Fanfic: Leis do Destino | Tema: Portinon

-- Prefere que eu te prepare um mingau de aveia minha velhinha?



A expressão de Anahi anunciou uma reação violenta da garota, o que fez Dulce saltar da cama, mas a pontaria da loira a alcançou com o travesseiro arremessado nas costas da ruivinha.



-- Ai! 



Dulce apanhou o travesseiro e arremessou de volta, mas não acertou seu alvo, fato que fez Anahi gargalhar e lançar outro em seguida, dessa vez acertando em cheio o rosto da ruivinha.



-- Anahi! Isso machucou!



Dulce cobriu o rosto com as mãos preocupando Anahi que se encheu de culpa e correu para desculpar-se da ruivinha cobrindo seu rosto de beijos e carinhos.



-- Meu amor desculpe-me... Ai que desastrada que eu sou. Dul me perdoe...



Dulce deixou-se ser paparicada por Anahi até nota-la desarmada para alcançar mais uma vez sua cintura atacando-a provocando cócegas mais uma vez. Caíram no chão naquela brincadeira infantil, até os olhos se encontrarem. Enxergaram a pureza que acreditavam ter sido perdida pelo tempo. Reconheceram a doçura que sobreviveu à amargura dos desencontros. Vislumbraram o que os caminhos tortuosos do destino tentaram ocultar: elas se pertenciam. Não se tratava de um título de propriedade, e sim uma afinidade que as conectava de tal forma que nem tempo e a distância e todas as ciladas armadas pela vida foi capaz de romper.



-- Promete que nunca vai perder esse teu jeito de moleca? Promete não escondê-lo nunca mais de mim?



Anahi inquiriu com voz mansa olhando Dulce de maneira fascinada.



-- Vai estar sempre aqui pra você, junto com seu jeitinho de caipira inocente.



-- Acho que dessa caipira sobrou muito pouco Dul. 



-- Engano seu. Ela está aí, a mesma menina do interior por qual me apaixonei. Eu vou te enxergar sempre assim. Mesmo que você um dia seja uma poderosa Ministra do Supremo Tribunal Federal implacável no cumprimento do seu dever, quem estará nos meus braços no final do dia, será a Anahi, a minha caipira marrenta.



-- Eu te amo Dulce. 



-- Também te amo Any.



Trocaram um beijo calmo. 


O som dos movimentos peristálticos de Dulce despertou o riso de Anahi.


-- Jura que tudo isso é fome?



-- Ai Any, eu não estou uma coroa acabada como você, mas também preciso repor minhas energias viu?



-- Besta! Para com isso sua chata!



-- Parei...



-- Tudo bem sua bobona, vamos manter nossa divisão de tarefas: você na cama e eu na mesa... Vou preparar algo para nós.



Anahi se deteve na procura por ingredientes para um café reforçado, sorrindo ao perceber que Dulce mantivera o método de organização que a loira instituiu quando moravam juntas. Os potes separados por tamanho com seu conteúdo descrito em um rótulo etiquetado, prendedores protegendo embalagens abertas, sobras de pratos guardados em recipientes plásticos, tudo como uma mulher organizada fazia em sua cozinha, concluiu em pensamento: -“Ela nunca me deixou sair desse apartamento.”- Com um sorriso bobo a loira caprichou na refeição com uma satisfação plena de estar de novo em casa.



Dulce voltou para o conforto da sua cama, se deliciando com o perfume de Anahi nos lençóis e igualmente sorriu abobada, custando a crer que tudo aquilo não era mais uma fantasia ou delírio seu. Lembrou-se de que no criado mudo ao lado da cama, guardava um porta-retratos com uma foto das duas da época da faculdade e com cuidado o posicionou em seu lugar de origem e ficou ali divagando em memórias e planos futuros com o coração repleto de expectativas felizes.



O alarme da chegada de uma mensagem de texto no celular de Anahi sobre o móvel, ao lado da foto roubou a atenção da ruivinha ao ver quase acidentalmente o remetente: Eduarda.



Dulce não resistiu à tentação, numa atitude furtiva sacou o aparelho e abriu a mensagem com uma foto anexa. Na imagem, Eduarda exibia uma aliança e no texto escreveu:


--“Pensou que eu não usaria também o símbolo do nosso compromisso? Está aí a prova! Quando eu retornar te prometo um noivado à nossa altura. Chegando agora a Miami, mais tarde te ligo beijos, te amo noiva.”.



Dulce ficou estarrecida com aquela informação. Por um momento acreditou que seu sonho se transformara em pesadelo, que sua fantasia era tão frágil como um castelo de areia que no primeiro sopro desabou sobre sua vulnerável felicidade.



Ao ouvir a voz de Anahi se aproximando Dulce guardou o celular sob os lençóis e abriu espaço para a loira sentar-se e acomodar a bandeja delicadamente enfeitada e repleta de itens.



-- Não acreditei quando vi tanta coisa na sua despensa e geladeira e comida de gente de verdade! - Anahi brincou.



-- Fiz uma lista e pedi a faxineira que comprasse tudo. – Dulce comentou apática.



-- Iogurte com granola primeiro? Acertei?



-- Unrrum.



Dulce ficou atenta à mão direita de Anahi quando esta a serviu e para seu desgosto e decepção incalculável atestou suas suspeitas. O anel exatamente igual ao da foto de Eduarda estava devidamente encaixado no anelar da promotora.



Diante de tal confirmação Dulce sequer teve disposição para receber o pote que Anahi lhe oferecia. Baixou os olhos marejados, alcançou o celular por baixo dos lençóis e o colocou em cima da bandeja com a foto enviada por Eduarda estampada no display e disse antes de se levantar:



-- Bonito anel doutora Portilla. Parabéns pelo noivado.

Xiiii e agora hein???