Fanfic: Leis do Destino | Tema: Portinon

Anahi fez careta, demonstrando que não era uma visita bem vinda. Curiosa Dulce conferiu no olho mágico de quem se tratava, balbuciou:

-- Lucas.

Ficaram no impasse sobre abrir ou não a porta, cochichando, quando Lucas falou do outro lado da porta:

-- Anahi? Sou eu, Lucas, você está aí?

Anahi hesitou em responder, não queria interromper o momento com Dulce, mas a ruivinha lhe beliscou, franzindo a testa obrigou a responder:

-- Só um momento Lucas.

Abriu metade da porta apenas, se colocando no pequeno espaço, Dulce permaneceu atrás da porta escondida.

-- Oi Lucas.

-- Oi gatinha! Como prometido, vim ajudar na faxina!

-- Ah, a faxina...

Dulce arqueou uma das sobrancelhas mostrando a sua desaprovação com o plano do rapaz.

-- Então, você foi comigo à festa do Ricardo, estou cumprindo minha palavra de te ajudar na faxina hoje!

-- Eu... Esqueci completamente.

-- Você sumiu da festa ontem, fiquei te procurando por quase uma hora dando voltas nas redondezas, onde você se meteu?

-- Ah, eu peguei um táxi, não estava me sentindo bem.

-- Não vai me convidar para entrar?

Anahi completamente nervosa gaguejava enquanto criava alguma desculpa para se livrar de Lucas educadamente.

-- Lucas... Eu não estou me sentindo bem, desculpe-me... Acho que bebi demais ontem...

-- Você quer ir ao hospital? Levo você lá.

-- Não é necessário, obrigada de qualquer forma.

-- Você não quer que eu te faça companhia?

-- Você é um fofo sabia? Mas, a casa está uma bagunça, morreria de vergonha se você entrasse aqui.

-- Ah fala sério gatinha! Moro numa zona com mais seis marmanjos, você acha que me assusto com uma baguncinha?

Lucas fez menção de afastar Anahi da porta para entrar, mas a moça tratou de impedir:

-- Lucas! Não... Eu não estou sozinha! 

-- Como? Não entendi...

Dulce arregalou os olhos, desesperada gesticulava negativamente com o dedo para que não denunciasse sua presença ali.

-- Lucas, meu namorado, na verdade ex-namorado, chegou de surpresa ontem, e enfim, nos entendemos e acho que ele não entenderia sua presença aqui, ele é muito ciumento.

-- Ah, não podia imaginar, desculpe-me. – O rapaz disse decepcionado.

-- Eu é que te devo desculpas, estou tão envergonhada por ter te preocupado ontem e hoje te fazer vir aqui...

-- Ah Anahi relaxa! O importante é que você está bem. Ele está aí, então vou indo pra não causar problema, mal entendidos...

-- Ele está no banho agora...

-- Então, boa sorte na reconciliação de vocês, até mais Anahi.

Anahi fechou a porta com uma expressão de culpa, olhou para Dulce que de braços cruzados lhe encarava:

-- Estou impressionada e assustada com você! – Exclamou a ruivinha.

-- Hã? Por quê?

-- Você será uma excelente advogada, nunca vi alguém mentir assim com tanta facilidade!

-- Está me chamando de mentirosa?

-- O que vi agora foi o que?

-- Apenas manipulei a verdade, isso se chama presença de espírito.

Dulce meneou a cabeça em seguida aplaudiu.

-- Bravo doutora! Vejo que terá um futuro brilhante no direito, por que você mente e ainda acredita na mentira a ponto de igualá-la com a verdade, felizes serão seus clientes!

Anahi estreitou os olhos, tentando decifrar se recebera de Dulce uma crítica ou um elogio.

-- Agora vamos a outro ponto importante senhorita Anahi: como assim o Lucas acordou depois de uma festa antes do meio dia, atravessou a cidade pra vir te ajudar numa faxina?

-- Você vem perguntar isso a mim? … a ele que você tem que perguntar!

Anahi parecia atordoada com as observações de Dulce.

-- Que fique bem clara uma coisinha ow caipira...

Dulce falou com as mãos na cintura, sentindo a irritação de Anahi ao ouvir o apelido mais uma vez.

-- Sou uma pessoa muito generosa com meus amigos, especialmente Lucas e Pedro que são como irmãos para mim, eu faço tudo por eles, mas...

Dulce se aproximou de Anahi com expressão enigmática.

-- Não vou dividir você com eles! Trate de acabar com as ilusões deles a seu respeito, ta me entendendo?

Anahi se desarmou, abriu um sorriso largo, e envolveu seus braços no pescoço de Dulce e respondeu:

-- E quanto a você? Posso continuar te iludindo?

-- Você acha mesmo que pode me iludir? Acha que não percebo seus olhares, não capto seu desejo?

-- Está aprendendo a me ler é? Essa é minha habilidade! –Anahi brincou.

-- Você é transparente demais Any, é muito fácil te ler, talvez por isso, seja tão fácil se encantar por você.

Encararam-se por segundos sorrindo, antes de colarem seus lábios, encaixar suas línguas na boca uma da outra, absorvendo o sabor daquele beijo na intensidade que a excitação percorria suas peles, Anahi empurrou Dulce para o sofá lançando seu olhar de pura malícia.

Por mais que Dulce desejasse seguir os impulsos do seu desejo, imaginava Anahi como uma menina do interior romântica, apesar de sua determinação que lhe dava a aparência de praticidade, tinha certeza de que a primeira vez da moça, não fora sonhada daquela forma, reuniu suas forças e como um balde de água fria, disparou:

-- Any, precisamos conversar.

-- Teremos tempo para isso Dul... – Anahi falou, sentando no colo de Dulce. - Agora, não é hora de conversar. – Roçou seus lábios no pescoço de Dulce, arrepiando lhe.

-- Mas... Anahi é importante... – Dulce falou ofegante.

-- Mais importante do que me beijar? – Anahi sussurrou.

-- Nada é mais importante do que te beijar, mas teremos muito tempo pra isso também.

Dulce segurou o rosto de Anahi com delicadeza, intimando-a para uma conversa séria.

-- Tudo bem, fala logo então.

Anahi falou emburrada.

-- Any, pelo menos por enquanto, temos que manter nossa relação em segredo, pela atitude do Lucas hoje vi que não é só o Pedro que está louco por você, ele também está.

-- Mas, eu não tenho culpa!

-- Any, eu não estou te acusando de nada, só estou querendo te dizer, que eu não posso de repente aparecer e dizer que estamos juntas, até ontem, eu estava fazendo campanha contra você, dizendo que você era uma sonsa.

-- Você disse isso? 

-- Olha isso foi o insulto mais ameno que dirigi a você. – Dulce apertou os olhos, envergonhada. 

-- Acho que não quero saber os outros então... Mas, eu mereci pelo que disse à Ruth.

-- Eu sei que você só falou aquilo por que ficou acuada, assustada, apesar de ter doído muito ouvir, no fundo eu sabia que era da boca pra fora.

Anahi acenou em acordo, baixando os olhos.

-- Mas, isso passou. Minha preocupação agora é esconder nossa ligação dos meninos, essa paixonite deles por você pode cegá-los, e não quero, não posso perder amizade deles.

-- Você acha que é pra tanto?

-- Any o Pedro me pediu pra ajudá-lo a te conquistar, pediu que me aproximasse de você para limpar a barra dele contigo, ele nunca me pediu isso com garota nenhuma, chegou a me dizer que você é a primeira garota que ele está gostando depois de mim.

-- Eu não imaginava isso...

-- Ele vai entender como uma traição, e o Lucas vai achar que fiz isso só para competir com ele, vai acabar com nossa amizade.

Anahi suspirou desanimada. Ainda não tinha calculado o peso que seria na sua vida assumir uma relação amorosa com Dulce, sequer sabia que tipo de relação tinham em nenhum momento a ruivinha citou a palavra namoro, ignorava como essas relações aconteciam entre mulheres. Esconder o quer que fosse que existia entre elas, no fundo era o que a moça do interior desejava o rótulo de lésbica, ainda era algo surreal para ela.

-- Então a gente continua se odiando pro mundo? – Anahi perguntou.

-- Acho que por enquanto, é o que podemos fazer... – Dulce fez uma expressão de insatisfação.

-- Pode ser divertido... Namorar escondido... Fazer teatrinho...

Anahi tentou animar Dulce.

-- Mas, não é por causa disso, que a senhorita está liberada pra ficar dando mole pra ninguém não, especialmente pro Lucas e pro Pedro!

Anahi sorriu satisfeita com o ciúme da outra.

-- Acho que minha presença de espírito agora pouco, já me deu uma desculpa perfeita pra escapar das investidas deles.

-- Tem razão...

-- Agora que tivemos a conversa séria que você queria, que tal continuarmos o que paramos?