Fanfic: Just a Kiss .. ♪ | Tema: Just a Kiss .. ♪
Anna Lizarga Narrando:
As horas se arrastavam e a culpa me consumia, já passavam das 11 da noite e ele ainda não havia voltado. Eu estava com tanto medo com um pressentimento horrível. Eu já havia levantado da cama, eu tinha o procurado por todos os cantos, liguei diversas vezes em seu celular e sempre dava caixa postal, eu estava realmente desesperada. O meu desespero estava tanto que até para o Richard eu liguei, na esperança inútil deles estarem com ele, não sei, de ter alguma noticia, mas tudo o que fiz foi me desesperar mais e deixar ele preocupado porque o Guilherme não estava com ele. O Richard ficou de me mandar noticias se caso ele aparecesse e são quase meia noite e nada, o telefone dele continua fora de área ninguém liga, ele simplesmente desapareceu, eu sei que devo estar fazendo tempestade em um copo d’água mas é que é tudo diferente agora, e eu tenho medo de que ele cometa uma besteira, uma a qual eu não vou poder perdoar
[...]
O relógio marcava 00:38 e a cada tic tac meu coração batia descompassado, com um angustia tão grande um pressentimento ruim que chegava a me deixar sem ar. Eu estava na sala andando de um lado pro outro com o telefone na mão quando minha insistência de saber algo dele me forçou a ligar novamente para o seu celular e para a minha surpresa, chamou...
— Gui? – falei desesperada quando atenderam – amor cadê você? Volta pra casa, eu to preocupada. Tá tarde e a gente ainda não conversou, por favor, não faz isso comigo – pedi com a voz falhando devido a choro que já começa a se formar em meus olhos – Gui fala alguma coisa, eu to errada eu sei, mas... Me perdoa? Eu juro que se você me perdoar eu não vou mais te contrariar eu vou... – fui interrompida por uma risada, parecia mais uma gargalhada – Alô amor é você? – perguntei confusa.
— Não querida, ele não está aqui – riu – quer deixar recado? – uma voz feminina perguntou.
— Quem é você? Cadê o meu marido? – novamente ela riu.
— O Seu marido? – riu – acabou de sair daqui e eu? Não está reconhecendo minha voz querida? Eu te disse que ele era meu.
— Cristine?
— Caramba a ficha demorou a cair hein? – falou irônica.
— Cadê o Guilherme? – PERGUNTEI BRAVA.
— Eu já disse que acabou de sair e pode ficar despreocupada que logo ele vai estar em casa.
— O que é que você está fazendo com o celular dele? – falei com a voz falhada, na verdade tudo me falhava agora sentia minhas mãos tremendo e minha pernas bambas, não queria acreditar.
— Pergunta pra ele – falou como se fosse obvio – Guilherme, Guilherme, sempre esquecido – riu
— Você não passa de uma...
— De uma o que? – me interrompeu – Uma vagabunda, vadia? Saiba que em nenhum momento eu fui procura-lo, se ele esteve aqui na minha cama hoje, foi por livre e espontânea vontade – falou debochada e eu limpei rapidamente uma lagrima que escapou.
— O que foi que vocês... – me calei dando-me conta de que já estava tudo muito bem explicado, já tinha ouvido o bastante.
— Até que enfim, pensei que ia ter que explicar isso pra você também, caramba você é ingênua demais. – riu bocejando – agora eu vou desligar, sabe como é né? Cansada – riu – não esquece de avisar o Gui para pegar o celular aqui amanhã, já vou estar com saudades – mesmo não vendo o rosto dela eu sabia exatamente a cara que ela fazia no momento – não é por mal querida, mas homens iguais ao Guilherme podem até se encantar com uma flor do campo, mas são com os diamantes que eles terminam, entenda que ele sempre vai ser muito pra você . Boa noite – falou docemente, desligando o telefone em seguida.
Eu mal consegui tirar o telefone do ouvido, meus planos, meus caminhos, minhas vontades e todo o resto haviam morrido ali. E a tonta preocupada, me culpando por não darmos certo. Eu vi meu passado, meu casamento e todo o resto de bom que existia em mim ser jogado fora, ele simplesmente acabou comigo.
Ouvi um barulho na porta e olhei imediatamente pra mesma, vi a maçaneta rodar e ele adentrar a sala e me olhar surpreso, com um sorriso torto nos lábios e os cabelos molhados. E eu implorei a Deus para que fosse um pesadelo, parecia até doença viver insistindo em algo que já não dá certo, mas é que por mais errado que pareça eu nunca imaginei minha vida longe da dele, eu nunca me imaginei sem ele, era meu chão, minha respiração, minha vida era tudo o que eu sempre quis e precisei. Meu desespero era visível, pois já não segurava as lagrimas e nem nada mais, elas saiam descontroladamente vendo-o ali, tão perto e tão distante. Eu não conseguia aceitar a ideia de que ele havia ido longe demais e que já não tinha perdão, mesmo eu querendo perdoar, era muito pra mim, não só a traição mas a família, casa, luxo, dinheiro, sobrenome e tudo. Eu era só a Anna, eu era somente eu, como sempre fui. No começo eu imaginava que éramos nós que seriamos sempre nós, mas desse vez seria diferente agora era só eu, sem filho, sem família, sem casamento. E pela primeira vez sem ele.
— Anna, tá tudo bem? – perguntou parado alguns passos a porta, parecia confuso, talvez pelo meu choro desesperado.
— Aonde você estava? – perguntei com a voz falhando ainda parada, olhando-o.
— Sai pra beber um pouco – falou rápido – acho que a gente tem que conversar, né?
— Eu já sei de tudo, não tem mais o que conversar.
— Tudo? – falou confuso – tudo o que Anna, eu sai pra beber, já disse. – falou alterado, me irritando.
— É mesmo? – ele assentiu – E cadê o seu celular? – funguei e ele pareceu um pouco assustado percorrendo as mãos pelos bolsos da calça, inútil – acho que você esqueceu na casa de alguém, ou deveria dizer na casa da... – ele negou.
— Amor eu posso explicar – me interrompeu aproximando-se.
— Pode? – ele assentiu – então explica, mais fala a verdade, seja homem o suficiente pra assumir o seus erros.
— Eu fui até a casa dela, mas a gente só conversou, juro que não passou disso.
— Para! Não mente pra mim, para de me tratar feito criança, para com essa mentira, já chega – gritei exaltada e ele tentou se aproximar – não se aproxima de mim, eu to com nojo de você – joguei o telefone longe.
— Anna...
— Porque, porque ela meu Deus, porque? - ele levou as mãos na cabeça e apertou os lábios.
— A gente não fez nada Anna, eu juro – olhei pra qualquer canto da sala para não encara-lo – Anna olha pra mim – pediu com a voz cortada e eu o olhei – não aconteceu nada, eu juro.
— Para de tentar negar o obvio Guilherme, tá estampado na sua cara ou vai dizer que seu cabelo está molhado porque está chovendo? Eu sinto, sinto o cheiro do perfume dela, vejo o batom no... – ele passou a mão na boca pra conferir se realmente tinha batom e eu me desesperei – Viu como é fácil pegar um mentiroso – ele que olhava pras mãos me olhou – Não tá sujo de batom não.
— Tá vendo? Você fica me enchendo de perguntas, tá me confundindo meu amor.
— Então é assim, a gente briga e na primeira oportunidade você vai atrás dela?
— Eu tava mal, ela só me deu consolo, a gente só conversou.
— Eu até imagino o tipo de consolo que ela deve ter te dado.
— Anna para de bobagem, eu amo você. É você quem eu amo.
— Mas eu não amo mais você – gritei – não quero mais, não quero... – pedi voltando a chorar.
— Mas não aconteceu nada Anna! – gritou impaciente.
— CHEGA – me aproximei – como é que você tem coragem de mentir, ela me ligou, disse com todas as letras, disse que o meu marido a minha vida ele... Meu deus Guilherme, porque você fez isso comigo? Não adianta mais negar...
— Eu não to mentindo pra você.
— E o pior de tudo é que é burro, burro a ponto de ir atrás dela. Você achou o que? Que ela iria ficar calada? Ela te ama e jamais perderia a oportunidade de esfregar na minha cara que eu perdi, que você voltou a ser dela. E logo ela quem atormentou a nossa vida, nunca quis a gente junto, vivia envenenando o nosso casamento.
— Eu não sou dela, eu sou seu! – fechei os olhos tentando digerir tudo aquilo – Não passou de uma noite Anna, eu juro – confessou – foi só um a noite a gente vai esquecer, vamos seguir em frente e tudo vai dar certo, não é? – neguei
— Eu não posso. Eu não consigo viver assim, não dá...
— Porque não?
— Eu não nasci pra isso, não foi pra isso que me casei.
— E eu? Pra que você acha que me casei, como acha que me senti todas as vezes que você me ignorou, todas as vezes que mentiu pra mim, ou acha o que? Que só você pode ter amante, eu não posso? Só eu posso perdoar os teus erros, você não pode?
— Do que você tá falando? – perguntei enojada.
— Não se faça de sonsa, eu sei bem que isso tudo é disfarce Anna.
— Você virou um monstro... – falei incrédula.
— Foi você quem criou o monstro e já que quer tanto a verdade, sim, eu transei com a Cristine! Mas a culpa é sua, foi você quem me rejeitou, quem me ignorou e se existe algum culpado nessa história toda esse alguém é você – gritou apontando o dedo pra mim e eu procurei razões pra estar naquela casa, pra estar com ele e pra minha surpresa faltaram-me muitas.
— Acabou! – falei rápido olhando-o, o mesmo permaneceu calado, o único barulho que eu conseguia ouvir era o tic tac do relógio o qual me atormentava a alguns minutos antes – a gente, chega, não quero mais... – dei as costa pra ele.
— Anna não vira as costas pra mim, eu estou falando com você – gritou – Anna...
— Não insiste por favor – falei chorando – não quero mais ouvir nada. – falei levando o resto de mim que havia sobrado até a escada.
— A gente não acabou a nossa conversa, Anna volta aqui, Anna eu... ANNA – gritou bravo e eu dei de ombros subindo as escadas.
Entrei no quarto no meio de um choro desesperado, e aquele lugar tinha o cheiro dele, o jeito dele, era um pedaço da gente do que nos restou, tranquei a porta e me encostei na mesma até chegar ao chão, era o fim, e eu tinha certeza disso..
Fim de Narração
Guilherme Lizarga Narrando:
Ela subiu as escadas e eu fiquei ali, me perguntando o porque daquilo, me culpando, tentando digerir o que ela quis dizer com acabou, porque não existia nada no mundo mais torturador pra mim do que perde-la, isso não! Eu subi as escadas correndo até o quarto, e pela primeira vez na vida eu me arrependi, me arrependi de ter falhado tanto com ela. Rodei a maçaneta da porta e a mesma estava trancada, bati alguma vezes e nada. A chamei diversas e diversas vezes e também nada, ela não abriu a porta e não respondeu, me ignorou como fazia ultimamente. Parei de insistir e fui para o quarto de hospedes, isso séria o mínimo que aconteceria comigo de agora em diante, algo me dizia que as coisas entre a gente só iriam piorar e a ideia me assombrava tanto. Tomei um banho pra tentar me sentir melhor, mesmo tendo tomado banho com a Cristine antes de voltar para a casa eu me sentia sujo, estava com nojo de mim, nojo de ter me permitido chegar tão longe assim. Uma parte de mim respirava tranquila por saber que ela tinha culpa no cartório tanto quanto eu, mais a outra parte me dizia que não, que era só um mal entendido e que o errado mesmo era eu, e que dessa vez, não iria ter perdão.
Após sair do banheiro eu me deitei na cama, e como eu já esperava não preguei o olho a noite inteira, e quando pregava via ela me deixando, via minha vida ficando fazia, me via sozinho.
[...]
O relógio despertou ás 7:15 da manhã me assustando e me fazendo olhar pra qualquer outro canto do quarto que não fosse o teto, e pela primeira vez na vida eu não quis ir trabalhar. Passei a noite inteira em claro pensando no meu casamento, na vida em geral. E eu me perguntei pra que eu coloquei aquele maldito relógio para despertar. Porque por um lado eu queria ir trabalhar me distrair e por outro tinha medo, tinha medo de chegar em casa e ser tarde demais, na verdade queria ficar, queria ficar me explicar , falar com ela, quem sabe até implorar pra que ela me escute. Mas como o meu orgulho e a minha desconfiança são maiores do que tudo, eu resolvi ir trabalhar. Na verdade eu fui até o meu quarto na esperança da porta estar aberta e poder vê-la nem que seja um pouquinho, mas como eu já esperava a porta estava trancada e ela não a abriria tão cedo, então resolvi ir trabalhar porque pelo menos no trabalho eu iria distrair a cabeça, pensar em algo que não fosse me ajoelhar e implorar por ela. Sai de casa o dia estava ensolarado, chegava a ser engraçado imaginar um dia tão bonito e estar tão fazia por dentro, tão seco e com tanto medo.
[...]
Estava na minha sala cheio de trabalho com uma dor de cabeça terrível quando o Richard entrou nervoso.
— Onde você estava ontem? – perguntou se sentando na cadeira de frente a minha mesa.
— Sério que vou ter que te dar satisfações da minha vida?
— A Anna ligou lá em casa atrás de você, fiquei preocupado mal agradecido. – se fez de ofendido.
— Hoje Não Richard, por favor, hoje não.
— Brigaram, foi? – assenti – e onde tu se meteu ontem?
— Casa da Cristine – falei desanimado.
— Vocês não?... – eu assenti – pretende contar pra Anna? – perguntou surpreso.
— Ela já sabe – suspirei – foi burrada cara, eu não queria.
— Eu também não queria cara, mas fiz e querer não importa depois que já tá feito.
— Parece fácil falar, né? Eu estou aqui quase perdendo a minha mulher e você vem me falar de vontades?
— Eu já estive no teu lugar, esqueceu?
— É diferente, ela é minha irmã caramba – falei entediado eu não estava nenhum pouco a fim de ouvir o Richard se lamentar ou jogar algo na minha cara – eu estou arrependido, não queria ter traído ela, mas a Anna não é nenhuma santa e sabemos disso.
— Eu não sei de nada, porque pra mim isso continua sendo um mal entendido, da parte dela é claro, porque da sua? Cara, como é que você trai a Anna com a Cristine? Existem milhões de mulheres a quem você poderia recorrer, perder a cabeça e se arrepender e pronto, acabaria ali. Agora a Cristine não, ela gosta de você desde quando tinham 6 anos cara, você acha que agora ela vai te deixar viver feliz com a Anna? Se é que a Anna ainda vai querer viver com você.
— Não diz isso – passei as mãos no rosto agoniado – tudo, menos perde-la, não posso.
— Eu te disse que tudo poderia piorar, né? – assenti – usaram camisinha pelo menos?
— Claro, acha que cometeria uma burrada tão grande assim?
— Sinceramente eu acho que sim, tu casou com um anjo, a mulher é a encadernação da perfeição e olha só – me olhou incrédulo – deixou ela escapar.
— Para de falar como se a gente estivesse se separando, não estamos! – Falei irritado.
— Eu realmente espero que não.
— Não sei o que fazer cara – confessei.
— Já pensou em falar com a Cristine?
— Falar com ela? Se eu vê-la juro que a mato, juro que se ela aparecer na minha frente eu a esgano.
— Vai jogar a culpa em cima dela agora?
— A culpa é dela cara, eu fiz a burrada de esquecer o telefone e a Anna ligou e ela atendeu e disse barbaridades, virou a cabeça da minha mulher contra mim. E sem contar que ontem veio aqui toda doce se insinuando feito uma piranha pra mim, fingindo não ver que eu sou casado.
— Quem tinha que ver isso era você, eu já disse, ela ama você cara e no momento em que você a quiser, ela vai estar aos teus pés.
— Só que eu não a quero, não quero nunca vou querer. – bufei- vou mata-la, juro que vou mata-la.
— Conversa com a Anna pede desculpas, pede perdão, implora pelo amor da tua vida cara.
— Ela não quer falar comigo, trancou a porta do quarto chegou a dizer coisas que até agora não estou entendendo. – apartei os lábios – acho que se talvez eu... – bateram na porta – entra – gritei e a minha secretaria abriu a porta, olhamos pra mesma.
— Senhor Richard, sua esposa está na sua sala.
— O que ela tá fazendo aqui? – perguntou confuso.
— Disse que era urgente, não quis dizer o porque – ele olhou pra mim
— Pode ir cara, vou ficar bem.
— Tem certeza? – assenti e ele se levantou – conversa com ela.
— Vou tentar – suspirei – depois a gente conversa.
— Vou indo nessa então.
— Vai lá – sorri torto e ele saiu da sala acompanhando a minha secretaria.
[...]
Em cima da mesa junto com um pilha de papeis havia um porta retrato, eu havia tirado a foto a alguns anos e mandei revelar junto com outras que tinha guardado, eu gostava que todos que chegassem na minha sala e a vissem ali, era como se fosse um troféu e eu tinha a necessidade de mostrar o quão feliz eu era por tê-la, eu sempre tive lembranças boas dela, cada momento que passamos juntos era perfeito, mesmo o mais simples, ela tinha o dom de encantar a minha vida da maneia que quisesse.
Inicio do Flashback:
— Apaga isso vai – pediu fazendo biquinho, estávamos no jardim de casa com ela sentada entra as minhas pernas reclamando de uma foto que eu havia tirado.
— Claro que não, ficou linda, olha só – mostrei a foto pra ela que sorriu.
— Não tá das melhores, mas ficou bonitinha. – debochou e eu belisquei sua cintura – Ai – reclamou.
— Bonitinha? – ela assentiu – você é linda garota! E essa foto vai pra minha sala.
— O que? Não, nem pensar, imagina essa foto toda desgrenhada na tua sala? – falou irritada tentando pegar a maquina da minha mão.
— Desgrenhada? Tá muito linda!
— Ai Guilherme – falou naquele sotaque mineiro dela – imagina o que o povo vai pensar quando entrar na tua sala e me ver assim? Espantando as muriçoca? – eu ri
— Vão achar que tenho a namorada mais linda de todo o mundo.
— Mais linda é? – perguntou com dengo.
— Linda e minha – riu e se aconchegou melhor entre minhas pernas. – vou mostrar pro nosso filho – falei afagando seu cabelo.
— É mesmo? E vai dizer o que? – perguntou presunçosa.
— Quando a gente tiver um – ela disse algo que não entendi – bom, vou mostrar a ele o quanto é mãe dele sempre foi linda.
— Disso ele já vai saber querido – disse se gabando – tem que dizer algo que ele não saiba.
— Vou dizer também que a mãe dele é um caipira muito da convencida, mas que apesar de falar errado – ela riu – apesar de ser toda desengonçada, eu sou louco por ela – ela virou o rosto pra me olhar.
— Sua mãe chamou a Cristine pro seu aniversário? – mudou de assunto do nada.
— E o que tem?
— Não sei, me diz você?
— Ela não é perigo Anna, não representa nada.
— Mas quando você briga comigo, bem que vai fazer visitas pra ela – falou emburrada me fazendo gargalhar.
— Já é um bom motivo pra gente não brigar mais, viu a besteira que faço quando brigamos? Fico sem controle – falei rindo e ela continuou séria – tá bom, me diz? O que quer que eu faça?
— Que fique a festa inteira longe dela, que não a cumprimente e também que jogue fora qualquer presente que ela lhe der – falou com bico.
— Só isso? – ela assentiu – ela não vai se aproximar de mim, sabe porque? – negou com a cabeça – eu vou passar a festa inteira do teu lado – falei roçando os lábios na sua bochecha – eu é que não posso deixar uma princesa feito você distante de mim, tem que ficar do meu lado, imagina se aparece alguém pra te tirar de mim?
— Me tirar de você? – perguntou com dengo enquanto eu dava leve beijos em sua bochecha – ninguém nunca vai me tirar de você, e eu só vou sair do teu lado quando não me quiser mais.
— Eu sempre vou te querer, melhor, eu sempre te quis. – ela afastou o rosto do meu para me olhar
— Eu te amo.
— Eu sei – ri e ela me deu um tapa – eu também Anna...
— Você é um chato Guilherme Lizarga.
— E você vai ser a menina mais linda da festa.
— A gente nem estava falando disso.
— Nem quero falar nada, estou morto de saudade. – ela sorriu e roçou o nariz no meu – pra sempre, né?
— Hum, deixa eu pensar – falou divertida – me beija e se você beijar bem, daí eu te digo, ué.
— Linda – falei sorrido puxando a pra mim e lhe dei um selinho.
— Não cansa não é?
— Cala a boca vai – falei rindo lhe beijando em seguida.
Fim do Flashback.
A foto era linda, na verdade era uma das fotos mais lindas que eu já tirei dela. Na época éramos só dois adolescentes, fazíamos planos pro futuro, mas não sabíamos se algum dia se realizaria, mas apesar de tudo, eu tinha a certeza absoluta de que eu a queria pro resto da vida. Acariciei a foto como se fosse ela.
— Pra sempre meu amor – dei um beijo na foto – Pra todo o sempre.
Passei o resto da tarde me afogando nas lembranças dela e quando o medo e a saudade apertaram resolvi ir embora.
[...]
Cheguei em casa e minha mãe estava sentada na sala, nem parei pra falar com ela, estava decidido a conversar com a Anna, pedir pra ela reconsiderar, quem sabe até implorar.
Entrei no quarto olhei nos quatro cantos e não vi ninguém, nem sinal dela. A única coisa que encontrei foi uma mala que estava aberta em cima da cama, cheia de roupas. E o desespero foi maior então fui até a mala retirando todas as roupas que estavam ali, espalhando-as pelo quarto. “não ela não podia ir embora, não podia me deixar”. Fui surpreendido pela voz dela, que vinha do closet.
— O que é que você tá fazendo?
— Pra que essa mala Anna? – perguntei visivelmente desesperado, me virando pra mesma que estava na porta do closet, chorando, acabada.
— Eu vou embora – ela falou seca pegando as roupas que a essa altura estavam jogadas pelo quarto.
— NÃO, VOCÊ NÃO VAI EMBORA.
— Não posso mais, desculpa.
— Larga isso – fui até ela pegando as roupas de suas mãos e jogando no chão novamente – você não vai a canto algum – falei seco e ela passou a chorar desesperadamente, se sentando na cama – Você não pode ir embora. Você é a mãe do meu filho, Anna. Você é minha esposa...
— Eu quero o divorcio.
— O que? – Perguntei Assustado. – Não!
— Você já não me ama mais Guilherme!
— Eu amo você, Anna. Amo você – falei desesperado andando de um lado pro outro no quarto – eu não posso, eu não quero e não vou dar o divorcio pra você.
— Olha, eu já não quero mais brigar, você precisa seguir a sua vida, a gente não combina, viemos de mundo muito diferentes e...
— NÃAAAAO – Gritei e ela se assustou. Corri até a mesma e a suspendi pelos braços, a segurava com força, com desespero – Eu não sei ficar sem você, entende? Você não pode simplesmente jogar uma historia no lixo, nosso filho, nosso amor. – a abracei com força, implorando por ela – Não me deixa meu amor, me perdoa, não vai existir outra, nunca mais. Eu prometo – ela não esboçava reação nenhuma.
— Não dificulta as coisas, por favor.
— Eu não estou dificultando nada Anna – a joguei na cama – é você quem quer se separar de mim.
— Você me traiu! – ela se levantou.
— E você não? – perguntei irônico.
— Nunca! – ela gritou – eu jamais na minha vida teria coragem de trair você.
— E todas aquelas flores, Anna? Cartões apaixonados.
— Você acha que se eu tivesse um amante eu te negaria isso? Depois de tudo que me fez, eu ainda sim estaria com medo de ferir você? – Falou entre os soluços.
— Eu já perdi perdão. Eu estou implorando pra você desistir disso, a gente se ama, a gente teve um filho e...
— A GENTE NÃO TEM FILHO – gritou – E MESMO SE TIVESSE ELA NÃO TEM CULPA DOS SEUS E NEM DOS MEU ERROS. MAS ELE NÃO ESTÁ AQUI, EU O MATEI...
— Não, você não o matou – falei me aproximando mais ela fez sinal para que eu parasse.
— Não chega perto de mim – pediu voltando a chorar – nunca mais chegue perto de mim. – ela passou por mim pegando as roupas novamente.
— Você não vai sair daqui com nada – falei bravo e ela parou de recolher suas roupas.
— Quê? – perguntou incrédula.
— Eu não vou deixar – disse em um suspiro.
— Você não manda mais em mim – gritou.
— Mando sim, porque sou seu marido.
— NÃO É MAIS!
— Sou sim – falei calmo num tom de desespero – Anna será que você não sente nada? Eu estou implorando pra você não me deixar.
— Mas dessa vez eu que estou implorando, implorando por mim. Eu preciso desse tempo, eu preciso pensar. – ela pegou uma bolsa em cima de um móvel qualquer.
— Não faz isso Anna.
— O que é que você quer que eu faça?
— Entende que se você sair por essa porta eu não vou poder te perdoar.
— Eu não fiz nada pra ser merecedora do seu perdão. – me aproximei dela a segurando firme pelos braços.
— Então é isso? É o fim, nossa história acaba aqui?
— Nossa história não deveria ter começado. Você combina com a Cristine, você tá com o cheiro dela, é acostumado a conviver com pessoas da classe dela. Mas eu não te culpo senhor Lizarga. O erro foi meu em achar que eu poderia me igualar a você. – a soltei e ela respirou fundo – eu quero te ver feliz, apesar de tudo não existe nada mais importante pra mim do que a sua felicidade. – ela pegou uma bolsinha em cima da cama – depois eu dou um jeito de vir buscar o resto das minhas coisas..
— Anna – ela fechou os olhos e apertou os lábios – não faz isso – pedi – pensa na gente, no passado – ela negou ainda com os olhos fechados – pensa no nosso filho – pedi.
— Não... Não bota ele no meio disso Guilherme, até porque não existe filho, eu não te dei, ele não sobreviveu – abriu os olhos – eu já te disse, não o envolve nisso.
— Você não pode ir.
— Entende que se eu não for vai ser pior? Que ela nunca vai nos deixar em paz, que ela sempre vai querer qualquer pedaço de Guilherme, qualquer sobra que eu rejeitar? Que ela sempre vai estar ali pra atormentar a gente e pra esfregar na minha cara que é melhor do que eu? Que deveria ter sido ela, que é com ela que deve ficar.
— É a ultima vez que eu vou pedir pra você ficar Anna, porque se você sair por essa porta eu vou abandonar e esquecer qualquer vinculo que eu tenha com você.
— Você já fez isso a muito tempo Guilherme. – deu de ombros – eu já tenho seu desprezo, já perdi tudo, não á mais nada do mundo que eu possa perder. – falou calma e eu me perguntei de onde ela estava tirando tanta coragem pra me deixar.
— Então é o fim?
— Você vai encontrar alguém melhor – sorriu e apertou os olhos – eu... – suspirou – Só fica bem.. e.. Adeus...
Olhei pro rosto dela mais uma vez e não consegui dizer mais nada, não há nada que eu pudesse dizer, ela depois de tanto tempo estava me deixando. E eu não conseguia fazer nada, estava parado olhando pra porta, escutei o barulho da porta batendo e me despertei do meu transe me desesperando, não, ela não ia embora, não podia.
— Anna – gritei e sai disparado atrás dela, desci as escadas correndo e quando cheguei na sala ela já não estava lá, sai disparado para a porta, mas fui impedido pela minha mãe no meio do caminho.
— Deixa ela ir – falou séria e eu neguei.
— Não posso. – falei sério.
— Ela que escolheu isso meu amor, você fez tudo o que podia, foi a escolha dela.
— Ela não pode escolher sair e me deixar aqui mãe, não pode. – me impulsionei pra frente na tentativa de fazê-la sair da frente.
— Ela já saiu Guilherme, ela já foi – falou séria e eu a olhei me aquietando – vai ficar tudo bem meu amor, a gente vai voltar a ser como era antes. Ela tem outra vida agora, já não merece o seu amor.
— Eu a amo mãe – solucei – eu.. eu a amo tanto. – falei despedaçado.
— E ela sabe disso, mas mesmo assim te deixou aqui.
— A culpa é minha.
— A culpa é dela – acariciou o meu rosto – vai ficar tudo bem, eu prometo. – ela estendeu os braços e eu a abracei apertado. Talvez ela poderia estar com a razão, ou talvez eu estava completamente errado em deixar o amor da minha vida ir embora assim, mas no meio de tantos talvez eu deixei ela sair portão a fora, só foquei no abraço da minha mãe e tentei esquecer por só um momento que eu morreria a cada dia sem ela aqui.
Fim de Narração
Anna Lizarga Narrando:
Quando eu entrei dentro daquele quarto na noite anterior a primeira coisa que me veio na cabeça foram os motivos para eu ficar ali, meu filho havia morrido, meu casamento havia acabado ou seja, não me restava mais nada. E depois de chorar rios eu me levantei daquele chão e tirei todas as minhas roupas do armário, estava decidida a ir embora e dessa vez sem olhar pra trás. Arrumei tudo o que eu consegui, não iria levar nenhum bem material, apenas algumas roupas até poder me adaptar em outro lugar, sei lá, eu só queria sumir, sumir e não voltar nunca mais.
[...]
E depois de deixa-lo no quarto pasmo, sem dizer nada eu desci as escadas o mais rápido que pude, porque se eu escutasse um fica comigo, me perdoa, ou bem mais simples que isso, somente um pedido de desculpas me faria ficar, ouvir da boca dele o quão arrependido ele estava, eu não pensaria duas vezes antes de esquecer qualquer traição, por mais doída que fosse para poder tentar ficar com ele novamente. Sai do quarto somente com uma mini bolsa, aonde eu carregava um quantia pequena de algumas economias que fiz durantes esse tempo que trabalhei, não era muito, na verdade não era quase nada, mas daria para me virar durando uma ou duas semanas, ou até pelo menos eu resolver a minha vida novamente. Quando atravessei a sala a Veronica estava sentada em um dos sofás, exibia um sorriso vencedor no rosto, como se já esperasse que algum dia por mais que demorasse eu sairia daquela casa da maneira como entrei, sem nada.
— A ficha demorou um pouco para cair, não é? – perguntou assim que meus pés chegaram a sala e foi inevitável não desabar na frente dela – oh querida, não chore – falou docemente – você sempre soube que um dia isso aconteceria.
— E agora você pode ficar feliz, não é?
— Feliz? – riu – eu estou no êxtase da minha felicidade! Eu sempre te disse que não passava de uma empregadinha metida a esperta e veja só no que deu, eu tive razão desde o começo.
— Você está certa, sempre teve razão em tudo o que disse.
— E só agora você percebe isso?
— Sim – sorri entre as lagrimas – percebo porque eu sei o quanto tá doendo me ver sozinha e deve ser difícil pra você ver que ninguém te ama de verdade, que só tem amigos por interesse, que só tem palavras amigas devido ao dinheiro e ao sobrenome que você tem. – ela fechou o sorriso – mas não se preocupe, eu nunca mais irei aparecer na tua vida e nem na tua casa. E disso você nunca mais vai reclamar, agora ninguém vai poder fazer nada quando você se encontrar sozinha, rodeada de pessoas que de você, só desejam o dinheiro – falei séria vendo-a ruborizar o rosto e ficar enfurecida.
— Sai da minha casa. – Falou raivosa.
— Eu saio, mas não porque você está mandando e sim, porque se eu ficar mais um minuto aqui, tenho medo de me igualar a você – limpei uma lagrima que caiu – Até nunca mais – passei por ela feito um foguete, só queria sair dali, nada mais.
Ao chegar ao portão eu escutei um grito, me virei bruscamente na esperança de ser ele pedindo pra que eu ficasse, ouvi outro grito novamente, mas ele não apareceu, esperei mais um pouco e nada, ri da minha ingenuidade.
— Aceita o fim de uma vez Anna, você já sofreu o bastante. Seja forte. – Limpei uma lagrima que caiu e continuei o meu rumo. E sabe aquela dor que queima a alma e dá calafrios toda vez que você se sento só? Como se algo tivesse sendo tirado de você? Pois é, é essa dor que senti no momento em que atravessei o portão da mansão dos Lizargas, com o pretexto de nunca mais voltar. E no fundo eu estava tão aliviada, me sentia leve, como se tivesse tirado um peso das minhas costas, mas por outro lado a partida me rasgava por dentro feito uma faca bem afiada. Porque o meu amor era egoísta o suficiente pra me fazer ficar ali e o aceitar independente da maneira que ele tenha mudado, eu conheci o amor através dele, virei mulher através dele e se tem alguém no mundo a quem eu desejo a felicidade suprema esse alguém é ele, porque ele não foi simplesmente o meu amor de adolescência, foi muito mais do que isso. O Guilherme foi o encaixe perfeito do meu coração, era feito sob medida pra me amar, mas o problema era justamente esse, no encaixe cabia somente ele, não tinha espaço pra dinheiro, pra desconfiança, não cabia traição.
Peguei um taxi e fui para um hotel, ainda era de tarde e o dia estava se fechando provavelmente iria chover. Eu não pretendia ficar em hotel, até porque meu dinheiro é pouco e eu não teria coragem de pegar um rela se quer do Guilherme, porque quando eu resolvi sair daquela casa eu deixei tudo para trás, tudo mesmo. E só vou pegar as minhas roupas porque é impossível recomeçar sem isso, não pegaria joias, nem vestido e sapatos caros somente o necessários. E foi isso o que eu estava arrumando na minha mala antes dele chegar e estraçalhá-la toda, me deixando sair somente com uma mini bolsa aonde tinham meus documentos e algum dinheiro.
[...]
— Como assim 450 reais por uma noite? – perguntei assustada a atendente do hotel.
— É o preço, sinto muito senhora mas se não tem o dinheiro, não há nada que eu possa fazer.
— Mas esse é o hotel mais próximo – disse devido a chuva que cai lá fora.
— Se a senhora não pode pagar o quarto, é melhor procurar outro lugar. – disse seria – eu sinto muito mais esse é o menor preço, talvez seja porque a cidade é grande e vai ser difícil você encontrar algum lugar com o preço menor. – suspirei – agora se me dá licença preciso atender outros clientes – falou acenando pra moça que estava atrás de mim na enorme fila.
— Tudo bem, obrigada.
— De nada – sorriu e eu dei espaço para a moça passar em minha frente.
Eu estava com uma calça jeans de lavagem clara, regata branca e sapatilha, uma mini bolsa debaixo do braço aonde eu tinha o celular e algum dinheiro e só, era somente isso o que eu tinha. Na verdade eu tinha o dinheiro para pagar o quarto, mas o hotel era caro demais, talvez por ser o único da cidade e o mais luxuoso também, e eu tonta, deveria imaginar que passaria por isso. Caia uma chuva forte do lado de fora e eu não tinha pra onde ir, e se pagasse o dinheiro do hotel ficaria sem nada, ou seja, dormiria hoje para amanhã passar sabe Deus onde e sem nada.
Encarei a chuva encostada na porta do hotel por algum tempo, ela lavava o chão e trazia um vento gostoso e eu queria tanto que ela lavasse minha alma, pra tirar tudo aquilo de ruim que o Guilherme plantou dentro de mim. Respirei fundo e finalmente decidi sair na chuva, porque eu não poderia ficar a noite toda debaixo da cobertura do hotel, a vergonha de não ter o dinheiro para pagar o hotel já era demais. E enquanto a chuva caia sobra minhas costas eu imaginava como ele estaria lá sem mim, feliz, triste, com remorso ou talvez nem sentisse nada, só alivio mesmo, e por falar em alivio como era bom se sentir assim, a muito tempo eu não sabia o que era respirar aliviada, mesmo sem rumo, mesmo sem ter aonde dormir eu me sentia bem só por poder sem livre de novo.
Fazia frio e eu já estava completamente molhada quando um carro parou ao meu lado e abaixou o vidro, de principio estranhei e quando vi quem era, estranhei mais ainda.
Eram duas moças muito bonitas uma loira e a outra morena, eu as olhei confusas e uma delas riu.
— Tá perdida? – perguntou animada e eu assenti – a gente trabalha no hotel – arqueei uma sobrancelha – o hotel que te negou um quarto, quer dizer, que quase te faz comprar um quarto – riram – tá procurando um lugar pra dormi?
— É claro que ela tá Babi, se não tivesse não teria ido no hotel né? – a outra falou
— Vocês sabem de algum lugar? – perguntei batendo o queixo.
— Se a gente sabe? – assenti – tem um lugar sim, mas pra isso você vai ter que dizer o teu nome e se é uma pessoa do bem, e então? – arqueou uma sobrancelha e eu sorri.
— Meu nome é Anna, é acho que sou uma pessoa do bem. - a loira cochichou com a morena – eu só procuro um lugar pra passara noite, nada mais – falei meio desesperada.
— Eu acredito nela Ju – a morena falou – olha só pra ela coitada, toda molhada, já tá escuro e não tem nenhum lugar além do hotel. – apertou os lábios – Entra no carro gata – a morena falou e a loira a advertiu.
— Se tá maluca? A gente nem conhece ela, e se for uma mafiosa? – perguntou espantada.
— Você que parou o carro criatura, e olha só pra ela, não tem cara de mafiosa – as duas me olharam
— Olha gente, não precisa se incomodar, eu arranjo outro lugar – falei porque causar briga era tudo que eu não queria no momento.
— Tá vendo só Julia? A menina vai dormir na rua e a culpa é sua, bruaca! – falou irritada e a loira me olhou.
— Possa confiar em você Anna? – perguntou com cautela e eu assenti – então vem, entra no carro antes que você pegue um resfriado, não quero me sentir culpada amanhã.
— Tá falando sério?
— Entra logo guria, pra onde a gente vai te levar é igual coração de mãe, sempre cabe mais um. Agora entra a gente te dá uma carona. – elas sorriram e eu abri a porta traseira e entrei – caramba você tá toda molhada – se assustou – tem uma jaqueta ai atrás, veste porque o caminho é meio longo – ela ligou o carro.
— Ah, meu nome é Babi, e essa aqui é a minha amiga Julia, a gente viu quando você saiu do hotel, somos arrumadeiras.
— Prazer meninas.
— O prazer é nosso, agora coloca o sinto porque não quero levar multa, você vai adorar o lugar Anna, tenho certeza. – coloquei a blusa e logo em seguida o cinto, elas escutavam um pagode e cantavam algumas partes – e então é Anna, né? – assenti o – que faz por essas bandas? Fugindo dos pais? – perguntou divertida.
— Quem dera fosse isso.
— Não está grávida, né? – a loira deu um tapa nela.
— Babi, isso é coisa que se fale? – ela me olhou – se não quiser responder tudo bem tá Anna? Mas e então, cê não tá grávida, né? – arregalou os olhos e eu ri.
— Não, não estou grávida.
— Tá fugindo de amor então? – apertei os lábios e abaixei a cabeça – liga não, todas nos fugimos um dia.
— Do amor?
— De quem amamos – deu um sorriso fraco – você vai gostar do lugar pra onde estamos te levando, lá é tipo o refugio da dor – riram – brincadeira – riu – mas você vai gostar.
— Obrigada, se não fosse vocês eu realmente não sei o que seria de mim. Foi muito nobre da parte das duas parar o carro pra alguém que não conhecem.
— Eu já estive no seu lugar! Relaxa deixa pra agradecer quando chegarmos, agora tenta se secar um pouco, já já a gente chega.
— Obrigada meninas.
— De nada – falaram em coro sorrindo e eu tentei me secar um pouco.
Elas foram o caminhos todo me fazendo perguntas eu respondia as mais básicas ou só as que conseguia já que elas faziam uma pergunta atrás da outra.
— Pronto, chegamos – parou o carro em frente a uma casa enorme, parecia um palácio, não se compara com a mansão mais era linda – É linda, não é?
— É perfeita – sorri.
— Você tem que ver ela de dia, é a casa mais bonita da rua – sorriu.
— A casa é de vocês?
— Não, é de uma grande amiga nossa, e ela vai fazer um preço camarada pra você, se vai gostar!
— Obrigada de novo – sorri – vocês foram muito boas em ter oferecido carona pra mim e...
— Para de pedir obrigada – falou me interrompendo – vem com agente, se vai amar – abriu a porta e o vento frio invadiu o carro – vem logo Anna, cê tem que tirar essa roupa molhada, esperai, se não tem bagagem? – neguei sem graça.
— Eu te empresto uma roupa – falou abrindo a porta e eu a olhei – só hoje – falou com cautela eu assenti – Agora desce logo, e sem pedir obrigada e nada do tipo – riu.
[...]
A casa era agradável por dentro e por fora, tinha o cheirinho de família, de felicidade. Estávamos na sala enquanto elas gritavam feito malucas uma moça chamada Iná, que a principio eu achei que fosse nova, mas quando ela saiu de um dos muitos corredores que haviam na casa a Julia gritou.
— Meu Deus que demora Vó Iná – falou irritada e só então eu pude vê-la, ela não era nova, era uma senhora, parecia bem agradável, tinha um jeito doce, quase o jeito de mãe.
— Desculpa é que eu... – ela parou assim que me viu enrolada na jaqueta que eu previ ser da Babi – Você? – sorriu
— O que foi? Conhece ela? – A Babi perguntou confusa assim como a Julia estava.
— Eu sonhei que você vinha – ignorou a pergunta da Babi – meu Deus finalmente você chegou – falou animada.
— Você...
— Ela sente essas coisas – me interrompeu – ela vê coisas, prevê coisas. – A Julia disse.
— Eu vi você chegando! – sorriu e estendeu a mão pra mim – vem – chamou – nos vamos cuidar de você – olhou pras meninas – aonde foi que a acharam?
— Ué, se não vê tudo? Vê então aonde a achamos. – a Babi disse.
— Engraçadinha você – sorriu torto – agora vem querida, vem tirar essa roupa molhada não quero que sofra um resfriado. – ela pegou em meu braço – como é o seu nome querida?
— Anna – sorri
— Encontramos a Anna em uma estrada próxima ao hotel, ela tinha tentado ficar lá mas você sabe o custo, e então a trouxemos pra cá. – a Julia explicou.
— E fizeram muito bem meninas – ela me olhou – Seja bem vinda a minha pensão Anna! Agora venha, já está na hora da janta e você está toda molhada – assenti – Babi ou Julia será que podem emprestar alguma roupa para ela?
— Claro que sim – sorriu – vem Anna, eu tenho roupas que vão cair super bem em você. – a Babi disse.
— Não precisa se incomodar.
— Não é incomodo algum. Mas Vó Iná, ela pode ficar, não é?
— Claro que sim, a casa é grande e ainda tem dois quartos desocupados, ela será bem vinda.
— Mas antes eu preciso saber o custo da estadia porque se for...
— Não se preocupe com isso – me interrompeu – não agora, tudo no seu tempo. Agora vá – assenti e segui a Babi até o andar de cima que pra minha surpresa, era mais lindo ainda.
Eu fiquei em um quarto grande, quer dizer pra mim sozinha era grande. O quarto do Guilherme era enorme, eu achava um absurdo mais ela gostava de espaço, quer dizer gosta e agora deve estar bem melhor sem eu por perto pra ocupar lugar. Na verdade o quarto era do tamanho do banheiro dele, porque não é mentira quando digo que tudo naquela casa, era incrivelmente exagerado, coisa que aqui me pareceu ser diferente, e pelos minutos que passei e as pequenas coisas eu olhei pude notar que era tudo dentro do conforme, nada exagerado, tornando a casa os cômodos e o quarto onde eu estava muito aconchegante. Tomei um banho e vesti a roupa que a Babi me emprestou, era um vestido soltinho na cor rosa e foi tudo tão rápido que eu nem parei pra pensar, ainda estava destruída e nem que eu recebe toda a alegria do mundo eu ainda sim estaria da mesma forma. Sai do banheiro e me assustei ao meu deparar com a Babi a Julia e a Vó Iná sentadas na cama, ambas me olhando curiosas.
— O vestido ficou bom em você. – A Babi falou me analisando
— Obrigada – sorri – prometo buscar as minhas roupas com rapidez, não quero abusar de você.
— Magina, ele tá bem melhor em você – riu e o quarto ficou em silencio.
— Vem cá Anna, senta aqui com a gente, temos algumas perguntas pra te fazer. Quer dizer, o que você puder responder claro. É só que a gente gosta de saber com quem a gente convive, porquê você vai ficar aqui durante algum tempo, não é? – assenti – não estamos te pressionando, só queremos saber.
— Eu entendo e só tenho a agradecer, vocês nunca me viram na vida e estão me ajudando a beça, não sabem que eu fui de onde vim, quais as minhas intenções e mesmo assim ainda me acolheram, muito obrigada, eu nem tenho palavras pra agradecer porque...
— Tá bom Anna, não precisa pedir tantos obrigados assim. – a Julia me interrompeu e eu funguei, sim eu já estava chorando.
— É que a muito tempo ninguém confia em mim, a muito tempo eu não tenho o que agradecer.
— Senta aqui – A Vó Iná bateu na cama e eu fui em direção a elas que me deram espaço na mesma – conta pra gente o que aconteceu. Prometemos ajudar da melhor maneira possível – falou docemente, o que me fez chorar. E precisava de uma palavra amiga e só a forma como ela falou me fez me sentir em casa, trazendo uma dor com alivio inexplicável.
[...]
Contei a elas a parte em que cheguei na cidade até o dia que sai de casa, quer dizer, da casa do Guilherme, não contei sobre a traição, só disse que nosso casamento havia acabado, o que fez todas naquele quarto se espantarem afinal não é fácil descrever o Guilherme como descrevi e não imagina-lo como um homem perfeito!
— Então você é casada com o poderoso Guilherme Lizarga? – A Babi perguntou boquiaberta e eu assenti – meu Deus ele é um dos caras mais lindos dessa cidade inteira. Anna você é casada com o homem perfeito, rico, bonito e descolado. – sorri torto e a Vó Iná deu um tapa nela.
— Isso é jeito de falar do marido dos outros menina? E ele não deve ser essa perfeição toda pra ela estar aqui, desse jeito. Eu vejo nos seus olhos o que aquela megera fez com você – falou séria e eu estava começando a acreditar que sim, que ela realmente previa as coisas.
— Você ainda o ama Anna? Ou só está aqui pra fugir dele? Porque cara, você é casada com o cara mais rico da cidade, ele comanda tudo e você não tem dinheiro pra pagar um quarto de 540 reais? – perguntou meio confusa. – a Babi disse.
— Você disse bem, ele é rico, eu não.
— Mas você é a mulher dele, você é a senhora Lizarga. – falou como se fosse obvio.
— Eu sou Anna oliveira, nada mais do que isso.
— Ain eu to sentindo o meu vestido tão pobre perto das inúmeras roupas que você tem, devem ser perfeitas... – a Babi se lamentou e eu ri – me empresta todas, viu?
— Você é divertida.
— Eu também gosto de você querida – sorriu – e então, sabemos o suficiente pra deixar a minha amiga Anna ficar aqui com a gente, não é? Até porque nenhuma de nos viemos parar aqui como santas.
— Mais do que o suficiente, Anna agora faz parte da nossa família. – A Vó Iná disse.
— E por falar nisso, nossa família é grande – a Julia disse e riu.
— Grande? Como assim grande?
— Ah ela é composta por mais de ...
— Vó a janta tá pronta? – perguntou abrindo a porta do quarto, levei um susto a principio mais logo entendi o que a Julia quis dizer com família grande.
— Amor da vovó, você já chegou? – a Vó Iná perguntou docemente e ele se escorou na porta
— Quem é a princesa vó? – perguntou descaradamente olhando pra mim e mesmo estando triste e com o rosto inchado não pude deixar de notar que ele era lindo, tinha os olhos verdes e uma pele morena de dar inveja.
— Essa é a Anna, Dani – riu – Anna esse é o nosso bebê Daniel. – a Julia apresentou.
— Apaixonado Anna – falou com um sorriso bobo – quer dizer, encantado – eu ri – e então moças, eu to com fome – falou agora olhando pras meninas.
— Já estamos descendo. E meu Deus, parece que dorme amarrado esse menino.
— Sabe como é né Vó? Pra conservar tudo isso aqui, tem que se alimentar bem – se gabou e elas riram.
— Já estamos descendo garoto – falou irritada 0 que raiva viu.
— Isso se chama amor, viu? – a imitou e ela deu língua pra ele que mandou um beijo pra mesma, a fazendo corar – Tó descendo então... E Anna – sorriu – foi uma delicia conhecer você.
— É... – eu não sabia o que dizer – obrigada.
— Não há de que – sorriu – To descendo.
— Aff vai logo garoto – falou irritada e ele riu saindo em seguida. – a Julia Falou e elas se levantaram da cama.
— Ué, não vai descer com a gente Anna? – a Babi perguntou.
— É que eu ainda não combinei o preço com a Iná e...
— E nada – me interrompeu – já disse que depois a gente conversa sobre isso, agora vem, o Daniel é só uma pequena parte da nossa família, vem conhecer o resto.
— Tem mais? – perguntei confusa.
— Tem um palhaço diferente do outro, mas não liga não, eles até que são gente boa – riu – é só não ligar pras cantadas. – falou séria se aproximando de mim e puxando meu braço para que eu levantasse – você é muito florzinha, vai ter que mudar isso.
— É o jeito da menina. – A Babi disse.
— E há – a Vó Iná disse e eu a olhei – pode me chamar de Vó Iná, aqui todos me chamam assim.
— Obrigada pela...
— Aff que menina que pede obrigada viu, Deus que me livre – a Julia reclamou e me puxou – levanta vai, não me faça ter que me arrepender pela carona.
— Eu queria ficar um pouquinho sozinha gente, eu agradeço mas estou sem fome e preciso mesmo pensar um pouco.
— Sair de uma mansão daquelas pra... – a Julia deu um tapa nela – Desculpa Anna, só que ainda é tudo muito confuso pra mim.
— Eu prometo explicar um dia – sorri torto, já queria chorar.
— Vamos deixá-la sozinha então, depois a gente volta. Se precisar de algo chama? – assenti – vem meninas – saiu puxando elas e ainda pude ouvir a Babi dizer : Cara, ela largou a vida dos sonhos.
Me deitei na cama e agarrei um dos travesseiros que havia ali e chorei e gritei, sentia uma dor enorme no peito só em pensar que não o veria mais, que não seria mais dele, que ele não seria mais meu. Eu sai por livre e espontânea vontade, mas deixei meu coração lá com ele , porque por mais que eu esteja certa em deixa-lo, por dentro eu me sentia apavorada, eu não sabia viver sem ele, eu vivia por ele e agora... Acabou. E acho que só agora a ficha caiu. Ouvi meu celular tocar, eu nem me lembrava que tinha o trazido, pensei em não entender pois poderia ser o Guilherme, mas mesmo sendo ele merecia um noticia, uma explicação então peguei o telefone dentro da minha bolsa encharcada e atendi antes mesmo de olhar o visor.
— Alô
— Aonde você tá? – A Isabel perguntou preocupada – eu cheguei a alguns minutos Anna, e não te encontrei, meu Deus aconteceu algo? – ela falava tudo muito rápido.
— Isabel calma, eu to bem!
— Volta pra casa Anna, o que eu vou fazer sem você aqui?
— Bel me desculpa – pedi chorando – não deu, eu não aguentei, me desculpa.
— Eu to sozinha de novo?
— Não eu não deixei você, eu só precisei sair, mas eu nunca vou deixar você.
— Porque você não me esperou? Porque você não me levou com você? Meu Deus Anna você mal conhece a cidade, nem sei se tem dinheiro, aonde você tá? Diz pra mim aonde você tá?
— Bel calma – a tranquilizei, nada útil já que estávamos as duas chorando – eu to bem, vai ficar tudo bem. E eu não sei aonde eu to, é uma história muito longa e eu preciso mesmo que você entenda.
— Essa casa vai virar um inferno sem você aqui, eu vou enlouquecer, o Guilherme vai enlouquecer... – falou alterada.
— Se eu ficasse eu enlouqueceria Isabel. Entende que me doeu muito deixar vocês, mas foi preciso.
— Eu vou sentir saudades Anna, e juro que vou tentar entender – fungou – me diz aonde você tá, tá precisando de algo? De dinheiro? Você sabe que tem direito a tudo que é do Guilherme né? Que você pode ir ao banco e ... – a interrompi.
— Eu não quero nada dele Bel, nada.
— Não é justo, você tem direito.
— Não vamos falar disso por favor Bel, até porque eu tenho algumas economias, vai dar pra me virar durante algum tempo.
— Isso não é justo Anna, eu fiquei sabendo o que aconteceu, você tem que entrar com um processo contra ele, você foi trai...
— Não termina Bel, por favor não termina – implorei – já dói muito, acredite.
— Mas não a nada que eu posso fazer para te ajudar?
— Na verdade tem algo sim.
— Então fala, é dinheiro, porque se for eu levo pra você.
— Não Bel não é dinheiro, só quero que você traga as minhas roupas, eu não consegui trazer nenhuma.
— Só me passa o endereço que eu levo, deseja algo além das roupas? O carro, as joias?
— Só as roupas Bel, alguma roupas, só até eu conseguir me estabilizar, e por favor, faz isso quando ele não estiver em casa. E quanto ao endereço? No momento eu não sei bem aonde estou, vou pegar o endereço e te explico tudo o que aconteceu, eu juro.
— Você está mesmo bem?
— Eu não sei – choraminguei – vai passar... – fiquei em silencio no telefone e ela também – Bel... – chamei.
— Pode falar
— Cuida dele pra mim? – limpei uma das inúmeras lagrimas que escorriam – não deixa a Cristine envenena-lo, ele merece alguém que o ame de verdade. Não deixa ela sofrer Bel, isso seria pior do que qualquer coisa pra mim, cuida del.. – minha voz falhou porque o choro travou minha garganta.
— Eu vou cuidar Anna, prometo pra você.
— Bel.. eu vou desli.. gar, tá .. bom? – falei entre soluços.
— Tem certeza de que está bem? Vai passar a noite bem Anna?
— Uhum... – murmurei baixo – desculpa Bel, depois te ligo – desliguei o telefone com pressa, não que não quisesse falar com ela mas agora o momento era meu, eu precisava desse tempo, pra esquecer e chorar, pra matar a magoa que eu sentia, nem que fosse um pouquinho.
Fim de narração.
Autor(a): Writer Sophi
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Você só sente falta do beijo quando ele cede, só sente falta do sol quando há chuva, só sente falta do calor quando está frio. E quando tudo acaba você percebe que aquele pouco que você tanto reclamava era o que o você tinha, porque mesmo quando se consegue o muito é inevitável não sentir falta d ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 5
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annakarolliny Postado em 22/04/2016 - 13:26:22
Volta a postar
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annakarolliny Postado em 22/04/2016 - 13:26:03
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annakarolliny Postado em 22/04/2016 - 13:24:40
Porque não postou mais ? É ótima ! Comecei minha leitura no orkut , só que você não postou mais lá e disse que iria postar aqui .. Desde então estou aguardando e até agora nada :(((
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laisse_florencia_da_cruz Postado em 21/10/2014 - 14:22:17
Web ótima...Mas pq não posta mais?? Abandonou???:/
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samanta_shulz Postado em 09/09/2014 - 20:44:28
uuuuuuuup