Fanfic: Leis do Destino | Tema: Portinon

A chuva cessou e com ela, a razão trouxe de volta à realidade Dulce e Anahi do seu momento encantado.

-- Precisamos voltar a chuva já parou. – Dulce disse, acariciando os cabelos de Anahi que repousava sobre seu peito.

-- Mas, já? A gente não pode ficar aqui pra sempre? – Anahi fez bico.

-- “Mim ser Tarzan e você Jane?” – Dulce brincou arrancando o riso de Anahi

-- Aqui não teríamos nada a esconder, só você e eu...

-- Já prestou atenção que em menos de duas horas você já me intimou a casar com você duas vezes? Já estou ficando com medo!

Anahi sorriu tímida.

-- O que vamos dizer ao pessoal? Chegando juntas assim, vão desconfiar...

-- Direi que encontrei você perdida, foi quando começou o temporal, e nos abrigamos na cabana. Você diz que se distanciou e não sabia que trilha seguir e resolveu voltar, quando me encontrou.

Dulce parecia já ter arquitetado uma resposta convincente. Sem pressa se vestiram, trocando olhares que faiscavam desejo.

-- Tem certeza que precisamos mesmo ir?

Anahi disse puxando Dulce pela cintura.

-- Prometo que te seqüestro outra vez, em breve...

Dulce disse segurando o rosto de Anahi, beijando-lhe, provando a verdade de sua promessa.

Voltaram à casa principal em pouco tempo, dando as explicações especialmente para Lucas e Pedro, que eram os mais preocupados. Lucas tratou de paparicar Anahi como se a moça acabasse de retornar de um naufrágio, enquanto Pedro encarava Dulce a fim de se convencer que não existia nada por trás daquela história mal contada.

Depois de almoçarem todos juntos, a turma se acomodou mais uma vez pelo alpendre da casa para cumprir outra tradição entre eles: o jogo de cartas. Dulce era conhecida entre eles por ser a mais sagaz na arte do blefe, mas, naquela tarde, encontrou uma adversária à sua altura no pôquer: Anahi.

Quando todos na mesa desistiram da rodada, baixando as cartas, as duas se encararam:

-- Cubro sua aposta. – Anahi disse.

-- Pois bem. Aposto tudo. – Dulce empurrou as fichas.

Todos que assistiam ao jogo se entreolharam. O ar de desafio de Dulce instigou Anahi a acreditar que era puro blefe da ruivinha que tentava confundir a concorrente com um sorriso no canto dos lábios.

-- E então continua cobrindo minha aposta? – Dulce desafiou.

Anahi fez uma expressão ainda mais enigmática, acentuando o clima de blefe no jogo.

-- Tenho muito mais fichas que você, quase o dobro, se você ganhar, vai levar muito mais que eu se ganhar. O que você me oferece para compensar essa aposta? – Anahi perguntou.

-- Não sei me diga você o que acha justo. – Dulce encarou Anahi.

-- Se você perder pra uma caipira como eu, acho justo que você se passe por caipira também diante de todos que escutam você me chamar assim.

-- Como é que é? – Dulce saiu do seu estado de concentração no jogo.

-- … isso que quero. Se você perder pra mim, vai desfilar pela faculdade, com roupas típicas, representando uma caipira com todo o sentido pejorativo que você usa!

-- Você está louca se acha que farei isso!

-- Só fará isso se perder Dulce. Se ganhar, leva todas as minhas fichas, e meus centavos acumulados nelas...

-- Só por causa da sua petulância em me propor isso, faço questão de te deixar sem um tostão! E topo sua condição.

Anahi sorriu.

-- Então, mostre suas cartas Dulce.

Dulce excessivamente autoconfiante exibiu na mesa as cinco cartas que tinha nas mãos.

-- Straight flush! Fim do jogo pra você caipira e agora um pouco mais lisa também!

A ruivinha sorriu vitoriosa diante da passividade de Anahi que não esboçou qualquer reação até Dulce avançar sobre suas fichas.

-- Não se apresse Dulce! 

Anahi protegeu suas fichas segurando as mãos de Dulce.

-- Ah, para né caipira! Vai me dizer que você não sabe o que é um straight flush? Deixa-me explicar: cinco cartas em seqüência e do mesmo naipe, igual a... Você perdeu!

Anahi manteve sua postura, fez suspense e em seguida baixou seu jogo.

- Royal straight flush, a seqüência de 10 a Às, no mesmo naipe, maior pontuação no pôquer é igual a você na aula da doutora Dorothea, vestida de caipira.

Dulce e todos que assistiam o desfecho da partida olharam perplexos para Anahi recolhendo todas as fichas tranquilamente. 

-- Caraca meu irmão! Finalmente alguém páreo pra Dulce! – Lucas comentou em meio ao frenesi instalado.

-- Não é possível... Você roubou! – Dulce acusou inconformada.

-- Se você não percebeu antes, e não tem como provar, só demonstra ainda mais meu mérito, por que além de ganhar de você, ainda te enganei. Mas, não Dulce, não roubei.

O mau humor de Dulce depois do episódio era visível, especialmente pelas chacotas dos amigos, não só pela derrota, mas pelo preço da aposta que a ruivinha pagaria. A irritação de Dulce antecipou a volta dela e dos que vieram no seu carro para a cidade. Ao contrário da viagem de ida, a troca de olhares pelo retrovisor, foi bem menos amigável. O silêncio só não era completo, por conta do cd player que Dulce fez questão de aumentar o volume todas as vezes que Pedro tentava puxar assunto.

Pelo trajeto, Anahi foi a primeira a descer. Angustiada, temendo que o resultado daquele jogo, interferisse no que foi para ela o momento mágico ocorrido na cabana. O beijo, o gosto e o cheiro de Dulce estavam entranhados no corpo e na alma de Anahi. Por mais que não houvesse um compromisso selado, Anahi se sentia dela, como de fato pediu que Dulce a fizesse: “me faça sua”.

No seu pequeno apartamento, Anahi dividia seus pensamentos entre a lembrança e as marcas da sua entrega, e a apreensão por ter arriscado seu entendimento com Dulce, em uma competição agora estúpida. Hesitou em ligar, ou mandar mensagem de texto para o celular dela, quando finalmente decidiu arriscar, a campainha tocou.

Abriu a porta ansiosa depois de espiar de quem se tratava.

-- Exijo uma revanche, mas dessa vez, o jogo é streap poker.

Dulce exibia seu ar malicioso ao dizer isso. Anahi lhe puxou pela gola da jaqueta, mergulhando sua boca na dela, calando as angústias sobre um novo desentendimento entre elas com um beijo apaixonado.

-- Não pense que vai me dissuadir a desistir da revanche só com um beijo. – Dulce fingiu indiferença aos beijos que Anahi deixava percorrendo o pescoço dela com sua boca.

-- Faço questão de perder pra você nesse jogo, se o que você quer é tirar minha roupa inteira, entrego todas as minhas fichas agora mesmo! 

Anahi se afastou de Dulce depois de empurrá-la para o sofá. A ruivinha não teve chance de argumentar, ao ser jogada no sofá, não havia nada mais a fazer que não fosse destinar toda sua atenção a Anahi que sensualmente se despiu na sua frente, jogando as peças para o ar. Quando restaram apenas as peças intimas, Anahi sentou-se no colo de Dulce, envolvendo a cintura da ruivnha com suas pernas, deixando seus seios à altura na boca de Dulce.

-- Agora, você termina o serviço, tirando o que falta...

Dulce apesar de completamente excitada com a cena, não escondeu sua surpresa com a ousadia da moça até poucas horas atrás virgem. 

-- Acho que essas meninas do interior, são autodidatas...

-- Estou ansiosa pra aprender mais... Mas, com você.

Anahi sussurrou, mordiscando a orelha de Dulce, levando-a a loucura. A ruivinha então dominou Anahi com um beijo sôfrego, se desfazendo rapidamente do sutiã da outra, deslizou sua língua pelos mamilos eriçados, enquanto suas mãos buscavam espaço por baixo da calcinha de Anahi, que se derramava em excitação para o prazer de Dulce.

Se houvesse uma medida para quantificar o desejo contido, naquela noite, as reservas se esgotaram. Anahi se entregou a Dulce como se fosse próprio da sua natureza fazê-lo, tão normal e simples, como um rio corre pro mar e Dulce por sua vez, parecia enfim se encontrar no corpo que se apresentava como seu encaixe perfeito, como uma reação química, chave e fechadura, plenitude, identificação, a sensação indescritível de descobrir a dimensão que sexo é mais do que carne, mas também alma, sentimento.

-- Any, eu preciso ir.

-- Ah Dul... Fica, dorme aqui comigo.


-- Não posso, nem tenho onde guardar o carro, se acontecer alguma coisa com ele, a seguradora liga direto pra meu pai, aí estou ferrada! Mas, se você me liberar dessa aposta ridícula, posso te levar pra dormir em minha casa...

-- Aháaaa! Sabia que você ia fazer isso! Não vou cair nessa! Na terça, na aula de Madimbú, a caipira será você!

-- Então vai dormir longe desse corpinho aqui!

-- Tudo bem... A punição é mútua!
Anahi brincou, enquanto Dulce fazia bico cruzando os braços. A postura emburrada da moça de nada valeu quando Anahi beijou sua nuca, soprando entre os beijos e carícias com a língua.

-- Ai Any... Nuca é covardia!

O corpo de Dulce a traiu, ao se arrepiar inteiro com a investida de Anahi. 

-- Se você não resistir vou te amar de novo, agora!

Dulce deu um salto do sofá, ofegante disse:

-- Vai desistir da aposta?

-- Não!

-- Então boa noite!

Dulce recolheu suas roupas, se apressando para ir embora, sob o olhar atento e libidinoso de Anahi.

-- Nem adianta me olhar assim... – Dulce disse com ar auto-suficiente. – Aliás, é isso que você vai fazer: só olhar!

Anahi se divertia com as tentativas de Dulce persuadi-la a desistir da aposta, levantou-se quando Dulce se vestiu, trajando apenas a calcinha, incomodando visivelmente a ruivinha com a visão de suas formas sensuais.

-- Boa noite Dul... Vou sonhar com você.

Anahi beijou o canto dos lábios de Dulce, que perturbada, praticamente fugiu de um novo contato, sentindo seu corpo queimar, ela tinha a certeza que se demorasse mais um minuto ali, não conseguiria deixar aquele apartamento, e provavelmente faria novas apostas e perderia todas, por que Anahi conseguia o que poucas pessoas conseguiam: desfazer as suas defesas.