Fanfic: Leis do Destino | Tema: Portinon

Dulce parecia à vontade trajando aquela camiseta, exibindo suas pernas finas, mas, delineadas, pele alva, sem manchas, nem ficou tímida tentando esconder a calcinha, se espalhou no sofá-cama esperando Anahi que se trocava no banheiro.

Anahi surgiu trajando um baby doll minúsculo, evidenciando suas pernas torneadas, impecáveis, só comparadas às pernas das cantoras de axé baianas. Dulce paralisou bestificada com aquela visão. Nunca imaginara que as roupas comportadas da menina do interior, escondiam um corpo tão sensual e delicado ao mesmo tempo. A dona da casa sequer percebeu os olhos atentos e fixos de Dulce em seu corpo, inocentemente ingeria um copo d’água, para Dulce aquele gesto imprimiu uma sensualidade surreal, a loirinha conseguia até ver a cena em câmera lenta, tamanha era a perfeição do que via.

-- Você quer água? – Ofereceu Anahi.

-- Han? 

Dulce foi desperta do transe.

-- Perguntei se você quer água.

-- Ah sim, por favor.

Anahi educadamente serviu o copo à Dulce, que bebeu com voracidade evitando olhar para o corpo da novata que não poderia imaginar a reação que provocara na outra.

-- Como você dorme? No escuro, ou prefere que eu deixe a luz da cozinha acesa?

-- Escuro total! Se você não se incomoda, claro.

Dulce foi rápida na resposta. Pensava consigo mesma que a escuridão lhe daria a segurança de não ser denunciada pelo olhar de desejo que expressara ao ver Anahi naqueles trajes. Entretanto, mal sabia Dulce, que Anahi não despertaria só o seu sentido da visão, mas todos.

O perfume de Anahi quando espalhou seus cabelos no travesseiro inebriou o olfato de Dulce, o simples fato da novata se remexer na cama, fazendo sua pele roçar na pele da DJ, arrepiava-lhe, provocando um desejo quase incontrolável de tocar aquela pele tão macia, delicada, como se seu tato precisasse daquele contato.

A noite parecia não ter fim para Dulce que lutou contra ela mesma para não dar vazão ao desejo até então escondido dela mesma, desde que conheceu Anahi. A proximidade das duas, o lado determinado, confiante e maduro da menina do interior propiciou uma intimidade que Dulce  não estava preparada para entender.

Como uma típica interiorana Anahi acordou cedo. Olhou para a janela percebeu que a tempestade era coisa do passado, o sol já dava sinais de um dia lindo pela frente. Do seu lado, Dulce dormia tranqüila, serena. Não pode evitar olhar para a DJ que daquele jeito nem parecia à moça petulante e irritante que estava sempre com uma piada na ponta da língua. Anahi pode prestar atenção em cada detalhe do rosto delicado, se não a conhecesse, diria até que Dulce era uma moça meiga, dada a face de anjo que a veterana tinha.

Anahi não conseguia compreender o porquê de estar tão presa à visão de Dulce dormindo, mas passou minutos contemplando-a, antes de se assustar ao perceber sua hóspede se remexendo na cama. Levantou-se rapidamente e foi preparar o café-da-manhã das duas. 

Caprichou e nem sabia o motivo de tanto esmero para agradar Dulce. Espalhou pelo balcão pão-de-queijo, café, leite, torradas, até bolinho de chuva Anahi preparou. O barulho das panelas e pratos naquele espaço minúsculo acabou por acordar Dulce, que com um humor nada agradável saudou a dona da casa.

-- Puta que pa..riu caipira!

-- Bom dia pra você também Dulce.

-- Bom dia? Caraca você trouxe um galo na mala que te acorda quando o sol nasce? – Dulce retrucou esfregando os olhos.

-- O sol já nasceu há horas minha cara!

Dulce espreguiçou-se, levantou e se espantou com a “mesa” posta. 

-- Nossa! Tudo isso você fez pra mim?

-- Você se acha a última coca-cola do deserto não é? – Anahi respondeu sem graça.

-- A última não, mas, a mais gelada e mais saborosa, com certeza sim.

Dulce abriu seu sorriso mais faceiro. 

-- Não fiz tudo isso pra você não! Fiz pra mim, mas acho que vai sobrar um pouco pra você.

Anahi disfarçou.

-- Opa! Acho que se você não for rápida, não vai sobrar é pra você!

Dulce avançou no pão-de-queijo sem a menor cerimônia. 

-- Se o Direito te decepcionar, você já tem ofício garantido caipira, abre uma padaria!

-- Vindo de você vou entender como elogio. Pelo menos você não me disse de novo que minhas habilidades são de Amélia.

-- O que ninguém gosta em São Paulo, eu adoro! 

-- A poluição? Os engarrafamentos?

-- Não né! Esse clima maluco, de uma hora pra outra uma tempestade cai e olha só o sol hoje, nem parece que a cidade se acabava em água na madrugada.

-- … verdade.

-- Com uma luz dessas, não posso ficar parada. Vem comigo?

-- Pra onde?

-- Ah, resposta errada! Quando eu te fizer um convite, você deve responder sim, vamos?

-- Imagina se vou aceitar cegamente ir com você pra qualquer lugar!

-- Eu devia ter imaginado que uma caipira como você é bicho do mato também!

Dulce provocou, despertando a irritação de Anahi.

-- Vamos? – Anahi disse levantando-se do banco.

-- Mas, você vai vestida assim?

-- Qual o problema?

Dulce olhou e mais uma vez ficou desconcertada ao se deparar com o belo par de pernas de Anahi.

-- … que... Não sei se de onde você veio é comum sair de pijama... Mas, aqui não!

-- Ué, você está preocupada com convenções? –Anahi perguntou sarcástica.

-- Não estou preocupada, mas a gente não vai poder passar perto de um canteiro de obras, os peões vão te atacar!

Anahi ruborizou.

-- Então, me dá vinte minutos e já me apronto.

-- Não demore, preciso passar no meu AP pra pegar umas coisas.