Fanfic: A Vinha e O Girassol | Tema: Portiñon (AyD)

A vinha e a praga

- Eu posso tocar nela?

- Não apenas pode como deve!  É quando a tocamos que sabemos que ela passou do estado de catalepsia para a catatonia apenas.  Além disso, tocá-la com cuidado e carinho só faz bem e ajuda na recuperação, ela precisa sentir que é querida!

Dulce estava sentada de frente para Anahi, olhava pra ela e sentia um nó na base do pescoço que fazia sua voz sair fraca.  Tinha vontade de chorar!  Nunca imaginou que alguém pudesse somatizar no corpo dessa forma uma dor, uma perda...era tão triste!

Perguntava à Emma tudo o que sua curiosidade permitia, não queria correr o risco de fazer alguma bobagem e incomodar Anahi.  Estava disposta a fazer o que fosse possível pra trazê-la de volta à vida e rezava para que ela a perdoasse da estupidez cometida pela manhã.

Emma tinha acabado de retirar o tubo do alimento intravenoso e pegou toalhas umidificadas para fazer uma rápida higiene em Anahi, quando Dulce a interrompeu...

- Deixe que faço isso Emma, por favor...preciso fazer!

Emma deu um sorriso aquiescendo e entregou-lhe um frasco dizendo...

- Depois pingue algumas gotas dessa lágrima artificial em cada olho, vou lá em baixo arrumar a mesa para jantarmos, qualquer coisa é só gritar!

Dulce começou a passar as toalhas delicadamente pelo rosto de Anahi.  Via o olhar parado dela e sentia vontade de mergulhar neles para que pudesse saber o que se passava na mente daquela mulher tão sofrida.  Fez o contorno das sobrancelhas dela, desceu pela face e percorreu o caminho do pescoço e colo.  Anahi tinha uma pele tão delicada que parecia uma pétala de rosa branca, sentia medo de macular aquela suavidade, e estremeceu diante de calafrios inexplicáveis!  A limpeza no colo dela já havia se transformado em carícia e sem se dar conta Dulce começou a falar baixo...

- Me perdoe, Anahi, fui uma cretina! Não tinha ideia de como você ainda sofre com suas perdas.  Eu juro que faria qualquer coisa para que você não tivesse ficado assim!  Sinto tanto!

As toalhas passaram a limpar a não menos delicada pele dos ombros e braços enquanto Dulce continuava com sua quase prece...

- Eu senti medo, ainda sinto!  Medo de você, do seu jeito tão meigo, tão melhor do que eu em tudo, cheia de sentimentos nobres!  Mas sinto medo de mim também!  Muito medo do que você me faz sentir!

Dulce não pensava direito no que dizia, apenas verbalizava o que vinha direto de suas entranhas!  Precisava dizer a ela e tomara que ela esquecesse depois!

- São sentimentos novos, que desconheço, que não sei definir!  Acho que meu maior medo é não conseguir controlar minha vida e minhas vontades depois de passar por você, Anahi!