Fanfic: Leis do Destino | Tema: Portinon
Dulce bradou com lágrimas nos olhos. O semblante da ruivinha tocou Anahi. Encarando a fotógrafa, a loira percebeu o quão cruel estava sendo com o momento delicado de Dulce, confusa com as mudanças repentinas de um pai que ela queria de volta como o tinha na infância.
-- Desculpa meu amor. Estou exagerando um pouco não é?
-- Anahi eu não me esqueci de nada que meu pai fez. Mas eu não posso ignorar que esses dias tem me abalado, tem algo diferente nele, eu tenho certeza, não estou louca.
-- Eu acho que seu pai está jogando. Como sempre.
-- Pode ser, mas também pode estar do jeito dele, consertando as coisas, protegendo a família dele, fazendo o que a mamãe pediu especialmente pelo Douglas.
-- O Douglas é o braço direito do seu pai, está envolvido até o pescoço nas acusações segundo seu próprio irmão, nunca diria que não é filho legítimo de Acrisio. Como seu pai está protegendo ele?
-- O papai o afastou da administração da Verdes Canaviais. O Douglas está se mudando hoje para Brasília para assumir uma cadeira no Congresso Nacional, ele era o primeiro suplente de um deputado que se afastou.
-- Ah ótimo! Como não imaginei isso?! Eu sabia que aquela raposa velha estava armando alguma!
-- Anahi!
-- Dulce você não percebe a jogada do seu pai? Agora, o Douglas não pode ser julgado pela justiça comum, pelo menos não na minha jurisdição. Ele tem um negocinho chamado: foro por prerrogativa de função. Nunca mais conseguiremos pegá-lo.
Dulce torceu os lábios, refletindo a conclusão revoltada da promotora.
-- Tenho que reconhecer: seu pai é bom no que faz! Uma jogada de mestre. Enquanto nos distraía com essa boa vontade nas investigações, vestia a armadura no filho assassino contra a cadeia!
Dulce não retrucou. Não sabia se o certo era defender o pai, ou se juntar a promotora naquela indignação. Seu coração acenava que a motivação de Acrisio para tais manobras em nada tinham relação com a fuga de punições, Dulce enxergava a proteção paterna nos moldes de Acrisio, e mesmo que tentasse não conseguia condená-lo por isso, e por um instante se censurou por tal deslize no seu pensamento ético, totalmente discrepante da postura moral e profissional de Anahi. Por tal paradoxo, a ruivinha preferiu o silêncio. Deduziu que expor seu dilema decepcionaria por demais a promotora.
Naquela noite, pela primeira vez desde que reataram Dulce não conseguiu estar inteira ao lado de Anahi. Sentiu falta da imparcialidade e sensatez de Angelique. Não culpava Anahi por aquela postura, uma vez que era coerente, e justa, dados os fatos do inquérito, mas não podia conter o sentimento controverso que tomava seu peito: saudade do pai e vontade de estar perto dele, nem que fosse para ter a certeza de que Anahi estava certa.
Anahi não ficou imune ao estado da fotógrafa. Reconhecia que digerir aquela mudança de atitude do pai não estava sendo tarefa fácil para Dulce, em contrapartida, se via incapaz de aceitar qualquer teoria que diminuísse o nível de maldade de Acrisio. Para não arriscar magoar Dulce, a promotora optou por se recolher às suas certezas, uma vez que seu julgamento acerca do seu sogro já estava concluído.
Experimentando mais uma vez a vulnerabilidade psicológica que aquela sequência de eventos provocou em sua vida, Dulce lutou contra a vontade de afundar sua aflição em um copo de uísque, apelando para Angelique mais uma vez. A voz de sono da cantora anunciou que mais uma vez Dulce interrompera o descanso da psicóloga.
-- Acordei você de novo não é?
-- A culpa não é sua minha ruiva, é desse fuso horário maldito não é? Então, o que você faz acordada essa hora meu bem?
-- Acrisio Savinon Campos.
-- Acho que esse nome é familiar... – Angelique brincou. – O que meu sogro aprontou dessa vez?
-- Abriu os portões da fazenda para a polícia escarafunchar tudo, afastou o Douglas de lá, e arranjou sua vaga na Câmara Federal.
-- Como?
-- Pois é... … de assustar não?
Dulce compartilhou com Angelique sua angústia, suas dúvidas, escondendo obviamente o agravante de suas questões com Anahi. A fotógrafa reconhecia o quanto o amor e a ciência de Angelique lhe ajudavam nesses momentos de impasse e confusão. Em minutos de conversa, já se sentia mais leve, a ponto de sorrir e brincar com a cantora. Testemunhar tal manifestação de afinidade e intimidade foi mais que doloroso para Anahi.
A loira se aproximava pelo corredor quando ouviu que Dulce conversava com Angelique, à surdina permaneceu sendo tomada pelo ciúme e insegurança despertada pelo tom carinhoso do diálogo no telefonema.
-- Dul você não tem que se sentir imoral por aceitar a hipótese de acreditar no seu pai. Você é humana, e pura. Isso não é falha de conduta, isso é nobreza.
-- Nobreza ou ingenuidade?
-- Meu amor você é uma das pessoas mais nobres que conheço. Não é demérito assumir ingenuidade. Se você quer procurar seu pai, e terminar aquela conversa tensa que iniciaram semana passada, faça isso, não perca a oportunidade de um coração aberto.
-- Nem considerava mais que meu pai tivesse um coração, quanto mais aberto.
-- Estou me referindo ao seu coração meu amor.
-- Não sei se quero, não sei se posso Angel...
-- Tenho certeza que sim, que você quer e pode. Aceite o que seu coração está pedindo, mas faça isso logo, próxima semana eu te quero aqui ao meu lado!
-- Pode contar com isso, já comprei minha passagem.
-- Otimo! Saudades meu amor.
-- Também estou honey.
Dulce respondeu automaticamente, negligenciando a necessidade de se distanciar de Angelique, considerando o que o reencontro delas representaria: o término da relação.
-- … bom ouvir isso. Nos últimos dias tenho te sentido tão distante...
-- Angel vou te deixar dormir, também preciso.
Dulce apressou a despedida quando se deu conta do deslize, nesse exato momento ouviu o barulho de um passo lento, na parede da sala, a sombra de Anahi. Com o pesar da consciência duplamente despertado, a ruivinha desligou o telefone.
Anahi se esquivou correndo em silêncio para a cama para não ser pega em flagrante pela fotógrafa. Dulce chegou ao quarto na velocidade que a culpa e o medo de que Anahi interpretasse aquela ligação com outro fim permitiram. Encontrou a loira deitada, exatamente como a deixara: dormindo. Não a acordou, especialmente por que sabia que a promotora apenas fingia dormir, como se declarasse nada querer falar sobre o assunto, e como esse era o desejo de Dulce, firmaram esse acordo tácito, arcando com as consequências da dúvida instalada.
E ai o que estão achando disso tudo?
Autor(a): angelr
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 327
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mariamarta Postado em 03/09/2021 - 01:58:10
Estou lendo essa fic pela primeira vez. A fic é ótima e muito bem escrita. Anahi é uma idiota, bem burra e fraca, na verdade não consigo sentir pena dela, pq ela é a responsavel pelo proprio sofrimento. Sofre pq é mole e pq não tem voz, deixa que façam dela uma marionete. Gratidão é algo bem distinto disso que ela tá fazendo. É até vergonhoso chamar isso de gratidão. Ela é fraca isso sim
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raphaportiñon Postado em 01/04/2021 - 12:37:53
Meu Deus ... Estou fascinada por essa FIC ... Amo encontrar Fics Portiñon desse nível... Sou apaixonada :) <3
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angelr Postado em 03/12/2014 - 13:40:31
Ai gente que bom que voces todas gostaram, gosto sempre de compartilhar com voces coisas boas que leio
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dyas Postado em 03/12/2014 - 08:55:43
Show *-*' Adorei a web toda. Como eu sofri nessa web, kkk. Beijos s2 - Você é demais! :)
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justin_rbd Postado em 02/12/2014 - 19:33:31
mds que final lindo ,comfesso q chorei mas meus parabéns ,otima fic !!!
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portinonnessa14 Postado em 02/12/2014 - 19:20:47
Acabei de ler o último capítulo adorei porém queria mais tipo um capítulo extra bônus sabe tipo especial de Natal talvez um dia de Natal delas juntas com a família da Anahi aceitando elas e tal uma ceia de natal com a família das duas e amigos seria bem legal um capítulo extra de natal seri tipo um presente de natal para seus fãs
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portinonnessa14 Postado em 02/12/2014 - 19:17:21
Acabei de ler o último capítulo adorei porém queria mais tipo um capítulo extra bônus sabe tipo especial de Natal talvez um dia de Natal delas juntas com a família da Anahi aceitando elas e tal uma ceia de natal com a família das duas e amigos seria bem legal um capítulo extra especial para suas fãs que tal? Capítulo Anterior | Próximo Capítulo Autor(a): angelr PROMOVA A SUA FANFIC: More Sharing ServicesPromova| Share on facebookShare on twitterShare on emailShare on printShare on gmail Comentários da Fanfic (307) Comentários do Capítulo: s só um pedido de natal
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portinonnessa14 Postado em 02/12/2014 - 16:41:55
Já estou com vontade de chorar só de pensar que hoje é o último capítulo mi viciei nessa história sério vou sentir muita falta mais já estou lendo sua nova web aconteceu você é estou gostando a Anny está demais atrapalhada que só já ri de cara logo no começo posta logo o fim mata minha curiosidade
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justin_rbd Postado em 02/12/2014 - 12:51:25
terminei de ler a poucos minutos uma fic chamada "AMOR IMPROVAVEL" ,ao ir conferir a escritora tenho uma surpresa !! É VOCE QUE ESCREVE kkkk com essa ja são 5 fic's sua que leio , ja virei sua fã ,pode ter certeza que vou ler as outras . VOCE É UMA EXCELENTE ESCRITORA , cada vez que leio uma fic sua me surpreendo !! PARABÉNS .................................. anciosa para o ultimo capitulo.
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angelr Postado em 01/12/2014 - 23:49:33
flavianaperroni - ja sim