Fanfic: Leis do Destino | Tema: Portinon

Aos poucos o bar se esvaziava, apenas os moradores da república, algumas meninas mais íntimas além de Dulce e Anahi, permaneciam ali na mesa antes lotada.

-- Anahi está ficando tarde, você quer que eu te acompanhe até o ponto de ônibus, ou chame um táxi? – Pedro perguntou preocupado.

-- Está me expulsando daqui Pedro? – Anahi falou com a voz lentificada.

-- Claro que não, nem o dono do bar sou para fazer isso, só me preocupo com sua segurança.

Anahi fez uma expressão indiferente, com o olhar fixo em Dulce, sem se preocupar mais em disfarçar sua atenção na ruivinha.

-- E aí gente? Vamos esticar? Baladinha numa boate? – Dulce convidou.

-- Eu topo! – Uma das meninas disse sorrindo para Dulce.

-- Vai ficar pra outra vez Dul, amanhã temos treino do time de basquete pros jogos universitários. – Lucas se justificou.

-- Então vamos só nós duas Mônica? – Dulce sorriu para a garota.

Anahi virou a tulipa de Chopp como se fosse um energético para dar a coragem de anunciar:

-- Eu também vou!

A reação de todos na mesa foi de perplexidade. A moça comedida do interior, aceitar justamente um convite de Dulce para uma balada, era no mínimo estranho, especialmente por que, não era segredo para os amigos da ruivinha o tipo de ambiente que esta selecionava para suas conhecidas “esticadas”.

-- Anahi, não acho uma boa idéia... Você não vai gostar do lugar e você já bebeu demais... – Pedro praticamente cochichou para a moça.

-- Pedro, eu sei me cuidar, mas obrigada pela preocupação. Vamos meninas?

Dulce e Mônica entreolharam-se surpresas, quando Anahi se levantou da mesa convidando-as.

-- Vamos lá então caipira.

Dulce pegou as chaves do carro e foi seguida por Mônica e Anahi, entraram no automóvel, onde contrariada, Anahi ficou no banco de trás, rumando para um destino desconhecido para ela.

*******

Anahi praticamente fuzilava Mônica pelo olhar, vendo a moça se derreter para Dulce que não impunha resistências a isso, interiormente se divertia observando a tromba de Anahi pelo retrovisor.

Chegaram a uma boate no lado oposto da cidade. Dulce parecia conhecer todos que esperavam na fila para entrar, mas, não se juntou aos conhecidos diante da entrada, seguiu para a esquina, onde a entrada dos fundos era guardada por dois seguranças. 


Bastou um sorriso e um cumprimento íntimo para os dois engravatados abrirem espaço para Dulce e suas acompanhantes passarem.

-- Quando dizem que sobrenome abre portas, eu não sabia que era uma expressão tão literal! – Brincou Mônica.

-- Deixa de ser boba garota! Eu tenho passe livre, por que toco aqui!

Dulce caminhou direto para a área VIP da boate, no trajeto, parou inúmeras vezes, cumprimentando conhecidos e conhecidas, algumas demonstravam uma intimidade que não agradou nem um pouco Anahi. 

A menina do interior estava atordoada naquele ambiente. O jogo de luzes intermitentes e coloridas, as batidas da música alta, e aquela pequena multidão de gente alternativa eram novidades para Anahi. Como se não bastasse seu estado tocado pelo álcool, todo aquele alvoroço de acontecimentos à sua volta naquele cenário aumentou sua tontura. Nem conseguia enxergar as coisas com nitidez, mas era capaz de notar que a maioria dos casais que se agarravam na pista não eram convencionais: eram casais de homens, casais de mulheres, algo que de onde Anahi vinha, nunca veria.

Na área VIP, um pouco mais afastadas da confusão de pessoas se esbarrando e dançando, as três se acomodaram perto do bar, se serviram das bebidas oferecidas gratuitamente aos convidados daquele setor. Mônica, a mais empolgada, insistia para Dulce dançar com ela, entretanto, a ruivinha agora parecia mais preocupada com Anahi, que estava visivelmente perdida naquele lugar.

-- Ah, você não vai? Então eu vou! – Mônica anunciou, pegando mais uma dose de bebida, descendo para a pista de dança em seguida.

Não exatamente como queria, mas enfim, Anahi estava “a sós” com Dulce.

-- Então você toca aqui? – Anahi se aproximou puxando assunto.

-- Ahan. – Dulce não olhou para Anahi enquanto respondia indiferente.

-- Eu te mandei uma mensagem, não recebeu? – Anahi perguntou tímida.

-- Recebi. Mas, acho que sua mensagem chegou com uns dez dias de atraso.

-- Eu pensei em ligar quando soube da sua mãe, mas...

-- Olha só caipira, você deixou muito claro que não queria mais me ver, nem ao menos falar comigo, eu só te devo uma coisa, por uma questão de honra: provar que não fui eu que tirei aquelas fotos e as espalhei.

Dulce disse com um tom magoado e olhar frio.

-- Você não precisa provar nada. – Anahi falou com os olhos baixos.

A ruiva franziu as sobrancelhas estranhando a fala da outra.

-- Impressão minha ou você está sabendo de alguma coisa que eu não estou sabendo?

-- Eu descobri quem fez isso.

-- Descobriu? Então por isso você está falando comigo não é? Que tonta que fui, pensei por um instante que você estivesse arrependida de ter duvidado de mim, que queria conversar comigo pra me pedir desculpas por ter me acusado, e por ter ficado ausente esses dias apavorantes pra mim...

-- Eu queria estar perto de você...

-- Anahi chega, não gaste seu latim comigo, não vai adiantar, nada do que você disser vai desfazer seu vacilo. Agora sou eu que digo: deixe-me em paz.

-- Dulce espera...

Anahi segurou o braço de Dulce que ameaçou se afastar dela.

-- Estou aqui pra você... Por você.

As palavras sinceras acompanhadas de um olhar suplicante de perdão quase amoleceu Dulce, que encarou Anahi desarmada. Mas, aquele momento foi interrompido por uma mulher conhecida que se agarrou no pescoço de Dulce, fazendo algazarra.

-- Dul! Saudade! Onde você se escondeu?

-- Luciana tinha que ser você pra me assustar assim! – Dulce brincou.

-- Ah você me conhece, tudo é festa pra mim. E você... Eu te conheço... – Luciana apertou os olhos em direção à Anahi. – Ah claro! Você estava com a Dulce naquele dia que a esqueci presa no arquivo...

Anahi balançou a cabeça confirmando.

-- Nossa você era a última pessoa que esperava encontrar aqui. – Luciana comentou divertida.

Anahi ficou tímida, o álcool que ingerira parecia não provocar mais a desinibição que a moça objetivara ao fazer seu uso descontrolado. Por algum tempo permaneceu reclusa apenas escutando o papo animado entre Luciana e Dulce, sofrendo a aparente indiferença da ruivinha. Afastou-se sem alarde para o bar, pediu uma bebida, que mais serviu de distração para o passeio dos seus dedos nos cubos de gelo do que propriamente para beber, sentia-se nauseada, frustrada, dolorida pelo tratamento que recebera de Dulce.

Dulce fingiu não se dar conta que Anahi se afastara, mas acompanhou a moça com os olhos, tal atitude não passou despercebida pela amiga:

-- Ok desembucha! O que está rolando entre você e essa menina?

-- O que? Rolando nada, ta doida Lu?

-- Não insulta minha inteligência, você sabe perfeitamente que meu jeito distraído é puro charme! Você pensa que eu não captei a energia?

-- Ai lá vem você com esse lance de energia... Acho que você tem que sintonizar melhor então seu pára-raios! 

-- Dulce não enrola... Primeiro você e Maite rompem o namoro, depois você aparece no fórum pra fazer um trabalho de faculdade, fica horas trancada com essa menina lá, ela sai correndo e você nem explicações me dá pra sair correndo atrás dela, agora você reaparece nessa boate acompanhada dela, encontro o maior climão entre vocês, e agora você está aí, roendo as unhas louca pra olhar pro bar onde ela está só não fez isso ainda pra não reconhecer que estou certa!

Dulce revirou os olhos.

-- Não sei o que você usou naquele banheiro hoje, mas provavelmente estava estragado, você está surtando!

-- Ah então ta, estou enganada... Sendo assim, você não vai se importar se eu disser que a Isadora já está com a armadilha pronta para pegar girino...

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