Fanfics Brasil - Capítulo - 03 Just a Kiss .. ♪

Fanfic: Just a Kiss .. ♪ | Tema: Just a Kiss .. ♪


Capítulo: Capítulo - 03

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Isabel Lizarga Narrando


 


Eu não desci pra tal janta, eu sou forte, guerreira, mas não o suficiente pra encarar o Richard com outra, jamais. Tomei um banho vesti um baby doll e sentei-me na cama pra terminar de ler o meu livro, estava distraída com a leitura quando dei de cara com alguém parado no pé da cama me olhando, de inicio levei um susto mais depois de alguns segundos o susto só piorou.


 


— Richard? – perguntei surpresa me levantando da cama com rapidez.


— Eu – sorriu – Desculpa entrar aqui sem pedir, mas a porta estava aberta e eu... não resisti – coçou a nuca sem jeito –  é que faz tempo que não te vejo que... – o interrompi.


— Sai do meu quarto – falei seca – sai, sai agora.


— Eu queria conversar com você.


— Mas eu não quero conversar com você, sai, por favor.


— Eu estava com saudades, muita, muita saudades... – suspirei.


— Pelo amor de Deus não me tortura assim – respirou fundo – não faz isso, não vem aqui e diz que sente minha falta, que tá com saudades, que não resistiu. – suspirei – só.. vai pro inferno com essas frases feitas.


— O que aconteceu com a gente, hein?


— É muita cara de pau mesmo – resmunguei. – Você matou a gente. Foi isso que aconteceu.


— E o sentimento, eu matei também?


— O seu primeiro, e logo em seguida o meu então, por favor, sai do meu quarto.


— Eu sinto tanto a sua falta. Pode parecer mentira  Bel, mas juro que não é.


— Para com isso! Você é casado, sua esposa está ai em baixo, vai embora.


— Sabe que eu tinha me esquecido de como você é linda? – ele ignorava tudo o que eu falava.


— Richard inferno, chega com isso – falei brava – sai, sai do meu quarto agora – me aproximei dele o empurrando até a porta – você não tem direito de entrar aqui e nem de dizer porcaria de nada, sai do meu quarto, sai da minha casa, sai da minha vida.


— Eu só queria ver você de novo, sei lá eu só queria... – parei de empurrá-lo quando chegamos a porta.


— Me destruir? Vir acabar com o pouco de equilíbrio que ainda me resta? É isso que você veio fazer aqui? – ele não respondeu – não obrigada, eu to bem demais sem você por perto então, por favor, volte pra onde estava e me esqueça. – praticamente implorei.


— Não queria que o que a gente teve virasse lembrança.


— Pois é exatamente isso que virou, uma lembrança. Lembrança muito boa, mas que virou passado.


— Isabel o que eu sinto por você...


— RICHARD – o chamaram e ele parou de falar – amor, cadê você? O Afonso e a Jaque estão se despedindo – fechei os olhos irritada – RICHARD VAMOS? – agora gritou.


— Sai daqui – pedi abrindo os olhos encarando os dele que estavam em uma azul escuro. – Sua esposa te espera. – ele passou as mãos no rosto irritado.


— Eu não quero que você sofra Bel, nunca quis que sofresse. – deixei uma maldita lagrima escapar.


— Sai – abri a porta – sai da minha vida – ele passou por mim atravessando a porta.


—  Eu...


 — Sai – gritei e ele me olhou com aqueles olhos brilhando e não pensei duas vezes em bater a porta com força a trancando em seguida.


 


Ele vem, vai embora, faz o que quer da minha vida e a noite tá lá, deitado ao lado de outra, construindo uma família com outra. Eu me encostei-me à porta e pude ouvir os dois, tapei os ouvidos e me deixei cair no chão. Eu nem ia conseguir mais ler o livro, eu estava com um nó e uma saudade imensa no peito e pensar que eu tinha tantos planos...


 


Inicio do On:


 


Estava distraída no meu quarto terminando de me vestir para o colégio quanto senti duas mãos me entrelaçarem a cintura, me virei assustada e antes mesmo de olhar eu soube quem era, somente pelo perfume, ele tinha um sorriso bobo nos lábios.


 


— Você tá maluco, e se te pegam aqui? – ele riu me abraçando apertado, colocou uma das mãos na minha nuca e puxou me rosto ao encontro do dele – Richard – repreendi


— Shiiiiii – sorriu e logo em seguida juntos nossos lábios. Parei o beijo com um selinho – a noite eu vou vir falar com o seu pai – sorriu – minha namorada. – Sussurrou.


— Tá falando sério?


— Ué, não quer mais ser minha namorada? – eu ri


— É claro que sim seu bobo – sorri –  mas e o Guilherme?


— A Anna prometeu ajudar – riu – só falta oficializar, e amanhã você já vai poder gritar ao mundo que é minha.


— Eu sempre fui sua, Richard. – falei séria.


— E eu sempre vou ser seu – sorriu segurando meu rosto com as mãos – eu te amo tanto Isabel, tanto – sussurrou.


— Eu também amo você. – lhe dei um selinho e quando ia virar beijo...


— Isabel? – o Richard bufou irritado – sua mãe tá esperando pra te levar ao colégio.


— Diz que  não tá se sentindo bem e fica aqui comigo. – ele me prensou na penteadeira e eu passei meus braços pelo seu pescoço.


— Vamos Isabel – gritou brava – e manda o Richard ir pra casa – ele revirou os olhos e eu ri, ela abriu a porta – se o Guilherme te pega aqui Richard, não sei nem qual é a loucura que ele é capaz de fazer.


— Poxa Ruth, você tem radar cara?


— Tenho um radar, um GPS e um chip, estalei uma vez na Isabel enquanto ela dormia e então passou a mão o alarme dispara e tia Ruth vem defender  a chapeuzinho vermelho do lobo mal.


— A gente só estava matando a saudade.


— Sei bem a saudade – falou irônica – agora vamos, pode ir se despedindo dele que você já está atrasada. Olhei pro Richard que continuava me abraçando e o mesmo tinha uma carinha triste – anda logo – falou brava e eu o beijei, e por mim o beijaria pela eternidade, mas a Ruth não deixou e separou a gente – vai senhor Richard, se não me engano o senhor tem faculdade para ir então não atrapalhe os estudos dela – falou puxando ele de mim.


— Poxa Ruth, na melhor parte? – ele falou enquanto ela o empurrava pra fora do quarto.


— Depois vocês namoram, agora não.


— Tchau amor – fez bico.


— Tchau – Acenei triste e a Ruth o empurrou pra fora do quarto fechando a porta em seguida.


— Meu Deus, vocês pioram a cada dia que passa – falou assustada – se eu não chegasse aqui sabe-se lá o que aconteceria.


— Eram só uns beijinhos Ruth, eram né? Você atrapalhou – revirei os olhos


ISABEL EU TE AMO – ele gritou do corredor e eu ri.


—  Viu Ruth, ele me ama – falei toda cheia de mim – me ama demais – ela revirou os olhos e pegou a minha mochila me puxando em seguida.


— Vem, vamos logo.


 


Flashback Off.


 


Eu não deveria lembrar, eu sei. Mas é que não sou dona dos meus pensamentos quando o assunto é o Richard. Desde que voltei eu nunca parei pra conversar com ele, pra saber porque acabou, na verdade pra saber o porque ele me deixou. Eu tinha medo da resposta, medo da verdade, porque já me doía o bastante saber que ele terminou comigo e logo se casou, como se eu não fosse voltar, como se eu não fosse nada e sei, doeria muito mais ouvir da boca dele que o que sente por ela foi tão forte que o fez largar tudo, enfrentar a mãe a família, e enterrar o nosso amor pra viver com ela, isso sim, doeria muito mais! Respirei fundo e levantei do chão, fui ao banheiro, lavei meu rosto e me joguei na cama me torturando com as malditas lembranças.


 


Fim de narração.


 


Guilherme Lizarga Narrando:


 


Todos foram embora e a Anna ainda não tinha entrado pra dentro de casa, e mais uma vez e a havia magoado, mais uma vez a culpa foi minha. Fiquei sentado no sofá esperando ela entrar pra conversarmos, não fui atrás dela porque como a Jaqueline disse, ela merecia um tempo sozinha, refletir, e eu achei melhor também. Minha mãe subiu para o quarto e logo voltou vestida em um hobby de seda cor de rosa.


 


— A sua esposa nunca vai aprender, não é? – perguntou parando em minha frente.


— Tá falando do que? – a olhei por cima entediado.


— Como é que sai correndo daquela maneira? E os convidados, são o que, cachorros? Porque foi isso que pareceu.


— Não acredito que vai implicar com ela.


— E você acha que ela agiu certo?


— Mãe ela perdeu um filho caramba – falei bravo – e acabou de descobrir que o assassino dele nunca vai poder ser encontrado.


— É claro que não vão encontrar assassino nenhum, o assassino é ela! – falou no mesmo tom que eu.


— Não diz isso, ela não teve culpa.


— Como não? Me diz o que uma mulher no nono mês de gestação vai fazer na rua, com um barrigão enorme? – riu sarcástica – eu acho que esse show todo dela é consciência pesada.


— Eu tenho bem mais culpa que ela, e você sabe disso.


—  Não, você não tem. Só agiu conforme o seu coração mandou, e por culpa dela. Porque se você passou por tudo isso, a culpa é dela.


— A culpa não é de ninguém mãe, para de falar isso.


—  Você é ingênuo demais pra ver maldade nela.


— Ingênuo eu? – ri – eu não quero saber de você chamando a Anna de assassina mãe, na verdade eu ando achando que essas crises repentinas dela se culpando são sua culpa.


— Minha? Ela mata o filho e a culpa é minha? – perguntou incrédula.


— Não adianta tentar conversar com você né? Para de falar mal da minha esposa, e eu juro que se descobrir que anda colocando coisas na cabeça dela eu vou ficar muito, mas muito decepcionado com você.


— E a culpa agora é minha? Ela fica maluca, sai do nada correndo, deixa os convidados aqui e a culpa é minha?


— Eu não disse isso – falei irritado.


— Você disse sim, o que, ela é tão boa assim que a sua mãe já não vale nada? Deixei de ter significado pra você, é isso? – me levantei – aonde você vai? Eu não terminei.


— Eu vou deitar um pouco, estou sem paciência – fui em direção a escada.


— Guilherme eu sou sua mãe... Volta aqui Guilherme – me gritou e eu ignorei subindo em seguida.


 


Entrei no meu quarto e me joguei na cama, minha cabeça tava a mil, problemas com a empresa, a morte do meu filho, meu casamento que anda de mal a pior, as loucuras da minha mãe, a rebeldia da Isabel, eu vou enlouquecer.


O vento batia forte na janela, já estava tarde e ela ainda não tinha entrado. E nem estava preocupado com isso, estava preocupado pelo fato dela estar lá fora com o vento e o frio que estava fazendo. Levantei-me da cama e fui atrás dela, se queria um tempo pra pensar já teve tempo o suficiente. Desci as escadas e ela não estava na sala, abri a porta da frente e estava um frio terrível, passei meus olhos por todo o jardim e a encontrei sentada olhando pro nada, fechei a porta e fui até ela.


 


— Anna...


— Oi Gui – respondeu calma, estranhei.


— Tá tudo bem, quer conversar? – ela apenas negou e eu me sentei ao seu lado.


— Sua mãe deve estar me odiando né? Não fiz a sala pros convidados, me desculpe. – falou ainda encarando o nada.


— Você teve motivos e eu... – me interrompeu.


— Não quero falar disso.


— Eu ia contar, eu juro que ia, mas você estava tão fragilizada.


— E então preferiu mentir? – ela me olhou


— Eu não menti.


— Mas omitiu a verdade, o que dá na mesma – suspirou – eu tenho medo Guilherme, tenho muito medo de descobrir coisas sobre você, coisas que você esconde, e a cada revelação eu sinto que te conheço menos.


— Tá querendo dizer que não confia mais em mim?


— Não, estou querendo dizer que tenho medo de não confiar mais.


— Isso não vai acontecer, porque desde de que você chegou aqui nessa casa e roubou meu coração a  única coisa que eu tenho feito e me desdobrar em dois pra te ver sorrir.


— Esse é o problema, do que adianta sorrir agora e amanhã ou depois chorar? Mentiras doem muito mais do que verdades Gui, e eu sou forte o suficiente pra aguentar.


— Mas eu não, entende que dói ver você sofrer Anna? – perguntei irritado.


— Dói mais em mim, acredite!


— Vamos entrar vai, tá frio aqui fora.


— Será que algum dia eu vou te ver arrependido de algo? – me ignorou.


— Agora – ela me olhou – to morrendo de frio e to super arrependido de ter saído somente com esse suéter fino – ela riu – vamo entrar vai, nossa cama tá gelada sem você. – me levantei e estendi a mão pra ela que demorou, mas segurou a mesma. – serio que não está com frio? – ela me abraçou apertado.


— Me esquenta? – sussurrou baixinho e eu ri.


— Esquento, na nossa cama.


 


Ela desfez o abraço e eu a peguei no colo, no nosso maior estilo recém-casados. Ela até soltava alguns risos, mas eu sabia que por dentro não era bem assim.


Entramos no quarto e nos trocamos para dormir. Deitei na cama e ela deitou logo em seguida em cima do meu peito, estava calada, distante, não puxou assunto e eu sabia que não estávamos bem, só estávamos fingindo que sim. Ela adormeceu logo em seguida comigo fazendo carinho nos seus cabelos e não demorou muito pra que eu adormecesse também.


 


Fim de Narração.


 


Anna Lizarga Narrando:


 


Uma semana depois...


 


— Então você é a Anna? – uma mulher muito simpática perguntou, seu cabelo era negro bem negro e sua roupa era tão clara que quase me cegou.


—  Sim – sorri – Anna Oliveira Lizarga. – respondi.


— Prazer, meu nome é Celina, sou enfermeira chefe – sorriu simpática – O Marcelo disse que você viria, espero que goste de crianças, e adultos como crianças.


— Então eu passei? – ela riu


— Você já tinha passado no momento em que o Marcelo te indicou. Mas devo lhe informar que o salário não é tão alto. – assenti.


— Eu não me importo com isso.


— Então você será perfeita, queira me acompanhar – se levantou e eu a segui.


 


Devem estar se perguntando o que e o porque, né? Bom, o porque é por mim, e o que é, estou sim no hospital que o Marcelo me indicou e não, o Guilherme não sabe. Eu sai logo após ele, e pretendo voltar um pouco antes então, ele não vai desconfiar de nada, pelo menos até a enfermeira a quem estou substituindo voltar. Segui a enfermeira pelos enorme corredores coloridos, aqui como ela mesma disse, só se atende bebês, crianças e idosos. Havia algum lugar no mundo aonde eu pudesse distrair a cabeça e encontrar sinceridade? É acho que não.


Passei o dia inteiro aprendendo as coisas que a Celina me ensinava, ela era japonesa e muito mais muito divertida. Ela me chamou para ir na sala de vacinação, eu ficaria ali por algum tempo, era semana de vacinação então estava cheio de crianças, quer dizer, de bebês, uma mais lindo do que o outro, mais eu boba pensei que elas dariam gotinhas e não, eram injeção mesmo, e a cada choro deles eu queria chorar junto. Entrou uma mulher super linda na sala, segurando um bebê mais lindo ainda que ela. A mesma parou de frente com a Celina.


 


— Que bebê lindo – comentei – é seu?


— É sim – sorriu – esperei muito por ele – comentou feliz da vida.


— Oi lindo – segurei na mãozinha dele que riu – como é nome dele? – perguntei a mãe dele.


— Luís Gustavo – senti um nó na garganta e sorri torto.


— Lindo nome. – Suspirei.


— Lindo igual ao bebê – a Celina disse checando a carteira de vacinação dele – pode colocar ele aqui – falou pra mãe do Luís – Anna – a olhei – já está tarde, você nem almoçou ainda, não quer ir para casa?


—  Mas ainda são duas da tarde.


—  Tire o dia como experiência, você foi ótima. – sorri pra ela.


— Obrigada, mas eu... – meu celular tocou – com licença – falei e ela assentiu.


 


Sai da sala e fui para um corredor afastado, peguei o telefone dentro do bolso e era o Guilherme, atendi.


 


— Oi – Falei rápido.


— Aonde você tá? – perguntou frio, na verdade diria que irritado.


— É... to no shopping. P0r quê?


— Liguei em casa e você não estava, estranhei. – explicou.


— É que eu estava entediada e resolvi sair um pouco. –  menti.


— Está em que Shopping? Aquele aqui perto da empresa?


— Esses mesmo.


— Já almoçou?


— Não, é que fiquei tão distraída em uma loja de sapatos que nem senti fome.


— Então vem almoçar comigo.


— Aonde você tá?


— Estou na empresa. E tive uma reunião e até agora não almocei.


— Entendi.


— Então te encontro no restaurante do shopping em 20 minutos, pode ser?


— Qual deles amor?


— O de comida italiana, aquele de sempre.


— Então tá, em vinte minutos.


— Te espero então, um beijo.


—  Outro – desliguei.


 


E agora? Fui até a sala da Celina e ela me liberou, quer dizer já tinha liberado só fui me despedir mesmo. Fui até o estacionamento do hospital o mais rápido possível, o Shopping ficava a 18 minutos do hospital, ou seja eu teria 3 minutos para encontrar o Guilherme no restaurante italiano e não esboçar reação nenhuma que demonstre que estou trabalhando em uma serviço indicado pelo Celo. Estava um transito terrível e eu não tenho o hábito de correr, na verdade, eu sou meia ruim no volante. Ganhei o carro de presente do Guilherme, mas raramente saia com ele. Quando cheguei no shopping eu já estava a 9 minutos atrasada, acho que subi correndo a escada rolante, entrei no restaurante e o procurei com os olhos, ele estava sentado em uma mesa olhando o relógio, ele odiava atrasos.


 


— Oi amor – ele me olhou e suspirou.


— Oi meu amor – se levantou e me deu um selinho – pensei que não vinha mais –  puxou a cadeira pra que eu sentasse.


— Desculpa o atraso, passei por uma loja e fiquei impressionada com uma vitrine. – me sentei.


— Tudo bem, acho que eu que cheguei cedo demais. – sorriu e deu a volta, se sentando novamente – e então, fez muitas compras?


— Hãn?


— Você disse que estava em uma loja de sapatos.


— Há claro – sorri – não, eu não comprei nada.


— Por quê? – perguntou desconfiado.


— Esqueci o cartão em casa, outro dia eu passo aqui e compro. – dei de ombros


— Claro que não, quando a gente terminar o almoço eu vou com você até a loja e compro o sapato, ainda estou te devendo um vestido, não é?


— Não amor, não precisa.


— Claro que precisa, quero te ver linda. – sorriu – e então, o que vamos comer?


— Pode escolher. Eu como o que você pedir.


— Vou me aproveitar disso. – ri


— Bobo.


 


Conversamos o almoço inteiro sobre diversas coisas e quando terminamos ele fez questão de me levar até a loja pra comprar o tal sapato, na verdade ele me fez comprar sapatos e diversos vestidos, todos os que via e achava bonito cismava que iriam ficar bem em mim e acabava comprando. E de uma coisa eu tenho certeza, a Isabel me mataria quando soubesse que fiz compras sem ela. Tomamos sorvete, como sempre eu pedia dois Milk shake, um de morango e outro de chocolate. Ele nunca comia o dele, na verdade ficava rindo enquanto me via comer o dele e o meu, já era mania desde quando namorávamos eu sempre fazia isso e ficava horas escutando ele reclamar dizendo que comia feito criança, coisa que convenhamos, não mudou muito.


 


— Te espero em casa? – Eu estava abraçada a ele com os braços em seu pescoço, encostada no meu carro.


— E onde mais me esperaria? – ri – prometo chegar mais cedo hoje. – Ele tava tão fofo que eu estava me sentindo uma bruxa por mentir pra ele.


— Eu vou esperar. – rocei nosso narizes.


— To morrendo de saudade – falou sério – preciso muito de você hoje.


— Eu também. – Lhe dei um selinho – obrigada pelos presentes.


— Não é nem metade do que quero te dar – sorriu e me beijou, encerrei com dois selinhos – te vejo a noite então? – selinho.


— Sim.


— Então até lá – me deu um beijo rápido e me soltou – Caipira Linda – falou divertido e eu revirei os olhos irritada, entrei no carro e dei partida no mesmo, acenei pra ela que sorriu acenando de volta. Olhei no retrovisor até perde-lo de vista, lindo.


 


 


Cheguei em casa e a Verônica estava na sala, com um monte de velhas que deveriam ser chatas igual a ela. subi direto pro quarto com as minhas diversas sacolas, e assim que entrei Isabel entrou em seguida e quase teve um troço quando viu minhas sacolas, joguei a culpa todo em cima do Guilherme e ela me perdoou, contei da minha corrida contra o tempo e a mesma riu muito. A Isabel sabia de tudo, mais tinha prometido não contar nada. ela também me falou de estar pensando em voltar pra Milão, mais eu quase implorei pra que ela ficasse, então não teve outra escolha a não ser tentar ignorar o Richard e ficar comigo. Quando a noite caiu ela saiu do quarto, disse que tinha mais um dos seus encontros diários, com outra garoto, eu ri né, acho hilária essa maneira dela de esquecer.


Guardei os vestidos e quando terminei já estava escuro, então fui tomar um banho, entrei no banheiro e estava distraída no meu banho quando senti duas mãos fortes me segurarem a cintura com força. Ele afastou meu cabelo pro lado e encheu meu pescoço de beijos...


 


— Gui – suspirei.


— Sentiu saudades? – Sussurrou no meu ouvido, numa voz rouca.


— Não faz ideia do quanto.


 


 Falei em um sussurro e pude sentir a sua ereção rígida em minhas costas. E Deus, onde fica todo o meu alto controle quando ele se aproxima de mim? O mesmo me virou pra ele e começou um beijo pra lá de quente, enquanto passeava suas mãos pelo meu corpo me juntando cada vez mais a ele, como se fosse possível. E era tão bom me sentir dele, eu nunca fui de ter muitas pessoas na vida, mas se pudesse escolher um rosto pra ver durante a eternidade, com toda certeza do mundo esse rosto seria o dele, do meu marido, do meu Guilherme.


 


Depois do nosso banho, quer dizer, o banho que tomamos depois de satisfazer ambas as vontades, saímos enrolados na mesma toalha e ele fez questão de me secar, cheio de mãos bobas dizendo o quão inocente eu parecia perto dos pensamentos que ele tinha quando me via assim, nua. Nos vestimos e descemos para jantar e pela primeira vez na vida a Veronica não implicou com nada, quer dizer, só ficou perguntando aonde eu passei o dia inteiro, parecia provocativa, mas eu tentei responder o mais normal possível. A noite, quando nos deitamos na cama, ele me abraçou com força dizendo o quanto me amava, não demorou para que eu dormisse.


 


Fim de Narração.


 


 


1 Mês depois...


 


— Ele falou com você sobre isso? – Cristine perguntou interessada ao telefone com o amante, ou devo dizer cúmplice?


— Falar ele falou, acho que tá desconfiado dela, que a mesma esteja o traindo.


— Aleluia a santinha mostrou as garras – comemorou.


— Mostrou as garras?  - riu sarcástico – Você acha mesmo que ela o trairia?


— E por que não? O Guilherme é um chato, além de chato é frio. Se bem que a conta bancaria dele deixa qualquer homem por mais frio que seja quente, né? Vira um vulcão – riu. — Ela jamais o traia –  falou convicto.


— Ah não Marcos, e porque acha isso?


— Por um motivo simples, ela não é V.O.C.Ê – falou pausadamente.


— Por isso mesmo, ela é tonta demais pra se parecer comigo. – Ele riu sarcástico.


— Eu desisto de te fazer entender que ela é melhor, mas... O que pretende fazer?


— Armar um flagrante – falou animada.


— Quantas vezes tenho que te dizer, sua burra, ela não o trai! Não sei o que faz quando sai de casa todos os dias, mais tenho certeza que ela não o trai.


— Se ela não trai ele o que é que vamos fazer então?


— Agir ué?


— Como?


— Eu de um lado e você de outro – ela bufou irritada, talvez por nunca entender o que ele pretende – você é sempre burra assim? Sinceramente eu não sei aonde eu estava com a cabeça quando me envolvi com você.


— No mesmo lugar que estava quando se casou com a Natalia e se apaixonou pela xucra de Minas.


— A inveja ainda vai destruir você – riu – mais não é sobre isso que quero falar.


— Então fala inferno – falou brava – a minha língua, por favor. – ele revirou os olhos irritado, mesmo sabendo que ela não veria.


— Vá para a casa da Verônica, veja a hora que ela chega, me diz como chega.


— Só isso? E você, não vai fazer nada?


— Estou colhendo informações com o Guilherme, toda vez que liga pra casa e não encontra a minha Anna, fica irritado e acaba falando o que devia e o que não devia.


— E o que isso vai ajudar a gente?


— Vai fazer o que estou mandando? – perguntou impaciente.


— Espero que dessa vez dê certo, não aguento mais ficar sentada esperando.


— Você vai ser recompensada por tudo, prometo. – Ela riu.


— Aninha xucrinha que me aguarde, estou voltando pra pegar o que é meu – riu – E quando eu for a Senhora Lizarga, ai sim você vai poder fazer o que quiser com ela.


— Acredite, eu tenho muito pra fazer com ela – riram.


 


E enquanto uns tentam destruir a felicidade dos outros, Miguel apreciava a filha, que a cada dia se parecia mais com ela, inferno. Como a filha lembrava ela, parecia até castigo.


 


— Vamos papai? –pedia a menina pulando em cima da cama-


— Aonde meu anjo?


— Na praia, vamos passear no calçadão e tomar água de coco.


— Princesa, linda do papai.


— Não papai. –ela parou e cruzou os braços- Você disse que faria o que eu queria.


— Ok, a gente vai.


— Sério?


— Sério, mas tira esse bico daí. Quero um sorriso, um sorriso bem bonito. – A menina sorriu para o pai, Miguel calçou um tênis e Laura já estava arrumada, eles saíram de casa e entraram no carro, Miguel deu partida e não demorou pra que ele estacionasse em uma vaga ali mesmo na praia, ele desceu do carro e segurou na mão da filha, atravessaram a rua. — Naquele ali papai. – A Menina apontou pro quiosque e foi correndo, Miguel já era conhecido ali, então não tinha problema, desde novo ele ia aquele quiosque, ele chegou perto da filha, cumprimentou um dos garçons e ele lhe deu a água de coco, Miguel levou Laura pro “deque” que tinha ali e sentou-se no com ela, que pegou o coco da mão do pai e ficou batendo os pezinhos olhando o mar.  – Olha papai, o sol tá indo embora. – Era fim de tarde, e o sol em mais um de seus espetáculos estava de pondo pra dar lugar a Lua.


— É princesa, ele está indo embora. –ele disse um tanto quanto cabisbaixo-


— O que foi papai, tá triste?


— Não meu amor. –ele deu um sorriso de canto-


— Porque o sol vai embora papai?


— Porque agora é a hora da Lua aparecer.


— Eu gosto da lua.


— Por quê?


— Porque...


— Fala princesa.


— Porque ela é rodeada de estrelinhas que brilham.


— É verdade. –disse rindo e passando a mão no rosto da pequena-


— Vamos pra areia?


— Filha!


— Por favor, papai. –ela disse fazendo beicinho-


— Só um pouquinho. –  A menina tirou a sandália que usava e colocou em cima do banquinho, Miguel tirou ela dali colocando-a  no chão e ela saiu correndo em direção a areia, que logo caiu, ele deu um largo sorriso, era bom ver a filha daquele jeito, feliz, se divertindo. – Ela é tão parecida contigo.  – Ele disse baixo pra si mesmo, a menina o chamou com a mão e ele também tirou o tênis e foi correndo em direção a filha, pegou-a no colo e a girou no ar, Laura dava gargalhadas. Miguel colocou a menina no chão e sentou-se na areia, Laura foi correndo pra beira da água e ali ela ficou brincando, Miguel sorriu olhando a filha. – Como está crescendo rápido, até ontem era apenas um bebezinho tão indefeso e agora já está virando uma mocinha.


A  menina olhou pra Miguel e veio correndo trazendo um pouquinho de água nas suas pequenas mãos e jogou no pai e voltou correndo pra perto da água, Miguel sorriu deitando-se na areia e fechou os olhos, e foi naquele momento que seus pensamentos o levou pra alguns anos atrás como se fosse uma maquina do tempo.


 


Flashback On:


 


— Não amor, não me molha. – Era Miguel falando a sua namorada, ela repetia a mesma cena que Laura havia acabado de fazer, Tati correndo até a beira do mar, pegou um punhado de água e foi correndo até a direção de Miguel molhando-o


—  Levanta, ou eu vou te molhar mais.


— Amor, eu to cansado.  – choramingou.


— Cansado de que Miguel? –ela disse brava e cruzou os braços- Cansado de mim? Só pode ser, porque você não fez nada o dia inteiro.


— Deixa de ser manhosa. –disse levantando e indo atrás dela-


Vamos embora, agora eu não quero mais. – ela começou a andar e Miguel ficou olhando-a incrédulo-


— Não, não vamos embora. –disse indo atrás de Tati e abraçando-a, mais a menina empurrou ele e saiu correndo, o que acabou virando uma brincadeira de pega-pega, Tati corria pela praia com Miguel atrás dela, assim que o rapaz cansou de correr, ele apertou o passos e segurou Tati pela cintura fazendo com que os dois caíssem na areia, ele por cima dela, ele lhe deu um selinho.


Eu nunca vou me cansar de você.


Promete que nunca vai desistir de mim?


— Prometo que nunca vou deixar de te amar.


— Vai ser pra sempre não vai?


— Pra sempre meu amor. – eles iniciaram um beijo que logo foi interrompido por Tati, ela fez com que Miguel deitasse na areia, e ela deitou-se em seu peito e ali, deitados na areia da praia, eles viram a lua nascer e o tom alaranjado dar lugar ao tom escuro, e alguma estrelas já apareciam.


— Eu vou te amar, até o dia que a lua não aparecer mais.


— Eu vou te amar, até quando eu virar uma estrela.


— Toda vez que eu olhar pro céu eu vou lembrar de você.


— E a estrela mais brilhante, vai ser eu piscando pra você.


 


Flashback Off:


 


—  Papai? - Miguel olhou-a- Você tá chorando?


—  Não minha filha, vou a areia que entrou nos meus olhos.


—  Deixa eu assoprar.


—  Não precisa, vamos embora?


— Posso tomar um sorvete?


— Pode.                                         


—  Então vamos.


 


 Miguel e Laura calçaram seus sapatos e foram rumo a sorveteria, Miguel comprou o sorvete pra filha e voltaram pro carro, entraram no mesmo e foram pra casa. Assim que Miguel entrou em seu quarto, ele jogou-se na cama. O que era pra ser um passeio saudável com a filha, acabou trazendo a tona sentimentos de saudade, saudade de uma pessoa que Miguel nunca mais viu na sua vida, perdidos em seus pensamentos, ele acabou pegando no sono ali mesmo, e do jeito que estava.


 


 


Guilherme  Lizarga Narrando:


 


— Como assim não está em casa? – perguntei bravo, ao telefone com a Isabel – pra onde ela foi?


— Ela foi... – gaguejou – ela saiu ué.


— Como que ela sai e não avisa pra onde?


— Já ligou no celular dela?


— Não, eu estou ligando pra casa que é aonde ela deveria estar.


— Ei, não desconta em mim porque eu não fiz nada. – se defendeu.


— Quando ela chegar, se chegar – ironizei – manda ela me ligar, entendeu?


— Eu não sou sua empregada Guilherme.


— Custa você avisar inferno?


— Tá eu aviso, mas acho que esse seu desespero é à toa, porque ela nem deve ta fazendo nada demais. – falou como se fosse obvio.


— Há claro, você sabe de alguma coisa, né?


— Eu? Claro que não Guilherme, não viaja.


— Avisa pra sua amiguinha, que a noite a gente vai ter uma conversa muito, mais muito séria. E ai de você se tiver escondendo algo de mim Isabel, ai de você... – ameacei.


— Eu não tenho medo as suas ameaças.


— Pois deveria ter, eu estou de saco cheio dos seus segredinhos.


— Se  a sua mulher não confia o suficiente em você pra te contar as coisas, que culpa tenho eu?


— Culpa de ser cúmplice dela, eu juro Isabel, se eu descobrir um tiquinho assim, muita coisa vai mudar, tá me entendendo?


—  Estou te entendendo, mas não tem motivo.


— Eu espero – desliguei.


 


Assim que desliguei o telefone bateram na porta. Não respondi, então entraram, nem fiz questão de ver quem era.


 


— Posso entrar? – o Marcos perguntou, dei de ombros.


— Já não está dentro? Porque pergunta?


— Ei mal humor. – se sentou


— Não estou mal humorado, só não estou com paciência para perguntas idiotas hoje.


— Que bicho te mordeu, hein? – bufei irritado.


— Casamento – falei após um tempo – se eu soubesse que é esse fardo, eu jamais teria me casado.


— Ainda com aquela história da Anna?


— Ela vai me enlouquecer – falei apertando freneticamente a caneta – ela sai todos os dias, no mesmo horário e nunca me diz aonde vai.


— E você não vai atrás dela? Pra saber aonde vai?


— Eu até iria, mas acho que a minha vergonha na cara ou talvez esse maldito medo infantil, esteja me bloqueando. – ele riu


— Te bloqueando do que cara? Ainda insiste nisso de traição?


— É a única resposta obvia, é quase uma certeza – lamentei.


— Porque, ela te ignora?


— Não, não me ignora, muito pelo contrario, é carinhosa, atenciosa, mas não é a mesma de antes! Vive cansada e as vezes aparece com coisas diferentes.


— Diferentes como? – perguntou interessado.


— Tá interessado demais na minha vida, hein Marcos?


— Depois não está mal humorado – riu – eu estou querendo te ajudar cara, se quiser minha ajuda, claro. E então, começou termina, que coisas diferentes? – respirei fundo.


— Ah caralh.o, coisas diferentes, anda mais alegre. Fala de criança o tempo inteiro, mas se nega a me dar um filho. Acredita que apareceu com um buque de flores esses dias?


— Um buque? – perguntou assustado.


— Ela disse que passou em frente ao uma floricultura e resolveu comprar, mas eu sei que é mentira. Ela não sabe mentir. E se contar que vive dizendo que vai ao shopping, mas o cartão de credito dela continua intacto, não faz nenhum saque de dinheiro, não chega com nada novo.


— E você acha que ela esteja se encontrando com outro? – assenti – talvez esteja cara – o olhei assustado – a Anna casou cedo, na verdade ela te namora desde menina, talvez esteja procurando uma diversão.


— Eu também namoro a Anna desde de menino, e não quero e nem pretendo buscar distrações em outras mulheres. Não tem justificativa!


— Ah meu amigo, vamos combinar que você nunca foi santo. Já cansou de trair a Anna, inúmeras vezes.


— Não éramos casados. E não foram traições, eram casos de uma noite, mas não passaram disso.


— Mas foram, talvez seja isso que ela procura, casos de uma noite – riu – relaxa cara, ela não vai largar você.


— Eu não sei porque ainda conto as coisas pra você Marcos, parece que bota mais lenha na fogueira.


— Mas veja pelo lado bom, sou o único aqui que vai te dizer as verdade, sou seu amigo cara – sorriu – e então, tenho que ir – se levantou – ainda tenho que passar em casa.


— Passar em casa? – estranhei.


— Natalia me ligou, aconteceu um imprevisto.


— No horário do expediente?


— Sabe como é né? – se virou para sair.


— Marcos – o chamei e ele se virou – que não aconteçam mais imprevistos, você é meu amigo, mas ainda é meu funcionário, não se esqueça disso. – avisei.


— Não esquecerei – piscou e saiu.


 


O Marcos era até legal, mis ele sempre foi muito invejoso, preguiçoso, desde de pequenos ele nunca estava feliz com o que tinha, sempre queria o que não podia ter, teve até uma época que peguei ele dando em cima da Anna, um ou duas vezes. Mas não éramos namorados, a gente ficava, mas não era nada serio e então, ele se aproveitava disso. Ela me jurou que jamais teve nada com ele, e confesso que isso me deixou preocupado, pois como eu disse ele gosta do que não pode ter e não sei o que faço com ele se si quer pensar em colocar os olhos em cima da Anna. Anna que é minha, ou era, não sei. Meu corpo inteiro ferve só de imaginar ela com outro, e não sei quais loucuras sou capaz de fazer se de fato estiver acontecendo algo. Passei o dia inteiro mal humorado, não me desceu absolutamente nada, estava sem fome. Fui pra casa voando e quando cheguei minha mãe estava na sala, com a Cristine. E eu juro que procuro entender porque essa insistência delas.


 


— Meu amor – Cristine sorriu quando me viu – como foi o trabalho? – sínica


— Como se você entendesse o que essa palavra significa. – falei grosso.


— Que mal humor – sorriu maliciosa – você não era assim...


— Talvez não me conhece-se, com licença – falei indo em direção a escada pra me retirar da sala.


—  Guilherme – chamou e eu a olhei –  o que te deu pra falar assim com as visitas?


— A Anna tá ai?


— Tá respondida a minha pergunta, Anna, sempre Anna – falou irônica.


— Por favor, não quero ser grosso com você.


—  Isso é o de menos, você anda sendo tanta coisa comigo.


— Mãe, por favor – pedi impaciente.


— Comigo você não anda sendo nada Gui – riu.


— Sua maluca – falei sério e subi em seguida, deixando as duas lá em baixo conversando sobre algo que eu realmente não queria saber.


 


Entrei no quarto e aparentemente estava vazio, pronto, ela não estava em Casa de novo. Escutei o barulho do chuveiro e imaginei que fosse ela tomando banho, me sentei na cama e fiquei até aliviado, não demorou muito pra que a mesma saísse do banheiro enrolada na toalha, distraída.


 


— Oi amor – falou animada assim que me viu – como foi seu dia? – perguntou entrando dentro do closet e eu não respondi – sabe, hoje eu pedi pra que a Ruth fizesse lasanha, sei o quanto gosta e faz tempo que a gente não come nada, um pouco menos sofisticado – não respondi – Amor, tá escutando? – não respondi e ela saiu de dentro do closet com um vestido branco bem soltinho e os cabelos enrolados na toalha – amor que foi? – se aproximou e parou em minha frente – tá tão calado, aconteceu alguma coisa? – levantou meu rosto para que eu a olhasse – Não quer con... – a interrompi


— Aonde você estava, Anna? – perguntei calmo, porem sério.


—  Ué, tomando banho – falou como se fosse obvio.


— Não estou falando disso, aonde você estava o dia inteiro? – perguntei bravo tirando as mãos dela do meu rosto.


— Eu sai – me levantei.


— Saiu? É mesmo? Você mal gostava de sair e agora todo dia quer sair? Porque será querida? Melhor, porque você não avisa o idiota aqui? – perguntei irônico – ata, avisar pra que né? Você não deve satisfações da sua vida pra ninguém, esqueci meu amor, minha memória anda fraca.


— Guilherme eu só sai pra passear um pouco, pra distrair a cabeça pra...


— Mentirosa! – A acusei – você Anna é uma mentirosa. – ela me olhou incrédula – o que? Não vem me olhando com essa cara não, porque eu estou certo e você errada, como sempre!


— Mas eu não fiz nada demais...


— Então porque não conta aonde vai Anna?


— Eu já disse, eu sai. – passei as mãos no rosto irritado. – eu juro pra você.


— Quem jura mente. – gritei bravo.


— Mas eu não estou mentindo caramba, eu não fiz nada demais.


— Eu não acredito em você Anna, vive cheia de segredos com a Isabel. O que foi? Já não sou suficiente pra você?


— Quê? – me olhou assustada – você não tá pensando que eu...


— Estou Anna, eu estou pensando, estou imaginando, na verdade eu estou quase vendo.


— Guilherme não...


— Não porque? Você tem me dado motivos, vários motivos.


— Mentira, eu nunca te dei motivos pra você pensar que eu... esteja te traindo, isso é baixo, é sujo.


— Isso é você quem tá dizendo. Porque eu me desdobro em dois pra ser um bom marido – ela soltou uma risadinha sarcástica – eu faço tudo por você e nem um filho você quer me dar.


— Eu não acredito que você tá jogando isso na minha cara. Você disse que esperaria, que me entendia...


— E eu esperei, te entendo e estou jogando na sua cara sim. Porque tenho que parar pra pensar em mim também, já que você agora deu pra esconder as coisas.


— Eu não estou fazendo nada.


— Então prova Anna. – ela abaixou a cabeça como se não soubesse o que dizer – era só isso que eu precisava – respirei fundo – hoje eu durmo no quarto de hospedes.


— Mas...


— Mas nada Anna, enquanto não puder me provar ao contrario, eu não me deito com você.


— Mas eu não fiz nada. – falou chorosa.


— Eu espero que a minha mãe esteja errada sobre todas as acusações sobre você Anna, mais essa decepção, eu não aguento.


— Guilherme...


— Boa noite. – falei frio e sai do quarto.


 


Fui direto pro quarto de hospedes, minha cabeça estava a mil e minha consciência então? Nem se fala. Tomei um banho e desci pra jantar e já estavam todos na mesa, menos a Anna. Me sentei e ele a Ruth veio servir a mesa e adivinhem só? Minha esposa estava ajudando, ela sabe que não gosto quando ela faz isso, mas parece que faz pra provocar. E realmente tinha lasanha, mas estava com tanta raiva da Anna que nem se quer comi, na verdade eu me servi de tudo, menos da lasanha. Assim que terminei  jantar que foi totalmente em silencio eu subi para o quarto, o meu novo quarto. Tirei a roupa que usava e me deitei na cama somente de cueca, quando bateram na porta.


 


— Entra – gritei


— Oi maninho. – A Isabel falou toda mansinha.


— Vai embora Isabel, não quero papo contigo. – falei enfiando a cabeça dentro do travesseiro.


— Me deixa dormir com você? – perguntou manhosa ainda da porta.


— Não, e para de fazer essa cara, você tem quarto.


— Estou com saudade de dormir com você.


— Eu não vou te dar dinheiro.


— Meu Deus como você é descrente menino, me deixa deitar ai com você vai, por favor.


— Só se me prometer ser sincera.


— Vishe, vou embora.


— Vem logo Isabel – falei impaciente e ele entrou no quarto sorridente fechando a porta trás de si, deu um pulo estrondoso na cama.


— Da próxima vez quebra a cama. – falei irônico.


— Eu quebro mesmo – ela se aconchegou no meu peito. – sabia que morro de saudade de dormir com você?


— Sabia que eu penso totalmente ao contrario, né?


— Aff Guilherme, eu sou sua irmã mais nova, praticamente um bebê.


— Que bom saber disso – sorri –porque bebês não saem na sexta e voltam no domingo, não bebem, não dão vexame e nem agem com rebeldia e imaturidade.


— Como você é chato, hein? – falou brava – poxa, não dá uma trégua.


— Não queria dormir comigo? Agora aguenta.


— Esse é o seu problema Guilherme.


— Problema eu? – ri – Não tenho problema algum, sou perfeito até demais.


— Tão perfeito que não consegue passar uma semana sem brigar com a própria mulher.


— Ah, então foi isso que você veio fazer aqui, defender a Anna?


— Não, longe de mim, vocês que são brancos que se entendam. – deu de ombros.


— É mesmo – ela assentiu – então veio fazer o que aqui, senhora problema?


— Vim dizer o quanto a lasanha estava gostosa.


— Que bom.


— Você deveria ter experimentado sabia? É sua comida favorita, não é?


—  Eu estou começando a me arrepender de ter te deixando entrar.


— Sabia que ela ficou mais de duas horas na cozinha fazendo a lasanha pra você?


— Quando é que a Ruth sai da cozinha Isabel? Desde que me conheço por gente ela vive trancada ali dentro – ri .


— Hoje ela saiu, porque quem ficou duas horas lá dentro foi a Anna.


— Ela que fez? – a olhei e a mesma assentiu


— Estava uma delicia.


— Ela me disse que foi a Ruth quem fez, se eu soubesse teria ao menos experimentado.


— Você iria brigar com ela por ter cozinhado?


— Eu não me importo que ela cozinhe Isabel, mas a Anna age como se fosse empregada dessa casa, quer ajudar em tudo. Ela é dona da casa Bel, minha esposa.


— Ela sabe disso Guilherme, mas a Anna é simples, cresceu tendo que ajudar a mãe, nunca foi encostada, entende que pra ela é difícil virar uma pessoa que ela não é? Foi pela garota simples, que limpava o chão dessa casa e cortava batatas na cozinha que você se apaixonou Gui, não tenta mudar isso nela.


— Meu casamento tá uma droga Isabel, eu não sei se conheço mais a mulher com quem me casei, ainda vejo a minha Anna ali, mas ela não se mostra pra mim, desde que abriu os olhos naquela sala de hospital ela mudou, eu pensei que pudéssemos superar juntos, mas ela esconde as coisas de mim, é como se a dor fosse só dela.


— Mas não é por isso que você tá aqui né?


— Se a Anna estiver me traindo Isabel, nem sei o que vai ser da gente.


— Você acha mesmo que ela teria coragem?


— A minha Anna não, mas essa nova Anna, eu desconheço, não sei do que ela é capaz.


— A sua Anna tá ali, só tá fragilizada, mais continua a mesma.


— Então talvez eu não seja o mesmo.


— Se acha que o amor acabou?


— Nem cogito essa possibilidade, não tem sentido. O que sinto não mudaria por nada, a não ser pra crescer.


— Espero que você não faça nenhuma besteira atoa Gui, ela não merece.


— Eu realmente espero que não – suspirei – agora vai dormir bebê.


— Você tem o cheiro do papai. – Ela fungou no meu pescoço.


— E isso é bom?


— Me conforta! – sorriu – eu sinto falta dele Gui, das brigas sem nexo dele e da mamãe, do seu ciúme exagerado em relação a mim, e da forma como cuidava de todo mundo. Do seu jeito doce de resolver os nossos problemas...


— Eu também sinto falta dele.


— Desculpa por fazer você virar meu pai.


— Eu não me importo, minha irmã mais nova, né? Praticamente um bebê – ela riu – eu sempre vou cuidar de você Isabel.


— Eu sei que vai – sorriu e me abraçou forte, fiquei um tempo acariciando seus cabelos e logo dormi também.


 


[...]


 


Já fazem duas semanas que estou dormindo no quarto de hospedes, Anna jura que não faz nada, mas não conta a verdade, então fui obrigado a tomar uma decisão antiética, admito, mas era preciso, foi preciso. Cheguei em casa um pouco mais tarde do que o normal, mas assim que entrei escutei gritos estrondosos vindo do meu quarto então me dirigi pra lá, quando cheguei na porta a Anna estava sentada na cama enquanto a minha mãe gritava e falava coisas absurdas pra ela e mesmo estando brigados tive que interferir.


 


Fim de narração.


 


Anna Lizarga Narrando:


 


Trabalhar pra mim tá sendo maravilhoso pena que falta tão pouco pra acabar, mas mesmo assim eu me sinto nova, viva. O único problema dessa alegria toda é o meu casamento, o Guilherme não confia em mim e eu já não tenho mais argumentos pra me defender, então eu minto, porque na cabeça dele a verdade seria muito pior do que a mentira, ele surtaria se imaginasse que eu o desobedeci e estou trabalhando, acho que enquanto ele tiver somente duvidas ainda vai ser bom, o problema são as certezas! Todos no hospital me adoram, esses dias mesmo eu ganhei um buque de flores de um senhor, que vai todas as manhãs no hospital aonde trabalho, ele é um amor e um galanteador também, mas não deixa de ser lindo. Eu vejo bebês todos os dias, o que me faz bem, ás vezes dói um pouco, não vou negar que quando vejo uma grávida toda feliz eu ainda sinto um aperto no coração, que toda vez que vejo um bebê sorrindo pra mim eu imagino como seria o sorriso do meu bebê, o qual eu não pude ver o rostinho, mas nos meus sonhos eu sei, devia ser lindo.


Em duas semanas eu paro de trabalhar, eu já estou sentindo saudade, mas o meu lugar não é aqui, mesmo eu adorando estar aqui, eu tenho deveres como mulher e prometo que assim que acabar esse meu “estagio” eu vou dizer ao meu marido onde estive durante esses dois meses e espero que ele entenda. A gente não consegue conversar 10 minutos sem brigar, ele joga coisas na minha cara, me cobra outras e agora desconfia de tudo que faço, e sem contar as coisas que faz e diz só pra me magoar. Ele saiu do nosso quarto a duas semanas, e eu durmo abraçada ao travesseiro dele pra tentar abater um pouco da saudade ou ate mesmo do vazio que aquele enorme quarto fica sem ele. Há alguns dias atrás eu encontrei o Marcos em frente ao hospital onde estou trabalhando, ele me ameaçou, tentou me beijar e disse coisas e mais coisas que poderia fazer se caso eu não o quisesse, mais eu sinto nojo dele, da voz, do rosto, da boca, tudo nele me enoja mais pra ser mais sincera, eu tenho medo dele, medo da forma como me olha, da forma como diz que me ama, da forma sem motivo que ele alimentou esse sentimento absurdo por mim, mais o pior de tudo é me sentir vulnerável a ele, é não ter um alguém pra me defender.


 


[...]


 


Hoje é quinta feira e eu recebi folga, fiquei rondando a casa o dia inteiro já que a Isabel saiu de noite e não deve voltar tão cedo. Hoje tirei o dia pra arrumar meu quarto, apesar da Ruth achar o cumulo, eu gosto. Já passava das oito da noite e o Guilherme ainda não tinha chego, se bem que não faz tanta diferença já que mal nos falamos. Estava distraída quando a Veronica chegou no meu quarto, vermelha de raiva e gritando coisas que eu custei a entender... 


 


— Cadê a minha pulseira? – perguntou parando em minha frente com as mãos na cintura.


— Pulseira? – ela assentiu – que pulseira? –perguntei confusa.


— Minha pulseira da borboleta de diamantes.


— Você deve estar enganada porque não sei de pulseira nenhuma.


— Não se faça de sonsa, eu sei muito bem de que laia você é.


— Olha, a senhora me desculpa, mas eu não sei que pulseira é esta, nunca vi mais brilhante na minha vida. – ironizei.


— Já não basta casar com meu filho? Agora deu pra roubar as minhas coisas?


— Roubar? – ri incrédula – roubar? Eu nunca, nunca roubaria nada de você, nem de ninguém.


— E como explica o sumiço dela?


— Não sei ué, talvez você tenha deixado cair em algum lugar ou não se lembra aonde deixou.


— E você acha o que? Que sou louca? Acha que não sei aonde guardo as minhas coisas? Nada, nenhuma agulha nunca sumiu dessa casa, e eu sei perfeitamente aonde eu deixo as coisas.


— Então eu infelizmente não sei – disse passando por ela com um cabide com alguns vestidos, mas ela me empurrou me fazendo sentar na cama assim que dei as costas a ela.


— Não vira as costas pra mim – gritou e eu me assustei – isso, eu amo essa sua cara de sonsa assustada – riu – você pode enganar meu filho, a Isabel e até ter enganado o meu marido que Deus o tenha, mas a mim não. Eu já fui pobre querida, eu sei muito bem como é, não adianta se fazer de doce pra mim, e nem dizer que sofre com a perda do teu filho, que eu sei muito bem quem você é, não nasceu pra viver aqui, não nasceu pra carregar o meu sobrenome. Você não passa de uma ladra, é isso que você é, ladra. – gritou.


— Eu não roubei nada. – disse mais pra um sussurro.


— É mesmo? E quem roubou? A Ruth? – perguntou irônica – você está acusando uma pessoa que eu conheço a anos, que me ajudou a criar os meus filhos.


— Não eu não disse isso, mas eu juro que não foi eu, não roubei nada, eu juro que... – cai no choro, era evidente que ela não acreditaria em mim e eu não tinha ninguém pra me defender, seria eu,  o dinheiro dela e a sua verdade, a minha nunca contava.


— Assassina, interesseira, sonsa, falsa, Ladra – gritou e eu chorei mais.


— O que tá acontecendo aqui? – a voz dele ecoou na cômodo como um alivio e eu levantei minha cabeça pra olha-lo. – e então, o que tá acontecendo aqui? Porque tá chorando Anna? – perguntou se aproximando mais um pouco.


— Não vê que é fingimento? Ela escutou você chegando.


— E as coisas que falou pra ela também são fingimentos? – perguntou olhando-a – Assassina, interesseira, ladra? – deu ênfase.


— Você não sabe os meus motivos.


— Não, mais estou querendo saber, vamos fala.


— Já vai começar a defende-la?


— Não estou defendendo ninguém, só quero a verdade.


— A Verdade é que você se casou com uma falsa, mentirosa, uma ladra.


— Eu não sou ladra, eu juro que... não roubei nada.


— Ladra, que papo é esse de ladra? – perguntou confuso.


— A minha pulseira – falou alterada – a minha pulseira com a borboleta de diamantes, aquela que seu pai me deu antes de...


— Eu sei que pulseira que é mãe – a interrompeu  - e tá, o que isso tem a ver com a Anna?


— Ela a roubou. – falou como se fosse obvio – eu procurei pela casa inteira, a Ruth não viu, e eu não sou maluca pra andar perdendo joias por ai...


— E porque você acha que foi a Anna mãe?


— Vai me dizer que sou a única que desconfia dela nessa casa? Ela vive saindo sem dar explicações e o que me faz acreditar que ela não roubou a minha pulseira e mentiu, igual ela mente para você? – falou tudo muito rápido e ele me olhou confuso.


— Anna você pegou a pulseira? – me perguntou sério e eu senti como se fosse uma facada, quis morrer. – é... você viu a pulseira? – ótimo, além de achar que eu o traio, de nunca me escutar acha que sou ladra.


— Você tá me perguntando se eu roubei a pulseira da sua mãe?


— Estou perguntando se você viu Anna, não estou dizendo que roubou.


— Estou acostumada Guilherme, nem dói mais – funguei – mas infelizmente dessa vez, a assassina, interesseira, falsa, mentirosa e ladra, né? Então, ela não roubou nada, se quiser revistar pode revistar, pode procurar pelo quarto todo, pelas minhas coisas, não me importo.


— Anna... – Falou cauteloso.


— Ela está fingindo, não vê? E eu vou procurar sim, não se faça de sonsa, todos aqui sabem que de santa você não tem nada. – gritou.


— Que ótimo, então chama a policia, já que a pulseira vale tanto assim e eu ando tão feliz nessa casa, acho que alguns dias na cadeia não me faria diferencia.


— É isso mesmo que vou fazer, aquilo é uma lembrança, é uma joia, sabe o que essa palavra significa? Joia?


— Mãe já chega – falou nervoso.


— Já chega? Já chega nada, ela é ladra e eu quero minha pulseira de volta, ela já nos tirou coisas demais.


— Eu não sei porque você faz isso... – disse soluçando.


—  Porque você não presta, não passa de uma Ladra – gritou.


— O que tá acontecendo aqui gente? – A Isabel chegou com os sapatos na mão e a maquiagem toda borrada e olhou pra mim assustada, a mesma me abraçou em seguida – o que vocês fizeram com ela gente? – perguntou nervosa, ainda me abraçando, eu que estava me desmanchando em lagrimas.


— Não a defenda Isabel.


— Como não defendê-la? E porque está chorando assim Anna? – perguntou desmanchando o abraço pra me olhar.


— A mamãe a acusou de roubar uma pulseira. – falou entediado.


— Pulseira? Que pulseira? – perguntou confusa.


— De brilhantes, não é uma das mais caras,  mas vale um bom preço. Aquela que seu pai me deu no...


— Vocês estão falando dessa pulseira? –  a interrompeu e mostrou o braço, e sim, a pulseira estava lá, linda e brilhante. – mãe eu a peguei sem pedir, não sabia que ia dar essa briga toda, sem motivo, você nunca se importou que eu pegasse suas joias.


— Então estava com você?


— Estava não, está! Eu havia pedido a algumas semanas atrás, não se lembra? – ela a olhou irritada, como se não quisesse que a pulseira estivesse com a Isabel.


— Eu me esqueci – falou com uma cara lavada.


— É isso que você diz? Esqueci? Mãe você acusou a Anna de roubo.


— Eu me enganei.


— Você se enganou e por isso a acusa?


— Ela é a única estranha dentro dessa casa.


—  Ela é a mulher do seu filho criatura – falou indignada – e você Guilherme, não diz nada?


— Quando eu cheguei aqui elas já estavam brigando, você queria que eu fizesse o que?


— Que defende-se a sua esposa, qual é gente? O que deu em vocês? – perguntou brava – quem são vocês e o que fizeram com a minha família.


— Então a culpa é minha? – a Verônica perguntou.


— Não mãe, você se enganou, enganos acontecem. – a defendeu.


— Não enganos desse tipo Guilherme, ela deveria ter procurado, ter se informado melhor e depois mais bem depois ela poderia chegar a perguntar se alguém viu a pulseira e não sair acusando a Anna desse jeito.


— Tá tudo bem Isabel – tentei amenizar, não queria que ela brigasse por minha causa.


— Não Anna, não está – bufou – mamãe, pede desculpas pra Anna, melhor, vocês dois, peçam desculpas a ela por se quer pensarem isso.


— Eu?


— Não eu, porque não sei se percebeu, mas você a acusou de roubo.


— E a errada sou eu, sempre? Não posso cometer um erro que já sou crucificada, é isso?


— Não estou dizendo isso, mais errou e deve admitir.


— Claro, a colocam em um pedestal e pisam em mim como um lixo.


— Porque você distorce tudo, sempre?


— Me desculpa querida – ironizou – dessa vez foi engano – a verônica me olhou raivosa e saiu do quarto.


— Você não vai dizer nada Guilherme? – ele olhou pra mim e apertou os lábios.


— É... eu vou atrás dela – falou desconcertado e saiu em seguida.  – A Isabel me olhou com uma carinha triste.


— Ele não merece você, Aninha – ela me abraçou novamente e me deixou chorar – desculpa ter demorado tanto, você não devia escutar isso...


— Tá tá... tudo bem – falei entre soluços – vai passar.


— Não vai passar, você não vai esquecer.


— Eu tento.


— Eu sinto pena deles por não saberem que você realmente é Anna. O Gui vai se arrepender.


— Quem sabe um dia – sorri de lado e ela secou minhas lagrimas.


— Eu vou tomar um banho e se precisar de algo me chama, ok?


— Eu chamo – sorri


— Não deixe eles fazerem isso com você.


— Não mais – ela me deu um beijo na testa e se afastou. – Bel – ela parou – Obrigada.


— De nada maninha – mandou um beijo e saiu.


 


Desabei na cama em um choro descompassado e gritei com o rosto afundado nos meus vestidos que antes eu arrumava, e depois de gritar muito, sozinha, sem nem um pedido de desculpas eu me levantei, tomei um banho e joguei as roupas de qualquer jeito dentro do meu closet. Voltei e me deitei na cama, e quanto mais chorava mais vontade eu tinha, estava tão sozinha, sentia falta da minha mãe, da minha casa, da minha infância, da proteção do meu pai, sentia falta de ser amada.


 


— Anna, vamos conversar? – perguntou calmo abrindo a porta do quarto, já vestido em um pijama e eu me perguntei, aonde ele havia guardado o menino que eu amava.


— Claro – ele sorriu de lado – Mas aconselho que tire qualquer coisa de valor – ele desmanchou o seu meio sorriso e entrou no quarto fechando a porta em seguida.


— Quero que saiba que não concordei com o que ela fez hoje.


— E nem discordou Guilherme – suspirei pra não chorar – acho melhor você ir pro seu quarto, tá tarde e você levanta cedo.


— Meu quarto é aqui. – falou se aproximando.


— Eu sei, a casa é sua! Mas se quiser eu vou pro outro quarto, não me importo.


— Eu quero que fique Anna, quero dormi com você.


— Eu não quero dormi com você Guilherme – falei rápido e ele se sentou nos pés da cama – me desculpa, eu não quero. E nem sei se algum dia vou voltar a querer – ele suspirou e negou.


— Eu briguei com ela Anna, juro que não gostei do que ela fez.


— Mas deixou ela me humilhar e sabe que isso não doeu? O que doeu mesmo foi ver você me perguntar se eu não tinha visto a pulseira? Que tipo de pessoa você acha que eu virei Guilherme? Uma ladra? – perguntei indignada.


— Não Anna, mas eu tava nervoso ela é minha mãe e...


— E eu, quem sou eu? – o interrompi que me olhou surpreso e se calou.


— Você é minha esposa Anna, é a mulher que eu escolhi pra viver comigo – falou após um tempo.


— Viver? – ri irônica –  Viver o que Guilherme? Ser acusada de roubo toda vez que algo sumir? Ter que ver você dormi em outro quarto toda vez que briga comigo? Ser acusada de assassinar o meu próprio filho, viver presa dentro de uma casa a qual a dona me detesta, ser tratada como inútil perante você e todos os seus amigos? Foi essa a vida que você escolheu pra mim Guilherme? – perguntei voltando a chorar e ele se aproximou de mim agora se deitando ao meu lado – eu não sei o que a gente virou, eu não sei mais quem é você e nem o que eu sou pra você – as lagrimas caiam e eu não fazia esforço pra escondê-las.


— Ei, olha pra mim – não olhei – por favor, Anna – pediu calmo e eu o olhei e pude sentir meu coração arder de tanta saudade – Você é o amor da minha vida, minha inspiração, o motivo pelo qual eu entro nessa casa. Tá tudo uma droga eu sei, mas eu te amo, eu tenho certeza disso.


— Não se engana mais Guilherme, por favor, não faz isso com a gente. –  funguei e limpei uma lagrima. – não quero mais conversar.


— E dormi aqui, posso? – perguntou cauteloso.


— A casa é sua – dei de ombros e ele ajeitou o travesseiro se deitando em seguida.


— Boa noite.


 


Não respondi, ele apagou a luz do abajur e se virou para o lado e não, eu não iria dormi ali com ele. Fiquei um tempo olhando o teto do quarto e quando ele dormiu eu me levantei, ando parecendo uma louca, vagando pela casa, ultimamente isso tem sido tão normal. Abri a porta do quarto bem devagar e sai, desci as escadas bem devagar olhando aquela imensa sala, cheia de coisas bonitas e caras, de quadros de superioridade. Eu me sentia tão pequena próxima aquelas coisas. Sempre fui simples, a casa onde eu cresci eram exatamente 4 cômodos, dois quartos, uma sala pequena e uma cozinha. Éramos pobres, mais éramos felizes! Meu pai era simples, homem trabalhador que dava duro como caminhoneiro pra sustentar a esposa e a única filha. Me lembro do telefone tocando de madrugada e da cara de espanto da minha mãe. Nem tivemos tempo de se despedir, e eu nem pude dizer a ele o quanto eu o amava. Após uma semana do falecimento dele eu entrei dentro do seu carro escondida, eu era só uma criança com medo e ali tinha seu cheiro e meu primeiro sapatinho pendurado no retrovisor da frente, um ficava ali e o outro ele colocou no seu antigo caminhão e toda vez que eu perguntava ele me dizia que era pra me ter um pouco mais perto dele nas estradas da vida. Me lembro de quando a situação apertou, morávamos em minas e minha mãe lavava roupa pra fora, limpava casa e dava um duro danado pra sustentar a gente e quando a minha vó morreu não nos restou praticamente nada, que foi quando surgiu a proposta de emprego, o Dr Gustavo tinha uma casa próxima a nossa e as vezes minha mãe limpava a casa dele e quando ele precisou de alguém não hesitou em chama-la e foi assim que deixamos nossa vidinha simples pra vir pra cidade grande, tentar vencer a vida juntas e esquecer o passado.


Me sentei no grande sofá branco da sala e na mesinha a frente haviam vários portas retratos, um mais lindo do que o outro, tinha tantas fotos do Gui com os amigos, com as amigas, com a família, menos comigo. Uma me chamou bastante atenção, eu poderia sofrer de Alzheimer, mas me lembraria perfeitamente dela, me lembro que quando chegamos aqui era um dia de festa, Isabel estava completando 12 anos, éramos quase da mesma idade eu nunca tive condições de ter uma festa como aquela, era sempre um bolinho com a minha vó, meus pais e o Marcelo, não era grande coisa, mas a visto do que eu tinha perdido era tanto. Me lembro da primeira vez que vi o Guilherme, foi justamente no dia da festa, e ainda me lembro da cara dele de espanto.


 


Flashback On:


 


 — Filha eu vou ter que terminar de colocar os salgadinhos na mesa central, promete não sair daqui? – Minha mãe perguntou apressada com bandejas e bandejas na mão. Eu estava na cozinha a ajudando no que podia.


— Prometo mamãe.


— Não bagunça nada tá? Você sabe o quanto é importante esse emprego e precisamos dele.


— Eu sei, prometo não fazer nada. – sorri.


— Cê pode separar aquelas bandejas de brigadeiros pra mim?


—  Aquelas? – apontei e ela assentiu – posso.


— Então tá amor, mamãe já volta – me deu um beijo na testa e saiu apressada, e eu fiquei lá separando as bandejas de brigadeiro distraída. Quando escutei passos, pensei que era a minha mãe e então olhei pra porta quando ele entrou, lindo. A coisa mais linda que eu já tinha visto na vida.


— Ruth será que você... – ele vinha distraído, mas parou de falar assim que me viu – Oi – falou confuso.


— Oi – sorri tímida.


— É... a gente se conhece de algum lugar? – continuou confuso


— Não, eu cheguei aqui hoje mesmo.


— Hum, e você tem nome? – sorriu de lado.


— É Anna.


— Você é linda Anna, quer dizer – riu – bonito nome – coçou a nunca sem jeito.


— E o seu, qual é?


— Guilherme Lizarga, ao seu dispor – sorriu e eu ri.


— Prazer Guilherme – disse sem jeito.


— Mas você, é amiga da minha irmã, veio com alguém?


— Não eu sou...


— Meu filho – A Mãe dele me interrompeu chegando na cozinha apressada – te procurei pela casa inteira, a Cris chegou e quer ver você – falou pra ele que nem a notou, estava ocupado demais me deixando totalmente sem graça. – Guilherme – chamou – filho estou falando com você – ele a olhou.


— Oi fala.


— Vejo que conheceu a Anna? – perguntou interessada.


Acabamos de nos conhecer. Porque, já a conhecia?


—  Conheci-a hoje cedo, a Anna é filha da nova empregada – falou com um sorriso debochado – e por falar nisso, aonde anda tua mãe? – perguntou pra mim.


— Ela foi terminar de arrumar o resto das coisas – ela sorriu


— Ah sim, então venha meu amor a Cris te espera – falou puxando ele.


— Pode ir na frente, eu já estou indo.


— Então eu te espero.


—  Vim beber algo mãe, pode ir na frente, prometo ir logo atrás – ela assentiu.


—  Então não demore querido, todos querem ver você – falou animada e logo me olhou – e você juízo, não vá mexer em nada – assenti e ela saiu toda, toda com seu ar de arrogância.


— Divertida ela, né? – falou irônico com uma careta que me fez rir.


— Não devo falar mal.


— Pode falar, vai ser nosso segredo – ri sem jeito – não precisa ficar sem jeito, somos amigos, não é?


— Vai ser amigo da filha da empregada?


— Qual é o problema nisso – não respondi e ouvimos um grito – acho que tenho que ir.


— É melhor mesmo, logo ela vai achar que sou eu quem estou te atrasando e não quero levar uma bronca no primeiro dia.


— Ela não morde não – riu – só as vezes – sorri e ele caminhou em direção a porta – e Anna – o olhei – você continua linda – sorriu e saiu logo em seguida


 


Flashback Off:


 


Eu que já estava com o retrato nas mãos acariciei seu rosto, ele sempre foi tão lindo. Agora ele tinha outros traços, mas a beleza continuava a mesma, talvez até mais bonito...


Dormi  ali no sofá, abraçada ao porta retratos, matando a minha saudade e talvez um pouco da raiva também.


 


Fim de narração.


 



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Autor(a): Writer Sophi

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

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Guilherme Lizarga Narrando:   Depois de ouvir aquelas acusações absurdas que a minha mãe fez pra Anna, eu não podia, não podia passar a mão na cabeça dela como das outras vezes, ela estava errada e teria que assumir isso. Sai do meu quarto deixando a Anna e a Isabel e fui atrás da minha mãe que entrou em s ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 5



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  • annakarolliny Postado em 22/04/2016 - 13:26:22

    Volta a postar

  • annakarolliny Postado em 22/04/2016 - 13:26:03

  • annakarolliny Postado em 22/04/2016 - 13:24:40

    Porque não postou mais ? É ótima ! Comecei minha leitura no orkut , só que você não postou mais lá e disse que iria postar aqui .. Desde então estou aguardando e até agora nada :(((

  • laisse_florencia_da_cruz Postado em 21/10/2014 - 14:22:17

    Web ótima...Mas pq não posta mais?? Abandonou???:/

  • samanta_shulz Postado em 09/09/2014 - 20:44:28

    uuuuuuuup


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