Fanfic: Leis do Destino | Tema: Portinon

Anahi não conseguia concatenar frases claras, isso pouco importava a Dulce. A ruivinha queria mais da menina do interior, queria beijar cada pedaço de sua pele macia, sentia um desejo surreal, avassalador por aquele corpo, inédito em sua vida, Anahi por sua vez, não entendia a reação do próprio corpo, em sua vida curta, desconhecia a real sentido de excitação, era incapaz de descrever o vulcão de sensações que Dulce lhe apresentara e provocara.

-- Quero mais de você...

Dulce sussurrou completamente excitada. Anahi tinha medo de supor o que Dulce queria dizer com aquilo, e principalmente, tinha medo de assumir que queria o mesmo que ela. 

Antes de responder com outro beijo ao desejo de Dulce, ouviram passos se aproximando, e uma voz conhecida chamou:

-- Dulce? Dulce você está aí?

Era Luciana, a funcionária do arquivo e amiga de Dulce, que retornara ao prédio, depois de deduzir que prendera as estudantes sem querer.

Não sabendo descrever se era alívio ou frustração o que sentia, Dulce se recompôs e respondeu:

-- Oi Lu, estamos aqui!

A porta se abriu, e Luciana estava acompanhada de um dos seguranças do prédio.

-- Mil desculpas, amiga! Dul, eu me esqueci completamente de vocês aqui!


-- Tudo bem Lu, ainda bem que você lembrou.

Luciana abraçou Dulce, e insistia em se desculpar, agora cobrindo a ruivinha de beijos no rosto e afagos no cabelo.

Anahi recolheu as coisas e saiu da sala envergonhada e enciumada, como se o seu “crime” estivesse exposto em sua face ruborizada ainda. Atravessou os corredores e desceu sozinha no elevador, intencionando fugir de uma conversa com Dulce, fugir também de testemunhar o flerte entre ela e a funcionária distraída. Antes de sair do prédio, Dulce a alcançou:

-- Ei apressadinha! Aonde você pensa que vai?

-- Para minha casa, aonde mais iria?

-- Você veio comigo, volta comigo. Deixo você em casa.

-- Não, não quero mais chegar perto de você, pego um taxi.

-- Pára com isso caipira... Um taxi daqui pra sua casa é uma fortuna! Toma o capacete, vamos embora, que está esfriando.

Dulce montou na motocicleta, esticando a mão oferecendo o capacete a Anahi, que relutante aceitou. No trajeto, o pensamento de cada uma, era o mesmo, o desejo que sentiam uma pela outra, o sentimento indomável que crescia entre elas.

Chegaram até o prédio que Anahi morava, esta, desceu apressada, caminhando em direção a entrada.

-- Ei! Espera aí!

Anahi respondeu algo incompreensível para Dulce que respondeu:

-- Não estou entendendo nada!

Anahi repetiu e outra vez Dulce não entendeu:

-- Ow caipira, deixa de ser caipira, tira o capacete antes de falar!

Enquanto Dulce gargalhava, Anahi arrancava o capacete furiosa.

-- Eu disse que estou com frio, que amanha conversamos na faculdade sobre a apresentação do trabalho!

-- Mas...

-- Mas o que Dulce?

Dulce desceu da moto, caminhou até a porta do prédio onde Anahi estava e disse:

-- O que aconteceu hoje...

-- Não vai se repetir! – Anahi completou.

-- Não é o que seu corpo me disse naquela sala, nem o que seus olhos revelam agora.

-- Mas é o que eu estou dizendo! 

-- Por quê? A gente se quer...

-- Por quê? Como você ainda pergunta isso? Você tem namorada! E o principal: eu não sou isso...

-- Isso?

-- …! Isso de gostar de mulher...

Dulce balançou a cabeça negativamente e retrucou:

-- Não podia esperar outro pensamento de uma caipira... Você está se enganando, mas não sou eu quem vai te convencer disso. E só pra sua informação, não tenho mais namorada, Maite terminou comigo depois que flagrou nosso beijo.

Anahi mudou a expressão do rosto, mas antes que pudesse pensar em alguma resposta, Dulce montou em sua motocicleta e partiu, deixando a menina do interior mais uma vez mergulhada em sentimentos e pensamentos confusos.