Fanfic: Just a Kiss .. ♪ | Tema: Just a Kiss .. ♪
Guilherme Lizarga narrando.
Pode me chamar de covarde, orgulhoso e até de egoísta, só não me diga que não a dei motivos suficientes para ficar.
— Guilherme... – olhei o Richard – Ei cara, terra chamando – falou impaciente. Estávamos em um restaurante depois de um longa manhã, tem uma semana que estamos analisando uma parceria pra poder expandir um pouco mais a empresa, ele me fala disso todos os dias mas ultimamente eu não tenho cabeça pra mais nada – você entendeu alguma coisa que eu falei?
— Acho que sim, também de tanto que falou já to até decorando as tuas falas.
— Cara, isso não é trabalho meu, sou só seu advogado. Não entende que tá desligado da empresa, desligado do mundo?
— Impressão sua.
— Minha e todos que estão a sua volta, né? – o olhei confuso.
— Tá falando do que?
— Sua mãe me ligou uns dias desses ai, pediu pra que eu conversasse com você, que te aconselhasse a sair mais, que encontrasse uma namorada pra você.
— Tá falando sério? – ele assentiu – agora eu preciso de você pra arrumar mulher pra mim? – ri sarcástico – se não fosse tão ridículo seria até engraçado – falei sério.
— Você não acha que tem que seguir com a vida, sei lá, encontrar outra pessoa se...
— Eu sou casado Richard – o interrompi – não pretendo encontrar outra mulher. – Falei impaciente.
— Vai me dizer que ainda tem esperanças que a Anna volte depois de tudo? Guilherme, você praticamente a bloqueou de viver.
— E você no meu lugar faria diferente?
— Não, eu faria exatamente igual. Mas só se eu não a quisesse mais ao meu lado, eu só faria o que você fez e faz, se eu não a amasse mais.
— Tá – falei irritado – muda de assunto, chega de falar da Anna, chega de lembrar dela. Pelo menos aqui eu quero não pensar nela.
— Você sabe que quando o detetive acordar, vai ter que falar com ele, não é?
— Pra saber mais o que? – falei irritado, odiava as insistências dele – ela saiu da minha vida Richard, foi embora. Não importa mais o que tenha acontecido, porquê pra você, pra Isabel ou pra qualquer outra pessoa o errado dessa história toda sempre vai ser eu.
— Só quero que saiba que me sinto mal toda as vezes que você a prejudica, quem ama cuida Guilherme, quem ama quer por perto. Ao contrario de você que só destrói e a afasta cada vez mais.
— Não tem como ela se afastar mais, até porque ela não sabe que sou eu quem interfiro nas entrevistas dela.
— Você não dá escolha a ela, já imaginou se ela for ao banco? Ou se ela pensasse em mexer em alguma das contas que tem em conjunto com ela? Já parou pra pensar nisso.
— Duvido muito que ela vá fazer algo desse tipo.
— Então porque fechou as contas?
— Não quero ela vivendo bem em outro lugar, algo em mim não consegue imaginar a Anna feliz mas longe, não dá.
— Talvez se...
— Se nada – o interrompi – viemos almoçar juntos pra falar de negócios, não é? – ele assentiu – minha vida não tem nada haver com isso, e por favor, vê se não toca mais no assunto Anna.
— Só acho que você tá deixando o tempo passar, tá afastando ela de você. Porque cara, a menina mal conhece a cidade, saiu de casa sem dinheiro nenhum e a única noticia que você teve dela foi uma ligação de um dos nosso clientes dizendo que tinha recebido um currículo de alguém cujo o nome era idêntico ao da sua esposa e aproveitou a influencia que tem sobre essa cidade e colocou todos os comércios e fabricas contra ela, proibiu tudo quanto é canto de dar uma vaga pra que ela possa sobreviver, ou você acha o que? Que se ela não encontrar nada que vai continuar por aqui? Daqui uns dias ela some, desaparece e você nunca mais a encontra. – levai as mãos até a cabeça e suspirei irritado – porque você não faz as pazes com a Isabel? Pede pra ela te dizer aonde a Anna tá.
— Por que não faz isso você, já que tá tão incomodado, já falei, não quero mais falar da Anna e juro que vou te deixar aqui sozinho se você falar uma só palavra que seja referente a ela, me deixa pelo menos um minuto com a consciência em paz.
— Desisto, desisto de te fazer entender a merda que tá fazendo, eu desisto – levantou as mãos como se si rendesse.
— Ótimo – falei mal humorado – pode voltar a falar do tal grande negocio – ironizei e ele voltou a olhar alguns papeis enquanto esperávamos o almoço.
[...]
— Então negocio fechado? – O Afonso falou animado. Estávamos na sala de reunião, eu e mais alguns acionistas, dentre eles o Afonso o Richard, já que o Marcos havia vendido as ações que tinha e agora era só funcionário.
— Guilherme?
— Por mim está tudo certo, isso vai acrescentar o nome da empresa, e expandir nunca é demais. E pelo que parece eles são muito conceituados no mercado, creio que iremos lucrar muito com isso.
— E quando chegam? – um acionista perguntou.
— A secretaria do Sr. Petrovick me garantiu que eles viram daqui a 3 meses, logo depois do Natal, porque é uma época corrida e pra fazer um negocio desses requer muito tempo, então preferiram vir daqui a alguns meses.
— Mais um grande negocio fechado, então? – perguntou animado e eu assenti sorridente
— Que venham outros – sorri e eles comemoram lá.
Eu sempre ficava feliz quando fechado algum grande negocio, ainda mais esse que é praticamente necessário já que tá difícil achar petróleo em Natal, não sei se já contei, mas trabalho com petróleo, sou dono de uma das maiores empresas do pais que fica aqui em natal, por isso tenho controle por quase toda a cidade, porque praticamente todos daqui dependem da minha empresa e como está difícil achar petróleo eu localizei uma pequena empresa que tem alguns poços em São Paulo, ela não é tão grande porque ainda não são tão conhecidos no mercado, então propus uma parceria. Vou expandir o mercado deles associando os dois nomes, então os dois saem ganhando tanto eu quanto eles. Eu nunca vi o empresário, tudo foi feito por base de telefone ou internet, estou apostando todas as minhas fichas nisso, porque apesar de ainda ter algumas reservas eu não tenho certeza de quanto tempo isso vai durar, não posso deixar metade de uma cidade desempregada ou sem renda, ainda mais agora que a cidade inteira resolveu me agradecer, eu não fazia por isso, mas gostava da ideia de poder controlar o que eu quisesse.
Todos saíram da sala depois de comemorarem mais um “Grande negocio”. Alguns me deram os parabéns, mas a verdade é que quem merecia os parabéns era o Richard, já que ele que cuidou de tudo nesses dias que eu estava, ou estou não sei, em crise emocional, parece patético mas é verdade. Ficou na sala somente o Richard e o Afonso, já que o Marcos não faz questão de estar presente em mais nada.
— Então eles veem depois do Natal? – o Afonso perguntou e o Richard assentiu. O ano tá tão corrido que eu nem parei pra pensar em natal – Guilherme que deve estar animado pro Natal. – falou presunçoso.
— Eu? – perguntei confuso.
— Esse daí não tá animado pra mais nada, só pra fazer maldades, não é?
— Odeio as sua indiretas Richard, juro que se você não fosse tão útil eu te demitia agora.
— Dessa vez deu medo – riu irônico – sua mãe convidou todo mundo pra um jantar na sua casa no natal.
— Minha mãe o que?
— Disse que tá cheia de motivos pra comemorar, que precisa dos amigos no natal. – O Afonso disse.
— Mas eu não fiquei sabendo de nada.
— Sabe como é a Dona Verônica, né? – o Afonso brincou e riu.
— Ela é maluca cara! – lamentei.
— Ela sempre foi assim. Me lembro do teu pai dizendo o quanto ela era impulsiva, sempre foi assim ela foi acostumada mal e isso já vem de anos, não é de agora. – suspirei – é difícil achar mulher que não seja consumista, ciumenta, impulsiva, mandona – o Richard assentiu – não com as contas bancarias que a gente tem – riu e eu suspirei jurando me enfocar mais tarde.
— Falou tudo agora Afonso e ainda tem homem que reclama da esposa que tem – o Richard falou irônico – bonita, inteligente, atenciosa, quase um flor de tão delicada.
— Concordo – riu e eu os olhei com raiva.
— Parece que tiraram o daí pra me irritar, né? Não cansam? – eles riram – dois imbecis – falei mal humorado saindo daquela sala em seguida.
Fui pra casa tarde, antes eu ia embora sempre cedo o quanto mais cedo melhor, mas agora pra mim tanto fazia, não tinha horário pra chegar, do mesmo jeito que não tinha pra sair. Eu odiava a maneira como a minha vida tinha mudado em tão pouco tempo, mas não conseguia mudar, não sozinho. E eu realmente não sabia onde ela estava, eu sei que descobriria a hora que eu quisesse, mas eu tinha medo, porque eu não sei o que dizer se caso acha-la, o que eu diria? Um volta pra mim, um me perdoa? Ou esperaria ela pedir o perdão já que na minha cabeça ela ainda me devia explicações. Ainda tinha todo lance com o detetive, eu dei toda a assistência a família, mas o cara não acorda, talvez se ele acordasse e poderia matar um pouco das minhas duvidas ou aumenta-las, não sei, só sei que a cada dia que passa eu sinto mais saudade.
Cheguei em casa e já era tarde da noite, a Isabel saia apressada vestida em um vestido preto curto e colado revirei os olhos quando ela passou por mim, quase tossi com o cheiro do perfume.
— Aonde vai Isabel? – perguntei rude parando de frente pra ela.
— Me prostituir – falou em um tom animado.
— Eu juro que se não fosse covardia eu te daria uma boa surra agora – falei irritado.
— E tá esperando o que? – perguntou irônica – você faz coisas bem piores Guilherme, uma surra não seria nada. Aposto que a Anna iria preferir apanhar a ter que...
— Cala essa boca – gritei – você não tem o direto de me responder dessa forma, porque você é quem eu faço de você Isabel, você não trabalha, terminou uma faculdade no exterior que me custou o olho da cara e pra que? Pra nada, Porque você não faz nada, só sabe gastar dinheiro, luxar agir feito criança.
— E você age feito adulto por um acaso?
— Eu não tenho culpa se você transformou a sua vida em uma droga Isabel, eu só não vou deixar você transformar a minha em...
— Em o que? – me interrompeu rindo – em uma droga? – riu – eu tenho uma péssima noticia pra você irmãozinho, sua vida já é uma droga. A sua e de todos que vivem nessa maldita casa, a da sua mãe é uma droga, a minha é uma droga e a sua – sorriu – Ah Guilherme, a sua vida de todas é a pior, você não é um bom irmão, não é um bom marido, não é um bom amigo, você não é uma pessoa boa – debochou – que pena que você não conseguiu ser pai, na verdade eu tenho dó da criança, se já trata a mãe da maneira que trata, imagina o filho? A verdade Guilherme, é que você fracassou em tudo a única coisa que ainda te resta é aquela empresa e o dinheiro que você acabou de dizer que conseguiu sozinho, lembra daquele ditado? Aqui se faz aqui se paga? Pois, então seu castigo tá vindo, vai demorar, mas um dia ele chega.
— Você só pode estar usando drogas.
— Seria melhor do que conviver dentro dessa casa de loucos – gritou – ainda bem, a Anna fez muito bem em ir embora, tomara que encontre um cara, que seja o oposto de você Guilherme, tomara que ela o ame com todas as forças e que ele a leve pra bem longe daqui, pra longe muito, muito longe de... – ela abaixou a cabeça com a bofetada que acertei nela, a mesma me olhou por baixo com raiva enquanto passava a mão no rosto. – Eu tenho nojo de você – falou enojada se virando – E há, tem uma surpresinha no seu quarto – falou raivosa – faça bom aproveito – saiu sem seguida.
Levei as mãos até a cabeça irritado, e ela tinha razão eu fracassei em tudo. Perdi tudo, perdi meu pai, perdi meu filho, perdi o respeito da minha irmã, eu perdi a Anna. A ficha nunca caiu de verdade, ás vezes vinha com tudo, mas eu desviava o meu pensamento pra qualquer outra coisa. Subi pro meu quarto repensando tudo o que ela havia falado, eu sabia que era verdade, só não queria aceitar, Abri a porta do meu quarto e fui direto por banheiro, tirei a gravata e a camisa e os sapatos e sai do banheiro distraído. Levei um susto ao me deparar com a Cristine sentada na minha cama, de onde aquela louca havia saído? Ela segurava um celular nas mãos, provavelmente o que eu devia ter esquecido na casa dela naquela maldita noite, eu me segurei, juro que me segurei pra não pular em cima dela e mata-la de pancada. Eu já havia sonhado diversas vezes com a morte dela, já havia até planejado como, só nunca tinha tido a oportunidade de me vingar por ela ter acabaço com a minha vida.
— O que é que você tá fazendo aqui? – falei trincando os dentes e na primeira provocação eu a jogaria da escada, sem dó nem piedade.
— Oi pra você também meu amor – sínica – desculpa a demora, mas achei melhor esperar alguns dias sabe, pra você poder se acostumar com a ideia.
— ideia? – rosnei.
— É, seria meio antiético vir pra cá logo de cara.
— Você só pode estar maluca – falei incrédulo.
— Maluca Gui, maluca por você.
— Cristine vai embora da minha casa, levanta da minha cama. – gritei e a puxei pelo braço, fazendo a mesma ficar cara a cara comigo – como é que você tem coragem de aparecer aqui depois de tudo que fez com o meu casamento? – falei irritado apertando o braço dela.
— Mas eu não fiz nada, quem fez foi você, e devo admitir que fez muitíssimo bem – riu e eu apertei mais o seu braço.
— Você é baixa Cristine, você é sínica, não passa de uma vagabunda – cuspi as palavras na cara dela.
— Sou Guilherme – riu – sou baixa, sou vagabunda mas você não pensou duas vezes antes de deitar com a sínica aqui e largar a sua esposa em casa, a santa Anna. A Anna que enfeitava a tua tes... – a joguei na cama
— Cala essa boca –gritei – Piranha, eu tenho nojo de você, nojo.
— É mesmo? Você deveria ter nojo da sua esposinha que te chifrou e depois a vagabunda ainda sou eu.
— Lava a sua boca pra falar da Anna, você não tem direito e nem moral de entrar no meu quarto e dizer isso.
— É mesmo? E você já tentou se convencer disso? Porque eu vim aqui pra pegar o que me pertence, esse quarto, essa casa, seu sobrenome, você amor, me pertence.
— Cala essa boca, nada nessa casa te pertence, essa casa, esse quarto, eu sou da Anna e isso você nunca vai ter, ela casou comigo, não você. E não importa o que faça, isso nunca vai mudar– ela riu, me irritando ao Máximo.
— Não Se iluda meu amor, você pode até ser da Anna, já ela sua... Mas essa separação...
— O que tem?
— Sabe que foi fácil? – riu – foi tão fácil fazer ela te deixar Guilherme, se eu soubesse que ela é tão ingênua eu teria feito antes. Tantos anos tentando tirar você dela e olha só, o segredo não era tirar você dela e sim, tirar ela de você. Fazer com que ela te deixasse – sorriu – Logo após você sair da minha casa aquele dia, eu escutei um barulho vindo do tapete da sala – solto um riso – A gente estava tão apressado que tiramos a roupa ali mesmo, lembra? Esperai, não posso me desconcentrar – colocou as mãos na cabeça e se deitou na cama – Deus como você me tira a minha concentração – Falou maliciosa respirando fundo – ainda mais sem camisa.. Como você é gostoso – a ignorei
— Cristine é a ultima vez que vou pedir pra você sair do meu quarto. – pedi entre dentes.
— O que foi que eu fiz mesmo? Ah, esperai lembrei – ela levantou da cama se apoiando nos cotovelos, cruzou as pernas e me olhou com um sorriso sínico – eu fui até o telefone e o atendi. Tinha 35 chamadas não atendidas, tadinha deve ter passado a noite toda ligando enquanto a gente estava... Ah, se sabe. E sabe o que mais me comoveu? Ela toda inocente atendendo o telefone, como é que foi mesmo... Ah lembrei – falou irônica – Alô amor é você? Volta pra casa – riu – ingênua demais – falou com um sorrisinho sínico e eu fechei os punhos, eu vou mata- lá – E pior era ela toda inocente, pedindo perdão – gargalhou – E ela foi embora, deve estar com outro cara, quem sabe até mais rico? Seria engraçado ver a tonta da Anna se deitando com outro homem – eu me aproximei da cama, cada palavra que sai da boca dela me ardia por dentro, ela tinha o dom de despertar tudo de ruim – porque pelo menos assim, você ia ver quem ela é de ver.... – O sangue me subiu aos olhos, a voz dela me irritava a maneira com falava da Anna, como me rogava pragas sem nem perceber, quando dei por mim já estava a enforcando e não, não me importaria em mata-la. – Gui.. – tossiu –socorro –gritou com a voz cortada – Vero...nica, socorro.
— Cala a boca, já faz tempo que to querendo fazer isso – apertei mais o pescoço dela, agora com só uma mão segurando os dois braços dela com a outra. Ela fechou os olhos e a vi ficar roxa, a mesma respirava devagar e meu ódio não tava nem na metade.
— Meu Deus Guilherme – Minha mãe chegou do nada tentando puxar um dos meus braços – Solta ela filho.
— Mãe sai daqui – gritei irritado e a Ruth chegou também.
— Solta ela menino, você vai mata-la. – falou assustada enquanto puxava meu braço.
— É isso que ela merece, morrer – dei uns trancos e ela já não acordava, mal respirava.
— Guilherme solta ela – falou alterada – Meus Deus Guilherme a menina tá ficando roxa. Guilherme – minha mãe gritou – você vai mata-la filho, pelo amor de Deus – começou a chorar.
— Solta ela menino, isso não vai mudar em nada a sua vida, só piorar, solta ela filho – a Ruth falou calma puxando o meu braço.
— Ela merece morrer – falei irritado.
— Mas não pelas suas mãos, criança – gritou
— Solta ela meu filho – minha mãe pediu novamente puxando o meu braço e agora eu deixei que ela o tirasse do pescoço da Cristine, me levantei de cima dela e a mesma estava desacordada, parecia morta e eu realmente queria que ela estivesse – meu Deus filho, você matou a menina – disse enquanto dava tapinhas no rosto dela – Cristine, você está bem? – ela não deu sinal então minha mãe me olhou – Não pense que isso vai ficar assim Guilherme – falou irritada e escutei a Cristine tossir e abrir os olhos – Graças a Deus. Você está bem querida? – ela falou toda preocupada com a vagabunda.
— Vem querido, vamos tomar uma água – pegou na minha mão me guiando até a porta
e eu fui, minha mãe me irritava e se a Cristine abrisse a boca novamente eu a mataria.
— Você – falei olhando pra Cristine que tinha o rosto toda vermelho enquanto ainda tossia passando a mão no pescoço – quando eu voltar, te quero fora da minha casa, tá me ouvindo? – ela não respondeu nada e eu sai do quarto.
[...]
Estava na cozinha com a Ruth que me fazia um chá, eu nem gostava de chá, mas ela disse que acalmava então aceitei beber.
— Toma aqui, bebe pra você ver como vai te acalmar rapidinho. – Me estendeu uma xicara, peguei a mesma.
— Como se um chá fosse resolver os meus problemas – falei irônico dando um gole no chá que estava super quente, o que me fez queimar a língua – Ai – A Ruth riu se sentando ao meu lado na mesa da cozinha.
— Ainda apressado? Parece que voltamos ao tempo de criança quando eu tinha que te mandar assoprar primeiro.
— Pra você ver, né? – ri assoprando o chá bebendo-o em seguida.
— Ainda me lembro de você pequeno correndo por essa casa, o filho e o irmão de ouro.
— Acho que fracassei nessas categorias Ruth. Não só nessas mas em muitas outras.
— Não tem noticias dela filho? – neguei
— Não muitas – suspirei.
— Vocês sempre foram perfeitos juntos, se escondendo pelos cantos da casa. Brigavam sem parar, mas nunca ficavam sem se falar um dia ser quer. Ela tendo que trabalhar aqui e você tendo que fazer vários cursos vivendo no mais alto luxo. E perfeitos juntos. Seu pai sempre sonhou com esse casamento.
— Ás vezes me pego pensando se ele não tivesse morrido se as coisas não teriam sido diferentes sabe? Se eu não tivesse que assumir tudo de uma hora pra outra teria mais tempo pra cuidar da Anna, protegê-la em todos os sentidos e agora o Luis Gustavo até estivesse aqui.
— Isso foi o destino filho, ninguém escolhe. Mas o que sentem não acaba, são feitos um para o outro.
— Como eu queria que isso fosse verdade. Como eu queria que ela voltasse, resolveria metade dos meus problemas ou até mais – suspirei – A Isabel age como criança e minha mãe me trata com um bibelô, ela era a única que me amava da maneira como eu sou.
— Ei, porque nunca me inclui nas partes boas?
— Desculpa Ruth – ri – só estava tentando trazer um pouco dela de novo. – falei desanimado – E ainda tem essa maluca dessa Cristine que não se contentou em acabar com o meu casamento e agora quer ser algo minha – Soltei um riso – eu a desprezo.
— Desprezo não é um sentimento que vai te fazer bem.
— Eu tenho tantos que não me fazem bem e ainda sim insisto em senti-los.
— Mas o fim do ano tá ai, natal e logo tudo se acerta, não é?
— Natal, época mais chata – suspirei – meu pai que adora ver a casa cheia de enfeite, enche-la no natal. Me lembro como se fosse hoje da animação dele em montar a arvore da natal com a Isabel nas costas, que quebrava todos os enfeites. – ela riu – Não existia nada no mundo que ele gostasse mais do que fazer os gostos da Isabel, eles juntos eram a alegria dessa casa, sinto falta disso.
— Confesso que ás vezes também sinto – sorriu – ele era bom em tudo o que fazia.
— Bom? Ele chegava perto do perfeito. Eu queria poder ser um pai assim pro meu filho. E só de pensar o tanto de noite que eu já não sonhei com o rostinho dele, a cor dos olhos, eu queria mesmo que eles estivessem aqui, eu o amava sem nem mesmo conhecê-lo.
— Um anjinho, pensa assim... – suspirei – tá frio, né?
— Acho que sim – ri - será que a maluca já foi embora?
— Depois de quase ter sido morta, eu não duvido – riu – não janta hoje?
— To sem fome Ruth, deixa pra próxima.
— A Isabel saiu. – Me informou.
— Eu sei.
— Quer que eu avise quando ela chegar?
— Não, vou deixar ela crescer um pouco, não me importa mais o que ela vai fazer.
— ok então, boa noite querido.
— Boa noite.
Dei um beijo na testa dela e virei o resto do meu chá. Passei pela sala e não tinha ninguém, entrei no meu quarto, tranquei a porta e finalmente consegui tomar o meu banho, precisava daquilo.
Fim de narração
Richard Binsfield Narrando.
Estava em uma boate aqui perto de casa, eu geralmente não saia, mas a Lorena só sabe reclamar que a vida tá uma droga, que não saímos de casa então resolvi leva-la pra dançar um pouco. O que não foi uma boa ideia já que ela levou três amigas, fiquei irritado por isso, se ela quisesse tanto sair que tivesse saído com as amigas e não me arrastado junto pra ficar feito um tonto enquanto ela conversa dança e se diverte com duas mulheres totalmente carentes e que só sabem falar mal de homem. Estávamos sentados em uma mesa com duas amigas dela a espera de uma que parecia ter ficado presa no mundo da futilidade que era de onde elas pareciam sair.
— Ain amor, se diverte um pouco vai – pediu dengosa.
— To me divertindo – sorri pra ela – não tá vendo?
— Ain Richard, também não precisar ser grosso. Toda vez que a gente sai pra algum lugar você fica assim, chato e grosso.- falou irritada.
— Desculpa tá? Mas não estou sendo grosso. Tô até me divertindo. – falei irônico.
— Sério? – fez bico e assenti selando os nosso lábios.
— Sério.
— Então prova?
— Como? – perguntei entediado.
— Vai pegar uma bebida pra gente?
— Mas a sua está cheia.
— Enjoei dela, quero outro – fez bico – se pega?
— Pega pra mim e pras meninas também? – uma das amigas perguntou, Bianca acho.
— Não querem mais nada, né? – perguntei irônico.
— O que te custa amor?
— Vão querer do que? – falei impaciente.
— Eu quero uma caipirinha de morango.
— A gente vai querer o mesmo. – A amiga disse.
— Ok, Já volto amor.
Dei um selinho nela que assentiu e me levantei saindo dali em seguida. Foi até bom, precisava respirar um pouco. Fui até o bar e pedi três caipirinhas de morango e fiquei esperando, tocava Jorge e Matheus – amo noite e dia em remix. Tava distraído olhando pra pista de dança quando a avistei, linda. Cocei os olhos algumas vezes, pisquei varias outras também pra só então ter certeza que sim, era ela. Nunca havia a visto tão linda na vida, ela usava um vestido preto colado e curto, tinha os cabelos soltos com cachos longos nas pontas, um salto enorme e dançava sozinha e incrivelmente bem e linda, como já disse. Acho que toda vez que a vejo ela tá mais linda ou tudo isso seja só loucura porque porra, eu sou casado e quando dei por mim já tinha ido lá.
— Tá fazendo o que aqui? – Perguntei pra ela que se virou surpresa, assustada. E sei, não devia perguntar, não devia ter ido, mas o coração fala mais alto e a saudade me faz fazer loucuras.
— Richard? – perguntou surpresa – O que cê tá fazendo aqui?
— Eu perguntei primeiro – soltei um riso e ela sorriu, meu Deus a quanto tempo ela não sorria pra mim. Acho até que tremi.
— Eu vim com alguns ex-colegas da escola, só pra distrair um pouco.
— Colegas, é? – ela riu – Não estou vendo ninguém.
— Eles não gostam muito de dançar – riu – mas você, veio com quem?
— Você tá linda – cortei o assunto e ela revirou os olhos.
— Porque desconversou? – gritou devido a musica alta – ele tá ai, não tá?
— Insistiu pra que eu viesse.
— Que bom Richard – falou irônica – agora se você me dá licença eu vou até os meus amigos – sorriu e se virou pra sair.
— Não Bel – segurei seu braço – espera – pedi
— Eu sai pra me distrair Richard, por favor – suspirou puxando o braço.
— Eu vim pegar uma bebida pra Lorena e quando te vi de longe... Desculpa mas não aguentei.
— Deveria ter aguentado Richard.
— Não deu Isabel, eu não me controlo quando to perto de você, quando eu vejo já vim falar contigo – olhei ao redor- nem que seja numa pista de dança, no meio de um monte de gente.
— Sua esposa tá Ai Richard – falou seca – deve estar procurando por você...
— Não tem problema, ela espera. – dei de ombros
— Então você fazia isso comigo? Era assim que agia quando eu estava fora? Eu nunca te perguntei na onde você a conheceu? Como foi que ela despertou algo em você assim, tão rápido?
— Claro que não Isabel, uma coisa não tem nada haver com a outra.
— Sabe o que não tem nada haver? É você vir aqui e tentar puxar assunto comigo no meio de uma pista de dança, enquanto a sua esposa te espera.
— Eu só queria conversar com você, saber se...
— Isabel? – um homem parou ao lado dela – era o meu pai e então, já podemos ir? – a olhei confuso e ela olhou o cara.
— Claro – sorriu pro cara musculoso ao seu lado – Até qualquer dia Richard.
— Não – segurei o seu braço – quem é esse cara?
— Um amigo.
— Você não disse que tinha vindo com uns colegas da escola?
— E ele é, Ricardo Richard, Richard Ricardo. – nos apresentou – já podemos ir? – o cara assentiu me encarando.
— Eu ainda quero falar com você.
— Não dá, sua esposa tá esperando a bebida dela – Falou irônica e sorriu acenando, o cara a abraçou de lado e saíram no meio da multidão de pessoas. E eu nem quis imaginar pra onde eles iam.
Voltei pro bar e peguei as bebidas e fui leva-las, quando cheguei próximo a mesa a Lorena estava com o celular nas mãos, mas parou assim que me viu.
— Caramba amor, já estava te ligando, que demora –me sentei ao lado dela e lhe entreguei a bebida, ela entregou pras amigas dela, as quais já estavam em maior numero.
— Desculpa, a fila estava grande.
— Não faz mal – sorriu e me deu um selinho – Já conhece a Raquel? – a menina que devia ter chegado agora sorriu.
— Prazer Raquel – ela sorriu e começou a tocar Beyoncé - Run The World em uma versão em remix.
— Ain eu adoro essa musica – falou animada.
— vamos dançar? – a amiga dela perguntou e a Lori me olhou.
— Se importa amor? – como se eu tivesse me importando com algo que não fosse o fato da Isabel ter saído daqui com outro cara.
— Não – sorri – vai lá.
— Não quer ir comigo? – perguntou com dengo.
— Não amor, pode ir eu vou ficar aqui te olhando.
— Tem certeza? – assenti e ela me deu um beijo rápido – te amo e já volto.
— Eu também – lhe dei um selinho e ela saiu toda feliz com as amigas, enquanto eu as olhava se afastando.
A Lori é linda, uma das mulheres mais linda que já vi na vida. Tem um corpo perfeito, olhos lindos, é carinhosa, ás vezes até um pouco maluquinha mas não consigo, não consigo ver um futuro ao lado dela, não desejando a Isabel como eu desejo. É loucura, eu sei. Eu errei em ter sido tão precipitado, mas eu estava apaixonado, a Lori tinha sido a minha única companhia enquanto a Isabel estava tão longe fazendo sabe lá Deus o que. A gente se via de 6 em 6 meses quando ela conseguia férias ou qualquer coisa do tipo. Tava carente, com ciúmes, com saudades e a Lorena apareceu transformou tudo em alegria e quando vi já estávamos de casamento marcado, escolhendo terno e igreja. A fixa só caiu mesmo quando a Isabel voltou, a minha menina, ela tinha voltado. Voltado pra ficar e foi inevitável não pensar que poderia ser ela, que deveria ser ela. Me sinto um cafajeste só em pensar isso, mas foi ela, desde o principio foi pra Isabel quem eu jurei entregar meu coração e mesmo gostando da Lorena, amando-a do meu jeito, eu nunca vou deixar de amar a Isabel. O problema era só me conformar que agora eu havia perdido ela, é que outros vão tê-la no meu lugar...
[...]
A Lorena dançava toda feliz e eu pensei em rever os meus conceitos sobre felicidade com a minha esposa. Enquanto ela dançava eu procurava pela Bel no salão, na esperança dela só estar mesmo curtindo a noite com alguns ex colegas. A Lorena dançou até não querer mais, e quando cansou a gente foi embora. Cheguei em casa e subi direto pro quarto, a Lori subiu logo em seguida e se deitou na cama, ela veio toda carinhosa querendo algo mas não rolou, meus pensamentos estavam longe, longe demais. Dei um beijo de boa noite nela e me virei pro lado, tentando amenizar os pensamentos que me perseguiam...
Fim de narração
Anna Lizarga narrando:
— Pois não? – ele levantou a cabeça me fazendo tremer, tinha um sorriso sínico nos lábios enquanto balançava a cabeça negativamente como se não acreditasse no que via, e aquele maldito sorriso.. – O que você tá fazendo aqui? – perguntei irritada, com medo, com raiva...
— Oi pra você também meu amor – O Marcos se desencostou do carro – acho que essa é a hora que você pula em cima de mim e me enche de beijos – falou irônico.
— O que você veio fazer aqui? Como me encontrou? – perguntei irritada.
— Achou o que amor? Que eu ia te deixar sair da minha vida assim, tão fácil? – riu – Não sou o Guilherme.
— Eu te perguntei como foi que você me encontrou?
— Vamos dizer que meus detetives são um pouco mais experiente que os do Guilherme – riu – mas me conta sobre você, como tem passado e...
— Detetives? – o interrompi – Que detetives?
— Você não sabe? – se aproximou – vejo que ainda continua ingênua.
— O que você veio fazer aqui Marcos?
— Vim te buscar – falou como se fosse obvio.
— Me buscar?
— Você não achou que eu iria te deixar esse tempo todo nesse subúrbio, né? Ainda mas desempregada, sem dinheiro, sem marido, com o nome sujo na praça.
— Do que você tá falando? – perguntei confusa e ele deu um passo a frente ficando de frente pra mim.
— Ué, você não suspeitou em não achar emprego?
— Eu não achei porque não tinha vagas – ele riu.
— Até parece Anna – ele revirou os olhos – Qualquer lugar que fosse pegaria você pra trabalhar. A cidade esbanja vagas de emprego, ainda mais pra alguém bonita como você. Aposto que encheria qualquer comercio, eu mesmo iria lá te ver todos os dias – riu – entende que emprego pra você é fácil, quer dizer a não ser que...
— A não ser o que? – perguntei irritada
— A não ser que você seja casada com o cara que praticamente abastece toda a cidade, com o chefe, o todo poderoso – ironizou.
— Aonde você quer chegar com isso?
— Qual é Anna? Vai dizer que nem por um minuto – riu – nem por um segundo você desconfiou que o Guilherme estivesse por trás de tudo que dá errado na tua vida?
— Ele não faria isso.
— EU NÃO FARIA ISSO – Falou alterado – não faria porque eu te amo.
— Não me interessa o teu amor, e eu não vou acreditar nas suas mentiras Marcos. Eu te conheço e sei do que é capaz.
— Só de coisas pra te ver feliz, acredite. – falou sério.
— Como acreditar em você? Como acreditar em qualquer pessoa que venha de onde você venha, como?
— Vem comigo, prometo não fazer você chorar.
— Eu não vou a lugar algum com você – falei brava.
— E vai fazer o que? Viver de favor nessa pensão imunda? Ir atrás do Guilherme feito um cão arrependido, se não acredita em mim vai em todos os lugares aonde você entregou currículos e fez entrevistas, acho que a única que teve cacife pra te contratar foi um escritório de advocacia, né? – olhei pra ele surpresa – não se surpreenda, eles te demitiram porque eu fui lá, a mando do teu marido fazer com que eles te obrigassem a ir atrás do Guilherme. A implorar o dinheiro dele, porque é isso que ele gosta Anna, ele gosta de ter todos aos pés dele, e com você não é diferente, ele te quer assim, frágil, dependendo dele e do dinheiro dele pra viver.
— Não, não é verdade. – disse com os olhos marejados
— Eu já te disse que comigo vai ser diferente, que eu até deixo você trabalhar amor. – ele acariciou os meu rosto – eu te amo Anna, nada nunca vai te faltar..
— Marcos vai embora, sai daqui me deixa em paz.
— Entende que sem mim você tá perdida? Não tem emprego Anna, e sem emprego não tem dinheiro e sem dinheiro nem essa pensão xexelenta vai te querer.
— Lava a sua boca pra falar da minha casa.
— Sua casa? – riu – já tão intima assim? Não vai me dizer que é um...
— Nem ouse me desrespeitar dessa forma Marcos, eu não te devo satisfações da minha vida.
— Você tem razão, mas se não quer que eu me meta na tua vida. Pelo menos me deixa cuidar de você? Te dar segurança, proteção Anna..
— Eu sei me virar sozinha, não preciso da tua proteção e nem do teu dinheiro – falei seca e ele passou as mãos no rosto, irritado.
— O que eu quero te dar vai muito além de dinheiro ou qualquer outra coisa, é amor será que só você não vê?
— Eu não amo você Marcos, e também não entendo esse teu amor sem motivos. Porque eu nunca correspondi as tuas maluquices, não tenho nenhum sentimento por você que não seja nojo ou desprezo. Só quero distancia da sua pessoa.
— É mesmo? – ele segurou o meu braço – eu venho aqui te fazer abris os olhos e assim que me trata? Com nojo?
— Te peço obrigada por ter me informado disso, mas isso não quer dizer que eu vá te amar ou odiar menos você. Porque alguém que dá em cima da mulher do amigo, não merece nenhum sentimento que não seja desprezo.
— Não importa, um dia você vai saber quem ele é de verdade. Você não sabe nada sobre o Guilherme Anna, existem feridas dentro de você que foi ele que abriu e você nem nota.
— Aonde você quer chegar com isso?
— A lugar algum, só queria que soubesse – ele olhou no relógio – acho que já está na minha hora – sorriu – Mas não se preocupe, eu volto pra te levar comigo. – ele veio me dar um beijo como se fosse algo meu e o nojo me fez virar a mão na cara dele. O mesmo passou a mão no rosto e sorriu – um dia, você vai implorar por esse beijo.
— Nunca
— É o que veremos meu amor – sorriu – presta atenção por onde anda viu? Não vai se machucar – disse presunçoso.
— Isso é uma ameaça?
— Até qualquer dia minha Anna – abriu porta do carro e entrou no mesmo o ligando em seguida, ele abriu o vidro – e há, não perca tempo procurando emprego, você não vai achar — Vai pro inferno Marcos – falei irritada e ele sorriu dando partida sumindo na rua reta.
Entrei em casa e dessa vez não chorei, todos ali assistiam o filme, então subi pro quarto. Me perguntando o que havia acontecido com o Guilherme, que tipo de monstro ele havia se tronado e claro meu Deus. Era obvio que era ele sim que estava por trás de tudo. Ele sempre me dizia que a cidade dependia da empresa dele e que ele podia mandar e desmandar nela a hora que quisesse, era só querer. E a tonta aqui perdendo tempo, se iludindo. Mas ele não iria ganhar, não dessa vez. Ele até pode ser o dono do mundo, menos da minha vida, essa sim a dona sou eu.
[...]
Já faz uma semana que o Marcos veio aqui, ele não apareceu mais e nem o Guilherme, esse eu já sabia que nunca iria aparecer, ele iria atormentar a minha vida até o dia em que o procurasse pedindo misericórdia. Porque era mais fácil me destruir do que me pedir perdão.
— Outra entrevista? – perguntei desanimada, depois de tantas provas era obvio que não acharia nada. Estava no meu quarto, elas acordaram cedo e vieram me acordar pra falar da entrevista, esqueceram de contar no dia anterior.
— Essa é em uma cafeteria, a moça disse que está precisando de atendente. E olha, é em um lado bom da cidade, você vai ganhar bem. – A Julia disse.
— Tá, e se eles me derem um passa fora como em todas as outras vezes? – perguntei.
— Você tenta de novo uai, cadê aquela Anna que nunca desiste sô? – a Babi disse animada.
— Tá eu vou, satisfeitas?
— Mais é por demais – riram a Babi continuou com o sotaque.
— Tá, já podem parar de falar como mineira porque eu não falo assim.
— Só quando tá brava – riu – é engraçado Anna.
— Ok já entendi, tiraram o dia pra me zoar, não é?
— É nada, agora vem levanta dessa cama. Vamos te deixar na porta da cafeteria. – a Julia disse.
— Mas agora? – Resmunguei.
— É Anna vem – A Babi puxou meu pé e eu ri.
— Tá bom, tá bom eu vou.
Levantei, tomei um banho e coloquei uma blusinha branca com uma calça jeans de lavagem clara, calcei uma sapatilha penteei os cabelos deixando os mesmo soltos, passei perfume e pronto, estava pronta.
[...]
— Boa sorte amiga, vai dar tudo certo – A Babi falou quando chegamos em frente a cafeteria.
— Pensa que o natal tá próximo, pede pro papai Noel isso de presente. – A Julia sugeriu, dei risada e abri a porta do carro.
— Rezem por mim meninas.
— Estamos na torcida – A Babi piscou, sai do carro e fechei a porta – boa sorte, de novo.
— Obrigada por terem arrumado serviço pra mim gente, brigada mesmo.
— Não foi nada – mandou um beijo e Julia deu partida no carro, me deixando na frente da cafeteria. Respirei fundo e me benzi.
— Seja o que Deus quiser...
Entrei na cafeteria e ela era enorme, parecia um restaurante, só que menos sofisticada e mais cheia que um, tenho certeza. Apesar de ser grande haviam poucas mesas que estavam fazias. Tinha gente em todo canto e pouco atendente, isso era visível. Me aproximei do balcão.
— É... bom dia – sorri pra moça que estava lendo catálogos.
— Bom dia, o que deseja? –perguntou simpática.
— Eu vim pra entrevista. – sorri.
— Atá, espera só um pouco que vou chamar o encarregado – assenti e ela saiu, não demorou muito pra que voltasse com um homem.
— Anna? – me olhou e eu assenti – queira me acompanhar, por favor.
Entramos em uma mini sala e ele me fez perguntas, dentre elas se eu era casada devido a aliança que tinha no dedo. Não tinha como negar então assenti. Quando ele terminou com as perguntas ele pegou o telefone dizendo que ia ligar pro gerente dele. E eu prestei atenção na conversa.
— Porque não? – ele perguntou alterado – a gente precisa de alguém.... Como assim já arrumou?... não só acho perca de tempo – suspirou – tá bom então, depois você me liga. – desligou o telefone e eu o olhei.
— E então? – perguntei esperançosa e ele sorriu torto.
— Sinto muito Anna, a vaga já foi preenchida.
— De um dia pro outro? – perguntei confusa
— É sim, sinto muito.
— Mas eu preciso tanto desse emprego.
— Eu sei que precisa, mas a moça se qualifica melhor...
— Não tem moça.
— O que? – perguntou confuso.
— Não tem moça nenhuma, não é?
— Claro que sim o meu gerente ele...
— Ele te proibiu de me aceitar aqui, não foi? – o interrompi – vocês estão proibidos de me dar emprego, não é isso? – ELE ASSENTIU SEM JEITO.
— Sinto muito, mas se eu te contratar quem fica sem emprego sou eu. Não sei com que tipo de coisa você é metida, mas essa coisa é seria porque realmente estamos precisando de alguém que seja assim, igual você. Mas não podemos arriscar brigar com alguém que seja superior a gente, dependemos do nosso nome e se isso é sujado, perdemos tudo, entende?
— Eu entendo, obrigada mesmo assim – me levantei da cadeira aonde eu estava sentada.
— Não me leve a mal.
— Não levarei – rodei a maçaneta da porta – tenha um ótimo dia.
Sai dali e senti minhas pernas tremerem, me sentei na primeira mesa que encontrei. Não sentia vontade de chorar, mas ver o monstro que ele se tornou me machucava, me fazia repensar tudo sobre a vida que tivemos juntos, sobre o namoro, o casamento e todo o resto, se é que tem resto, se é que ainda existe algo, porque eu não sabia não, depois disso.
Estava de cabeça baixa na mesa quando alguém parou ao meu lado
— Com licença. Será que posso me sentar aqui? – era voz de homem, parecia conhecida, mas ignorei.
— Claro que sim – levantei a cabeça – eu já estava mesmo de Said.... – me surpreendi quando olhei pra cima – você?
— Eu – ele sorriu – Senhora Lizarga? – assenti – é um prazer revê-la – Miguel, eu não esqueceria seu nome nem se minha vida dependesse disso, o pai atencioso daquela noite. – Te atrapalhei?
— Não, não estava fazendo nada mas você, o que faz por aqui? – Perguntei confusa.
— Moro aqui perto, venho tomar café aqui quase sempre.
— É sempre cheio assim?
— Sempre – riu – Tem que chegar um pouco cedo pra poder tomar café, tem poucas atendentes – entortou os lábios – mas eles vendem uma torta de abacaxi que é perfeita – sorri, o modo como ele falava era engraçado o timbre da voz dele era bonito – E então, poço me sentar? – falou me despertando da minha visão.
— Ah, desculpa – ri – claro... que sim eu já estava mesmo de saída.
— Ué não vai aceitar minha companhia pra tomar café? Ou você só não quer tomar café comigo?
— Hã? – perguntei confusa – não claro que não eu só...
— papai, papai – alguém me interrompeu e eu olhei assustada pra ele que revirou os olhos rindo – a gente já andou muito, quero sentar. – uma voz fina falou vindo de trás dele e só então eu percebi que havia uma criança com ele. Uma linda criança devo admitir.
— Meu Deus Laura, quando foi que você ficou tão preguiçosa?
— Sua filha? – perguntei encantada a olhando, eu não tinha contato com criança a muito tempo apesar de ser louca por elas. Ele assentiu e ela saiu de trás das pernas dele – oi linda – ela me olhou meio receosa e logo abriu um largo sorriso.
— Moça – falou calma – será que a gente pode sentar aqui? É que meu papai me fez andar muito – fez bico – e eu to muito cansada – olhei assustada pra ela que falou tudo perfeitamente, e pelo tamanho não devia ter mais do que 5 anos.
— Ain meu Deus, desculpa – ri – é claro que podem se sentar. Eu já estava de saída como eu já disse.
— Não vai ficar pra tomar café com a gente? – ele insistiu.
— Bem que eu queria mas..
— Fica – A Pequena pediu se sentando em uma cadeira – Ela é bonita, né pai? – falou distraída pegando o cardápio e ele se sentou também e me olhou sem jeito.
— Já sabe o que vai querer filha? – ela negou com o cardápio na mão – E você – perguntou pra mim.
— Eu? – perguntei distraída, já que eu estava encantada com a garotinha em minha frente – eu não vou querer nada não.
— Nem uma xícara de café? – neguei – então me deixa te pagar uma torta, uma gentileza por ter aceitado dividir a mesma com a gente.
— Eu já disse que não foi nada, que estava de saída.
— Você não vai fazer uma desfeita dessa, não é? –sorri – foi o que eu pensei – a garçonete chegou – Eu vou querer duas tortas de abacaxi e dois cafés – ele olhou pra filha – E você amor, vai querer o que? – ela olhou confusa e estendeu o cardápio pra ele apontando. – É... pode trazer duas de abacaxi e uma de chocolate com um Milk shake de morango – o garçom assentiu e saiu com os pedidos.
[...]
Quando o pedido chegou eu engatei uma conversa animada com a Laura, ela era inteligente, divertida parecia até um adulto, parecia tanto que você tinha que se controlar pra conversar com ela somente assuntos sobre crianças porque do nada ela já falava de algo totalmente diferente.
— Então você joga futebol? – falei animada tomando um gole do meu café enquanto ela já havia pedido mais uma torta e agora comia um pão de queijo.
— Eu sou a melhor do time.
— Sério? – ela assentiu.
— Se quiser ver um jogo dela qualquer dia desses – O Miguel sugeriu.
— Claro, iria adorar. – sorri e ela deu um gole no Milk shake dela.
— Ôou – falou entortando a boquinha e levantou ficando de lado na cadeira, ela se virou pro lado do pai e cochichou algo em seu ouvido, tão baixinho que mesmo eu de perto não pude ouvir.
— Numero 1 ou numero 2? – ela fez sinal de 2 pra ele que entortou a boca – O papai não vai poder entrar no banheiro com você – ela cochichou de novo – eu te disse pra usar o banheiro antes de sairmos. Você quer ir sozinha? – ela negou fazendo bico e ele coçou a nuca.
— Aconteceu algo? – perguntei preocupada.
— A Laura quer ir ao banheiro.
— Ela não sabe aonde é?
— É que não quer ir sozinha, geralmente a gente saia acompanhados da babá dela, mas a mesma nós deixou e então toda vez que saímos é assim. O problema é que não posso entrar no banheiro feminino com ela, deveria existir um banheiro pros pais levarem as filhas – eu ri.
— Se quiser eu posso ir com ela – me ofereci – ta muito apertada amor? – perguntei pra ela que estava mordendo o lábio e tinha a testa franzida.
— Uhum – fez uma careta.
— Quer que eu vá com você? – ela assentiu e então eu me levantei – vem, eu levo você. – ela se levantou da cadeira e segurou a minha mão, enquanto caminhávamos em direção ao banheiro.
E eu fiquei encantada pelo quão independente ela é, não precisou da minha ajuda pra nada, ela só não queria ir mesmo sozinha, até porque ela é só uma criança e não deve mesmo ir. Ela abriu a porta do banheiro e olhou pra mim que estava encostada esperando-a.
— Moça – me chamou e eu a olhei – você pode ajudar a fechar o meu macacão? Eu não consigo – falou meiga e eu me aproximei dela ajudando a fechar o macacão.
— Tá bom assim? Tá apertado? – ela negou e então foi lavar as mãos, a levantei na maquina para que secasse as mesma e então ela me deu a mão e saímos do banheiro. Voltamos pra mesa e o pai dela falava ao telefone, distraído. E desligou assim que nos sentamos a mesa.
— E então amor, usou o banheiro? – perguntou pra ela que assentiu e me olhou com um sorriso – obrigada.
— Foi nada – me sentei novamente.
— Pai eu poço brincar naquela maquina? – apontou pra uma maquina daquelas de bolinhas aonde tinha que colocar moedas – Tem moeda ai? – ela assentiu – então pode ir, eu vou te olhar daqui, tá bom?
— Tá bom – sorriu e saiu toda feliz em direção a maquina.
— O que anda fazendo da vida Anna? – eu que olhava a Laura indo a maquina o olhei, e só então pude perceber o quão lindo ele era.
— Procurando emprego – apertei os lábios.
— Você procurando emprego? – soltou uma risadinha sarcástica o que me fez ficar irritada. Tudo o que eu não precisava era de outro machista.
— Sim. E porque não procuraria?
— Porque não precisa ué, você é casada com o Guilherme. É rica Anna, não precisa disso – falou descontraído como se fosse a coisa mais normal do mundo depender do marido.
— Ele é rico, o dinheiro é dele e não meu. E me impressiona muito ver que praticamente a sociedade inteira desse lugar é machista – falei irritada.
— Calma, só estava brincando – falou calmo – eu não sou machista Anna, e sinto muito se te ofendi.
— Não me ofendeu Miguel. Só que todos julgam como se minha vida fosse um mar de flores, mas não é. Eu sai de casa a quase dois meses e não consigo arrumar emprego, mas também me nego a pedir dinheiro pro Guilherme.
— Ate agora eu não entendi o que foi que aconteceu entra vocês. Em um adia eram um casal e no outro..
— Você me encontra em uma lanchonete sozinha a procura de emprego – o interrompi – É, mudei um pouco de uns dias pra cá.
— Você veio procurar emprego aqui também? – assenti.
— Tentativa que falhou também – ri e logo em seguida soltei um suspiro – Acho que tá na minha hora obrigada pelo café da manhã e por ter me apresentado a sua filha, ela é encantadora – falei me levantando mas ele segurou meu braço.
— Fica mais um pouco. Talvez eu possa ajudar você. Eu tenho uma empresa, tenho influencia sobre a cidade talvez eu possa ajudar você a achar um bom lugar pra trabalhar, é só me dizer do que.
— Iria me ajudar muito, mas não quero prejudicar você.
— Me prejudicar? – perguntou confuso – Não vai me dizer que o Guilherme tá..
— Tá, ele tá bloqueando todos os meios que eu encontrei pra tentar viver a vida. E tenho medo de que ele tente algo contra você.
— Não tenho medo dele, só que não vou negar que estou surpreso com isso. Ele sempre foi calmo, controlado, nunca imaginei que ele teria coragem de fazer isso com você.
— Mas teve – soltei um riso e me sentei novamente – e eu também nunca imaginei que ele se tornaria o que se tornou.
— E o que ele se tornou? – perguntou sério.
— Uma pessoa a qual eu desconheço e desprezo, profundamente. – suspirei – Eu não quero ficar falando disso, só quero ir embora. – olhei pra maquina aonde a Laura jogava se divertindo horrores.
— Gosta de crianças, não é?
— Não tenho contato com muitas e sim, já gostava antes e agora então – sorri.
— Mesmo se a criança for birrenta, mimada e teimosa? – ri – mesmo se ela for menina e tiver jeito de menino, fazer tudo ao contrario, falar pelos cotovelos e as vezes te fazer perguntas que nem adulto faria?
— Por que tá me perguntando isso? – perguntei confusa.
— Por que a 2 semanas a babá da minha filha se demitiu, e até agora não achei ninguém de confiança pra poder confiar cuidar dela. E que como já percebeu a gente é um desastre sozinhos e que eu preciso de urgência de alguém que goste muito de crianças pra poder ficar com ela.
— Você tá?...
— Se você aceitar está contratada. A gente mantém tudo em segredo ele não precisa ficar sabendo de nada, e não é por muito tempo porque ela estuda e faz atividades físicas durante toda a semana. Eu pago bem, assino carteira e todo o resto se você quiser. E se aceitar eu vou ficar muito grato, eu preciso de você e você precisa de mim e então, aceita?
— Pra quando? – perguntei ainda assustada.
— Se quiser pode começar amanhã, a gente combina tudo eu passo o dia com você e com ela pra que possam se acostumar juntas.
— Mas assim do nada?
— Se você não tiver pressa tudo bem, mas é que tá sendo péssimo cuidar dela assim, sozinho. Eu sou um desastre com quase tudo relacionado a mulheres e ela é igual a mim e...
— Eu aceito – o interrompi – vai ser um prazer cuidar da sua filha.
— Tá falando sério? – perguntou surpreso – aceitas mesmo? Promete não voltar pra trás no primeiro dia.
— Prometo.
— Então está contratada – tirou um cartão do bolso – esse aqui é o meu endereço, meu numero do celular, da minha casa pode ligar a hora que quiser.
— Você tá salvando a minha vida, sabia? Eu já estava desesperada.
— Acho que foi a melhor coincidência em tempo, hein? – falou com um sorriso lindo, e não sei se comentei o quão lindo são os olhos dele – e é você quem está salvando a minha vida, acredite.
— Vou adorar cuidar dela.
— Eu espero que sim. Com todas as imperfeições eu realmente espero que sim.
— Ah, para vai, ela nem deve ser tão bagunceira assim – ele assentiu rindo.
[...]
Já estou trabalhando aqui na casa do Miguel á 20 dias. E como ele disse realmente só tem ele a Laura e alguns empregados na casa, não muito apesar dela ser enorme. E quando ele disse sobre o comportamento da filha ser meio elevado ele não mentiu, ela é terrível, mas é terrível de um jeito lindo. Ela faz balé, inglês, joga futebol e tem aula de karatê de aos sábados. Ela detesta o balé, não quer ir nunca, é vaidosa como toda menina, mas prefere uma bicicleta a um batom, uma bola de futebol a uma roupa nova. E dentre as coisas que ela odeia uma delas é que o pai saia com alguma mulher. Ela simplesmente o faz surtar e ele as vezes acaba perdendo a cabeça com ela. Ele é um ótimo pai, apesar de não ter muito tempo, a gente só vê quando eu chego e quando eu vou embora, então a nossa convivência é bem limitada, apesar de que as vezes a gente para pra conversar um pouco, é bem pouco mas é bom.
Ele conhece mulheres diferentes toda semana, mas nunca traz nenhuma pra casa, até porque a Laura surtaria e acabaria traumatizando-as. Ela comigo é um amor, ás vezes é meio dengosa mas a gente se dá super bem. Ela não tem frescuras com comida, só encrenca na hora de dormir e de levantar, fazer ela se arrumar para ir ao colégio é um sacrifício e é sempre assim, todos os dias. Eu levei ela na pensão algumas vezes, todos a adoraram principalmente o Binho que passou o dia inteiro fazendo coisas no cabelo dela, pintando a unha. Eu costumo dizer que o salário é demais pra prazer que me dá cuidar dela, que dá pra ajudar nas despesas da pensão, pagar o mensal que não é cara e ainda sobra muito dinheiro. Nesses 20 dias eu vi a Isabel somente duas vezes, não tenho noticias dele e ainda choro todas as noites de saudade. Não vi o Marcos desde aquele dia, e peço a Deus pra não veja por muito e por muito tempo.
Faltam alguns dias para o Natal, já está tudo combinado na pensão todos estão animados. Só que apesar de morar em um lugar aonde transborda alegria eu não estou feliz, não me sinto feliz, falta algo que na verdade eu já nem sei mais o que é. Esse natal vai ser o primeiro de muitos que vou passar sem ele, desde que nos conhecemos não ouve uma só data comemorativa que não passássemos juntos, já era tradição e eu sinto falta disso. Na verdade sinto falta de tudo, do Marcelo, da minha mãe, eu liguei pra ela um dia desses e não tive coragem de contar que me separei do Guilherme, ela sempre foi contra e cansou de dizer que éramos de mundos diferentes, mas estávamos apaixonados e nem prestamos atenção nas consequências que agora estão pesando. Eu não a vejo dês do dia em que acordei no hospital, ela ficou alguns dias e foi embora, viver a vida dela porque todos vivem, só eu que fiquei presa nessa de passado.
Hoje é quinta feira 13 estava na sala lendo um livro quando o Miguel chegou bravo, na verdade ele não chegou, não passará nem 5 minutos que ele havia saído. Eram 7 horas da noite, hoje eu ficaria até mais tarde devido a um jantar que ele iria com alguma mulher porque pela cara dele, a Laura havia aprontado algo.
— Laura, vem aqui agora – O Miguel gritou bravo ao pé da escada e eu me levantei.
— Ela foi escovar os dentes – falei me aproximando – aconteceu algo?
— Anna você não viu a minha carteira o celular e as chaves do carro? – perguntou ainda o olhando pra escada.
— Não que eu me lembre, por quê?
— A Laura pegou – afirmou irritado – mas hoje ela fica de castigo, há se fica – falou bravo – LAURAAAA –gritou – desce aqui agora. A gente tem que ter uma conversa bem séria mocinha – falou subindo as escadas e eu claro, fui atrás. Ele abriu a porta do quarto dela num só soco e a mesma estava sentada na cama distraída pintando um desenho da Minnie.
— Já voltou pai? – perguntou como se fosse a coisa mais normal do mundo e eu quis rir.
— Eu só vou perguntar uma vez – falou calmo respirando fundo – cadê as chaves do meu carro e todos os outros objetos que você escondeu.
— Eu não escondi nada pai – falou calma pegando um lápis amarelo dentro do estojo.
— Laura eu estou falando com você.
— Eu estou ouvindo pai – olhou pra ele e sorriu. Todas as vezes que ela aprontava algo ela terminava todas as frases com o nome pai, eu já havia percebido isso e achava até engraçado.
— Você quer me enlouquecer, é isso? – perguntou irritado.
Laura: pinta o desenho comigo pai? – perguntou erguendo o desenho e ele a olhou incrédulo.
— Será que eu to falando grego com você, Laura? Meu Deus que teimosia, aonde foi que eu errei na tua educação pra você ficar assim, hein? – ela fez biquinho e coçou os olhos – Não chora, não chora porque vai ser pior. Eu já saquei a muito tempo esse teu choro de mentira.
— Não é de mentira.
— De verdade que não é Laura – suspirou – agora vamos, estou atrasado e você tem 2 minutos pra me entregar tudo o que pegou de mim.
— Mas eu não peguei nada – falou tentando se defender.
— Ah você não pegou? Pois bem – Ele se virou pra mim – Anna a Laura está de castigo por tempo indeterminado, não pode assistir TV, não pode andar de bicicleta, não pode passear pra nenhum lugar que não seja a escola e também não pode pintar... – ele se virou pra ela e pegou o desenho e o estojo – desenho nenhum – pegou o lápis que estava na mão dela e agora sim, ela chorou.
— Será que não seria melhor se você perguntasse pra ela se... – sugeri.
— Não – me interrompeu – não é melhor não, a Laura não é nenhum bebê pra fazer essas coisas que ela faz. Ela tem que começar a entender como é a vida. – falou agora um pouco mais calmo – E então Laura, vai dizer a verdade ou vai querer ficar de castigo pra sempre? – ela o olhou espantada, com os olhinhos castanhos claros inchados.
— Pra sempre? – perguntou preocupada.
— Pra sempre – ele falou sério o que fez ela se espantar.
— Eu não queria pegar papai – falou desesperada – eu ia devolver quando você voltasse – ela coçou os olhos soluçando – eu não queria que você fosse jantar com aquela mulher, ela não gosta de mim.
— De onde você tirou isso Laura? Você mal a conhece, a viu uma ou duas vezes. Você não pode sair por ai tirando conclusões precipitadas e atrapalhando todos os encontros que eu tenho. Desse jeito você nunca vai ter uma mãe – falou alterado.
— Mas se você ficar com ela, vai me deixar igual a mamãe me deixou – falou rápido o olhando e colocou as mãozinhas no rosto abaixando o mesmo, dava pra ver os ombros dela se moverem conforme o choro. O Miguel me olhou assustado, obvio que ele nunca havia visto ela dizer algo assim. Ela realmente fazia sempre algo pra atrapalhar ele nos seus encontros, mas isso sempre acabava em um “desculpa papai” ou qualquer outra coisa parecida.
— Laura... Meu Deus, é claro que não filha – ele se ajoelhou na frente dela na cama – o papai briga com você, mas eu te amo. Eu nunca na vida vou deixar você. O que você fez não foi certo, mas nem por isso eu deixaria você nem um minuto – ele alisou os cabelos dela. A mesma estava ainda com as mãozinhas no rosto – Filha olha pro papai, por favor? – ela não olhou, ele me olhou com uma cara de quem pedia ajuda e então eu me aproximei dos dois me ajoelhando ao lado dele.
— Laura – chamei mas ela não deu atenção – Tá tudo bem amor, seu pai só quer conversar com você – ela retirou as mãozinhas do rosto, estava com os olhos inchados e a carinha toda amassada.
— Filha... – ela me olhou fazendo bico.
— Eu não quero outra mamãe pra me deixar, não quero. – esticou os braços e me abraçou apertado escondendo o rosto no meu pescoço, eu quis chorar.
— Tá tudo bem amor, ninguém vai deixar você. – falei tentando acalmá-la e ela secou o rosto levantando o mesmo do meu pescoço.
— Tá tudo dentro do baú de brinquedos papai. – se referiu aos objetos que tinha pego – eu peguei hoje a tarde e escondi quando fui escovar os dentes. – ela desfez o abraço e levantou da cama, foi até o baú e revirou o mesmo, voltou com o celular à carteira e as chaves na mão, esticando as mesmas ao Miguel. Que pela cara não tava nada bem. Ele pegou aos objetos da mão dela.
— Desculpa.
— O papai não vai mais, tá filha? Eu vou ficar aqui com você.
— Eu quero que você vá papai.
— Mas eu não quero mais ir. Tudo bem se eu ficar aqui com você? – ela assentiu e ele a abraçou apertado – não faz mais isso, tá? – ela assentiu sem retribuir o abraço ele a soltou olhando-a – Você amor, é a única coisa que eu tenho na vida. Eu nunca, nem quando você casar e tiver seus filhos vou te deixar. Você é a minha maior riqueza a melhor parte de mim, entendeu? – ela assentiu – não quero que você pense nunca mais que um dia eu posso deixar você, porque eu não vou, nunca – nem preciso comentar que a cena foi linda, e eu já o admirava antes e agora então... Era linda a maneira como ele a tratava... isso me fez sentir saudades do meu pai. Ela a abraçou de novo enchendo-a de beijos – eu amo você Filha.
[...]
Eu deixei os dois sozinhos pra conversarem e voltei a sala, ele nunca havia tocado no assunto da mãe dela, e nem ela. A gente conversava muito, falávamos dos meninos bonitos da escola dela, do balé que ela dizer ser cheio de meninas chatas, de como ela amava jogar futebol, falamos de bonecas, brincávamos e nunca, ela nunca em todos esses dias falou da mãe. Acho que por isso me surpreendi muito com o comportamento dela, eu não imaginava que ela sentia tanto assim a falta da mãe. Distraia-me novamente lendo o meu livro quando o Miguel desceu as escadas.
— E então, como ela tá? – perguntei ele sorriu.
— Tá dormindo.
— Sem jantar? Sem comer nada? – perguntei preocupada e ele riu.
— Logo ela acorda com fome e vem assaltar a geladeira. – ri e ele se sentou no sofá ao meu lado – tá lendo o que? – perguntou interessado.
— Um homem de sorte. Achei na garagem um dia desses quando estava brincando de esconde – esconde com a Laura. Espero que não se importe.
— Claro que não, o livro é bom se vai gostar.
— Já gostei – sorri e nos ficamos em silencio.
— Obrigada – disparou do nada e eu o olhei confusa – pela ajuda com a Laura.
— Acho que eu que deveria te agradecer. Imagina, cuidar da Laura é maravilhoso, ela é encantadora.
— Você seria uma ótima mãe Anna. – sorriu de canto e eu senti um vazio, mas sorri – é carinhosa, prestativa, engraçada, bonita - falou a ultima palavra encarando um móvel da sala, mas logo em seguida me olhou e sorriu – O Guilherme era um homem de sorte. – falou descontraído e riu logo em seguida – eu o vi esses dias em um jantar de negócios e...
— Não me fala – o interrompi – eu não quero mesmo saber, pelo menos não por enquanto. – apertei os lábios – o importante é que ele não saiba que trabalho aqui, to tão apegada com a Laura que to com medo de que ele descubra e me afaste dela.
— A única pessoa que pode te afastar dela sou eu Anna, e eu não vou fazer isso. Ela gosta de você e depois de hoje, de ouvir ela dizer que sente medo. Eu não quero tirar nada da vida dela, não quero afastar ninguém, a única coisa que quero no mundo é que ela tenha uma vida normal, que a ausência da mãe não pese tanto nas lembranças dela. – ele passou as mãos no rosto – hoje quando fui buscá-la no colégio a professora conversou comigo, disse que ela tá calada, sozinha, não quer a companhia de ninguém. Coisa que estranhei já que aqui em casa ela fala pelos cotovelos, questiona tudo e age feliz, ou pelo menos parece que age. – ele suspirou – sempre foi só eu e ela. Ela sempre me questionou sobre a mãe mas nunca sobre o medo de ficar sozinha. Ela é tudo que tenho e eu sou tudo o que ela tem. – juro que me perguntei se ele tinha algum defeito.
— Isso basta – ele me olhou confuso – se ela te tem inteiramente isso basta, ela não precisa de nada. Não importa o que tenha acontecido com a mãe dela, ela tem você e sabe disso, por isso age assim, por ciúmes e até por medo também. No fundo ela tem medo de que você se apaixone e a esqueça. Chega até ser engraçado ver uma criança do tamanho dela se preocupando com isso.
— Você parece entender bem o que ela sente, não é?
— Eu nunca tive muito Miguel, mas o pouquinho que tive me preencheu. E um dia ela vai entender isso. – sorri e ele ficou me encarando com um sorriso no canto dos lábios. Ele é um homem incrivelmente lindo, chegava até parecer miragem olha-lo de tão perto, tão bonito. Não que eu não estivesse acostumada com beleza, porque o Guilherme... Ah Anna lá vai você pensar no Guilherme.
— Você tem olhos lindos Anna – falou do nada me despertando da visão. Senti meu rosto queimar. – ficou mais lindo agora – ele sorriu – e eu ainda to tentando achar um defeito em você pra justificar o fim do seu casamento – se aproximou e com uma mão acariciou o meu rosto.
— Acho que tá tarde, né? – ele assentiu e retirou a mão do meu rosto.
— Estava aqui falando da minha vida que acabei esquecendo que tá ficando tarde e você precisa ir embora.
— Foi bom conversar com você – falei sincera.
— É sempre bom conversar com você Anna – ele se levantou do sofá e colocou as mãos no bolso tirando as chaves do carro. – e então, vamos?
— Hãn? – perguntei confusa
— Vou te dar uma carona até em casa, sei que não mora longe mas tá tarde e vai demorar alguns minutos até você chegar. Do jeito que a cidade tá perigosa é melhor não arriscar.
— Não precisa – tá eu estava morrendo de vergonha – ônibus passa aqui em frente e...
— Eu faço questão – me interrompeu – que cavalheiro seria eu se deixasse você sair da minha casa a essa hora pra pegar um ônibus? – arqueou a sobrancelha e eu assenti, me rendendo.
Ele chamou a Joana que era governanta da casa e avisou que iria me levar, e pediu pra que ela ficasse de olho na Laura, ela assentiu e então fomos.
O carro dele era luxuoso, espaçoso e quando ele ligou o som tocava Xuxa, ele tentou se explicar dizendo que era da Laura, o que me fez rir, é bem a cara dela mesmo. O resto do caminho ele foi me contando como e do que trabalhava. Ele tinha muitas oficinas e alguns postos também trabalha com combustíveis e tinha nome conceituado no mercado, por isso a parceria com o Guilherme. Ele chegou ate a dizer que ele era o seu maior fornecedor, o que me deu sei lá, medo.
Ele parou o carro em frente a pensão e um silencio invadiu o carro.
— Err.. a gente se vê amanhã então? – perguntei quebrando o silencio.
— Tenho um dia cheio, acho que vai ser difícil nos vermos – apertou os lábios.
— Então até qualquer dia. – sorri
— Que esse dia chegue logo – sorriu e se aproximou de mim me dando um beijo no rosto, fechei os olhos ao sentir os lábios dele com a minha pele – boa noite Anna – falou quando afastou o rosto do meu.
— Boa noite – sorri e abri a porta do carro e dei um tchauzinho pra ele fechando a porta do mesmo em seguida.
Quando entrei em casa pude escutar o barulho do carro dele indo embora e suspirei, que homem era aquele meu Deus? Dei alguns passos e levei um susto ao achar todos na sala me olhando com uma cara esquisita.
— Andando de carro importado Anna? – O Binho perguntou malicioso.
— Boa noite pra você também, Binho – falei irônica e ele riu.
— Conta tudo mulher – falou animado e todos riram – de quem era o carro?
— O carro? Era do Miguel, o pai da Laura. – falei sem jeito
— O fontes? – A Julia perguntou interessada e eu assenti.
— Anna qual é o seu segredo, pelo amor de Deus me conta. – A Babi perguntou e o Rodrigo a beliscou – Ai – resmungou e alisou a perna dele.
— Menina tu tem gosto pra homem bom e rico viu. – ri e fui me juntar a eles no sofá e estranhei em ver a Babi sentada entre as pernas do Rodrigo e o Fernando deitado com a cabeça no colo da Julia. Olhei pra Babi que piscou pra mim, e a Julia mal me olhou, tava concentrada demais em mimar o Fernando. O Dani estava emburrado com o celular na mão e o Binho fazendo as unhas enquanto todos assistiam ao jornal que passava algo sobre roubos, não prestei bem atenção. Estranhei não ver a Vó Iná em canto algum.
— Não tá faltando alguém aqui gente? – perguntei confusa e o Dani bufou irritado.
— Amiga – riu – você não sabe da melhor. – o Binho falou animado batendo palmas – senta aqui que vou te contar.
— Cara eu vou socar o Fabio hoje, juro que vou – O Dani falou irritado e tacou o controle da TV nele.
— Ain como esse bofe tá estressado hoje – riu – fica quieto ai, não vou falar de você não – me olhou – A nossa querida e amada Iná saiu.
— Saiu? Pra onde?
— Com o Francis – falou meigo e o Daniel tacou uma almofada nele o que fez todos rirem, agora eu havia entendido o porque da revolta dele. Não sei se já havia comentado mas o Daniel de todos ali era o único que realmente era parente da Vó Iná, ele é neto dela.
— Francis não é o...
— Aquele nosso vizinho simpaticíssimo? – me interrompeu – O nome dele Francisco mas como já somos totalmente íntimos posso chamar de Francis e sim amiga, se pensou nele pensou certo. – eu tive que rir
— Simpático é? – O Dani riu sarcástico – ele é um velho bem do tarado, isso sim.
— Mas eu me mordo de ciúmes... ♪ - O Fernando cantarolou e ele tacou outra almofada que acertou na Julia.
— Ain Dani, to calada meu – riu e todos a seguiram com a risada.
— Isso dão risada, queria ver se fosse a Vó de vocês se engraçando com esse velho safado.
— Relaxa Dani, ela volta sã e salva pra você.
— Ou não né? – O Rodrigo riu – será que o do Francisco ainda sobe? Tipo a pipa do vovó não sobe mais..
— Puta que o pariu mano, que saco – O Dani falou bravo – eu corto a pipa dele se ele vir se engraçar com a minha Vó – falou irritado – que nem o telefone ela quer atender meu, o que será que tá fazendo pra não poder nem atender o telefone? – agora eu entendi o porque do telefone na mão dele.
— Ain bem, nem te conto. Ain Rodrigo gostei disso.. – olhou pro Rodrigo – mas pela demora acho que a pipa subiu viu – falou rindo e o Daniel o olhou irritado e se levantou se aproximando. – Tipo.., pi...pa no sentido, deee pipa – falou tremendo e o Dani cerrou os olhos pra ele e se sentou novamente discando números no telefone. Todos rimos do Binho.
Passava um reportagem sobre compras de Natal e todos pareceram se interessar.
— Ain Deus to trabalhando feito louca no hotel, o que tem de gente vindo passar férias aqui não tá brincadeira viu. – A Babi resmungou.
— Nem me fale. O bom são as gorjetas, né? – A Julia lembrou.
— Eu acho que ganho mais de gorjeta do que de salário – O Binho riu limpando suas unhas – as freguesas são tudo boas comigo.
— Então já que tá tão cheio da grana assim, bem que podia dar presentes pra todos nós, né não? – o Rodrigo disse.
— Querido você ganha melhor do que eu, tem ensino e é bonito, garanto que ganha bem mais.
— E eu? O Fernando perguntou.
— Você? – perguntou todo derretido – Ain Nando você, eu dou casa comida roupa lavada e café da manhã na cama.
— Ei assim na minha frente? Nem disfarça mais? – A Julia fingiu estar ofendida.
— Pode levar até essa baranga – deu de ombros – te aceito com as suas imperfeições.
— Tá chega com essa melação. Vamos falar sério agora, porque já basta a Vó Iná que tá lá no bem bom – O Rodrigo disse e o Dani fingiu não ouvir – Tá, agora é sério – todos pararam o que faziam para olha-lo – o que vamos fazer no natal?
— Cear ué – A Julia falou como se fosse obvio.
— Isso a gente vai né, obvio. To dizendo tipo, um amigo secreto.
— Amigo secreto? – perguntei interessada, na mansão todos sempre brincavam mas eu nunca brinquei, não tinha condições pra dar um presente a altura de qualquer pessoa que brincasse ali, então sempre via de longe tinha vontade de participar, o Guilherme até tentava me convencer mas nunca deu certo.
— Anna – A Babi me chamou despertando-me dos meus pensamentos e eu a olhei – estava no mundo da Lua?
— Essa daí só vive no mundo dos bofes menina – falou com sacarmos – e bofes lindos e ricos, desculpa tá? – ri
— Não era nem isso que estava pensando, só acho que seria legal a ideia do Rodrigo. – expliquei.
— Eu também gostei. – A Babi disse.
— Vou logo avisando que se me derem presentes ruins eu não quero. – Binho disse todo fresquinho.
— Quem foi que chamou o Binho na brincadeira? – A Julia perguntou
— Também não sei – O Dani que estava calado falou e o Binho olhou pra ele.
— Sabe quem pode brincar gente? – O Binho perguntou.
— Quem? – perguntei.
— O Francis – riu – ai o Dani já aproveita pra conhecer o vovô.
— Hahaha engraçadão você – O Dani falou irritado e subiu pro quarto.
— E então gente? Vamos ou não vamos brincar? – O Rodrigo perguntou.
— Estou super dentro. – disse animada.
— Eu e o Nando também. – A Ju disse.
— Só falta a Vó e o Dani né? Depois a gente vê tudo direitinho. – A Babi falou.
— É pode ser, mas tem que ser logo já que o natal tá chegando.
— Antes do natal a gente vê isso, fecho?
— Por mim sim – sorriu.
— Gente a conversa tá boa mas to cansada, vou tomar um banho. – Eu disse cansada.
— Ok amor, vai lá. – A Ju falou doce e mandou um beijo.
Sorri e então subi pro quarto, afinal o Binho fazia as unhas e elas estavam todas em clima de romance, não quis atrapalhar. Minha única companhia quando elas ficam assim é a Vó Iná, mas pelo visto até ela tá apaixonada. Sorri sozinha ao lembrar da Crise do Dan e entrei no banheiro precisava de um banho. Eu tinha ficado totalmente animada com o amigo secreto deles, eu me sentia em casa ali, mas faltava algo, na verdade faltava anta coisa. Hoje quando vi o Miguel com a Laura senti falta do meu pai, o que me fez lembrar da minha mãe ,de quando viemos pra cá e quando chega na parte em que ele aparece, não sei se me dá saudade ou me dá alivio, porque tudo parece tão distante agora, as lembranças, os planos e se pelo menos eu pudesse me livrar do sentimento tudo poderia ser mais fácil, talvez se eu tivesse saído daquela casa sem ela no coração tudo não estaria sendo mais fácil. E quando dei por mim já chorava, de saudade, de medo, de amor. Já fazem quase 3 que sai de casa e até agora tudo o que ele tem feito e me dar motivos pra nunca mais retornar. E na verdade eu já nem queria mais retornar, não agora que eu estava tão apegada com a Laura e conhecendo novas formas de viver, e novas pessoas e novos amigos e com tudo, eu esperava uma nova vida.
Nem sei quantos minutos fiquei no banheiro, e quando sai a Vó Iná já havia chegado, ela estava toda animada contando do seu encontro, das musicas e de tudo, que até me fez esquecer um pouco da minha saudade. Afinal, nem havia como sofrer ali, já que inventamos de montar a enorme arvore de natal, o que não deu muito certo já que não concordamos com nada e o Binho quer fazer tudo do jeito dele, acabou que cada um resolveu decorar da sua maneira e fazer aquilo que achava bonito o que resultou na arvore mais decorada que já havia visto em toda a minha vida. Tinha ficado igual a casa, cheia de emoção, cheia de surpresa, cheia de sorriso, tudo parecia mágico ali dentro, ou era a minha carência de família que sustentava aquilo, eu não sei. Só sei que quando dei por mim já era de madrugada e estávamos todos na sala comendo e rindo a beça das histórias malucas do Binho. Quando o sono bateu me despedi de todos e fui dormi, não rolei na cama como fazia sempre, eu simplesmente me deitei e dormi, ansiosa pelo dia que me esperava ao acordar e todas as novas experiência que ele me traria...
Fim de narração.
Richard Binsfield Narrando.
Estava em uma boate aqui perto de casa, eu geralmente não saia, mas a Lorena só sabe reclamar que a vida tá uma droga, que não saímos de casa então resolvi leva-la pra dançar um pouco. O que não foi uma boa ideia já que ela levou três amigas, fiquei irritado por isso, se ela quisesse tanto sair que tivesse saído com as amigas e não me arrastado junto pra ficar feito um tonto enquanto ela conversa dança e se diverte com duas mulheres totalmente carentes e que só sabem falar mal de homem. Estávamos sentados em uma mesa com duas amigas dela a espera de uma que parecia ter ficado presa no mundo da futilidade que era de onde elas pareciam sair.
— Ain amor, se diverte um pouco vai – pediu dengosa.
— To me divertindo – sorri pra ela – não tá vendo?
— Ain Richard, também não precisar ser grosso. Toda vez que a gente sai pra algum lugar você fica assim, chato e grosso.- falou irritada.
— Desculpa tá? Mas não estou sendo grosso. Tô até me divertindo. – falei irônico.
— Sério? – fez bico e assenti selando os nosso lábios.
— Sério.
— Então prova?
— Como? – perguntei entediado.
— Vai pegar uma bebida pra gente?
— Mas a sua está cheia.
— Enjoei dela, quero outro – fez bico – se pega?
— Pega pra mim e pras meninas também? – uma das amigas perguntou, Bianca acho.
— Não querem mais nada, né? – perguntei irônico.
— O que te custa amor?
— Vão querer do que? – falei impaciente.
— Eu quero uma caipirinha de morango.
— A gente vai querer o mesmo. – A amiga disse.
— Ok, Já volto amor.
Dei um selinho nela que assentiu e me levantei saindo dali em seguida. Foi até bom, precisava respirar um pouco. Fui até o bar e pedi três caipirinhas de morango e fiquei esperando, tocava Jorge e Matheus – amo noite e dia em remix. Tava distraído olhando pra pista de dança quando a avistei, linda. Cocei os olhos algumas vezes, pisquei varias outras também pra só então ter certeza que sim, era ela. Nunca havia a visto tão linda na vida, ela usava um vestido preto colado e curto, tinha os cabelos soltos com cachos longos nas pontas, um salto enorme e dançava sozinha e incrivelmente bem e linda, como já disse. Acho que toda vez que a vejo ela tá mais linda ou tudo isso seja só loucura porque porra, eu sou casado e quando dei por mim já tinha ido lá.
— Tá fazendo o que aqui? – Perguntei pra ela que se virou surpresa, assustada. E sei, não devia perguntar, não devia ter ido, mas o coração fala mais alto e a saudade me faz fazer loucuras.
— Richard? – perguntou surpresa – O que cê tá fazendo aqui?
— Eu perguntei primeiro – soltei um riso e ela sorriu, meu Deus a quanto tempo ela não sorria pra mim. Acho até que tremi.
— Eu vim com alguns ex-colegas da escola, só pra distrair um pouco.
— Colegas, é? – ela riu – Não estou vendo ninguém.
— Eles não gostam muito de dançar – riu – mas você, veio com quem?
— Você tá linda – cortei o assunto e ela revirou os olhos.
— Porque desconversou? – gritou devido a musica alta – ele tá ai, não tá?
— Insistiu pra que eu viesse.
— Que bom Richard – falou irônica – agora se você me dá licença eu vou até os meus amigos – sorriu e se virou pra sair.
— Não Bel – segurei seu braço – espera – pedi
— Eu sai pra me distrair Richard, por favor – suspirou puxando o braço.
— Eu vim pegar uma bebida pra Lorena e quando te vi de longe... Desculpa mas não aguentei.
— Deveria ter aguentado Richard.
— Não deu Isabel, eu não me controlo quando to perto de você, quando eu vejo já vim falar contigo – olhei ao redor- nem que seja numa pista de dança, no meio de um monte de gente.
— Sua esposa tá Ai Richard – falou seca – deve estar procurando por você...
— Não tem problema, ela espera. – dei de ombros
— Então você fazia isso comigo? Era assim que agia quando eu estava fora? Eu nunca te perguntei na onde você a conheceu? Como foi que ela despertou algo em você assim, tão rápido?
— Claro que não Isabel, uma coisa não tem nada haver com a outra.
— Sabe o que não tem nada haver? É você vir aqui e tentar puxar assunto comigo no meio de uma pista de dança, enquanto a sua esposa te espera.
— Eu só queria conversar com você, saber se...
— Isabel? – um homem parou ao lado dela – era o meu pai e então, já podemos ir? – a olhei confuso e ela olhou o cara.
— Claro – sorriu pro cara musculoso ao seu lado – Até qualquer dia Richard.
— Não – segurei o seu braço – quem é esse cara?
— Um amigo.
— Você não disse que tinha vindo com uns colegas da escola?
— E ele é, Ricardo Richard, Richard Ricardo. – nos apresentou – já podemos ir? – o cara assentiu me encarando.
— Eu ainda quero falar com você.
— Não dá, sua esposa tá esperando a bebida dela – Falou irônica e sorriu acenando, o cara a abraçou de lado e saíram no meio da multidão de pessoas. E eu nem quis imaginar pra onde eles iam.
Voltei pro bar e peguei as bebidas e fui leva-las, quando cheguei próximo a mesa a Lorena estava com o celular nas mãos, mas parou assim que me viu.
— Caramba amor, já estava te ligando, que demora –me sentei ao lado dela e lhe entreguei a bebida, ela entregou pras amigas dela, as quais já estavam em maior numero.
— Desculpa, a fila estava grande.
— Não faz mal – sorriu e me deu um selinho – Já conhece a Raquel? – a menina que devia ter chegado agora sorriu.
— Prazer Raquel – ela sorriu e começou a tocar Beyoncé - Run The World em uma versão em remix.
— Ain eu adoro essa musica – falou animada.
— vamos dançar? – a amiga dela perguntou e a Lori me olhou.
— Se importa amor? – como se eu tivesse me importando com algo que não fosse o fato da Isabel ter saído daqui com outro cara.
— Não – sorri – vai lá.
— Não quer ir comigo? – perguntou com dengo.
— Não amor, pode ir eu vou ficar aqui te olhando.
— Tem certeza? – assenti e ela me deu um beijo rápido – te amo e já volto.
— Eu também – lhe dei um selinho e ela saiu toda feliz com as amigas, enquanto eu as olhava se afastando.
A Lori é linda, uma das mulheres mais linda que já vi na vida. Tem um corpo perfeito, olhos lindos, é carinhosa, ás vezes até um pouco maluquinha mas não consigo, não consigo ver um futuro ao lado dela, não desejando a Isabel como eu desejo. É loucura, eu sei. Eu errei em ter sido tão precipitado, mas eu estava apaixonado, a Lori tinha sido a minha única companhia enquanto a Isabel estava tão longe fazendo sabe lá Deus o que. A gente se via de 6 em 6 meses quando ela conseguia férias ou qualquer coisa do tipo. Tava carente, com ciúmes, com saudades e a Lorena apareceu transformou tudo em alegria e quando vi já estávamos de casamento marcado, escolhendo terno e igreja. A fixa só caiu mesmo quando a Isabel voltou, a minha menina, ela tinha voltado. Voltado pra ficar e foi inevitável não pensar que poderia ser ela, que deveria ser ela. Me sinto um cafajeste só em pensar isso, mas foi ela, desde o principio foi pra Isabel quem eu jurei entregar meu coração e mesmo gostando da Lorena, amando-a do meu jeito, eu nunca vou deixar de amar a Isabel. O problema era só me conformar que agora eu havia perdido ela, é que outros vão tê-la no meu lugar...
[...]
A Lorena dançava toda feliz e eu pensei em rever os meus conceitos sobre felicidade com a minha esposa. Enquanto ela dançava eu procurava pela Bel no salão, na esperança dela só estar mesmo curtindo a noite com alguns ex colegas. A Lorena dançou até não querer mais, e quando cansou a gente foi embora. Cheguei em casa e subi direto pro quarto, a Lori subiu logo em seguida e se deitou na cama, ela veio toda carinhosa querendo algo mas não rolou, meus pensamentos estavam longe, longe demais. Dei um beijo de boa noite nela e me virei pro lado, tentando amenizar os pensamentos que me perseguiam...
Fim de narração.
Anna Lizarga narrando:
— Pois não? – ele levantou a cabeça me fazendo tremer, tinha um sorriso sínico nos lábios enquanto balançava a cabeça negativamente como se não acreditasse no que via, e aquele maldito sorriso.. – O que você tá fazendo aqui? – perguntei irritada, com medo, com raiva...
— Oi pra você também meu amor – O Marcos se desencostou do carro – acho que essa é a hora que você pula em cima de mim e me enche de beijos – falou irônico.
— O que você veio fazer aqui? Como me encontrou? – perguntei irritada.
— Achou o que amor? Que eu ia te deixar sair da minha vida assim, tão fácil? – riu – Não sou o Guilherme.
— Eu te perguntei como foi que você me encontrou?
— Vamos dizer que meus detetives são um pouco mais experiente que os do Guilherme – riu – mas me conta sobre você, como tem passado e...
— Detetives? – o interrompi – Que detetives?
— Você não sabe? – se aproximou – vejo que ainda continua ingênua.
— O que você veio fazer aqui Marcos?
— Vim te buscar – falou como se fosse obvio.
— Me buscar?
— Você não achou que eu iria te deixar esse tempo todo nesse subúrbio, né? Ainda mas desempregada, sem dinheiro, sem marido, com o nome sujo na praça.
— Do que você tá falando? – perguntei confusa e ele deu um passo a frente ficando de frente pra mim.
— Ué, você não suspeitou em não achar emprego?
— Eu não achei porque não tinha vagas – ele riu.
— Até parece Anna – ele revirou os olhos – Qualquer lugar que fosse pegaria você pra trabalhar. A cidade esbanja vagas de emprego, ainda mais pra alguém bonita como você. Aposto que encheria qualquer comercio, eu mesmo iria lá te ver todos os dias – riu – entende que emprego pra você é fácil, quer dizer a não ser que...
— A não ser o que? – perguntei irritada
— A não ser que você seja casada com o cara que praticamente abastece toda a cidade, com o chefe, o todo poderoso – ironizou.
— Aonde você quer chegar com isso?
— Qual é Anna? Vai dizer que nem por um minuto – riu – nem por um segundo você desconfiou que o Guilherme estivesse por trás de tudo que dá errado na tua vida?
— Ele não faria isso.
— EU NÃO FARIA ISSO – Falou alterado – não faria porque eu te amo.
— Não me interessa o teu amor, e eu não vou acreditar nas suas mentiras Marcos. Eu te conheço e sei do que é capaz.
— Só de coisas pra te ver feliz, acredite. – falou sério.
— Como acreditar em você? Como acreditar em qualquer pessoa que venha de onde você venha, como?
— Vem comigo, prometo não fazer você chorar.
— Eu não vou a lugar algum com você – falei brava.
— E vai fazer o que? Viver de favor nessa pensão imunda? Ir atrás do Guilherme feito um cão arrependido, se não acredita em mim vai em todos os lugares aonde você entregou currículos e fez entrevistas, acho que a única que teve cacife pra te contratar foi um escritório de advocacia, né? – olhei pra ele surpresa – não se surpreenda, eles te demitiram porque eu fui lá, a mando do teu marido fazer com que eles te obrigassem a ir atrás do Guilherme. A implorar o dinheiro dele, porque é isso que ele gosta Anna, ele gosta de ter todos aos pés dele, e com você não é diferente, ele te quer assim, frágil, dependendo dele e do dinheiro dele pra viver.
— Não, não é verdade. – disse com os olhos marejados
— Eu já te disse que comigo vai ser diferente, que eu até deixo você trabalhar amor. – ele acariciou os meu rosto – eu te amo Anna, nada nunca vai te faltar..
— Marcos vai embora, sai daqui me deixa em paz.
— Entende que sem mim você tá perdida? Não tem emprego Anna, e sem emprego não tem dinheiro e sem dinheiro nem essa pensão xexelenta vai te querer.
— Lava a sua boca pra falar da minha casa.
— Sua casa? – riu – já tão intima assim? Não vai me dizer que é um...
— Nem ouse me desrespeitar dessa forma Marcos, eu não te devo satisfações da minha vida.
— Você tem razão, mas se não quer que eu me meta na tua vida. Pelo menos me deixa cuidar de você? Te dar segurança, proteção Anna..
— Eu sei me virar sozinha, não preciso da tua proteção e nem do teu dinheiro – falei seca e ele passou as mãos no rosto, irritado.
— O que eu quero te dar vai muito além de dinheiro ou qualquer outra coisa, é amor será que só você não vê?
— Eu não amo você Marcos, e também não entendo esse teu amor sem motivos. Porque eu nunca correspondi as tuas maluquices, não tenho nenhum sentimento por você que não seja nojo ou desprezo. Só quero distancia da sua pessoa.
— É mesmo? – ele segurou o meu braço – eu venho aqui te fazer abris os olhos e assim que me trata? Com nojo?
— Te peço obrigada por ter me informado disso, mas isso não quer dizer que eu vá te amar ou odiar menos você. Porque alguém que dá em cima da mulher do amigo, não merece nenhum sentimento que não seja desprezo.
— Não importa, um dia você vai saber quem ele é de verdade. Você não sabe nada sobre o Guilherme Anna, existem feridas dentro de você que foi ele que abriu e você nem nota.
— Aonde você quer chegar com isso?
— A lugar algum, só queria que soubesse – ele olhou no relógio – acho que já está na minha hora – sorriu – Mas não se preocupe, eu volto pra te levar comigo. – ele veio me dar um beijo como se fosse algo meu e o nojo me fez virar a mão na cara dele. O mesmo passou a mão no rosto e sorriu – um dia, você vai implorar por esse beijo.
— Nunca
— É o que veremos meu amor – sorriu – presta atenção por onde anda viu? Não vai se machucar – disse presunçoso.
— Isso é uma ameaça?
— Até qualquer dia minha Anna – abriu porta do carro e entrou no mesmo o ligando em seguida, ele abriu o vidro – e há, não perca tempo procurando emprego, você não vai achar — Vai pro inferno Marcos – falei irritada e ele sorriu dando partida sumindo na rua reta.
Entrei em casa e dessa vez não chorei, todos ali assistiam o filme, então subi pro quarto. Me perguntando o que havia acontecido com o Guilherme, que tipo de monstro ele havia se tronado e claro meu Deus. Era obvio que era ele sim que estava por trás de tudo. Ele sempre me dizia que a cidade dependia da empresa dele e que ele podia mandar e desmandar nela a hora que quisesse, era só querer. E a tonta aqui perdendo tempo, se iludindo. Mas ele não iria ganhar, não dessa vez. Ele até pode ser o dono do mundo, menos da minha vida, essa sim a dona sou eu.
[...]
Já faz uma semana que o Marcos veio aqui, ele não apareceu mais e nem o Guilherme, esse eu já sabia que nunca iria aparecer, ele iria atormentar a minha vida até o dia em que o procurasse pedindo misericórdia. Porque era mais fácil me destruir do que me pedir perdão.
— Outra entrevista? – perguntei desanimada, depois de tantas provas era obvio que não acharia nada. Estava no meu quarto, elas acordaram cedo e vieram me acordar pra falar da entrevista, esqueceram de contar no dia anterior.
— Essa é em uma cafeteria, a moça disse que está precisando de atendente. E olha, é em um lado bom da cidade, você vai ganhar bem. – A Julia disse.
— Tá, e se eles me derem um passa fora como em todas as outras vezes? – perguntei.
— Você tenta de novo uai, cadê aquela Anna que nunca desiste sô? – a Babi disse animada.
— Tá eu vou, satisfeitas?
— Mais é por demais – riram a Babi continuou com o sotaque.
— Tá, já podem parar de falar como mineira porque eu não falo assim.
— Só quando tá brava – riu – é engraçado Anna.
— Ok já entendi, tiraram o dia pra me zoar, não é?
— É nada, agora vem levanta dessa cama. Vamos te deixar na porta da cafeteria. – a Julia disse.
— Mas agora? – Resmunguei.
— É Anna vem – A Babi puxou meu pé e eu ri.
— Tá bom, tá bom eu vou.
Levantei, tomei um banho e coloquei uma blusinha branca com uma calça jeans de lavagem clara, calcei uma sapatilha penteei os cabelos deixando os mesmo soltos, passei perfume e pronto, estava pronta.
[...]
— Boa sorte amiga, vai dar tudo certo – A Babi falou quando chegamos em frente a cafeteria.
— Pensa que o natal tá próximo, pede pro papai Noel isso de presente. – A Julia sugeriu, dei risada e abri a porta do carro.
— Rezem por mim meninas.
— Estamos na torcida – A Babi piscou, sai do carro e fechei a porta – boa sorte, de novo.
— Obrigada por terem arrumado serviço pra mim gente, brigada mesmo.
— Não foi nada – mandou um beijo e Julia deu partida no carro, me deixando na frente da cafeteria. Respirei fundo e me benzi.
— Seja o que Deus quiser...
Entrei na cafeteria e ela era enorme, parecia um restaurante, só que menos sofisticada e mais cheia que um, tenho certeza. Apesar de ser grande haviam poucas mesas que estavam fazias. Tinha gente em todo canto e pouco atendente, isso era visível. Me aproximei do balcão.
— É... bom dia – sorri pra moça que estava lendo catálogos.
— Bom dia, o que deseja? –perguntou simpática.
— Eu vim pra entrevista. – sorri.
— Atá, espera só um pouco que vou chamar o encarregado – assenti e ela saiu, não demorou muito pra que voltasse com um homem.
— Anna? – me olhou e eu assenti – queira me acompanhar, por favor.
Entramos em uma mini sala e ele me fez perguntas, dentre elas se eu era casada devido a aliança que tinha no dedo. Não tinha como negar então assenti. Quando ele terminou com as perguntas ele pegou o telefone dizendo que ia ligar pro gerente dele. E eu prestei atenção na conversa.
— Porque não? – ele perguntou alterado – a gente precisa de alguém.... Como assim já arrumou?... não só acho perca de tempo – suspirou – tá bom então, depois você me liga. – desligou o telefone e eu o olhei.
— E então? – perguntei esperançosa e ele sorriu torto.
— Sinto muito Anna, a vaga já foi preenchida.
— De um dia pro outro? – perguntei confusa
— É sim, sinto muito.
— Mas eu preciso tanto desse emprego.
— Eu sei que precisa, mas a moça se qualifica melhor...
— Não tem moça.
— O que? – perguntou confuso.
— Não tem moça nenhuma, não é?
— Claro que sim o meu gerente ele...
— Ele te proibiu de me aceitar aqui, não foi? – o interrompi – vocês estão proibidos de me dar emprego, não é isso? – ELE ASSENTIU SEM JEITO.
— Sinto muito, mas se eu te contratar quem fica sem emprego sou eu. Não sei com que tipo de coisa você é metida, mas essa coisa é seria porque realmente estamos precisando de alguém que seja assim, igual você. Mas não podemos arriscar brigar com alguém que seja superior a gente, dependemos do nosso nome e se isso é sujado, perdemos tudo, entende?
— Eu entendo, obrigada mesmo assim – me levantei da cadeira aonde eu estava sentada.
— Não me leve a mal.
— Não levarei – rodei a maçaneta da porta – tenha um ótimo dia.
Sai dali e senti minhas pernas tremerem, me sentei na primeira mesa que encontrei. Não sentia vontade de chorar, mas ver o monstro que ele se tornou me machucava, me fazia repensar tudo sobre a vida que tivemos juntos, sobre o namoro, o casamento e todo o resto, se é que tem resto, se é que ainda existe algo, porque eu não sabia não, depois disso.
Estava de cabeça baixa na mesa quando alguém parou ao meu lado
— Com licença. Será que posso me sentar aqui? – era voz de homem, parecia conhecida, mas ignorei.
— Claro que sim – levantei a cabeça – eu já estava mesmo de Said.... – me surpreendi quando olhei pra cima – você?
— Eu – ele sorriu – Senhora Lizarga? – assenti – é um prazer revê-la – Miguel, eu não esqueceria seu nome nem se minha vida dependesse disso, o pai atencioso daquela noite. – Te atrapalhei?
— Não, não estava fazendo nada mas você, o que faz por aqui? – Perguntei confusa.
— Moro aqui perto, venho tomar café aqui quase sempre.
— É sempre cheio assim?
— Sempre – riu – Tem que chegar um pouco cedo pra poder tomar café, tem poucas atendentes – entortou os lábios – mas eles vendem uma torta de abacaxi que é perfeita – sorri, o modo como ele falava era engraçado o timbre da voz dele era bonito – E então, poço me sentar? – falou me despertando da minha visão.
— Ah, desculpa – ri – claro... que sim eu já estava mesmo de saída.
— Ué não vai aceitar minha companhia pra tomar café? Ou você só não quer tomar café comigo?
— Hã? – perguntei confusa – não claro que não eu só...
— papai, papai – alguém me interrompeu e eu olhei assustada pra ele que revirou os olhos rindo – a gente já andou muito, quero sentar. – uma voz fina falou vindo de trás dele e só então eu percebi que havia uma criança com ele. Uma linda criança devo admitir.
— Meu Deus Laura, quando foi que você ficou tão preguiçosa?
— Sua filha? – perguntei encantada a olhando, eu não tinha contato com criança a muito tempo apesar de ser louca por elas. Ele assentiu e ela saiu de trás das pernas dele – oi linda – ela me olhou meio receosa e logo abriu um largo sorriso.
— Moça – falou calma – será que a gente pode sentar aqui? É que meu papai me fez andar muito – fez bico – e eu to muito cansada – olhei assustada pra ela que falou tudo perfeitamente, e pelo tamanho não devia ter mais do que 5 anos.
— Ain meu Deus, desculpa – ri – é claro que podem se sentar. Eu já estava de saída como eu já disse.
— Não vai ficar pra tomar café com a gente? – ele insistiu.
— Bem que eu queria mas..
— Fica – A Pequena pediu se sentando em uma cadeira – Ela é bonita, né pai? – falou distraída pegando o cardápio e ele se sentou também e me olhou sem jeito.
— Já sabe o que vai querer filha? – ela negou com o cardápio na mão – E você – perguntou pra mim.
— Eu? – perguntei distraída, já que eu estava encantada com a garotinha em minha frente – eu não vou querer nada não.
— Nem uma xícara de café? – neguei – então me deixa te pagar uma torta, uma gentileza por ter aceitado dividir a mesma com a gente.
— Eu já disse que não foi nada, que estava de saída.
— Você não vai fazer uma desfeita dessa, não é? –sorri – foi o que eu pensei – a garçonete chegou – Eu vou querer duas tortas de abacaxi e dois cafés – ele olhou pra filha – E você amor, vai querer o que? – ela olhou confusa e estendeu o cardápio pra ele apontando. – É... pode trazer duas de abacaxi e uma de chocolate com um Milk shake de morango – o garçom assentiu e saiu com os pedidos.
[...]
Quando o pedido chegou eu engatei uma conversa animada com a Laura, ela era inteligente, divertida parecia até um adulto, parecia tanto que você tinha que se controlar pra conversar com ela somente assuntos sobre crianças porque do nada ela já falava de algo totalmente diferente.
— Então você joga futebol? – falei animada tomando um gole do meu café enquanto ela já havia pedido mais uma torta e agora comia um pão de queijo.
— Eu sou a melhor do time.
— Sério? – ela assentiu.
— Se quiser ver um jogo dela qualquer dia desses – O Miguel sugeriu.
— Claro, iria adorar. – sorri e ela deu um gole no Milk shake dela.
— Ôou – falou entortando a boquinha e levantou ficando de lado na cadeira, ela se virou pro lado do pai e cochichou algo em seu ouvido, tão baixinho que mesmo eu de perto não pude ouvir.
— Numero 1 ou numero 2? – ela fez sinal de 2 pra ele que entortou a boca – O papai não vai poder entrar no banheiro com você – ela cochichou de novo – eu te disse pra usar o banheiro antes de sairmos. Você quer ir sozinha? – ela negou fazendo bico e ele coçou a nuca.
— Aconteceu algo? – perguntei preocupada.
— A Laura quer ir ao banheiro.
— Ela não sabe aonde é?
— É que não quer ir sozinha, geralmente a gente saia acompanhados da babá dela, mas a mesma nós deixou e então toda vez que saímos é assim. O problema é que não posso entrar no banheiro feminino com ela, deveria existir um banheiro pros pais levarem as filhas – eu ri.
— Se quiser eu posso ir com ela – me ofereci – ta muito apertada amor? – perguntei pra ela que estava mordendo o lábio e tinha a testa franzida.
— Uhum – fez uma careta.
— Quer que eu vá com você? – ela assentiu e então eu me levantei – vem, eu levo você. – ela se levantou da cadeira e segurou a minha mão, enquanto caminhávamos em direção ao banheiro.
E eu fiquei encantada pelo quão independente ela é, não precisou da minha ajuda pra nada, ela só não queria ir mesmo sozinha, até porque ela é só uma criança e não deve mesmo ir. Ela abriu a porta do banheiro e olhou pra mim que estava encostada esperando-a.
— Moça – me chamou e eu a olhei – você pode ajudar a fechar o meu macacão? Eu não consigo – falou meiga e eu me aproximei dela ajudando a fechar o macacão.
— Tá bom assim? Tá apertado? – ela negou e então foi lavar as mãos, a levantei na maquina para que secasse as mesma e então ela me deu a mão e saímos do banheiro. Voltamos pra mesa e o pai dela falava ao telefone, distraído. E desligou assim que nos sentamos a mesa.
— E então amor, usou o banheiro? – perguntou pra ela que assentiu e me olhou com um sorriso – obrigada.
— Foi nada – me sentei novamente.
— Pai eu poço brincar naquela maquina? – apontou pra uma maquina daquelas de bolinhas aonde tinha que colocar moedas – Tem moeda ai? – ela assentiu – então pode ir, eu vou te olhar daqui, tá bom?
— Tá bom – sorriu e saiu toda feliz em direção a maquina.
— O que anda fazendo da vida Anna? – eu que olhava a Laura indo a maquina o olhei, e só então pude perceber o quão lindo ele era.
— Procurando emprego – apertei os lábios.
— Você procurando emprego? – soltou uma risadinha sarcástica o que me fez ficar irritada. Tudo o que eu não precisava era de outro machista.
— Sim. E porque não procuraria?
— Porque não precisa ué, você é casada com o Guilherme. É rica Anna, não precisa disso – falou descontraído como se fosse a coisa mais normal do mundo depender do marido.
— Ele é rico, o dinheiro é dele e não meu. E me impressiona muito ver que praticamente a sociedade inteira desse lugar é machista – falei irritada.
— Calma, só estava brincando – falou calmo – eu não sou machista Anna, e sinto muito se te ofendi.
— Não me ofendeu Miguel. Só que todos julgam como se minha vida fosse um mar de flores, mas não é. Eu sai de casa a quase dois meses e não consigo arrumar emprego, mas também me nego a pedir dinheiro pro Guilherme.
— Ate agora eu não entendi o que foi que aconteceu entra vocês. Em um adia eram um casal e no outro..
— Você me encontra em uma lanchonete sozinha a procura de emprego – o interrompi – É, mudei um pouco de uns dias pra cá.
— Você veio procurar emprego aqui também? – assenti.
— Tentativa que falhou também – ri e logo em seguida soltei um suspiro – Acho que tá na minha hora obrigada pelo café da manhã e por ter me apresentado a sua filha, ela é encantadora – falei me levantando mas ele segurou meu braço.
— Fica mais um pouco. Talvez eu possa ajudar você. Eu tenho uma empresa, tenho influencia sobre a cidade talvez eu possa ajudar você a achar um bom lugar pra trabalhar, é só me dizer do que.
— Iria me ajudar muito, mas não quero prejudicar você.
— Me prejudicar? – perguntou confuso – Não vai me dizer que o Guilherme tá..
— Tá, ele tá bloqueando todos os meios que eu encontrei pra tentar viver a vida. E tenho medo de que ele tente algo contra você.
— Não tenho medo dele, só que não vou negar que estou surpreso com isso. Ele sempre foi calmo, controlado, nunca imaginei que ele teria coragem de fazer isso com você.
— Mas teve – soltei um riso e me sentei novamente – e eu também nunca imaginei que ele se tornaria o que se tornou.
— E o que ele se tornou? – perguntou sério.
— Uma pessoa a qual eu desconheço e desprezo, profundamente. – suspirei – Eu não quero ficar falando disso, só quero ir embora. – olhei pra maquina aonde a Laura jogava se divertindo horrores.
— Gosta de crianças, não é?
— Não tenho contato com muitas e sim, já gostava antes e agora então – sorri.
— Mesmo se a criança for birrenta, mimada e teimosa? – ri – mesmo se ela for menina e tiver jeito de menino, fazer tudo ao contrario, falar pelos cotovelos e as vezes te fazer perguntas que nem adulto faria?
— Por que tá me perguntando isso? – perguntei confusa.
— Por que a 2 semanas a babá da minha filha se demitiu, e até agora não achei ninguém de confiança pra poder confiar cuidar dela. E que como já percebeu a gente é um desastre sozinhos e que eu preciso de urgência de alguém que goste muito de crianças pra poder ficar com ela.
— Você tá?...
— Se você aceitar está contratada. A gente mantém tudo em segredo ele não precisa ficar sabendo de nada, e não é por muito tempo porque ela estuda e faz atividades físicas durante toda a semana. Eu pago bem, assino carteira e todo o resto se você quiser. E se aceitar eu vou ficar muito grato, eu preciso de você e você precisa de mim e então, aceita?
— Pra quando? – perguntei ainda assustada.
— Se quiser pode começar amanhã, a gente combina tudo eu passo o dia com você e com ela pra que possam se acostumar juntas.
— Mas assim do nada?
— Se você não tiver pressa tudo bem, mas é que tá sendo péssimo cuidar dela assim, sozinho. Eu sou um desastre com quase tudo relacionado a mulheres e ela é igual a mim e...
— Eu aceito – o interrompi – vai ser um prazer cuidar da sua filha.
— Tá falando sério? – perguntou surpreso – aceitas mesmo? Promete não voltar pra trás no primeiro dia.
— Prometo.
— Então está contratada – tirou um cartão do bolso – esse aqui é o meu endereço, meu numero do celular, da minha casa pode ligar a hora que quiser.
— Você tá salvando a minha vida, sabia? Eu já estava desesperada.
— Acho que foi a melhor coincidência em tempo, hein? – falou com um sorriso lindo, e não sei se comentei o quão lindo são os olhos dele – e é você quem está salvando a minha vida, acredite.
— Vou adorar cuidar dela.
— Eu espero que sim. Com todas as imperfeições eu realmente espero que sim.
— Ah, para vai, ela nem deve ser tão bagunceira assim – ele assentiu rindo.
[...]
Já estou trabalhando aqui na casa do Miguel á 20 dias. E como ele disse realmente só tem ele a Laura e alguns empregados na casa, não muito apesar dela ser enorme. E quando ele disse sobre o comportamento da filha ser meio elevado ele não mentiu, ela é terrível, mas é terrível de um jeito lindo. Ela faz balé, inglês, joga futebol e tem aula de karatê de aos sábados. Ela detesta o balé, não quer ir nunca, é vaidosa como toda menina, mas prefere uma bicicleta a um batom, uma bola de futebol a uma roupa nova. E dentre as coisas que ela odeia uma delas é que o pai saia com alguma mulher. Ela simplesmente o faz surtar e ele as vezes acaba perdendo a cabeça com ela. Ele é um ótimo pai, apesar de não ter muito tempo, a gente só vê quando eu chego e quando eu vou embora, então a nossa convivência é bem limitada, apesar de que as vezes a gente para pra conversar um pouco, é bem pouco mas é bom.
Ele conhece mulheres diferentes toda semana, mas nunca traz nenhuma pra casa, até porque a Laura surtaria e acabaria traumatizando-as. Ela comigo é um amor, ás vezes é meio dengosa mas a gente se dá super bem. Ela não tem frescuras com comida, só encrenca na hora de dormir e de levantar, fazer ela se arrumar para ir ao colégio é um sacrifício e é sempre assim, todos os dias. Eu levei ela na pensão algumas vezes, todos a adoraram principalmente o Binho que passou o dia inteiro fazendo coisas no cabelo dela, pintando a unha. Eu costumo dizer que o salário é demais pra prazer que me dá cuidar dela, que dá pra ajudar nas despesas da pensão, pagar o mensal que não é cara e ainda sobra muito dinheiro. Nesses 20 dias eu vi a Isabel somente duas vezes, não tenho noticias dele e ainda choro todas as noites de saudade. Não vi o Marcos desde aquele dia, e peço a Deus pra não veja por muito e por muito tempo.
Faltam alguns dias para o Natal, já está tudo combinado na pensão todos estão animados. Só que apesar de morar em um lugar aonde transborda alegria eu não estou feliz, não me sinto feliz, falta algo que na verdade eu já nem sei mais o que é. Esse natal vai ser o primeiro de muitos que vou passar sem ele, desde que nos conhecemos não ouve uma só data comemorativa que não passássemos juntos, já era tradição e eu sinto falta disso. Na verdade sinto falta de tudo, do Marcelo, da minha mãe, eu liguei pra ela um dia desses e não tive coragem de contar que me separei do Guilherme, ela sempre foi contra e cansou de dizer que éramos de mundos diferentes, mas estávamos apaixonados e nem prestamos atenção nas consequências que agora estão pesando. Eu não a vejo dês do dia em que acordei no hospital, ela ficou alguns dias e foi embora, viver a vida dela porque todos vivem, só eu que fiquei presa nessa de passado.
Hoje é quinta feira 13 estava na sala lendo um livro quando o Miguel chegou bravo, na verdade ele não chegou, não passará nem 5 minutos que ele havia saído. Eram 7 horas da noite, hoje eu ficaria até mais tarde devido a um jantar que ele iria com alguma mulher porque pela cara dele, a Laura havia aprontado algo.
— Laura, vem aqui agora – O Miguel gritou bravo ao pé da escada e eu me levantei.
— Ela foi escovar os dentes – falei me aproximando – aconteceu algo?
— Anna você não viu a minha carteira o celular e as chaves do carro? – perguntou ainda o olhando pra escada.
— Não que eu me lembre, por quê?
— A Laura pegou – afirmou irritado – mas hoje ela fica de castigo, há se fica – falou bravo – LAURAAAA –gritou – desce aqui agora. A gente tem que ter uma conversa bem séria mocinha – falou subindo as escadas e eu claro, fui atrás. Ele abriu a porta do quarto dela num só soco e a mesma estava sentada na cama distraída pintando um desenho da Minnie.
— Já voltou pai? – perguntou como se fosse a coisa mais normal do mundo e eu quis rir.
— Eu só vou perguntar uma vez – falou calmo respirando fundo – cadê as chaves do meu carro e todos os outros objetos que você escondeu.
— Eu não escondi nada pai – falou calma pegando um lápis amarelo dentro do estojo.
— Laura eu estou falando com você.
— Eu estou ouvindo pai – olhou pra ele e sorriu. Todas as vezes que ela aprontava algo ela terminava todas as frases com o nome pai, eu já havia percebido isso e achava até engraçado.
— Você quer me enlouquecer, é isso? – perguntou irritado.
Laura: pinta o desenho comigo pai? – perguntou erguendo o desenho e ele a olhou incrédulo.
— Será que eu to falando grego com você, Laura? Meu Deus que teimosia, aonde foi que eu errei na tua educação pra você ficar assim, hein? – ela fez biquinho e coçou os olhos – Não chora, não chora porque vai ser pior. Eu já saquei a muito tempo esse teu choro de mentira.
— Não é de mentira.
— De verdade que não é Laura – suspirou – agora vamos, estou atrasado e você tem 2 minutos pra me entregar tudo o que pegou de mim.
— Mas eu não peguei nada – falou tentando se defender.
— Ah você não pegou? Pois bem – Ele se virou pra mim – Anna a Laura está de castigo por tempo indeterminado, não pode assistir TV, não pode andar de bicicleta, não pode passear pra nenhum lugar que não seja a escola e também não pode pintar... – ele se virou pra ela e pegou o desenho e o estojo – desenho nenhum – pegou o lápis que estava na mão dela e agora sim, ela chorou.
— Será que não seria melhor se você perguntasse pra ela se... – sugeri.
— Não – me interrompeu – não é melhor não, a Laura não é nenhum bebê pra fazer essas coisas que ela faz. Ela tem que começar a entender como é a vida. – falou agora um pouco mais calmo – E então Laura, vai dizer a verdade ou vai querer ficar de castigo pra sempre? – ela o olhou espantada, com os olhinhos castanhos claros inchados.
— Pra sempre? – perguntou preocupada.
— Pra sempre – ele falou sério o que fez ela se espantar.
— Eu não queria pegar papai – falou desesperada – eu ia devolver quando você voltasse – ela coçou os olhos soluçando – eu não queria que você fosse jantar com aquela mulher, ela não gosta de mim.
— De onde você tirou isso Laura? Você mal a conhece, a viu uma ou duas vezes. Você não pode sair por ai tirando conclusões precipitadas e atrapalhando todos os encontros que eu tenho. Desse jeito você nunca vai ter uma mãe – falou alterado.
— Mas se você ficar com ela, vai me deixar igual a mamãe me deixou – falou rápido o olhando e colocou as mãozinhas no rosto abaixando o mesmo, dava pra ver os ombros dela se moverem conforme o choro. O Miguel me olhou assustado, obvio que ele nunca havia visto ela dizer algo assim. Ela realmente fazia sempre algo pra atrapalhar ele nos seus encontros, mas isso sempre acabava em um “desculpa papai” ou qualquer outra coisa parecida.
— Laura... Meu Deus, é claro que não filha – ele se ajoelhou na frente dela na cama – o papai briga com você, mas eu te amo. Eu nunca na vida vou deixar você. O que você fez não foi certo, mas nem por isso eu deixaria você nem um minuto – ele alisou os cabelos dela. A mesma estava ainda com as mãozinhas no rosto – Filha olha pro papai, por favor? – ela não olhou, ele me olhou com uma cara de quem pedia ajuda e então eu me aproximei dos dois me ajoelhando ao lado dele.
— Laura – chamei mas ela não deu atenção – Tá tudo bem amor, seu pai só quer conversar com você – ela retirou as mãozinhas do rosto, estava com os olhos inchados e a carinha toda amassada.
— Filha... – ela me olhou fazendo bico.
— Eu não quero outra mamãe pra me deixar, não quero. – esticou os braços e me abraçou apertado escondendo o rosto no meu pescoço, eu quis chorar.
— Tá tudo bem amor, ninguém vai deixar você. – falei tentando acalmá-la e ela secou o rosto levantando o mesmo do meu pescoço.
— Tá tudo dentro do baú de brinquedos papai. – se referiu aos objetos que tinha pego – eu peguei hoje a tarde e escondi quando fui escovar os dentes. – ela desfez o abraço e levantou da cama, foi até o baú e revirou o mesmo, voltou com o celular à carteira e as chaves na mão, esticando as mesmas ao Miguel. Que pela cara não tava nada bem. Ele pegou aos objetos da mão dela.
— Desculpa.
— O papai não vai mais, tá filha? Eu vou ficar aqui com você.
— Eu quero que você vá papai.
— Mas eu não quero mais ir. Tudo bem se eu ficar aqui com você? – ela assentiu e ele a abraçou apertado – não faz mais isso, tá? – ela assentiu sem retribuir o abraço ele a soltou olhando-a – Você amor, é a única coisa que eu tenho na vida. Eu nunca, nem quando você casar e tiver seus filhos vou te deixar. Você é a minha maior riqueza a melhor parte de mim, entendeu? – ela assentiu – não quero que você pense nunca mais que um dia eu posso deixar você, porque eu não vou, nunca – nem preciso comentar que a cena foi linda, e eu já o admirava antes e agora então... Era linda a maneira como ele a tratava... isso me fez sentir saudades do meu pai. Ela a abraçou de novo enchendo-a de beijos – eu amo você Filha.
[...]
Eu deixei os dois sozinhos pra conversarem e voltei a sala, ele nunca havia tocado no assunto da mãe dela, e nem ela. A gente conversava muito, falávamos dos meninos bonitos da escola dela, do balé que ela dizer ser cheio de meninas chatas, de como ela amava jogar futebol, falamos de bonecas, brincávamos e nunca, ela nunca em todos esses dias falou da mãe. Acho que por isso me surpreendi muito com o comportamento dela, eu não imaginava que ela sentia tanto assim a falta da mãe. Distraia-me novamente lendo o meu livro quando o Miguel desceu as escadas.
— E então, como ela tá? – perguntei ele sorriu.
— Tá dormindo.
— Sem jantar? Sem comer nada? – perguntei preocupada e ele riu.
— Logo ela acorda com fome e vem assaltar a geladeira. – ri e ele se sentou no sofá ao meu lado – tá lendo o que? – perguntou interessado.
— Um homem de sorte. Achei na garagem um dia desses quando estava brincando de esconde – esconde com a Laura. Espero que não se importe.
— Claro que não, o livro é bom se vai gostar.
— Já gostei – sorri e nos ficamos em silencio.
— Obrigada – disparou do nada e eu o olhei confusa – pela ajuda com a Laura.
— Acho que eu que deveria te agradecer. Imagina, cuidar da Laura é maravilhoso, ela é encantadora.
— Você seria uma ótima mãe Anna. – sorriu de canto e eu senti um vazio, mas sorri – é carinhosa, prestativa, engraçada, bonita - falou a ultima palavra encarando um móvel da sala, mas logo em seguida me olhou e sorriu – O Guilherme era um homem de sorte. – falou descontraído e riu logo em seguida – eu o vi esses dias em um jantar de negócios e...
— Não me fala – o interrompi – eu não quero mesmo saber, pelo menos não por enquanto. – apertei os lábios – o importante é que ele não saiba que trabalho aqui, to tão apegada com a Laura que to com medo de que ele descubra e me afaste dela.
— A única pessoa que pode te afastar dela sou eu Anna, e eu não vou fazer isso. Ela gosta de você e depois de hoje, de ouvir ela dizer que sente medo. Eu não quero tirar nada da vida dela, não quero afastar ninguém, a única coisa que quero no mundo é que ela tenha uma vida normal, que a ausência da mãe não pese tanto nas lembranças dela. – ele passou as mãos no rosto – hoje quando fui buscá-la no colégio a professora conversou comigo, disse que ela tá calada, sozinha, não quer a companhia de ninguém. Coisa que estranhei já que aqui em casa ela fala pelos cotovelos, questiona tudo e age feliz, ou pelo menos parece que age. – ele suspirou – sempre foi só eu e ela. Ela sempre me questionou sobre a mãe mas nunca sobre o medo de ficar sozinha. Ela é tudo que tenho e eu sou tudo o que ela tem. – juro que me perguntei se ele tinha algum defeito.
— Isso basta – ele me olhou confuso – se ela te tem inteiramente isso basta, ela não precisa de nada. Não importa o que tenha acontecido com a mãe dela, ela tem você e sabe disso, por isso age assim, por ciúmes e até por medo também. No fundo ela tem medo de que você se apaixone e a esqueça. Chega até ser engraçado ver uma criança do tamanho dela se preocupando com isso.
— Você parece entender bem o que ela sente, não é?
— Eu nunca tive muito Miguel, mas o pouquinho que tive me preencheu. E um dia ela vai entender isso. – sorri e ele ficou me encarando com um sorriso no canto dos lábios. Ele é um homem incrivelmente lindo, chegava até parecer miragem olha-lo de tão perto, tão bonito. Não que eu não estivesse acostumada com beleza, porque o Guilherme... Ah Anna lá vai você pensar no Guilherme.
— Você tem olhos lindos Anna – falou do nada me despertando da visão. Senti meu rosto queimar. – ficou mais lindo agora – ele sorriu – e eu ainda to tentando achar um defeito em você pra justificar o fim do seu casamento – se aproximou e com uma mão acariciou o meu rosto.
— Acho que tá tarde, né? – ele assentiu e retirou a mão do meu rosto.
— Estava aqui falando da minha vida que acabei esquecendo que tá ficando tarde e você precisa ir embora.
— Foi bom conversar com você – falei sincera.
— É sempre bom conversar com você Anna – ele se levantou do sofá e colocou as mãos no bolso tirando as chaves do carro. – e então, vamos?
— Hãn? – perguntei confusa
— Vou te dar uma carona até em casa, sei que não mora longe mas tá tarde e vai demorar alguns minutos até você chegar. Do jeito que a cidade tá perigosa é melhor não arriscar.
— Não precisa – tá eu estava morrendo de vergonha – ônibus passa aqui em frente e...
— Eu faço questão – me interrompeu – que cavalheiro seria eu se deixasse você sair da minha casa a essa hora pra pegar um ônibus? – arqueou a sobrancelha e eu assenti, me rendendo.
Ele chamou a Joana que era governanta da casa e avisou que iria me levar, e pediu pra que ela ficasse de olho na Laura, ela assentiu e então fomos.
O carro dele era luxuoso, espaçoso e quando ele ligou o som tocava Xuxa, ele tentou se explicar dizendo que era da Laura, o que me fez rir, é bem a cara dela mesmo. O resto do caminho ele foi me contando como e do que trabalhava. Ele tinha muitas oficinas e alguns postos também trabalha com combustíveis e tinha nome conceituado no mercado, por isso a parceria com o Guilherme. Ele chegou ate a dizer que ele era o seu maior fornecedor, o que me deu sei lá, medo.
Ele parou o carro em frente a pensão e um silencio invadiu o carro.
— Err.. a gente se vê amanhã então? – perguntei quebrando o silencio.
— Tenho um dia cheio, acho que vai ser difícil nos vermos – apertou os lábios.
— Então até qualquer dia. – sorri
— Que esse dia chegue logo – sorriu e se aproximou de mim me dando um beijo no rosto, fechei os olhos ao sentir os lábios dele com a minha pele – boa noite Anna – falou quando afastou o rosto do meu.
— Boa noite – sorri e abri a porta do carro e dei um tchauzinho pra ele fechando a porta do mesmo em seguida.
Quando entrei em casa pude escutar o barulho do carro dele indo embora e suspirei, que homem era aquele meu Deus? Dei alguns passos e levei um susto ao achar todos na sala me olhando com uma cara esquisita.
— Andando de carro importado Anna? – O Binho perguntou malicioso.
— Boa noite pra você também, Binho – falei irônica e ele riu.
— Conta tudo mulher – falou animado e todos riram – de quem era o carro?
— O carro? Era do Miguel, o pai da Laura. – falei sem jeito
— O fontes? – A Julia perguntou interessada e eu assenti.
— Anna qual é o seu segredo, pelo amor de Deus me conta. – A Babi perguntou e o Rodrigo a beliscou – Ai – resmungou e alisou a perna dele.
— Menina tu tem gosto pra homem bom e rico viu. – ri e fui me juntar a eles no sofá e estranhei em ver a Babi sentada entre as pernas do Rodrigo e o Fernando deitado com a cabeça no colo da Julia. Olhei pra Babi que piscou pra mim, e a Julia mal me olhou, tava concentrada demais em mimar o Fernando. O Dani estava emburrado com o celular na mão e o Binho fazendo as unhas enquanto todos assistiam ao jornal que passava algo sobre roubos, não prestei bem atenção. Estranhei não ver a Vó Iná em canto algum.
— Não tá faltando alguém aqui gente? – perguntei confusa e o Dani bufou irritado.
— Amiga – riu – você não sabe da melhor. – o Binho falou animado batendo palmas – senta aqui que vou te contar.
— Cara eu vou socar o Fabio hoje, juro que vou – O Dani falou irritado e tacou o controle da TV nele.
— Ain como esse bofe tá estressado hoje – riu – fica quieto ai, não vou falar de você não – me olhou – A nossa querida e amada Iná saiu.
— Saiu? Pra onde?
— Com o Francis – falou meigo e o Daniel tacou uma almofada nele o que fez todos rirem, agora eu havia entendido o porque da revolta dele. Não sei se já havia comentado mas o Daniel de todos ali era o único que realmente era parente da Vó Iná, ele é neto dela.
— Francis não é o...
— Aquele nosso vizinho simpaticíssimo? – me interrompeu – O nome dele Francisco mas como já somos totalmente íntimos posso chamar de Francis e sim amiga, se pensou nele pensou certo. – eu tive que rir
— Simpático é? – O Dani riu sarcástico – ele é um velho bem do tarado, isso sim.
— Mas eu me mordo de ciúmes... ♪ - O Fernando cantarolou e ele tacou outra almofada que acertou na Julia.
— Ain Dani, to calada meu – riu e todos a seguiram com a risada.
— Isso dão risada, queria ver se fosse a Vó de vocês se engraçando com esse velho safado.
— Relaxa Dani, ela volta sã e salva pra você.
— Ou não né? – O Rodrigo riu – será que o do Francisco ainda sobe? Tipo a pipa do vovó não sobe mais..
— Puta que o pariu mano, que saco – O Dani falou bravo – eu corto a pipa dele se ele vir se engraçar com a minha Vó – falou irritado – que nem o telefone ela quer atender meu, o que será que tá fazendo pra não poder nem atender o telefone? – agora eu entendi o porque do telefone na mão dele.
— Ain bem, nem te conto. Ain Rodrigo gostei disso.. – olhou pro Rodrigo – mas pela demora acho que a pipa subiu viu – falou rindo e o Daniel o olhou irritado e se levantou se aproximando. – Tipo.., pi...pa no sentido, deee pipa – falou tremendo e o Dani cerrou os olhos pra ele e se sentou novamente discando números no telefone. Todos rimos do Binho.
Passava um reportagem sobre compras de Natal e todos pareceram se interessar.
— Ain Deus to trabalhando feito louca no hotel, o que tem de gente vindo passar férias aqui não tá brincadeira viu. – A Babi resmungou.
— Nem me fale. O bom são as gorjetas, né? – A Julia lembrou.
— Eu acho que ganho mais de gorjeta do que de salário – O Binho riu limpando suas unhas – as freguesas são tudo boas comigo.
— Então já que tá tão cheio da grana assim, bem que podia dar presentes pra todos nós, né não? – o Rodrigo disse.
— Querido você ganha melhor do que eu, tem ensino e é bonito, garanto que ganha bem mais.
— E eu? O Fernando perguntou.
— Você? – perguntou todo derretido – Ain Nando você, eu dou casa comida roupa lavada e café da manhã na cama.
— Ei assim na minha frente? Nem disfarça mais? – A Julia fingiu estar ofendida.
— Pode levar até essa baranga – deu de ombros – te aceito com as suas imperfeições.
— Tá chega com essa melação. Vamos falar sério agora, porque já basta a Vó Iná que tá lá no bem bom – O Rodrigo disse e o Dani fingiu não ouvir – Tá, agora é sério – todos pararam o que faziam para olha-lo – o que vamos fazer no natal?
— Cear ué – A Julia falou como se fosse obvio.
— Isso a gente vai né, obvio. To dizendo tipo, um amigo secreto.
— Amigo secreto? – perguntei interessada, na mansão todos sempre brincavam mas eu nunca brinquei, não tinha condições pra dar um presente a altura de qualquer pessoa que brincasse ali, então sempre via de longe tinha vontade de participar, o Guilherme até tentava me convencer mas nunca deu certo.
— Anna – A Babi me chamou despertando-me dos meus pensamentos e eu a olhei – estava no mundo da Lua?
— Essa daí só vive no mundo dos bofes menina – falou com sacarmos – e bofes lindos e ricos, desculpa tá? – ri
— Não era nem isso que estava pensando, só acho que seria legal a ideia do Rodrigo. – expliquei.
— Eu também gostei. – A Babi disse.
— Vou logo avisando que se me derem presentes ruins eu não quero. – Binho disse todo fresquinho.
— Quem foi que chamou o Binho na brincadeira? – A Julia perguntou
— Também não sei – O Dani que estava calado falou e o Binho olhou pra ele.
— Sabe quem pode brincar gente? – O Binho perguntou.
— Quem? – perguntei.
— O Francis – riu – ai o Dani já aproveita pra conhecer o vovô.
— Hahaha engraçadão você – O Dani falou irritado e subiu pro quarto.
— E então gente? Vamos ou não vamos brincar? – O Rodrigo perguntou.
— Estou super dentro. – disse animada.
— Eu e o Nando também. – A Ju disse.
— Só falta a Vó e o Dani né? Depois a gente vê tudo direitinho. – A Babi falou.
— É pode ser, mas tem que ser logo já que o natal tá chegando.
— Antes do natal a gente vê isso, fecho?
— Por mim sim – sorriu.
— Gente a conversa tá boa mas to cansada, vou tomar um banho. – Eu disse cansada.
— Ok amor, vai lá. – A Ju falou doce e mandou um beijo.
Sorri e então subi pro quarto, afinal o Binho fazia as unhas e elas estavam todas em clima de romance, não quis atrapalhar. Minha única companhia quando elas ficam assim é a Vó Iná, mas pelo visto até ela tá apaixonada. Sorri sozinha ao lembrar da Crise do Dan e entrei no banheiro precisava de um banho. Eu tinha ficado totalmente animada com o amigo secreto deles, eu me sentia em casa ali, mas faltava algo, na verdade faltava anta coisa. Hoje quando vi o Miguel com a Laura senti falta do meu pai, o que me fez lembrar da minha mãe ,de quando viemos pra cá e quando chega na parte em que ele aparece, não sei se me dá saudade ou me dá alivio, porque tudo parece tão distante agora, as lembranças, os planos e se pelo menos eu pudesse me livrar do sentimento tudo poderia ser mais fácil, talvez se eu tivesse saído daquela casa sem ela no coração tudo não estaria sendo mais fácil. E quando dei por mim já chorava, de saudade, de medo, de amor. Já fazem quase 3 que sai de casa e até agora tudo o que ele tem feito e me dar motivos pra nunca mais retornar. E na verdade eu já nem queria mais retornar, não agora que eu estava tão apegada com a Laura e conhecendo novas formas de viver, e novas pessoas e novos amigos e com tudo, eu esperava uma nova vida.
Nem sei quantos minutos fiquei no banheiro, e quando sai a Vó Iná já havia chegado, ela estava toda animada contando do seu encontro, das musicas e de tudo, que até me fez esquecer um pouco da minha saudade. Afinal, nem havia como sofrer ali, já que inventamos de montar a enorme arvore de natal, o que não deu muito certo já que não concordamos com nada e o Binho quer fazer tudo do jeito dele, acabou que cada um resolveu decorar da sua maneira e fazer aquilo que achava bonito o que resultou na arvore mais decorada que já havia visto em toda a minha vida. Tinha ficado igual a casa, cheia de emoção, cheia de surpresa, cheia de sorriso, tudo parecia mágico ali dentro, ou era a minha carência de família que sustentava aquilo, eu não sei. Só sei que quando dei por mim já era de madrugada e estávamos todos na sala comendo e rindo a beça das histórias malucas do Binho. Quando o sono bateu me despedi de todos e fui dormi, não rolei na cama como fazia sempre, eu simplesmente me deitei e dormi, ansiosa pelo dia que me esperava ao acordar e todas as novas experiência que ele me traria...
Fim de narração.
Autor(a): Writer Sophi
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Guilherme Lizarga Narrando. A sala estava cheia de convidados, todos bebiam felizes, falavam das suas vidas fúteis e me desejavam parabéns. Eu mal conhecia eles, a maioria eram convidados da minha mãe, coisa que eu estranhei já que ela não queria o casamento pensei que nem a festa ela quisesse ir, mas pra minha surpresa ela se animou e org ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 5
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annakarolliny Postado em 22/04/2016 - 13:26:22
Volta a postar
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annakarolliny Postado em 22/04/2016 - 13:26:03
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annakarolliny Postado em 22/04/2016 - 13:24:40
Porque não postou mais ? É ótima ! Comecei minha leitura no orkut , só que você não postou mais lá e disse que iria postar aqui .. Desde então estou aguardando e até agora nada :(((
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laisse_florencia_da_cruz Postado em 21/10/2014 - 14:22:17
Web ótima...Mas pq não posta mais?? Abandonou???:/
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samanta_shulz Postado em 09/09/2014 - 20:44:28
uuuuuuuup