Fanfic: A Vinha e O Girassol | Tema: Portiñon (AyD)

Dulce retomou as atividades que estava acostumada antes, só diminuiu consideravelmente o tempo que dedicava ao trabalho.  Percebeu que participar do desenvolvimento diário da filha era muito mais importante que qualquer outra coisa. Além disso, queria estar o mais próxima possível que pudesse de Anahi, mas ainda não tinha conseguido muita coisa.

Anahi estava muito calada desde que ela voltou há dois dias.  Não falava com Dulce e sequer olhava na direção dela.  Saia pela manhã e se ocupava da Vinícola até a hora do almoço, depois ficava com Bia um pouco e antes do jantar se trancava no quarto impedindo qualquer tentativa de aproximação por parte de Dulce.

Mas nossa anti-heroína não desistiria assim tão facilmente.

Na tarde seguinte tinha terminado seu trabalho na biblioteca e chegou à varanda principal onde Anahi olhava Bia correr empurrando seu triciclo de um lado ao outro do extenso alpendre.  Ela estava de costas para a porta e acompanhava Bia fazendo suas estripulias com um arremedo de sorriso nos lábios, parecia estar muito triste!

Sem conter a vontade terrível que sentia de tocá-la, aproximou-se e chegou a boca bem próxima ao ouvido de Anahi, sussurrou com o hálito quente a roçar na pequena orelha...

- Ela está linda...a nossa Bia!

Anahi levou um susto que quase fez seu coração saltar pela boca!  Levantou em um salto só e olhou Dulce com o azul-mar num turbilhão!  Pela primeira vez em dois dias, olhava diretamente nos olhos dela e Dulce viu a ira dentro deles!  Disse entredentes para não assustar a pequena que continuava a brincar alheia à animosidade entre elas...

- Nunca mais faça isso!  Não quero que se aproxime de mim!

Com o rosto pegando fogo pelo desejo imenso de tocá-la, Dulce pareceu não ouvir!  Segurou firme a gola da blusa que Anahi usava com uma das mãos e com a outra se meteu por baixo de sua nuca se embrenhando nos cabelos avelã.   Trouxe o rosto dela para bem perto do seu e suas respirações passaram a ser uma só corrente.  Não pensava em mais nada que não fosse engolir aquela boca que lhe fazia tanta falta e sentir de novo seu gosto inesquecível! 

E assim fez!

Sentiu os lábios tocarem os de Anahi com energia, numa ânsia fomentada pela saudade e pela paixão que fazia todo seu corpo tremer!  Invadiu aquela boca sentindo a umidade e o calor se misturar aos da sua, querendo tragar para si toda a saliva que brotava daquele recanto amado! Sentiu as mãos de Anahi tentando afastá-la, mas contraditoriamente a boca correspondia às lambidas e sugadas que Dulce continuava a dar-lhe! Gemeu dentro dela, mordeu de leve o lábio inferior, passou a língua pelos cantos e puxou a cabeça de Anahi para mais junto ainda da sua.  Estava enlouquecida de saudades e nem se deu conta que estavam na varanda externa da casa, onde qualquer pessoa poderia vê-las, inclusive Beatriz, que sem entender o que era aquele embate diante de seus olhos, achou melhor interromper pensando ser uma briga.

Sentindo a pequena puxar a barra de seu vestido, Dulce afrouxou o abraço e soltou Anahi, que com a respiração ofegante bradou...

- Sua...sua...como ousa fazer isso?! Como...como ousa me tocar?! Eu te detesto! Tenho nojo de você!

Também nervosa, mas com a certeza de que ainda mexia com Anahi pelo menos fisicamente, falou com a voz rouca pelo desejo...

- Mentira! Você não tem nojo de mim! Se tivesse teria limpado a boca quando te soltei! Ao invés disso, tai saboreando meu gosto!  Você ainda me quer!

Limpando a boca com o dorso da mão, Anahi diz com raiva...

- Não quero!  Você matou tudo em mim!  Não quero nada de você!  Nunca mais me toque!

Sem entender o que se passava, Beatriz começa a fazer cara de choro e balbucia...

- Não Ny...mama meu...biga não!

Atordoada Anahi pega Bia no colo e a beija para tranquilizar a pequena.  Dulce olha profundamente pra ela, beija o rostinho da filha e aproveita que Anahi não pode recuar para não assustar Bia, ela faz uma carícia nos cabelos e no rosto dela e diz...

- Calma, filha!  Ny não tava brigando com mamãe...Ny fazia carinho na mamãe...assim ó...

E novamente beija os lábios de Anahi, mas dessa vez de leve aspirando o perfume que vinha dela.

Anahi fechou os olhos e retraiu todo o corpo.  Como detestava sentir aquela lava incandescente a consumindo por dentro pelo toque de Dulce.

Beatriz sorriu feliz e na sua inocência infantil beijou a irmã e a mãe para mostrar que entendia o carinho delas.

Emma chega na varanda e percebe o clima tenso no ar. Anahi entrega Bia pra ela e entra na casa quase correndo, subindo as escadas em direção ao seu quarto.  Dulce faz um gesto para que Emma ficasse tranquila e vai atrás dela.  Sobe os degraus de dois em dois e alcança Anahi antes que ela chegasse ao quarto, ofegante diz...

- Anahi, eu só quero que você me perdoe e me dê uma segunda chance!  Eu sei o quanto fui imatura, estúpida, egocêntrica!  Você tem razão em tudo o que disse pra mim, só não tem razão em uma coisa...eu posso nem merecer ser amada, mas sei perfeitamente o que é amor...é Bia...é você!  Acredita em mim, eu te...

Colocando as mãos na frente do corpo para que Dulce não se aproximasse mais, Anahi não a deixa terminar a frase e diz indignada...

- Nem termine o que está pra dizer por que eu não acredito em você!  Você mostrou sua verdadeira face quando disse que não queria mais esse tipo de vida, que preferia aquela que você já conhecia e que te fazia feliz! Então me faça um favor, volte para sua antiga vida de festas e glamour e me deixe em paz!  Você é muito baixa em usar a própria filha pra me subjugar às suas safadezas, aos seus caprichos!  Eu não suporto seu toque!  Fique longe de mim!

E entrou no quarto batendo a porta com força, sem dar chance para Dulce argumentar mais nada.

Dulce suspirou resignada! Sabia que a batalha definitivamente não seria fácil, mas queria era vencer a Guerra, então não esmoreceria diante do primeiro confronto!

Pelo menos aquele beijo tinha valido a pena!  Pensava com esperanças...

“Ela correspondeu! Sim, ela também quis me sentir...tocou minha língua com a dela...me sugou, quis me beijar!  Ela pode até lutar contra isso, mas ainda me quer e vou aproveitar essa fraqueza, afinal no amor e na guerra vale tudo não é mesmo?!”