eu sofri muito Gui, eu estou do lado que mais sofre. Mas isso não quer dizer que eu não te ame e que você seja o melhor irmão do mundo – sorriu e abriu os braço pra me abraçar. Abracei a mesma e dei um beijo no topo de sua cabeça – quando eu começo maninho?
— Não sei, vou ver um lugar aonde eu possa encaixar você – ela se afastou pra me olhar – longe dele – assentiu – e também tenho que prepará-lo pra isso. – assentiu de novo.
— Você fecha a casa? To indo ver o Marcelo – assenti – brigada Gui, eu juro que você não vai se arrepender.
— Eu espero Isabel, juro que espero – ela me deu um monte de beijos no rosto e saiu saltitante pela porta. E eu sou um molenga mesmo, to até vendo a dor de cabeça que vai me dar Isabel perto do Richard...
[...]
A noite na hora do jantar, não tinha ninguém em casa, novamente sozinho. A Ruth até tentou me fazer companhia, mas não deu muito certo já que ela não se sente a vontade na mesa então jantei rápido e subi pro quarto. Rolei de um lado para o outro, minha cabeça estava a mil. E eu já não sei mais o que fazer, o que tentar ou o que dizer pra fazer com que as coisas melhorem. Queria ter o poder de fazer tudo voltar pro lugar, de trazer as pessoas de volta, queria concertar a minha vida. E quando dei por mim já havia ligado pra ela. queria ter perguntando coisas que realmente me interessam, se ela está se alimentando bem. O que faz durante o dia e como tá fazendo pra se virar sem mim, porque porra, eu não sei como ela consegue. E a saudade falou mais auto e acabei me vendo sentado na cama olhando o porta retrato dela implorando pra que ela voltasse pra mim. Idiota, é isso que eu sou idiota. Ela desconversou, falhou a voz, suspirou e desligou. Ela me amava, disso eu tinha certeza. Mas não me queria, talvez não agora, talvez tivesse outro alguém. E o meu maior medo era perder a Anna não pra ele, era perder a Anna pra menina. Tinha medo dela encontrar nela o que nós perdemos um ano atrás..
[...]
Já passava das meio dia. A Voz da Anna ecoava na minha cabeça e eu mal conseguia me concentrar em nada. Eu estava a beira da loucura, disso eu tinha certeza. Já era final de mês, tudo estava dando certo e como sempre eu tinha muito, muito trabalho a fazer.
— Aqui estão os balanceamos do mês e todo o lucro Sr. Lizarga. – A Rose disse e eu nem vi quando ela entrou estendendo uma papelada pra mim.
— Já mostrou pra Srta. Petrovick? – levantei a cabeça para olha-la, pegando o papel de suas mãos.
— Não, o senhor disse que queria ser o primeiro a conferir. – deu de ombros e eu assenti.
— Obrigado Rose. – acenei com a cabeça.
— Não há de que senhor.. – sorriu e logo se retirou.
Dei uma analisada nos papeis e porra, quase recuperamos o dinheiro do desfalque. Só mais alguns dias e tudo não irá passar de um pequeno contratempo. Não é que a maluca sabe mesmo fazer negocio? – sorri ao pensar – e eu julguei tanto a capacidade dela, a capacidade das mulheres em geral.. Acho que me enganei. Dei mais uma olhada nos papeis e fui levar pra senhora encren.. quer dizer, competência dar uma olhada. E ela tava diferente, sei lá, bonita. Já havia alguns dias que eu tinha reparado isso nela, não que eu esteja interessado, só acho que a julguei um pouco mal, na verdade muito mal. Estava gostando de trabalhar com ela. Incrível como ela em tão pouco tempo conseguiu mudar a maneira como eu pensava, na verdade eu estava intrigado com ela. Inteligente, bonita e solteira. Curiosa e cheia de mistérios, o interesse nela no Fontes me interessava, me interessava mesmo.
[...]
— Trabalhar aqui? – O Richard perguntou incrédulo – Cara, eu vou surtar! – Estávamos na minha sala e eu havia acabado de contar que a Isabel iria vir trabalhar conosco.
— Já prometi, sinto muito.
— Como é que você me coloca em uma fria dessas? Guilherme, eu não vou me concentrar cara. Eu não tenho preparo físico nem psicológico pra dar de cara com a Isabel nos corredores da empresa todos os dias. Eu vou surtar.
— Para de drama Richard, parece até mulher falando desse jeito.
— Diz pra ela que mudou de ideia, que não tem vaga. – falou desesperado – eu vou cometer uma loucura com ela aqui.
— Não vai. E eu não vou dizer nada – falei sério – ela me pediu, eu aceitei. E também acho que tá mais do que na hora de vocês pararem com isso, os dois são adultos. Você é casado e ela tem namorado. O passado ficou pra trás e tem que ser esquecido.
— Porra, super fácil. – falou irônico – vai me dizer o que? Que vai coloca-la como minha secretária também? Quer esfregar sangue na cara de vampiro? – continuou com o um tom irônico.
— Não. mas saiba que vou coloca-la aqui no andar de cima. Próximo a minha sala.
— Ou seja, do lado da minha sala. – falou desesperado.
— Não olhe para ela ué. – dei de ombros.
— Claro, ela é uma pessoa totalmente ignorável para mim. Não representa nada, não vou olha-la. Sou vou assinar tudo errado, retardar todos os processos e contas da empresa e detonar o meu casamento. – falou irônico e suspirou – Porra Guilherme, não é tudo que a Isabel pede que você tem que fazer.
— Ela é tão dona disso quanto eu. Até porque acho a Isabel inconsequente por eu tomar todas as dores dela, já tá mais do que na hora dela amadurecer e se virar sozinha. Ela me pediu isso, quer voltar a ser independente, Richard. E não é essa tua paixão mal recolhida que vai me fazer voltar atrás de algo que prometi a ela. – ele abaixou a cabeça – então, você consegue? – ele suspirou
— Não vou prometer nada. Mas vou tentar me manter afastado dela.
— Ótimo! Já está de bom tamanho para mim.
— Não me chamou aqui só pra isso, chamou? – neguei – então o que foi?
— O Fontes.. – me arrependi a dizer. Sabia que ele ia continuar tentando me fazer voltar atrás.
— Ainda isso?
— Eu não sou do tipo de homem que não termina o que começa.
— Guilherme o cara não tem culpa. – Falou pela milionésima vez.
— Problema dele, deveria ter pensado nisso antes de querê-la trabalhando pra ele. Eu to muito bonzinho, a Anna, ele e todos estão me achando um idiota.
— Esse teu orgulho não vale isso.. A Parceria é de anos, você pode quebrar a empresa dele em vários e vários lugares até desmoronar. Sem contar que vai quebrar a nossa, de modo a deixá-la torta. É besteira querer fazer isso, cravar uma briga com um empresário de porte tão grande como o dele. O teu ciúmes não vale isso.
— Tem coisas em jogo que valem muito mais do que a empresa ou qualquer outra coisa.
— Ela não vai voltar pra você desse jeito. Muito pelo contrario, ela só vai se aliar a ele mais e mais. – dei um soco na mesa.
— Ele vai pegar por isso Richard. Não se fura o olho de um amigo de tantos anos assim.
— Guilherme seja sensato. Ela estava precisando, ambos precisavam. A relação deles é profissional.
— É mais do que isso. Eu vi nos olhos dela, é muito mais do que somente uma relação igual a que eu mantenho com a Rose ou você mantém com a sua secretária, Richard. Ela tá deslumbrada com a menina, não dá pra explicar, eu senti isso.
— É só uma criança.
— Que é filha dele. – o lembrei – tá decidido, não vou voltar atrás.
— Ótimo! Em uma semana ela vai vir te procurar. Com um advogado pra pedir um divorcio litigioso – falou irônico.
— Eu sei o que faço – falei irritado.
— E é justamente isso que tenho medo.
— Ok. Não sou mais criança pra ficar ouvindo tuas broncas Richard. Não sou criança, e ainda sou dono disso tudo aqui. – me levantei.
— Aonde você vai? – perguntou confuso.
— Eu..
— Licença senhor – a Rose abriu um pouco a porta me interrompendo – a secretária da Srta. Petrovick pediu pra que eu chamasse o Sr. Binsfield com urgência.
— Urgência? – perguntou confuso.
— Sim senhor.
— Acho melhor você ir Richard. – ele me encarou irritado, levantando-se em seguida.
— A gente ainda não terminou essa conversa. – falou bravo – você sempre acha um jeito de desconversar e fazer besteira!
— Claro esposa – falei irônico – temos a noite inteira – sorri e vi a Rose abafando um riso. – Rose e Senhora Lizarga, se agora me dão licença eu tenho alguns assuntos a resolver.
Ajeitei a minha gravata e fui até a porta abrindo a mesma e indicando com a cabeça pra que eles saíssem. A Rose se apressou a sair e o Richard saiu logo em seguida com aquela mesma cara de mal humor. Sempre foi assim, a vida inteira ele foi o certinho que tentava me colocar na linha. Mas agora já chega, já chega de todo mundo palpitando na minha vida. To casando de ter tudo fora do meu controle, de deixar as coisas escaparem por entre os meus dedos. Peguei as chaves do carro e o celular em cima da mesa e desci para o estacionamento.. Alguém tinha explicação para me dar, ah se tinha..
Fim de narração.
Autor(a): Writer Sophi
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Miguel Fontes Narrando. — Um bolo? – perguntei divertido ao telefone com a Laura. Minha mesa estava ceia de trabalho. Mas não me importava, ela teve um jogo importante hoje e por uma reunião eu não pude estar lá, então eu faria o que ela quisesse pra poder recompensar essa ausência. Nem que eu passasse o dia intei ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 5
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annakarolliny Postado em 22/04/2016 - 13:26:22
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annakarolliny Postado em 22/04/2016 - 13:26:03
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annakarolliny Postado em 22/04/2016 - 13:24:40
Porque não postou mais ? É ótima ! Comecei minha leitura no orkut , só que você não postou mais lá e disse que iria postar aqui .. Desde então estou aguardando e até agora nada :(((
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laisse_florencia_da_cruz Postado em 21/10/2014 - 14:22:17
Web ótima...Mas pq não posta mais?? Abandonou???:/
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samanta_shulz Postado em 09/09/2014 - 20:44:28
uuuuuuuup