Fanfic: Brincando com fogo VONDY (Adaptada) | Tema: Vondy

—Mesmo assim, acho que devia...

—Escute, eu gosto de pintar as unhas de cor-de-rosa, adoro meu piercing
e fico feliz quando jogo os cabelos e os homens olham para mim como se eu
fosse um bombom suculento. E se as femininas não gostam disso... Sinto
muito!

—Minha mãe lutou muito por coisas que hoje nós consideramos
garantidas. Isso me incomoda.

—Não, Anny. Eu sou assim. Só isso. E essa é a essência do feminismo, não
é? Não ter de aceitar e acatar imagens que não são suas, não ser o que
outras pessoas esperam que seja, ter personalidade...

—Sim, você está certa, mas... Eu gostaria muito de que um dia pudessem
conhecer minha mãe.

—Eu também adoraria conhecer sua mãe — Maite interferiu. — Quero
perguntar a ela de onde vem essa sua obsessão por trabalho. Falando nisso,
ainda está assistindo àquele advogado de Toronto?

Dulce esperou. Queria saber se a amiga finalmente tinha uma vida sexual.
Anny sorriu.

—David e eu passamos muito tempo juntos essa semana. Conversamos
sobre tudo!

—Estão saindo juntos? — indagou Bel.

— Ainda não. Trabalhamos muito, mas ele é tão organizado que quase
sempre encerramos o expediente num horário razoável, ou fazemos um
intervalo, pelo menos. Usamos a sala do café para conversar, descansar, rir...

— Sobre o que conversam? — Dulce provocou. — Suas vidas sexuais?

— Não, nada tão pessoal. Falamos sobre coisas que fazíamos na
faculdade, sobre atualidades no Canadá e no mundo...

— Estímulo intelectual é bom, mas e o aspecto físico? Alguma magia?

—Talvez, Dulce. Talvez...

— Ei, isso é ótimo! — Bel exclamou. — Você e um advogado teriam
muito em comum. Pena ele ser de Toronto. Sabe se ele tem raízes por lá?
Família, amigos...?

— Não falamos muito sobre vida pessoal. Além do mais, ele é sócio na
firma. Não seria muito astuto da minha parte envolver-me com um sócio da
firma para a qual trabalho.

— Mas disse que talvez haja magia. E ele? O que você acha? — Maite
indagou.

— Às vezes eu o surpreendo olhando para mim, e há fagulhas entre nós.

— Excelente. Fagulhas são importantes.

— Fagulhas levam a outras coisas quentes e cintilantes

— Dulce brincou. — Falando em coisas quentes... Maite, estamos
matriculadas na aula de dança do mastro da próxima quarta-feira. — Ela
olhou para Anny e Bel. — Não querem ir também?

— De jeito nenhum! — Anny reagiu apavorada.

— Não, obrigada — disse Bel.

— Conte comigo, Dulce. Ucker não sabe o que o espera. Falando nele... Já
pensou que esse homem não é só quente, mas atencioso e gentil? São
poucos os que se dispõem a realizar todas as fantasias de uma mulher. Devia
pensar em transformar esse relacionamento em algo mais sério.

—Esqueça, May. Nunca tive um relacionamento sério.

—Até agora — disse Bel. — Concordo com Maite. Poucos homens se
esforçariam tanto. Acho que ele gosta mesmo de você.

—Ele gosta de sexo. E eu também.

—Mas também gosta dele — Bel insistiu.
Gostava. Muito.

—Acho que sim — Dulce respondeu fingindo indiferença. — Por que não
gostaria? Ele é bonitão, sexy, quente, gosta de comer, adora chocolate...
Falando nisso, vamos pedir a sobremesa.

—Ah, vamos lá! — Anny entrou na conversa. — Há mais do que isso no seu
bombeiro.

—Ele salva vidas.

—Sim, eu sei. Acabei de dizer que ele é bombeiro.

—Sim, mas... Tive a oportunidade de vê-lo em ação no sábado. Estávamos
jantando no Tropika, e um homem sofreu uma parada cardíaca. No
restaurante!

—Que horror! — Bel exclamou.

—Ucker entrou em ação imediatamente e salvou a vida do homem.
Quando os paramédicos chegaram, ele havia restaurado a pulsação do
paciente.

—Uau... — Maite murmurou.

—Sim, foi... uau! Fiquei tão impressionada que decidi fazer um curso de
primeiros socorros e redigir um artigo falando sobre isso. Gostaria de tê-las
comigo nesse curso.

—Fiz esse curso há anos — Bel contou. — Fiquei tão aterrorizada que
acho que nem quero me lembrar do que aprendi naquelas aulas.

—Precisa lembrar. Imagine como seria ver alguém passando mal na sua
frente e não saber como ajudar. Imagine... ver alguém morrer sem poder
prestar socorro. Por favor, garotas. Isso é muito importante.

—Eu vou — Anny anunciou, surpreendendo as outras. Ela, sempre a mais
ocupada! — Você me convenceu. Nunca a vi falar tão sério sobre alguma
coisa. Exceto sobre dança no mastro, e isso é algo que nunca vou fazer.

—Eu também vou — Maite declarou.

—Eu também —Bel suspirou resignada. — E se um dos meus alunos
passa mal durante a aula? Nunca pensei nisso antes.

Dulce foi inundada por uma onda de orgulho. Se conseguira influenciar as
três amigas em poucos minutos à mesa de um restaurante, o que poderia
fazer quando começasse a escrever sobre isso nos jornais?