Fanfic: Leis do Destino | Tema: Portinon

O cenário de pesadelo para Dulce era completo. Tinha som, cheiro e as cores cinza que nublaram os sentidos da fotógrafa. Dulce sentiu o mundo girar com violência, perdeu seu equilíbrio caindo na calçada de joelhos, tonta por aquela dor, o ar faltou aos pulmões, no lugar do oxigênio, tudo que tomava seu peito era o pranto desesperado, e o sentimento de impotência que lhe deixou dormente, surda, à beira de um estado catatônico.


A inércia do seu corpo foi tamanha e a dormência dos sentidos tão intensa que Dulce sequer foi capaz de ouvir as chamadas insistentes do seu celular no bolso. Estava entretida demais com sua própria dor da tragédia que se configurava diante dos seus olhos para atender a apelos externos à imensidão da perda que se desenhava em meio a destroços, sirenes, e uma fumaça densa.


O corpo lacrado naquele saco preto era do amor da sua vida. Não conseguiu chegar a tempo de evitar que se cumprisse a ameaça anônima, que Dulce interceptara, uma vez que Anahi esqueceu o celular dela no apartamento da namorada.


-- “Entre no seu carro para seu último destino doutora: sua morte. Sua sentença.”


Pouco importava quem enviou aquele SMS por uma página da internet. Seu pai poderia ser o culpado, ou seu irmão, ou qualquer outro bandido o qual Anahi era intolerável no cumprimento de seu dever de promotora. O que importava para Dulce era que ali não tiraram apenas a vida da representante do Ministério Público, levaram a vida dela junto.


Lucas chegou ao local e o desespero também afligiu o delegado amigo da promotora. Levou as mãos à cabeça, e teve que segurar as lágrimas diante da imprensa que já especulava sobre a vítima. Ligou para Carla imediatamente e esta nada sabia sobre o paradeiro da amiga e chefe.

-- Estou ligando para o celular dela há meia hora, mas, ela não atende. Meu querido o que está acontecendo? Que voz é essa? 


-- Cacá... Eu não sei como dizer isso... Estou diante do prédio dela... O carro dela explodiu...


-- Ai meu Deus...


Carla caiu na sua poltrona em choque.

-- Carlinha... Um corpo foi encontrado no carro...


-- Não pode ser... Eu estou indo até aí...


Em pouco tempo Carla estava no local do atentado, ao lado de Lucas, a assistente de Anahi não escondia sua revolta e inconformação. Chorando, Carla tentava raciocinar quem seria o responsável por aquela tragédia, olhando em volta, avistou Dulce, paralisada sentada sobre os joelhos observando aquela cena completamente submersa em sua dor.


Carla se aproximou da amiga, compadecida abaixou-se para abraçar Dulce.

-- Você está aqui a muito tempo? – Carla perguntou.


-- Eu não sei...


Dulce respondeu com a voz fraca. 


-- Vamos sair daqui, venha comigo, levo você para casa.


Carla praticamente carregou Dulce até o carro e depois até o apartamento da ruivinha e lá ambas ficaram chocadas com a visão que tiveram.


-- Meu amor o que houve?


Dulce e Carla ficaram estáticas. Boquiabertas com Anahi ali parada na sala diante delas.

-- Carlinha eu posso saber o que você faz com minha namorada?


Carla ainda chocada, falou com a voz trêmula para Dulce:


-- Uma vez me disseram que eu era médium, mas eu nunca acreditei por que morro de medo de fantasmas, então me diga pelo amor de Deus que você está vendo a Anahi também Dulce.



Anahi franziu o cenho e indagou surpresa:


-- Carla que conversa é essa? Meu Deus você já bebeu hoje?! Não são nem nove da manhã!


Dulce soltou um suspiro aliviado, e todo aquele pranto que sufocava seu peito jorrou abruptamente quando a ruivinha correu para abraçar Anahi com a força que seu coração agradecia aos céus pela vida da sua amada, ali viva em seus braços.


-- Meu amor alguém já te disse que esses seus bracinhos finos enganam?


O comentário em tom de brincadeira de Anahi não foi suficiente para fazer Dulce afrouxar aquele abraço. Carla por sua vez refeita do susto enxugava o rosto profundamente aliviada e emocionada por ver sua amiga inteira.


-- Alguém pode me explicar o que está acontecendo? 


Anahi disse com a voz entrecortada pela dificuldade de falar dada à força que a namorada lhe abraçava.


-- Dul, meu amor, adoro seu carinho, mas estou assustada, você está chorando?


Dulce soluçava, se dividindo entre a felicidade de encontrar Anahi viva e o medo daquele atentado ser apenas o começo de um pesadelo no qual mais uma vez seu pai era o vilão. Lentamente se desvencilhou dos braços da promotora e contemplou o rosto de Anahi com uma emoção que tocou a loira.


-- Se você me olhar por mais dez segundos assim a Carlinha vai testemunhar o porquê de não existir ex-lésbica porque vou te amar aqui e agora...


-- Opa! Vamos parar com isso, que já passei emoções demais por hoje! – Carla disse em tom jocoso.


-- Então...?

Anahi esperava a explicação de Carla e Dulce.


-- Primeiro de tudo você veio de carro pra cá? – Carla indagou.


-- Não, eu vim de taxi. O carro da Miriam está na revisão, ela precisava fazer as compras, deixei meu carro com ela e vim pra cá de taxi, cheguei aqui e não encontrei a Dulce, liguei, mas, você não me atendeu amor! 


-- Meu Deus... – Dulce suspirou aliviada.


-- O que houve? Por que essa pergunta? – Anahi perguntou impaciente.


-- Anahi é uma notícia triste, apesar da nossa felicidade de te ver aqui... Seu carro explodiu na saída do seu prédio, Miriam não sobreviveu.


-- Meu Deus... Mas... Foi uma batida, um acidente? – Anahi perguntou chocada.


-- Não meu amor. Foi um atentado contra você.


Dulce respondeu mostrando a mensagem de texto do celular dela.


-- Você precisa de proteção Any. Vou comunicar ao Lucas, ele está desesperado, certo que era você no carro. – Carla avisou se afastando da sala.

-- Eu quis morrer quando vi seu carro em chamas... – Dulce pausou entregando-se ao choro incontrolado.


-- Ei, meu amor, calma eu estou aqui.


O temor de Anahi e sua tristeza pela morte de Miriam tomaram a promotora que mais foi consolada por Dulce naquele abraço do que o contrário. A sua rotina nos dias seguintes mudaram drasticamente, dificultando os encontros dela com a namorada. Mais do que tal problema, outro fator mais grave estava nas suspeitas acerca do autor do atentado contra Anahi.

Depois da visita a Feliciano no hospital, Anahi não tinha dúvida da culpa de Acrisio, acreditava que o fazendeiro estava aliado a Douglas e infelizmente esse último não estava implicado no processo, a única testemunha que o citava era seu próprio irmão Danilo, o que na prática poderia ser contestado por qualquer advogado alegando disputa familiar.


Com essa nova realidade mais conturbada para o casal, e outra vez sentindo a necessidade de proteger Anahi, Dulce procurou seu pai na fazenda.


-- Que surpresa maravilhosa você aqui minha filha!


Acrisio se aproximou para abraçar Dulce, mas ela se afastou instintivamente.


-- Não estou aqui para uma visita social papai. Vou ser direta. Anahi Portilla sofreu um atentado, o senhor tem alguma coisa a ver com isso?


-- A promotora? Não! Por que eu faria algo contra ela? Dulce eu confessei meus crimes, por que ia querer fazer algo contra a promotora agora? Ela está bem?

hahaha levaram um susto né? mas Anahi esta Viva  kkkkkkkkkkkk