Fanfic: Brincando com fogo VONDY (Adaptada) | Tema: Vondy

—Tudo bem, aceito, mas vai ter de retribuir. Minha família também quer
conhecê-la. Minha mãe não fala em outra coisa.

—Se aceitarmos os convites, talvez eles nos deixem em paz.

—Famílias chinesas? Não conte com isso.

—Já pensou no futuro? O que vai fazer quando eles insistirem em um
casamento? Vai se revelar e contar a verdade?

—De jeito nenhum!

—Então...

—Acho que vou acabar cedendo.

—Quer dizer... que pode se casar com uma garota chinesa? Mas...

—Sei em que está pensando. E sou capaz de realizar essa façanha
algumas vezes por ano. O suficiente para produzir dois ou três filhos.

—Mas não seria justo com a garota e com você.

—Eu sei. Por isso... Ei!

—O que é?

—Nós dois devíamos nos casar!

—Você e eu? Ficou maluco?

—Não. Casamos, temos um ou dois filhos, e desfrutamos de nossas vidas
privadas em paz. Para sempre!

—Vidas secretas?

Ele suspirou.

—Foi só uma idéia.

—Se um dia se apaixonar por alguém, não vai querer ficar com essa
pessoa? O tempo todo?

—Sim, mas minha família não suportaria.

Ele estava certo. E talvez também tivesse razão quanto à idéia de se
casarem.
Ou não?
Não.
Era jovem demais para perder a esperança.

—Tenho uma idéia — ela anunciou. — Se nenhum de nós encontrar uma
solução pessoal até os trinta anos, nós nos casamos. O que acha?

—Aceito a proposta. Mas você já havia mencionado outra...

—Ah, sim, e essa você vai aprovar com entusiasmo. Quer combinar um
encontro fantasma para o sábado? Eu saio com meu bombeiro, e você sai
com seu... amigo.

—Ótimo! Vamos ter de conversar no domingo, antes do jantar, para
combinarmos o que vamos dizer sobre o sábado, mas eu aceito.

—Então, prepare-se para um sábado de muita diversão e prazer!

— Meu bem, eu estou sempre preparado para o prazer

—Marty respondeu com afetação exagerada.

Os dois riram.

Na quinta-feira, Lizzie telefonou para Ucker informando que estaria em
West End no dia seguinte e convi- dando-o para almoçar. Como era sua folga,
ele decidiu levar a irmã a algum lugar bem diferente dos que existiam em
Chilliwack. Ficou acertado que eles se encontrariam à uma da tarde no
Cardero`s.

Ucker já saboreava uma cerveja em uma mesa na varanda, quando Lizzie
se aproximou carregada de sacolas. Os cabelos, normalmente claros, mas de
um só tom, agora tinham reflexos de variadas tonalidades, do platinado ao
cobre. Ela usava um top azul que realçava seus olhos e jeans justo de cintura
baixa, exibindo o abdome tonificado.

—É você mesma?

—Com algumas modificações. Gostou?

Lizzie puxou uma cadeira para as sacolas e outra para ela.

—Ah, bem, você está... diferente.

—Ótimo! Era essa a intenção. Cansei de ter sempre a mesma cara. Não
estava me levando a lugar nenhum.

— E onde acha que vai chegar com sua nova aparência?

—Ucker preferia nem pensar nisso. Sua irmã? Não!

—Por quê? Acha que exagerei? Fiquei vulgar?

—Como posso saber? Você é minha irmã!

Lizzie franziu a testa. Seu rosto expressava insegurança e receio.

—Tudo bem, acho que é só meu instinto de proteção. Você está ótima.

Linda! Urbana demais para Chilliwack, mas... linda.

Lizzie sorriu.

—Bem, se não pode tirar a mulher da cidadezinha, tire a cidadezinha de
dentro da mulher.

—Papai não vai gostar nada disso.

—Papai vive na Idade Média! Nunca vou conseguir agradá-lo. Sendo
assim, agora vou agradar a mim mesma. Não foi o que você disse há anos?
Agora é minha vez.

—Resumindo, isso é uma declaração de guerra. Já parou para pensar nas
suas prioridades, Lizzie?

—Agora vai me fazer lembrar que a fazenda é mais importante para mim
que a aparência. Sim, eu sei, mas... Ah, tudo isso é injusto! Se papai e mamãe
não estivessem atolados em velhos conceitos machistas, ninguém estaria
sequer questionando meu desejo de assumir o comando da fazenda.

—Não vamos conseguir mudar a cabeça deles.

—Acha que eu não sei?

Ucker bebeu um gole de cerveja antes de contar:

—Conheço uma garota... Ela é canadense, mas descende de uma
tradicional família chinesa. Os pais são muito antiquados e tradicionais, e ela
e o irmão mais velho sofrem a pressão de gigantescas expectativas, como
nós. Mas tudo deu certo, porque ele queria assumir os negócios da família, e
lenny queria ser jornalista. A família não protestou, porque ria é a segunda
filha, e é mulher.

—Sorte dela. O que os pais de Dulce teriam feito, se tivessem de lidar
com filhos como nós, que se recusam a acei- lar e realizar essas estúpidas
expectativas?

—Provavelmente teriam feito o mesmo que nossos pais. Mais pressão. —
Ele pegou o cardápio. — Vamos escolher? Estou com fome.

Os dois irmãos fizeram seus pedidos.

—Essa Dulce deve ser interessante. — Lizzie comentou quando o garçon se afastou. — Estão namorando?

Palavra forte! Sugeria compromisso.

—Estamos saindo... Talvez um dia possamos namorar. Quem sabe?

—Já era hora! Fale mais sobre ela.

—Já falei tudo.

—Jornalista, canadense, descendente de chineses com pais antiquados.
Acha que isso é tudo?