Fanfic: Leis do Destino | Tema: Portinon

Dulce ficou pálida supondo o que poderia ter acontecido naquela madrugada.


-- Você sabe como me senti quando te vi apagada nesse sofá depois de beber um sexto do que já vi você beber sem sequer mudar a voz, no entanto você parecia desmaiada ontem... Fiquei desesperada sem saber o que fazer, ia te levar para um pronto socorro, até que por milagre ou ironia do destino a Angelique aparece aqui, senhora da situação, demonstrando te conhecer, saber mais de você do que eu, e ainda no direito de me censurar por beber com você, me intimidando a cuidar de você direito se eu não quisesse te perder... E sabe o pior de tudo isso? … saber que ela está certa e morrer de medo de te perder pra ela...



-- Ei Any calma meu amor...


Dulce abraçou Anahi com força, fazendo calar aquele discurso afobado, aflito.


-- Eu sinto muito ter feito você se sentir assim meu amor... Mas não tem nada com confiança ou com não estar inteira com você. Na verdade não te contei essa parte da minha vida por vergonha, medo de te decepcionar. Seus conceitos tão rígidos, sua integridade inabalável, não sabia como você reagiria, ou o que você sentiria ao saber que estou em recuperação de dependência química.


Anahi ficou séria. Sentou-se no sofá e perguntou em tom magoado:


-- Você acha que eu não compreenderia isso? Acha que meu amor se abalaria por que você tem uma doença? Que ideia você faz de mim Dulce?


-- Eu tive medo Any. Eu já tenho um pai e um irmão criminoso dos quais você precisa ser protegida, imagine sabendo que sou uma viciada que quase morreu de overdose...


-- O quê? 


Dulce sentou-a ao lado de Anahi sem conseguir encará-la.



-- Há mais de um ano e meio... Depois da morte de minha mãe quando voltei do Brasil...


-- Dulce como você pode me omitir um fato desses?


Anahi levantou-se indignada.


-- Eu fui fraca Any. E em poucos meses eu já estava completamente dependente em uma rotina de autodestruição. Eu não trabalhava mais, não comia, abusei da paciência dos meus amigos, da Angelique que me deixou... Até chegar ao fundo do poço com a overdose. Precisei disso para aceitar minha doença e desde então estou me tratando. Primeiro passei por desintoxicação internada, depois terapia e medicações que ainda tomo. 


-- Por isso a Angelique estava tão revoltada comigo...


-- Eu não posso beber Any, meu problema foi com drogas mais pesadas, mas o álcool é meio que...


-- Porta de entrada.


-- Além do mais, com os medicamentos que uso, não podia misturar... Por isso suponho que apaguei tão rápido.


-- Dulce como você pode fazer isso comigo? 


-- Eu sei que te decepcionei Any...


-- Dulce! Para com isso! Quem falou em decepção? Estou falando de você me esconder isso... Dulce eu coloquei você em risco ontem! 


-- Não meu amor, eu me arrisquei, eu sabia que eu não podia... 


-- Dulce nós estamos dividindo uma vida, teremos uma guerra para enfrentar nos próximos meses, como faremos isso juntas se você me esconde coisas do tipo me julgando uma arrogante preconceituosa? Então a Angelique é capaz de te compreender, de te ajudar e eu que te amo desde a primeira vez que te vi não?



-- Any eu me sinto tão envergonhada por isso... Mas eu tive medo. Nossa história é complicada demais... Tive medo de te assustar...


Anahi balançou a cabeça negativamente, indignada. Dulce se aproximou da namorada segurou o rosto dela pelo queixo, encarando o seus olhos pediu:


-- Você pode me perdoar por isso? Eu fui uma idiota. Não quero te esconder mais nada, nada.


-- Promete?


-- Sim, eu prometo. E pra te provar isso, vou dizer outro segredo.


-- Qual? O que mais você me esconde?


-- Bem, eu fui abduzida por uma nave extraterrestre, eles me levaram para Krypton me deram super poderes para conquistar a Terra, voltei e desde então trabalho como agente secreta para CIA, mas infelizmente agora que você tem essas informações, tenho que te matar.


Anahi apertou os olhos e Dulce se manteve séria mesmo depois da loira abrir um sorriso divertido:


-- Sei... Abduzida... Imagino que tenha sido pelo último parente do superman perdido por lá não foi? Com seus super poderes como você pretende me matar agora? Com um super sopro? Ou me derretendo?


-- Na verdade, contra você usarei meu poder secreto e mais eficaz.


-- Que seria?


Dulce encarou Anahi com uma expressão enigmática.


-- Você verá.


Dulce fingiu se afastar e rapidamente voltou-se atacando a cintura da namorada fazendo cócegas até caírem no sofá em meio a gargalhadas encerrando o clima denso instalado com os últimos acontecimentos.

***************


Dulce e Anahi desembarcaram no Brasil na noite de domingo. A primeira ligação que fez deu a Anahi a certeza de que seu pressentimento estava certo. Dias difíceis se aproximavam, o desfecho do caso Acrisio Savinon se desenhava de maneira surpreendente.


-- Any ainda bem que você voltou! Tentei falar com você ontem, mas não consegui. 


-- O que aconteceu Carlinha?


-- As investigações do Lucas avançaram, finalmente um corpo foi encontrado na Verdes Canaviais.


Anahi ficou séria. 


-- O corpo está no IML para que seja feito o teste de DNA. E tem mais, foram encontrados membros de corpos, então podemos esperar que se trate de mais de uma pessoa.


-- Ok Carlinha. Amanhã nos falamos melhor no gabinete.


Anahi jogou a bolsa na poltrona do quarto enquanto Dulce se aproximava reticente:


-- Problemas?


-- Na verdade solução...


-- De?


-- O início da solução para levarmos seu pai a julgamento. Pelo menos um corpo foi encontrado enterrado na fazenda do seu pai. 


Dulce sentou-se na cama com uma expressão triste.


-- O que foi meu amor? Não me diga que você acreditava mesmo que não houve assassinatos lá.


-- Não é isso Any...


-- O que é então?


-- … que... Desde a última conversa que tive com ele... Não acho que ele tenha mesmo culpa nessas mortes.


-- Você não pode estar falando sério meu amor. Acrisio Savinon conseguiu te enrolar?


-- Anahi, eu melhor do que ninguém eu conheço meu pai. Ele não teria porque mentir para nós naquela conversa.


-- Meu amor agora a ingênua é você... 

-- Não se trata de ingenuidade Anahi. Mas acho que discutir com você sobre isso é inútil, você já tem todas as certezas a respeito dele. Ele já foi condenado por você, não importa outra visão, outra versão.


-- Dul não é isso...


-- Anahi quer saber? Não vamos discutir por causa disso. Estou exausta da viagem e amanhã tenho que começar a organizar a exposição. Vou tomar um banho e descansar.


-- Dulce você está chateada comigo?


Anahi não obteve resposta. Dulce entrou no banheiro ignorando a indagação da namorada. A promotora previu problemas analisando a reação de Dulce naquela questão, e por mais que temesse tal desgaste, não se sentia capaz de fingir acreditar em qualquer vestígio de inocência de Acrisio dos crimes dos quais ele era acusado.