Fanfic: Proposta Indecente- Adaptada- Finalizada | Tema: Dulce e Christopher - Vondy

- Podia ter dado vinte, e a resposta seria a mesma.
- Meu pai está morrendo.
- Quer minha compaixão?
- Tolerância. Os traços do rosto dele se tornaram ainda mais implacáveis, o olhar inflexível e perigoso.
- Você ousa pedir tolerância para um homem que desvio centenas de milhares de dólares de mim? Dulce tentou manter a calma.
- Papai está hospitalizado, com um tumor cerebral inoperável. - Fez uma pausa. - Se você aciona-lo, ele passará sua últimas semanas de vida dentro de uma prisão.
- Não. - Christopher apertou o alarme do carro, pôs as chave no bolso e começou a andar em direção ao elevador.
- Eu faço qualquer coisa! - Era a última tentativa deses perada. Duas cartas tinham sido ignoradas, e as ligações nã obtiveram retorno. Christopher parou, virou-se e a mediu em uma avaliação insultante.
- Você precisaria fazer mais... - Coçou o queixo, pensativo. - Mais do que seria capaz.
- Como pode saber?
- Eu sei - disse com total segurança. Se Christopher entrasse no elevador, seria o fim. - Por favor... Ele ouviu o pedido, percebeu o leve tremor na voz e continuou andando. A porta do elevador se abriu e Christopher falou. - Você tem um minuto para sair deste estacionamento, ou será presa por invasão. Christopher esperou raiva, fúria, ou mesmo uma agressão. Ou uma cena de choro. Mas viu apenas orgulho no pequeno queixo empinado. A boca tremia enquanto ela procurava manter o controle, mas os olhos ficaram úmidos de repente. Uma lágrima rolou por sua face. Christopher entrou no elevador e pressionou o botão. Sua expressão não mudara.
- Trinta segundos. A porta se fechou e Christopher foi transportado para o conjunto de escritórios em um andar alto. Acenou de leve para a morena na moderna mesa de recepção, cumprimentou a secretária e entrou na sala. A magia da eletrônica lhe rendera uma fortuna. Desenvolver a tecnologia da informática e a internet eram sua especialidade. Confirmou os compromissos com a secretária e se pôs a trabalhar. Duas horas depois, gravou o arquivo em que estivera trabalhando e puxou o de Saviñón. Não para refrescar a memória. Tinha já muita experiência para se incomodar com qualquer coisa. Mas o rosto de uma certa garota ruiva o invadira, a imagem da lágrima em seu rosto não o deixava, e ele queria esquecer. Joshua Saviñón, viúvo, uma filha, Dulce, solteira, vinte e cinco anos, professora. Havia um endereço e um telefone, a escola onde trabalhava. Hobbies. Christopher levantou uma sobrancelha. Imprimiu as informações, dobrou a folha e a guardou no bolso do paletó. Então fez uma ligação:
- Descubra qual a situação de Joshua Saviñón e seu estado de saúde. O homem se dizia falido por dívidas de jogo. Na época, Christopher não investigara a fundo. Recebeu a resposta uma hora depois. As informações sobre sua condição médica coincidiam com o que a filha afirmara. Christopher imprimiu a folha com as informações e as releu. Havia provas de que Joshua usara o dinheiro para bancar os cuidados médicos da esposa acidentada durante meses, na luta contra o coma que precedeu sua morte. Seus olhos se fixaram na data... seis meses atrás. O sujeito quase escapara, mas um auditor encontrara os depósitos irregulares, que eram uma tentativa de reparação. E suas retiradas do jogo foram uma série de incidentes isolados no período de um mês. Uma última tentativa para se redimir e pagar o que devia? Christopher recostou-se na cadeira, estalou os dedos e semicerrou os olhos. A vista do porto de Sydney era fantástica. E agora? Madre de Dios, em que estava pensando? Saviñón era um ladrão. Por que se interessava por sua filha? Estava intrigado, concluiu mais tarde. Lealdade à família: até que ponto iria a dela? Recordou sua expressão de orgulho, comparou-a à emoção contida naquela lágrima e decidiu descobrir. Chamou a secretária.
- Se Dulce Saviñón ligar, transfira. Vinte e quatro horas depois aconteceu, e Christopher se sentiu satisfeito por ter calculado certo. Ele foi breve:
- Às sete e meia. - Escolheu um restaurante. - Eu a encontro lá. Dulce se preparara para outra rejeição, e ficou dividida entre a esperança e o desespero.
- Não posso.
- Por quê? Ela vacilou perante o tom arrogante.
- Trabalho à noite.
- Diga que está doente.
"Céus, não posso perder o emprego!"
- Eu saio às onze - Dulce retrucou com firmeza.
- Obrigações da escola?
- Sou garçonete. Houve um momento de silêncio.
- Onde?
- Longe da região nobre onde você mora.
- Onde? Dulce não poderia sequer imaginar os lugares onde ele estivera. Ela deu o endereço.
- Estarei lá. Trinta minutos antes do combinado Christopher entrou no bar e se sentou, pediu um café e observou o modo como Dulce lidava com a clientela. Ele desejava deixá-la nervosa, e conseguiu. Ficou irritado apenas quando um cliente que bebera demais passou a mão em seu traseiro. Christopher não ouviu o que ela disse, mas não era preciso. Suas pupilas faiscavam, seu rosto estava vermelho. Será que se ressentia de ter de trabalhar em um segundo emprego, por seu pai tê-la deixado nessa situação? Talvez não. Dulce mostrara coragem e orgulho, qualidades que Christopher admirava. Não era por isso que estava ali?

ib_vondy: Obrigada Flor. Bem Vinda e vou postar mais 2 hoje. Beijos