Fanfic: Brincando com fogo VONDY (Adaptada) | Tema: Vondy

—Voltando a Ucker — Maite continuou —, acho que você está
gostando dele.

—Não estou. Isto é, gosto dele, mas não como você está... sugerindo. Não
estou apaixonada.
Anny a encarava séria.

—Dulce, quando a conheci, você havia conhecido uma dúzia de rapazes
diferentes, saía com todo eles, e nunca sequer admitiu sentimentos menos
que superficiais por um deles.

—Anny, talvez não perceba, mas está me chamando de... va/dia. E isso?

—É claro que não! Você se divertiu, eles também... Ninguém se feriu. Não
há nada errado com isso. Estou dizendo apenas que você mantém os homens
à distância. Emocionalmente, é claro.

—Talvez ela ainda não tenha conhecido o homem certo.— May sugeriu.
Dulce assentiu com entusiasmo.

—Ou está com medo de admitir que já o encontrou — Bel sugeriu com
tom doce. — E se o seu príncipe encantado for um sapo para sua família?
—Ainda não aconteceu, por isso me recuso a pensar a esse respeito
agora. — Na verdade, estava fazendo o possível para não pensar nisso. Então
tentou mudar de assunto.

—Mas... e você, Maite? Ainda não contou o último episódio da saga Sexo
com Christian.
Maite sorriu:

—Vocês acreditam que conheci a ex-mulher dele?

Imediatamente, Maite ocupou o centro das atenções,
e Dulce aproveitou para desviar os pensamentos de Ucker, tradição, família e
relacionamentos. Não era fácil.
Maite falou sobre Christian e como eles conversavam sobre tudo com
naturalidade e espontaneidade. Ainda não falavam em casamento, mas,
todos os finais de semana, um dos dois viajava para que pudessem ficar
juntos, e no sábado seguinte eles jantariam com a família de Maite.

As garotas estavam felizes por ela, embora temessem que, com o tempo,
Maite se casasse e fosse morar em San Francisco. O Quarteto se desfaria,
mas... Uma verdadeira amizade não devia ter espaço para egoísmo.
Na manhã de terça, Ucker estava pensando em Dulce, como fazia desde
sábado. As fantasias sexuais eram incríveis, mas queria poder jantar com ela,
de preferência sem piadas cardíacas, caminhar pela praia, ir ao cinema...
No cinema escuro ela não teria motivos para se negar a segurar sua mão.
Ele telefonou para Dulce.

—Quer ir ao cinema hoje? — perguntou sem rodeios. — Uma comédia
romântica...
Ela riu.

—Minha irmã ia adorar!

—Você... quer levá-la conosco?

—Maite? No cinema conosco?

—Por que não?

—Ah, porque... É dia de semana! Ela tem aula amanhã.

—Entendo. Quantos anos ela tem?

—Poucos. Não, prefiro que ela fique em casa. Obrigada pela sugestão.
Talvez ela e a irmã tivessem problemas de relacionamento. Não era da
sua conta.

—Só nós dois, então?

—Cinema? Ucker, eu...

—Se não gosta de cinema, podemos ir dar uma volta. Talvez passear pela
orla, beber alguma coisa...

—Estou muito ocupada essa semana. Por que não marcamos um dia para
a sua fantasia da gueixa?

Dulce não queria ser vista em público com ele? Tivera de se esforçar para
convencê-la a ir ao Tropika, e ela se negara a estabelecer contatos físicos no
restaurante e na rua, com exceção daquele beco escuro onde ninguém
poderia vê-los. Talvez fosse alguma coisa relacionada a sua herança chinesa.
Mas ela ainda se mostrava interessada em fazer sexo com ele, e por isso se
considerava um homem de sorte.

—Boa idéia.

Eles compararam as agendas e decidiram que o melhor dia seria a sexta-feira.

—Na sua casa? — Ucker perguntou. — Assim pode preparar o cenário...

—Impossível.

—Mora com alguém? Uma amiga?

—Digamos que o espaço é disputado. Promete que não vai rir do que vou
dizer?

—Sim, prometo...

—Moro com minha família. Três gerações na mesma casa. É importante
para a minha avó, para minha tia e meus pais, e é mais fácil simplesmente
ceder.

—Entendo. Minha irmã mora com nossos pais na fazenda. Ela quer se
mudar, mas está tentando não se indispor com eles. Além do mais, seria um
desperdício de dinheiro. Meus pais são econômicos.

—Os meus também. Exceto por alguns detalhes, como me dar o jipe
quando terminei a faculdade. Os pais chineses são assim. Gastam em
aquisições que parecem extravagâncias, e economizam em ninharias.

—Família... O que se pode fazer?

—E bom saber que entendeu. Muitos caucasianos acham que tudo isso é
loucura. Viver com os pais, acatar limites...

—Isso é respeito. E inteligência, também. É bobagem enfrentar inimigos
mais fortes.

—Concordo. Bem, a gueixa vai ter de se apresentar na sua casa. Talvez eu
possa ir para lá mais cedo, preparar o cenário...

—Ótima idéia.

—E você? Quem vai ser?

—Como?

—Quem você será na fantasia da gueixa?

Um homem enlouquecido de desejo?

—Um soldado americano. Sim, podemos criar um cenário de Madame
Butterfly.

—Não. Nada de guerra. Não há nada de sexy nisso. Posso ser um
bombeiro canadense em férias no Japão, um homem curioso a respeito das
gueixas.

—Já percebeu que em todas as nossas fantasias, um de nós usa a
verdadeira identidade? Precisamos criar uma fantasia que tenha papéis
alternativos para nós dois.

—Ou podemos fazer sexo como Ucker e Dulce.

Houve um silêncio prolongado do outro lado da linha.

—Ucker... esqueceu as regras? Não praticamos o bom e velho sexo.

—Não há nada de velho no que estou sugerindo.
Dulce riu.

—Tudo bem, já entendi, garanhão. Só quis dizer que o que temos é
especial. Não concorda comigo?
Ela estava certa, mas Ucker decidiu provocá-la.

—Convença-me — disse. — Ou mande uma gueixa cuidar desse detalhe.

—Pode esperar — Dulce prometeu com voz rouca.

Mas quando ele abriu a porta do apartamento na sexta à noite quem o
esperava no hall era Dulce. Simplesmente Dulce vestindo uma saia comum e
uma blusa discreta.