Fanfic: Leis do Destino | Tema: Portinon

De longe, Anahi observou o reencontro de Letícia e Dulce. Remoendo o ciúme, teve até a intenção de ler os lábios de Dulce, obviamente não conseguiu, supôs em sua mente fértil desde trocas de insultos e até a troca de cantadas.

-- E aí, está curtindo a festa gatinha?

Lucas se aproximou abraçando Anahi por trás.

-- Está ótima Lucas! Mas, meu copo está vazio!

-- Não seja por isso!

Lucas logo reapareceu com mais uma bebida pra moça que virou a dose rapidamente.

-- Anahi você está acostumada a beber assim?

-- Não dizem que é na faculdade que se aprende a beber?

-- Opa, mas as lições não são dadas de uma vez só!

-- Lucas... Não aja como seu irmão careta vai...

-- E por falar nele... Amarrou o bode naquele canto e não sai por nada... Você deu outro fora nele? 

-- Não dei fora nenhum, só não quero dar falsas esperanças pra ele, seu irmão já se sentiu com direitos sobre mim por que ficamos algumas vezes, imagina que inferno seria minha vida com os ciúmes dele se namorássemos.

-- … o Pedro vacilou mesmo, mas ele gosta de você, é um cara legal.

-- Eu sei que é, mas não daria certo, já não deu certo.

Lucas acenou em acordou, entregando mais uma dose de vodka para Anahi. A moça mais desinibida, e disposta a atrair a atenção de Dulce, puxou Lucas para dançar junto com os outros casais que improvisaram uma pista de dança no deck.

Anahi abusou da sensualidade nos movimentos de samba, não se importando com os olhares de censura de Pedro, enciumado pela proximidade dela com seu irmão. O que ela queria afinal conseguiu o olhar fixo de Dulce.

A ruivinha olhava hora com cobiça, hora com ciúme, hora com raiva. Uma coisa era certa: Anahi mexia com ela muito mais do que qualquer outra mulher, diante dela, Dulce não conseguia antever seus próximos passos, estar perto dela, era provocar a imprevisibilidade do seu corpo, o desejo era maior do que as razões que as afastavam, o sentimento era tão intenso que jogava por terra todas as defesas que mentalmente Dulce preparou.

O som parou, de repente, a mãe de Ricardo aparecia com um bolo, pedindo que todos cantassem “Parabéns a você” para seu filho. Em meio à distração de todos, Letícia cochichou algo ao ouvido de Dulce, se afastou, sendo seguida segundos depois pela ruivinha. Anahi não deixou que isso passasse despercebido, aproveitando-se da mesma distração trilhou o mesmo caminho das duas em direção ao jardim lateral da casa.

-- O que você quer Letícia? – Dulce perguntou.

-- Você nem suspeita?

Letícia falou empurrando Dulce contra uma árvore.

-- Letícia olha só, se você está querendo outra confusão, vou te avisando que...

-- Confusão? Não quero confusão sua boba, quero você! 

-- O que?

-- Por que a surpresa? Nunca me esqueci dos seus beijos, cada ruiva que beijei na Austrália, era você que eu via...

Letícia se aproximava faiscando desejo por Dulce que tentava se esquivar.

-- Você está louca Letícia alguém pode passar por aí e sermos pegas de novo! E aí você vai dizer que te ataquei!

-- Mas você me quer não quer?

Dessa vez a moça não deixou alternativa a Dulce, prendendo seu corpo, arrancando-lhe um beijo faminto.

Anahi que escondida escutava e via tudo, sentiu seu coração apertar ao testemunhar a boca que ela tanto desejava, sendo invadida por outra mulher. Deu dois passos para trás, e o barulho das folhas secas pisadas, chamou a atenção do casal que se beijava.

Dulce ficou pálida, olhos fixos nos olhos de Anahi, marejados, estranhamente a ruivinha sentiu-se culpada, empurrou se desvencilhou de Letícia e fez menção de correr atrás de Anahi, mas antes que alcançasse a moça, Letícia lhe puxou com violência.

-- Dulce o que você tem com essa garota? Aliás, quem é essa garota?

-- Letícia, de boa, não rola ta? Não quero ficar mal com o Ricardo de novo, além do mais, não engoli ainda o fato de você pra ficar limpa na história ter me acusado de te agarrar à força.


Dulce deixou a garota falando sozinha e saiu apressada procurando Anahi, esta, como se quisesse apagar o que acabara de ver, tomou uma dose de vodka atrás da outra velozmente. 

-- Você não acha que já bebeu demais não?

-- Não enche Pedro.

-- Anahi você está tão agressiva comigo... Sei que está chateada, mas, não é pra tanto!

-- Você ainda não me viu ser agressiva, me deixa em paz, por favor!

Anahi andou até onde Lucas estava e avisou:

-- Lucas, eu vou embora.

-- Mas, já gatinha? 

-- Não estou me sentindo bem, melhor eu ir.

-- Vou te deixar então, deixe-me pedir o carro ao Ricardo.

Enquanto esperava o amigo, Anahi continuava a beber, quando viu Dulce, ao perceber a moça vindo em sua direção, caminhou em direção à saída. Dulce a seguiu apressada, conseguindo alcançar perto da garagem da casa.

-- Espera! Nossa você não estava me escutando te chamar?

-- Tenho um nome, não atendo por assobios, não sou cadela!

Dulce segurou o braço de Anahi que tentava continuar seu percurso até a saída da casa.

-- O que é garota? Por que você não volta pra se agarrar com aquela patricinha?

-- Por que você está indo embora?

-- Não te interessa, vá atrás daquela magrela antipática matar as saudades vai!

A voz arrastada de Anahi denunciava seu exagero na bebida. Por mais que o ciúme evidente da moça satisfizesse à ruivinha, Dulce não conseguia esquecer-se do que ouvira de Anahi no último encontro.

-- Você está bêbada caipira! Deixa de falar besteira, fique aqui, vou chamar o Lucas pra te levar pra casa.

-- Não quero que ele me leve pra casa! Não quero que você saia daqui!

Dulce arqueou as sobrancelhas surpresa.

-- Fato: você está bêbada.

-- Por que diz isso? 

-- Há poucos dias você disse que tinha nojo de mim. Agora você não quer que eu saia de perto de você?

-- Eu menti! Não tenho nojo de você! Eu desejo você! Cada pedaço do meu corpo quer o seu encaixado nele! Menti por que eu tenho medo do que sinto perto de você! Dulce você invade meus pensamentos, meus sonhos, eu não quero esse sentimento, não quero! Não quero, mas eu sinto pela primeira vez na minha vida a necessidade de estar com alguém, que droga, eu preciso ficar perto de você!

Dulce sempre tão decidida, sempre tão senhora de qualquer circunstância, se viu sem palavras, e anestesiada por ouvir isso de Anahi que extravasou toda emoção hesitando na pronúncia das palavras, mas absolutamente segura do que revelava. 

-- Eu sei que sou só mais uma... Que não tenho a experiência das mulheres que você tem, sou só uma caipira que não significo nada pra você, mas, eu precisava que soubesse que não tenho nojo de você e me envergonho muito de ter dito aquelas coisas.

Dulce tentava formular uma sentença lógica que fosse honesta e incontestável o suficiente para convencer Anahi de que ela estava enganada, e que todo aquele sentimento relatado por ela era recíproco.

-- Se você não significasse nada pra mim Anahi, eu não estaria aqui na sua frente, segurando minha vontade de te beijar porque toda experiência que você julga que eu tenha não se compara ao que sinto quando minha boca toca a sua.

Anahi andou lentamente em direção a Dulce, com os olhos cintilando, encarou-a e segurou seu rosto, quase sorrindo disse:

-- Você me chamou pelo meu nome...

Dulce sorriu tímida.

-- Chama de novo...

-- Anahi... Anahi...


Enquanto Dulce repetia seu nome, Anahi aproximava seus lábios dos lábios da ruivinha, até as bocas se encontrarem absolutamente absortas no desejo