Fanfic: Brincando com fogo VONDY (Adaptada) | Tema: Vondy

—Espere só até eu ter mais algumas aulas. Mas agora preciso ir...

Ucker a acompanhou até o jipe.

—Promete usar essa meia e esses sapatos outra vez?

—Gostou deles?

—Muito. Fico imaginando como seria vê-la deitada em uma cama macia,
usando apenas as meias, a cinta-liga e os sapatos...

—Uma cama de bronze? Daquelas com postes em volta?

—Você tem uma dessas?

—Não, mas sei onde encontrar.

—Ótimo. Oh, sim, e estava pensando também em uma daquelas danças
em que a bailarina se senta no colo de alguém da platéia...

Dulce riu.

—Não era você que não tinha fantasias?

Quem não as tinha? Ele apenas se sentira embaraçado em admiti-las na
época, mas agora, depois de tudo que já haviam feito juntos...

—Você está criando minhas fantasias.

—É bom saber disso. Mas a próxima vez é minha. Eu escolho a fantasia?

—O que vai fazer comigo?

—Vai dançar para mim. Havíamos combinado, lembra?

—O sapateado...
—Summertime. E eu estarei no controle.

Alguns quarteirões antes de chegar em casa, Dulce parou o carro no
estacionamento de uma escola e trocou a fantasia de garota de programa
por calça bege e blusa de algodão, a roupa que ela havia usado ao sair, horas
antes.

Usara a desculpa da entrevista. Sim, ela e Marty tinham um acordo, mas
seus pais não a deixariam sair de casa com um rapaz que mal conhecia
àquela hora da noite. Mesmo que fosse um rapaz chinês muito educado e
com um futuro promissor.

Seu próximo encontro com Ucker seria no sábado, às sete da noite. Falaria
com Marty e planejariam alguma coisa.

Ela e Ucker iriam jantar juntos no Tropika, um restaurante tailandês na
Robson. Era pouco provável que encontrasse algum conhecido, mas, caso
acontecesse, daria novamente a desculpa da entrevista. Entregara a matéria
sobre o concurso havia uma semana, mas ninguém precisava saber disso.
Além do mais, talvez fizesse outros artigos sobre os bombeiros. O
treinamento, o recrutamento, a rotina diária... Havia muito a ser divulgado.
Cantarolando, Dulce entrou em casa e seguiu na ponta dos pés até o
quarto, onde encontrou a avó dormindo em sua cama.

Em silêncio, Dulce guardou a mochila com a fantasia no armário dos
arquivos. Depois pegou um roupão e foi para o banheiro preparar-se para
dormir.e Em seguida, la se dirigiu à cozinha, ferveu água e preparou um chá de jasmim bem forte. Levando o bule para a pia, acrescentou água à mistura, criando a impressão de que a infusão havia sido feita algum tempo antes.

No quarto, Dulce pendurou as roupas que havia usado, pegou o livro de
Kathy Reichs que estivera lendo e se acomodou na poltrona. Depois de beber
alguns goles de chá, bocejou ruidosamente.
Sua avó, normalmente uma mulher de sono leve, nem se mexeu.

Dulce bocejou novamente, mais alto. E tossiu.

A avó dela se mexeu e olhou em volta.

—Kuan-Yin?

Céus! Ela havia voltado no tempo e chamava pelo marido, morto havia
sete anos.

—Vovó, desculpe se a acordei.

—Ah... Estou no seu quarto!

—Você dormiu aqui. Estava esperando por mim?

—Ah, sim... Já chegou?

—Sim, há algum tempo.

Pretendia fingir que estava em casa havia horas, esperando que a avó acordasse. Nunca perdia uma oportunidade de devolver à família a culpa que sentia por conta de suas expectativas absurdas. Mas agora, depois de ouvir a avó chamando pelo marido, sentia-se triste.

—Venha, vou ajudá-la a ir para o seu quarto.

—Não, não. Vá dormir. Eu vou sozinha. Talvez beba uma xícara de chá e...

Ah, já esfriou — ela constatou ao tocar o bule que Dulce levara para o
quarto.

—Quer que eu esquente?

—Você é uma boa menina.

—Amo você, vovó. Venha, vou pôr você na cama e depois vou esquentar
um pouco de chá.

—Teve uma boa noite? A entrevista foi bem-sucedida?

—Foi ótima. O entrevistado cooperou muito.

—Pode falar sobre essa matéria, ou também é sigilosa?

—Definitivamente confidencial.

—Pena... Uma garota linda como você, sempre trabalhando... Como vai
conhecer bons rapazes, se está sempre ocupada?

—Já conheci Marty Fong, lembra? Acho que vamos sair novamente no
final de semana.

—Ah, isso é bom! Convide-o para vir jantar conosco no domingo.
Pobre Martin! Certamente seria submetido a um interrogatório
interminável.

—Vou convidar, vovó. Vou convidar.

Na manhã seguinte, quando a família se reuniu para o café na cozinha, a
avó de Dulce anunciou que Marty iria jantar com eles no domingo.

—Oh, isso é verdade, Dulce? — perguntou a mãe, entusiasmada. — Ele é
um ótimo rapaz. Bonito, inteligente, educado... Você tem sorte.

—Bom demais para ser real — interferiu a tia de Dulce.

—Fang Yin, você está ficando cínica demais — censurou a irmã dela.

Dulce explicou que ainda ia convidar Marty para o jantar no domingo, mas
informaria a família assim que tivesse uma resposta definitiva.
Mais tarde, ela contou a Marty sobre o comentário da tia naquela manhã.

—Ela insiste em dizer que você é bom demais para ser verdadeiro.

—Acha que ela suspeita de alguma coisa?

—É claro que não! Não deve nem saber que existem pessoas
homossexuais! Acho que minha tia está desconfiada porque nunca antes
aceitei sair com os rapazes que minha família sugeria. Falando nisso, tenho
duas propostas para você.

—Duas?

—Jantar com minha família no domingo à noite.

Ele gemeu.

~♥~