Fanfic: ♥ Segredos de Minha vida em Hollywood 2 ♥ (AyA)

Quando as portas se fecham, fica tão silencioso que é possível ouvir o som da água na piscina. Poncho e eu finalmente estamos sozinhos — isto é, se não contarmos Joe, que está atrás da roseira com a tesoura de aparar nas mãos e uma expressão surpresa no rosto. Ainda bem que Laney partiu, tenho certeza de que ela acharia que ele é um espião dos tablóides.

— Onde estávamos?

Poncho volta para a espreguiçadeira de teca e me beija de novo. Sinto meu estômago dar cambalhotas toda vez que os lábios de Poncho estão sobre os meus. Não consigo evitar pensar em como é bom ser eu mesma só para variar um pouco. Aqui está um cara que não se sente intimidado pelo meu trabalho, minha família ou mesmo pela minha cafeinada relações-públicas.

Isso me leva ao primeiro da nova série de segredos de Hollywood que estou morrendo de vontade de divulgar. SEGREDO NÚMERO UM DE HOLLYWOOD: Quando se trata de namoro de celebridades, as estrelas falam sobre os benefícios de se namorar uma outra estrela. Aqui entre nós, esse discurso de só namorar celebridades é besteira pura. A verdade é que é muito difícil namorar outra estrela. Há competição sobre quem é mais famoso, além de muito estresse por ter de ficar seis meses separados quando você viaja para gravar um filme em Bangladesh e a locação dele é nas Antilhas. Quer saber o verdadeiro motivo por que artistas só namoram outros artistas? Não temos ninguém mais para namorar! As estrelas passam a maior parte do tempo com outras estrelas (e participantes de reality shows). É muito improvável que uma atriz famosa encontre o próximo namorado enquanto está abastecendo o carro no posto de gasolina.

Isto é, a não ser que... você passe algum tempo fingindo ser alguém que não é. Foi assim que conheci um cara normal como Poncho. Agora, só espero que ele consiga lidar com o fato de ter a vida sob os holofotes...

Beijo o queixo de Poncho e, depois, me afasto de forma relutante para que possa olhá-lo nos olhos.

— Podemos conversar? — pergunto, sentindo-me nervosa.

— Agora? — ri Poncho.

Concordo com a cabeça e dobro as pernas e meus pés gigantescos para conseguir colocar um pouco de espaço entre nós. Essa é a única maneira de conseguir ter essa conversa, sem me inclinar para beijá-lo novamente.

— As últimas semanas foram maravilhosas — começo devagar.

— Eu sei.

Poncho desenha um círculo imaginário no meu joelho, deixando-me arrepiada.

— Acho que você deve concorrer ao prêmio de melhor namorado do ano.

Semana passada, Poncho me surpreendeu com a minha primeira ida ao circo e me levou até o píer de Santa Monica para provar um cachorro-quente de forno. Já que minha sessão de treinamento para o filme era de manhã e as reuniões de produção ainda eram poucas, eu tinha as tardes livres para ficar com Poncho depois do treino de lacrosse. Mamãe achou que algumas semanas de folga me deixariam entediada, mas adorei cada minuto de liberdade até o início das gravações.

— Ainda não acredito que existe corrida de carrinho de mão no Valley.

— Não se esqueça que você me deve uma revanche, Portillo — provoca Poncho. — Eu teria ganhado se Larry, o mentiroso, e Sam, a lesma, não tivessem disparado flashes no meu rosto.

— Você lembrou o nome deles. — Fico surpresa de ele se lembrar do nome dos meus mais persistentes seguidores. — Estou impressionada, Herrera.

Poncho era o único que não me chamava pela infinidade de apelidos para Anahi (Annie, A, Anniezita, Anniezinha... pode escolher) que todos usavam, desde as pessoas da família até estranhos na rua. Quando Poncho me chama de "Portillo", eu me sinto uma pessoa totalmente diferente e descomplicada que apenas ele conhece. É muito divertido. Comecei a chamá-lo pelo sobrenome também.

— Então, é sobre isso que quero falar com você — respondo. — Não vou ter muito tempo livre quando começarem as gravações do filme de Hutch, daqui a duas semanas.

Como se precisássemos lembrar.

— Você vai estar ocupada, mas eu também tenho muito o que fazer. — Poncho parece estar na defensiva. — Provas finais. Além disso, conseguimos chegar às finais do lacrosse. Eu já disse que o treinador Connors é um brutamonte. Vamos treinar 24 horas por dia, sete dias por semana. Além disso, vou treinar o time de lacrosse infantil depois do fim das aulas. Também estarei muito ocupado.

Os cabelos claros de Poncho caem em seus olhos e não posso ver sua expressão.

— Só pensei que podíamos conversar sobre isso antes que nossas vidas virem de cabeça para baixo — apresso-me em dizer. — Depois que eu entrar no estúdio, quem sabe o que pode acontecer? Os horários são loucos e minha agenda de trabalho muda constantemente. Além disso, terei de comparecer a alguns eventos. Mas tenho certeza que poderei levar um acompanhante — acrescento.

— Não vou mentir. Às vezes, acho surreal o fato de estar namorando a famosa Anahi Portillo — confessa Poncho e sinto o rosto corar e ficar da cor do short dele — Acho que é por isso que fico nervoso de ir a eventos com você. Esse mundo de celebridades é impressionan-te.

Ele dá um sorriso tímido, revelando uma covinha na bochecha esquerda.

— Misturar-se com outras celebridades é o mesmo que estar comigo — prometo, colocando uma das mãos em seu pulso. — A maioria das estrelas é bem normal.

— Se você diz. — Ele não parece convencido. — Mas, considerando o pesadelo da sua agenda, posso imaginar. — Ele dá de ombros. — Eu sabia que não seria fácil quando apareci aqui há algumas semanas e disse que deveríamos tentar.

— Você está certo. — Cravo nele meus olhos azuis, esperando estar bonita sob o sol quente, esperando que minha imagem nesse biquíni verde piscina seja suficiente para fazer com que ele se lembre dessa conversa daqui a um mês, quando o único tempo que terei para vê-lo será às três da manhã para um café-da-manhã muito, muito cedo.

— Eu já disse a você que tudo que quero é que sempre seja honesta comigo — diz Poncho com voz suave e séria. — A única coisa que não suporto é a mentira. — Ele envolve meus joelhos com o braço e apóia o queixo neles. — Quanto ao resto do protocolo de Hollywood, você pode me ensinar à medida que avançamos. Parece bom, professora Portillo?

— Funciona para mim. — Beijo-o de leve nos lábios. — Isso significa que posso dar a você este presente.

Tateio às cegas sob a espreguiçadeira em busca de uma pequena caixa embrulhada em papel prateado brilhante, que eu tinha colocado ali de manhã. Afasto-me de Poncho e coloco a caixa entre nós. Curioso, Poncho a pega e rasga o papel.

— Um Sidekick? — ri ele.

— Desse modo, poderemos nos falar sem sermos interrompidos — explico enquanto ele abre a caixa. — Posso enviar um e-mail para você enquanto estou aguardando para começar a gravar uma cena e você pode responder antes da aula. Essas criaturas são rápidas.

— Obrigado. — Poncho fica vermelho. — Mas eu me sinto estranho ao receber um presente tão caro de você...

— Não fale isso — interrompo. — Essa é uma das coisas com a qual terá de se acostumar. E acredite, este presente é totalmente egoísta da minha parte, Herrera. — Dou um sorriso para ele.

— Como quiser, Portillo.

Poncho me puxa e começamos a nos beijar de novo. O cheiro familiar de coco é o suficiente para me fazer esquecer tudo sobre Hutch Adams, minhas falas ou a prova de figurino... por enquanto.

Mais tarde, quando Poncho partiu e eu parei de me perguntar como tive a sorte de conseguir o melhor namorado do mundo, pego meu Sidekick para escrever alguns lembretes.

SÁBADO 2/6

OBSERVAÇÕES PARA MIM:

Agenda de domingo

6h — aula de capoeira em casa c/ Paulo

7h30 — alongamento c/ o ginasta do Cirque du Soleil

DECORAR AS FALAS!

***Data do início das gravações: 18 de junho.