Fanfic: Leis do Destino | Tema: Portinon

Primeiramente Dulce cumprimentou os amigos de sempre: Dani, Marco e Gerard, que acolheram Anahi com simpatia, desarmando a moça do medo de ser hostilizada.


Apesar da discrição exigida pela situação delas, Dulce não se afastou de Anahi em nenhum momento, compreendendo que aquele universo era completamente estranho à promotora. 


A Galaxy’s além de ser muito bem conceituada por seu retrospecto vitorioso de grandes exposições e de lançar vários artistas, também tinha a tradição de privilegiar temas e artistas polêmicos. Assim, alguns convidados daquela festa eram figuras excêntricas não só na sua arte, mas também no jeito de vestir e comportar-se, isso dava à recepção um toque a mais no cenário atípico para Anahi.


Tal fato ficava ainda mais evidente quando as tais personalidades sinônimo de excentricidade cumprimentavam Dulce. Anahi pouco entendia do diálogo deles, ficando um pouco deslocada nas rodas nas quais todos gargalhavam. Alheia aos assuntos nas conversas entre Dulce e os seus amigos, pouco se esforçou para compreender palavras pouco convencionais da língua, algumas vezes Dulce sutilmente se certificava de que ela entendia o que falavam e fingindo afirmava que sim. A promotora desconfortável naquele ambiente, entre aquelas pessoas, tentava contornar seu constrangimento aumentando o número de taças vazias sobre as bandejas que passavam. 


A tensão se instalou quando uma escultora amiga de Maite a qual Dulce já se aventurou em sua cama por mais de uma vez, se aproximou de Dulce de maneira acintosa despertando os ciúmes de Anahi:

-- Os deuses sorriram para mim finalmente... As boas línguas divulgaram que seu jardim já não tem mais uma senhorita ocupando. 


Dulce quase engasgava com o suco que tomava ao sentir o apertão no traseiro que recebeu da artista plástica.

-- Caroline! Há quanto tempo!


Dulce disfarçou com simpatia a susto cumprimentando aquela mulher de traços delicados contrastados por sua maquiagem carregada de tons pesados e escuros.


-- De fato não nos vemos há muito tempo Dulce. Você parou de frequentar a parte divertida da cidade...


-- Nova Iorque oferece muitas opções de diversão Caroline. 


-- Tem razão, você é uma das melhores.


Caroline se aproximou de Dulce se insinuando. Profundamente constrangida, a fotógrafa se esquivou segurando a mão de Anahi que faiscava de ciúmes a ponto de suas veias do pescoço ficarem sobressaltadas.


A atitude de Dulce não passou despercebida pela artista, que observou insatisfeita com o rabo do olho.


-- Eu deveria supor que uma iguaria como você não ficaria muito tempo à deriva...


Caroline se retirou sem sequer cumprimentar Anahi depois que Dulce se esquivou dela, evitando beijo provocativo no rosto.

Depois de um rápido discurso informal no meio da noite, Liza fez um sucinto relato das principais exposições que levaram a Galaxy’s ao topo das melhores galerias de Nova Iorque, e convidou ao pequeno palco alguns nomes consagrados no meio artístico ali, entre eles Dulce Savinon.


Foi o único momento no qual Dulce se afastou de Anahi o qual acabou sendo demorado, em virtude das obrigações com a imprensa, concedendo fotos e entrevistas. 

Fora do seu ambiente, Anahi parecia apagada do seu brilho tão incomum que sempre a fez uma mulher percebida em qualquer lugar. Incomodada com a ausência de Dulce, se afastou para pegar mais bebida, se deparando com uma parte da galeria dedicada aos fumantes, onde escutou um diálogo com seu nome envolvido:

-- Mas a Anahi é só uma menina?! A Dulce está louca?! Trocar a Angelique por uma menina?! – Gerard cochichou.


-- Não exagera Gerard, ela só é mais nova que a Dulce uns dois a três anos no máximo. Além do mais a Dulce não trocou nada, a Dulce sempre foi apaixonada por ela, e ela é linda! – Daniela defendeu.

-- Linda, mas, parece que tem medo de gente! Coitada mal fala! A Angelique sabia falar sobre qualquer assunto, era divertida, espontânea...


-- Gerard eu sei que você é um fã da Angelique, mas não precisa ficar traçando essas comparações, isso magoaria muito a Dulce sabia? Dá uma chance a garota, ela é muito especial para nossa amiga, tenho certeza que tem todos os encantos que a Angelique tinha, só está em um momento difícil. Eu te contei o que houve ontem não contei? Até acho que ela está se esforçando muito para acompanhar Dulce hoje.


Daniela defendia Anahi, que diante do que ouviu ficou ainda mais reticente em voltar para festa. Tudo que queria era ir embora dali, exceto por Dani, Anahi viu crescer uma antipatia por aquelas pessoas, aquele mundo torto à sua visão. Um tanto tocada pelo álcool, Anahi decidiu que já ficara tempo demais naquele lugar, e se irritou quando a namorada se recusou a ir embora.


-- Mas que droga Dulce! O que mais você precisa fazer aqui? Esperar mais alguma vadia se jogar nos seus braços?


-- Meu amor você está falando bobagem... 


Dulce retrucou pacientemente se aproximando de Anahi.


-- Eu já passei mais tempo aqui do que suporto! Eu vou embora agora nem que seja sozinha!


-- Acalme-se Any, nós vamos embora, pronto, não precisa ficar nervosa.


A fotógrafa claramente constrangida com o estado da namorada, não protelou o retorno para seu apartamento, desculpando-se com os amigos pela pressa, atribuindo a um mal estar de Anahi tal atitude.


No trajeto até seu apartamento, as tentativas de diálogo que a ruivinha estabeleceu foram frustradas com as respostas monossilábicas da promotora. 


Anahi se autocensurava por seu comportamento uma vez que sua personalidade forte e determinada nada tinha com aquela mulher insegura e acuada que ela tinha se mostrado naquela noite diante dos amigos de Dulce. Em outra circunstância talvez se portasse de outra forma, mesmo as dificuldades no idioma não esconderiam seu encanto e inteligência incomuns, todavia, ainda que negasse o que havia escutado na família Lancester e depois por Gerard abalou sua desenvoltura em um meio que não era familiar para ela. Tal fato unido ao trauma recém-adquirido retraíram a loira, assim ela preferiu o isolamento, preferiu esconder o que sentia de Dulce, concluindo que assim não precisaria decepcionar a namorada.


No apartamento finalmente, foi Dulce que inquiriu:


-- Any, você está bem? Aconteceu alguma coisa?


-- Estou cansada Dulce, só isso. Está tudo certo nas nossas passagens para domingo? -Respondeu tentando mudar de assunto.


-- Sim meu amor. 


-- Otimo, não vejo a hora de deixar essa cidade maldita! – Cuspiu se jogando no sofá.


Dulce estranhou aquele resmungo. Receosa a fotógrafa comentou:


-- Meu amor, por hora nós vamos deixar Nova Iorque, mas você sabe que mesmo que eu me mude de vez para o Brasil, vou ter que dividir meu tempo passando temporadas aqui e eventualmente você precisará vir comigo.


-- Por quê? Para afastar o bando de vadias do seu currículo de diversões? – Anahi respondeu levantando-se, andando impaciente pelo apartamento.



-- Não meu amor isso eu posso fazer sozinha. Você precisará vir porque será minha mulher, e quero que você participe da minha vida, e não quero passar muito tempo longe de você por que já fiquei tempo demais distante e não consigo mais nem pensar em viver isso novamente.


-- E sua vida não pode mudar? Tem que estar metida com esse tipo de gente? Um bando de esnobes, intelectuais de nariz empinado, mulheres se oferecendo à sua cama, gente esquisita nojenta que adora chamar atenção chocando as pessoas, por que sua carreira tem que estar vinculada a essas pessoas?



Dulce franziu o cenho e chegou a ficar tonta com aquele julgamento preconceituoso feito pela namorada. Silenciou por alguns segundos observando a loira mexer nos armários da cozinha, na geladeira e pelo resto da cozinha como se estivesse procurando algo.

-- Mas que droga, não tem nada com álcool para beber nessa porcaria? 


Anahi resmungou batendo forte a mão contra o balcão.


-- Anahi essa gente que você acabou de julgar, são as pessoas que conviveram comigo por todos esses anos. Alguns deles são grandes amigos, e pelo que vi e sei, todos te trataram muito bem hoje, não mereciam seu desprezo.


-- Com certeza devem ter rido muito nas minhas costas, falando da caipira aqui ou questionando o que você viu em mim para deixar a Angelique por minha causa...


-- Você está sendo infantil Anahi e injusta também.


-- Dulce eu ouvi aquele via..dinho fresco falando de mim...


-- Ouviu o quê?


-- Que eu era só uma menina, um bicho-do-mato que você fez besteira trocar a Angelique por mim!


-- Você entendeu errado... Você bebeu demais meu amor...


-- Não! Não entendi errado, e ainda vou beber mais! Algum problema?


Anahi disse exibindo uma garrafa de vinho, irritada. Dulce balançou a cabeça negativamente, suspirou e respondeu:


-- Eu sinto muito sobre o comentário infeliz do Gerard, ele não teve tempo de te conhecer direito Any, só isso. Mas acha mesmo que mereço que você desconte em mim isso? Não estou contra você meu amor, estou do seu lado.


Anahi notou o quão agressiva estava sendo com Dulce, gratuitamente.


-- Você tem razão meu amor. Desculpe-me, você não tem culpa mesmo... Estou sendo uma idiota.