Fanfic: One less problem without you - vondy | Tema: Vondy

Saí do quarto usando um vestido solto e Maite já estava me esperando para irmos almoçar. Nós passamos uma tarde agradável, passeamos um pouco, comemos num restaurante na cidade e conversamos sobre tudo como era de costume. Era muito fácil ficar perto dela, ela era o que mais me lembrava a família. Tudo em nossa relação era muito natural e leve... a não ser que eu estivesse escondendo alguma coisa, ela saberia. Talvez ela fosse a pessoa que mais me conhecia nesse mundo.

- Eu estou prestes a chutar sua bu/nda nesse momento... – ela me olhou – o que está acontecendo?

Merda.

- Vejamos... – comecei, desviando meus pensamentos para áreas já conhecidas entre nós – eu estou na Sardenha, um lugar lindo que eu sempre quis conhecer mas infelizmente tive que vir com meu ex noivo e atual de fachada porque ninguém sabe que terminamos, aqui está também o meu ex namorado de infância e atual amante, e eu estou hospedada na casa que ele morava com a ex mulher que foi por quem ele me trocou para começo de conversa, tudo isso porque minha prima está namorando um cara acusado por crime de receptação em primeiro grau e está prestes a ser julgado – divaguei irônica – é isso que está acontecendo!

Ela revirou os olhos.

- Sim, fora isso...?  – ela balançou as mãos menosprezando totalmente o comentário que eu havia feito.

- Eu acabei de citar uns 99 problemas, e você quer mais?

- Vamos apenas lembrar que você sozinha se colocou nessa situação por favor? – ela disse – eu odeio dizer que te avisei... Aliás, não! Eu adoro dizer que te avisei então vamos lá, preparada? – ela tomou fôlego e falou pausadamente – E U T E A V I S E I! - então jogou os cabelos para tras e deu um gole em sua bebida – eu apenas acho que você está mais estranha que o normal – e deu de ombros.

Eu estava mesmo.

Mas não estava pronta para lidar com aquilo, eu não queria dizer em voz alta.

- Eu estou inquieta – mexi o canudinho no meu copo de suco – e distraída.

- E desanimada – ela completou – mas como eu sempre digo: falta de animação soa como falta de bebida – e tomou mais um gole de seu espumante – isso te animará rapidinho e é bem melhor do que aquelas vodcas baratas que costumávamos beber na faculdade.

Eu ri, relembrando os velhos tempos e como éramos festeiras.

- Eu estou bem com meu suco – reforcei a idéia, tomando um gole.

- Bem, vou ter que tomar tudo isso sozinha... mas que chato – ela brincou.

Nós retornamos no final da tarde para a casa e a primeira coisa que fiz foi ligar o chuveiro e entrar de cabeça, deixando com que os jatos amenizassem a confusão dos meus pensamentos e levassem embora o cansaço físico. Eu me ensaboei sem pressa mas já sentindo um pouco de frio, resolvi sair e me enrolar num roupão felpudo.

Comecei a mexer no celular e algum tempo depois ouvi batidas na porta do quarto, tirei a toalha do cabelo e ajeitei apressadamente para ir atender.

- Oi – era Alfonso – queria saber se chegou bem – ele disse, com as mãos no bolso.

- Entra – dei espaço para que ele passasse. Me sentei de um lado da cama e ele de outro – foi tudo bem, só um pouco cansada... e você?

- Ajeitando os detalhes finais – ele respondeu – temos uma boa defesa.

- Vai dar tudo certo – eu disse.

Eu sabia que daria, ele era inteligente e extremamente dedicado ao trabalho.

Ficamos num silêncio um pouco constrangedor e tomei coragem para perguntar.

- Você tem se mantido sóbrio? – ele arregalou um pouco os olhos e começou a passar as mãos no cabelo em forma de nervosismo. Me arrependi um pouco de ter perguntado, mas eu precisava saber, eu me preocupava com ele.

- Sem drogas – respondeu curto. Começou a mexer nos bolsos desviando a qualquer custo que prolongássemos aquele assunto – nós podemos conversar? Eu quero saber sobre nós... – eu imaginava que ele iria perguntar, e eu sabia a resposta.

Respirei fundo e olhei para as minhas mãos.

- Nós não precisamos contar nada a ninguém por enquanto. Mas eu não vejo volta Alfonso – e finalmente o olhei.

Ele assentiu mas não parecia feliz com isso.

- Mas que merda... – praguejou para si mesmo, passando as mãos no rosto – eu sei que ferrei com tudo mas vamos pelo menos reavaliar isso Dulce.

Oh meu deus, eu não precisava de mais aquele drama, então respirei fundo e prossegui.

- Quando voltarmos para casa, reavaliamos – eu disse. Sabendo que nada me faria mudar de idéia sobre terminar o relacionamento de vez – eu estou cansada – concluí, esperando que ele entendesse a indireta e me deixasse sozinha.

Levantei e me dirigi até a porta. Coloquei a mão na maçaneta e olhei para Alfonso, que mesmo contrariado se levantou e veio em minha direção.

Abri a porta e petrifiquei quando Christopher passou bem na hora. Ele parou, me olhou e logo depois desviou os olhos para Alfonso que estava parado ao meu lado.

Merda.

O que ele deve ter pensado ao me ver apenas de roupão e Alfonso ali dentro comigo?

Eu queria explicar que não era nada daquilo que ele provavelmente estava pensando. Eu o conhecia, a cara dele estava péssima e a raiva transparecia em sua postura.

- O jantar está servido – disse com uma voz grave e saiu pisando duro pelo corredor de mármore.

- Esse cara está com um mau humor insuportável – Alfonso resmungou, passando por mim – você vem ou não? – parou na porta, me olhando.

- Já vou – eu disse, engolindo em seco.

Fechei a porta sem ao menos dar chance para ele falar qualquer coisa, e me apoiei na mesma.