Fanfic: Leis do Destino | Tema: Portinon

Lucas comentou como se fosse surpresa para Anahi, que mudou imediatamente sua expressão descontraída.

-- Hum... E veio com a Maite, devem ter voltado a namorar, Dulce nega, mas sei que ela está apaixonada, e vendo-a com a ex, acho que não me enganei. E por falar em Dulce, como foi a balada com ela ontem?

Anahi não conseguia desviar o olhar das duas, e não sabia o que responder a Lucas, foi vaga na resposta.

-- Foi normal, tranqüila.

Sabendo que o rapaz não se conformara com a resposta, desconversou falando do cardápio de sobremesas, quando notou a aproximação de Dulce e Maite.

-- Olá meninas! – Lucas cumprimentou simpático.

-- Oi Lucas, há quanto tempo hein? – Maite retribuiu a simpatia.

-- Faz tempo mesmo Maite, surpresa boa encontrar vocês aqui.

Dulce continuou em silêncio, a exemplo de Anahi.

-- Olá. – Maite disse a Anahi.

-- Oi, como vai? – Anahi respondeu cordialmente.

-- Que mal educado que sou! Maite essa é Anahi minha amiga caloura da faculdade.Anahi, essa é Maite, uma das artistas plásticas mais talentosas do mundo!

-- … puro exagero de gentileza dele Anahi. Muito prazer.

Anahi foi educada, apesar de demonstrar seu desconforto com a situação.

-- Parece que o restaurante está ainda mais lotado hoje. Não há uma mesa disponível, que tal irmos para outro lugar? – Dulce saiu do seu silêncio.

-- Ah Dulce, só escolhi esse restaurante por que estava com saudades da comida daqui! – Maite retrucou.

-- Sentem conosco, já estamos escolhendo a sobremesa, daqui a pouco vamos embora, e vocês já ficam com nossa mesa.

-- Ótimo!

Maite aceitou feliz o convite. Lucas usando de seu cavalheirismo levantou-se e puxou a cadeira para Dulce e Maite sentarem-se.

O clima estranho na mesa, só não era mais evidente, para Lucas, que era o mais inocente naquela situação, por isso, manteve o diálogo animado com Maite, enquanto Anahi e Dulce tentavam disfarçar a troca de olhares.

-- O que foi isso na sua mão Lucas?

Maite perguntou, atraindo o olhar de Dulce para o machucado do rapaz.

-- Coisas do ofício de salvador de donzelas em perigo. – Brincou.

-- Conta aí Lucas, isso ta me cheirando a briga de meio de rua... O que foi agora? – Dulce perguntou desconfiada.

-- Foi algo que me fez lembrar que te devo um pedido de desculpas.

-- Han? 

-- Anahi, tudo bem se eu contar? Ela pode ajudar também...

Lucas segurou a mão de Anahi, que não sabia o que responder, não imaginava a reação de Dulce.

-- Fala Lucas! Estou ficando preocupada.

Anahi concordou com um gesto positivo, autorizando Lucas a contar. O rapaz narrou o que acontecera, e à medida que dava detalhes das ameaças de Sandro, o rosto e colo de Dulce tomavam a cor vermelha, anunciando sua fúria, que se exteriorizou com um soco na mesa, ao ouvir Lucas contar que Sandro empurrou Anahi para dentro de seu carro à força.

-- Filho da mãe!

-- Calma Dulce! – Maite apertou a mão no ombro de Dulce, alertando-a sobre sua reação exagerada diante de Lucas.

-- Eu acusei Dulce injustamente Anahi, pensei que ela tivesse aprontado isso com você, por isso, acho justo que ela saiba. Desculpa Dul.

-- A gente tem que fazer alguma coisa. Lucas isso é um absurdo, quem esse cara pensa que é?

-- Tenho uma idéia do que fazer vou precisar de sua ajuda, posso contar com você?

Mais contida nos seus ânimos, Dulce tentou esconder sua ira e interesse em resolver essa questão.

-- Quando foi que te neguei ajuda? – Dulce pausou diante do olhar de Lucas que indicava uma resposta positiva para aquela indagação. – Ok, quando recusei ajuda em questões importantes?

O rapaz sorriu.

-- Vou entender isso como um sim.

Anahi sentia uma alegria enorme ao ver Dulce preocupada com ela, entretanto, a presença de Maite ali minava qualquer esperança a respeito de um possível entendimento entre elas duas.

-- Bom, acho que a mesa é de vocês, terminamos nosso almoço, vamos Anahi?

-- Sim, vamos.

Lucas e Anahi se levantaram juntos, Dulce os acompanhou com os olhos, mastigando o ciúme pela notória intimidade entre os dois. Anahi se sentia observada por Dulce, e por isso, não impôs resistência às gentilezas do rapaz.

-- Por mais que você os olhe, fuzilando-os com seu ciúme, não adianta você não conseguirá derrubá-los só com o poder da mente.

-- Ha ha, é uma piadista minha ex-namorada!

-- Dulce, você é patética tentando esconder seus sentimentos sabia?

-- Ah é? O que você acha que eu deveria fazer?Eu te contei o que houve. Está vendo como o Lucas está caído por ela? E ela continua dando trela pra ele! Maite, como se não bastasse tudo que ela fez, agora volta a dar mole pro meu melhor amigo...

-- Ei! De onde saiu tanta intransigência de você? Por que você é tão dura pra julgar essa garota? Dulce você já se colocou no lugar dela? Já pensou o quanto ela está apavorada? Se Lucas não tivesse livrando-a desse cara hoje, sabe-se lá o que ela teria sofrido nas mãos dele! 

-- Eu quero matar esse filho da mãe!

-- Dulce a cabeça dessa menina deve estar a mil! Não só pelo fato de estar se descobrindo lésbica, como essa sucessão de exposição, encarar uma vida adulta sozinha numa cidade estranha, a perseguição de um psicopata, e ainda por cima, a garota que ela está apaixonada parece não saber o que quer com ela!

-- Ah não Maite, você não vai me convencer que a culpa é minha, não mesmo!

-- Dulce não se trata de achar um culpado, me diz, o que importa de quem é a culpa? Você errou, ela errou, não foi a primeira vez e nem será a última que duas pessoas que se gostam se desentendem. Há tempos em que a gente cai no erro de super dimensionar os fatos que por vezes nem os são porque não passam de meras hipóteses, atribuímos importância a palavras e discursos que nunca tiveram a pretensão de entrar pra história quando mencionados, e as transformamos em sentenças absolutas, em regras inquestionáveis, e até em castigos irreversíveis. 

-- Muito profundas suas palavras, como sempre Maite, mas elas não mudam o que me separa da Anahi. Não gosto do jeito como ela me tira a razão e o senso, não gosto dessa sensação de não ter o controle das coisas. Perdi o controle, te traí, acabei com um relacionamento estável que me fazia feliz, estou enganando meus melhores amigos, e vivo numa luta sem fim para não agarrá-la todas as vezes que a encontro. Maite isso é absurdo, eu durmo e acordo pensando nela, não pode ser bom isso, definitivamente, não pode acabar bem, sendo assim, melhor que nem comece.

-- Você está tentando convencer a mim ou a você disso?

-- Maite não sei por que você é tão condescendente com as coisas da Anahi, você deveria odiá-la!

-- Por que odiaria a menina? Não foi ela que ofendeu, foi você! Sequer a conhecia. E ao contrário do que você afirma, não sou condescendente, apenas a compreendo, por que já tive dezoito anos, você deveria entendê-la também.

-- Nossa diferença de idade nem é tão grande, uns quatro anos só...

-- Ah para né Dulce! Vai querer mesmo comparar? Esses quatros anos são toda diferença, por que você os viveu de maneira praticamente independente, um deles em Nova Iorque! Essa menina viveu a vida inteira com os pais no interior!

-- Ah... Não é bem assim... Você sabe que o que passei com meu pai não foi e não é nada fácil...

-- Cada um com seus problemas... Mas, pra encerrar essa questão, por que nosso almoço já está chegando: para de ficar aí alisando suas mágoas, para de fazer drama e trate de se entender com a Anahi, por que já tem gente na fila, esperando a caipirinha abrir um espacinho! Acorda mulher!

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Lucas foi educado e cuidadoso com Anahi até deixá-la em casa, respeitando a recusa da moça em permitir sua entrada no apartamento.

-- Tudo bem, vamos deixar pra outro dia, entendo que tem o lance do seu namorado...

-- Nem sei se ainda tenho namorado Lucas, há dias não nos falamos. Mas, estou cansada, dormi muito pouco, gostaria de descansar um pouco, só isso.

-- Não posso negar que essa dúvida sobre seu namoro me anima um pouco. – Brincou – Só por isso não vou insistir pra te colocar pra dormir. Mas, em troca quero que aceite meu convite.

-- Você e suas trocas... Sempre me deixando sem condições de recusar seus convites...

-- Amanhã nossa turma vai pro sítio da Cacau, super maneiro lá, de vez em quando a gente relaxar um pouco, fazer trilha, vamos?

-- E tem jeito de dizer não depois do que fez por mim hoje?

O rapaz comemorou.

-- Amanhã passo cedinho por aqui então.