Fanfic: Brincando com fogo VONDY (Adaptada) | Tema: Vondy

1°

Atrás do palco, Christopher andava de um lado para o outro, ouvia o
barulho do lado de fora e se perguntava em que tipo de confusão se metera.
Quem podia ter imaginado que a antiga ambição de se tornar bombeiro o
colocaria naquela situação? Sabia que seria alvo de piadas estúpidas e
fantasias variadas... mas dançar em cima de um palco, diante de centenas de mulheres histéricas... sem mencionar os gays, o pessoal do Batalhão e sua irmã caçula... Não. Jamais havia imaginado nada parecido.

Era um bombeiro! E bombeiros eram durões. Se podia arriscar a vida em incêndios e ocorrências variadas, seria capaz de sobreviver a três minutos em cima do palco.

Ucker fora o primeiro escolhido para a competição de fotos entre centenas
de candidatos. Era um dos vinte e quatro finalistas para o calendário que
contaria com a participação de doze bombeiros. Se não fosse um mês do tal
calendário, os companheiros do batalhão jamais o deixariam em paz.
Do outro lado da cortina, as últimas notas da música foram sufocadas pelo
estrondo de aplausos. A audiência votava com as mãos, os pés e a voz, e tudo
indicava que o colega que estava deixando o palco já havia conquistado sua
folha no calendário.
As cortinas se abriram e um homem ofegante e risonho surgiu diante
dele. Começara a apresentação vestindo o uniforme
completo do corpo de bombeiros e voltava sem o capacete e a
jaqueta. O peito e as costas brilhavam graças a uma generosa aplicação de
óleo, e ele terminava de vestir a calça sobre uma minúscula cueca com 

estampa de onça. A mangueira usada para apagar incêndios pendia de seu
ombro.
Ucker não queria imaginar o que ele havia feito com a mangueira em cima
daquele palco.
A platéia havia adorado. Droga! Onde estava com a cabeça quando
permitira que sua irmã, Lizzie, planejasse sua apresentação? Sapateado?
Diante de uma platéia ávida por safadeza?
Talvez não fosse tarde demais para mudar o plano. Ainda havia alguns
concorrentes antes dele. Tinha tempo para pensar em outra coisa?
Não. Lizzie o esfolaria vivo. Ela dedicara tempo e esforço para ensaiá-lo.
Refrescara em sua memória todas aquelas lições das aulas de dança na
infância e ainda transformara as velhas coreografias em algo mais adulto.
Mas os colegas de batalhão não o deixariam em paz se fizesse papel de
idiota.
Um novo candidato entrou. Enquanto ouvia a música tocar, imaginava
qual seria a coreografia. E não devia ser nada muito ingênuo, pelos gritos que
ouvia das mulheres no palco.
A boate Caprice estava lotada por algumas centenas de mulheres
completamente alvoroçadas. O barulho era ensurdecedor. Todos gritavam, e
Dulce gritava ainda mais alto.

As mesas do estabelecimento ficavam muito próximas umas das outras.
Dulce chegara cedo para entrar em ação: repórter em ascensão, ela cobria o
evento e precisava de um lugar bem na frente para fazer boas fotos. Por isso
reservara a melhor mesa da boate, onde estava sentada junto com as
melhores amigas. O Quarteto Temeroso.
As pessoas naquele lugar tinham uma missão: escolhei os homens que
comporiam o próximo calendário de bombeiros denominado Maiores de
Vancouver. Vancouver era famosa por ter o calendário recheado de homens
simplesmente irresistíveis.
Além do mais, quanto mais quentes os homens, mais as pessoas
comprariam o calendário e maior seria a quantia arrecadada para as obras de
caridade locais.
A música recomeçou, chamando a atenção de Dulce para o palco, onde o
próximo concorrente já começava sua apresentação inteiramente
uniformizado, como todos os anteriores. Quando ele tirou o capacete, Dulce
notou reflexos prata nos cabelos curtos. Mesmo assim ele ainda era muito
bonito. Ela tirou uma foto.
—Agora, sim... — Anny aprovou entusiasmada.
—É velho demais — opinou Dulce.
—Tão velho que nem deve saber mais como usar a mangueira — Maite
brincou.
Todas riram.
O candidato girava ao som de um rock clássico. Ele despiu a jaqueta e
exibiu uma camiseta branca e justa.
—Ah, sim — Anny aprovou novamente. — Esse não usa esteróides. Aposto
que seu pacote é totalmente funcional. — Ela se abanou com exagero.
—Que coisa é essa que você tem por homens mais velhos? — Dulce
comentou.
—Não é a idade. A questão é saber apreciar qualidades.
Dulce estudou o homem que enchia a lente de sua câmera.
Devia ter quase 40 anos. Para uma garota de vinte e três, como ela,
era definitivamente velho demais.
Mesmo assim, tinha de admitir que a raposa prateada era mais atraente
que o sujeito cheio de esteróides. E ele sabia como se movimentar. Vê-lo era
o suficiente para fazê-la transpirar.
Pois bem, talvez não chutasse aquela raposa para fora de sua cama por
ter alguns cabelos grisalhos.
Quando o homem terminou seu número, ela se levantou para aplaudir
com as amigas.

Um pouco mais baixo do que a maioria dos competidores, dono de um
corpo esguio e flexível, um novo competidor se colocou no centro do palco e
começou a se mover no ritmo sensual da melodia, girando os quadris de um
jeito quase hipnótico. As mãos se ergueram, o capacete foi removido...
Um balançar de cabelos e...
—Oh, meu Deus! — Dulce gritou. — É uma mulher!
Cabelos longos, lisos e cor de chocolate pareciam voar em todas as direções.
A multidão estava ensandecida. As mulheres gritavam apoiando a
companheira, e os homens, aqueles que não eram gays, pediam que ela
tirasse a roupa.
A mulher sobre o palco sorriu enquanto valorizava o ato de despir a
jaqueta. Como o homem de cabelos grisalhos, ela também usava uma
camiseta, mas a dela era rosa, quase da mesma cor da blusa que Dulce
vestia.
Dulce fotografava, certa de que uma daquelas imagens certamente
chegaria ao Geórgia Straight. A mulher tirou as botas e a calça para revelar
um legging preto de cintura muito baixa.
Dois homens usando uniforme de bombeiro empurraram alguma coisa
para o palco e desapareceram por detrás da cortina.
Era um poste montado sobre uma plataforma.
O volume ia se tornando mais e mais intenso enquanto a dançarina se
contorcia em torno do poste. Ela era sexy.
Hmmm... Dulce já ouvira falar sobre essas danças em Irs tas de despedida
de solteiras. Era a última moda na cidade.
Maravilha. Mais uma matéria, e a pesquisa seria uma grande diversão.
A mulher terminou sua apresentação e a platéia se levantou para
aplaudir. Todos assobiavam, batiam os pés e causavam um tremendo
estardalhaço.
—Ela merece! — Anny aprovou, juntando-se ao coro. — Aposto que já
ganhou um mês nesse calendário. Adorei a maneira como essa moça destruiu
o estereótipo do machão musculoso!
A multidão ainda aplaudia quando as luzes se apagaram e a mulher deixou
o palco. Gradualmente, o barulho foi diminuindo, mas a excitação
permanecia.
—Vai ser difícil superá-la — Maite comentou.
—E. Tenho pena do próximo candidato — Dulce respondeu enfática.
O palco continuava escuro.

—Ele desistiu. Ficou com medo — Belinda sugeriu.
A música começou a soar na boate, mas não era como as outras. Não
parecia um instrumento, era um som rouco e provocante. Um...
—Saxofone. — Belinda não precisou gritar, porque de repente todos
estavam em silêncio. Ela conhecia tudo sobre instrumentos.
—Muito sexy... — Maite suspirou.
Dulce concordou, perturbada. Havia algo de familiar na melodia, mas não
conseguia identificar o que era.
—Summertime — disse Belinda. — Gershwin. Uma versão encantadora.
Acho que poderia...
Ela parou ao ver uma luz se acender no palco. No lugar dos holofotes
utilizados nas apresentações anteriores havia agora um único foco azul em
meio à fumaça que parecia brotar do chão.
—Gelo seco? — Anny murmurou. — Muito eficiente.
Um homem uniformizado surgiu em meio à névoa azulada. Ele não
carregava mangueiras, machados ou outro tipo de equipamento típico do
exercício da profissão. Quieto, foi erguendo a cabeça como se a música
penetrasse nele a partir dos pés, subindo lentamente. Então, com
movimentos mínimos, removeu o capacete, a jaqueta, as botas e, finalmente,
a calça.
A platéia suspirou.
O candidato não usava nada ostensivamente provocante, mas seu traje
era mais atraente ainda por sua sutileza.
Calça de smoking preta e justa, colete e gravata-borboleta. Sem camisa.
Os braços bronzeados tinham a dose ideal de músculos.
—Fotografe! — Anny pediu.
Dulce estivera tão fascinada que se esquecera da câmera. Apressada, ela
se posicionou e tirou algumas fotografias de corpo inteiro, depois retratou o
rosto. Traços fortes, olhos castanhos, cabelos castanho-claros com reflexos
dourados, sério, diferente de todos os outros que haviam pisado no palco
sorrindo para os espectadores.
Era quase como se ele nem notasse a platéia. Como se estivesse sozinho
ouvindo a música sensual e sentindo a fumaça que o envolvia.
O saxofone ia emitindo notas mais altas, e ele moveu a cabeça, depois o
tronco e os braços. Finalmente, começou a dançar.
Sapateado.
Dulce jamais vira algo parecido. Os sapatos do concorrente eram de
sapateado, mas ele não apresentava o tipo de dança que se via, por exemplo,
com Gene Kelly em Um Americano em Paris, nem o estilo celta de
Riverdance. Era uma dança lenta, suave, quase etérea. E muito, muito sexy.
O homem no palco movia o quadril e batia os pés contra o solo. Sua
postura era perfeita.
Sapateado, tango, blues... qualquer que fosse o nome escolhido, aquela
era a dança mais sensual que alguém já criara.
Ainda dançando, ele despiu o colete e o jogou casualmente sobre as peças
do uniforme.
Só havia uma palavra para aquele peito. Não, duas! Meu Deus!
Era perfeito. Peitorais definidos, uma linha de pêlos marcando o meio de
seu corpo, descendo por um abdome desenhado até... Podia sentir os dedos
formigando com a necessidade de tocá-lo.
Ela fotografou o rosto do dançarino. Sua expressão era intensa,
concentrada. Era como se nem visse as centenas de pessoas cuja atenção
capturara tão completamente. A multidão agora permanecia silenciosa.
Havia apenas o ocasional farfalhar de roupas, o tilintar dos cubos de gelo em
copos.
Mas nada disso parecia importar para esse concorrente.
De repente, a luz forte do palco se acendeu e ele estava lá, quieto, as
mãos unidas na frente do corpo. Pela primeira vez ele estabeleceu contato
visual com os espectadores, e a gritaria que se seguiu foi ensurdecedora. Era
como se o teto fosse desabar sobre a cabeça de todos os presentes. O concorrente
sorriu tímido, aliviado... Definitivamente sexy.
Sim, ele era sexy demais.
—Tire tudo! — uma mulher gritou em algum lugar, a voz estridente
superando o barulho da multidão.
—Uhu! — Dulce gritou.

O sorriso do homem tornou-se ainda mais largo. As mãos tocaram o botão
da calça, e mais vozes, femininas e masculinas, engrossaram o coro.
—Tira! Tira!
Era como se os olhos azuis estudassem as pessoas na platéia. Dulce sentiu
aquele olhar passar por ela e pelas amigas. As mãos deixaram a cintura da
calça e buscaram a nuca. O dançarino tirou a gravata-borboleta e atirou-a...
diretamente na direção do quarteto.
—Maite, pegue! — Belinda ordenou.

marcela_rbd: Seja Bem-Vinda amore *-*

gabivondy: Seja Bem-Vinda flor *-*

anapaulamaito2gmail.com: Seja Bem-Vinda linda *-*

Comentem *--*