Fanfic: Brincando com fogo VONDY (Adaptada) | Tema: Vondy

Ele a beijou nos lábios.

—Você está linda, mas... Onde está minha gueixa?

Ela ergueu duas sacolas.

—Aqui — disse. — Vá dar um passeio e volte em uma hora. Ela estará
esperando por você. Ansiosamente... fantasia da gueixa foi perfeita, como
tudo que Dulce fazia. Ela usou um quimono autêntico, maquiagem
convencional e penteado típico, e se comportou como uma perfeita gueixa,
servindo-o e adivinhando todos os seus desejos. A decoração dava o clima
ideal ao momento e, mais uma vez, o sexo entre eles foi explosivo e mais do
que satisfatório.

Eles conversaram sobre o quartel, sobre como Jack se sentia deslocado e
oprimido pelos veteranos, e Dulce, ou melhor, Cherry Blossom, o nome que
ela adotara em seu papel de oriental servil e sensual, o ouviu com atenção.
Jack falou sobre um horrível acidente de automóvel com um adolescente,
contou como haviam tirado o garoto bêbado do carro destruído e como o
levaram para o hospital ainda com vida, embora muito ferido, e, mais uma
vez, havia sido gratifican- te ver a admiração nos olhos dela.
Porém, ao final de mais uma fantasia, quando Jack a convidou para ficar e
dormir a seu lado, Dulce balançou a cabeça.

—Minha família é muito antiquada. Na verdade, eu já devia estar em
casa. Tenho de ir. — Ela se levantou da cama e começou a recolher as coisas
espalhadas pelo quarto. Por um momento, foi como se estivesse muito longe
dali. Dele.

Em que estaria pensando?

De repente, ela se virou e sorriu.

—A próxima fantasia é minha.

—O que vai ser?

—Ainda não sei. Talvez a sessão de fotos. Ou então... Há alguns dias eu li
um livro sobre homens que trabalham em um clube no Japão. Eles imitam as
gueixas.

—Não vou usar um quimono!

—Eles também não usam. Mas são especialistas em satisfazer as
mulheres. E você se enquadra nessa categoria.

Apesar do elogio, da saciedade que sempre experimentava depois do sexo
com Dulce e da incrível fantasia da gueixa, ele se sentia um pouco
desestimulado. Quando outras garotas passavam a noite em sua casa,
sempre lamentava que não houvessem ido embora antes. Nunca desejara
realmente acordar com alguém a seu lado. Então, por que estava
desapontado por Dulce não poder ficar?

Entendia a questão de família. Mas ela era uma mulher adulta. Tinha o
direito de passar uma noite fora de casa. Se realmente quisesse...
A atitude teria alguma relação com sua relutância em ir ao cinema ou
passear de mãos dadas? Na última vez em que saíram para jantar, tivera
praticamente de obrigá-la a aceitar o convite.

Seria essa a equação? Era bom para o sexo, mas não servia para participar
dos outros aspectos de sua vida?

—Dulce ria quando a comédia romântica chegou ao fim.
Maite estava exultante.

—Eu disse que o filme era bom!

—É ótimo!

Do outro lado de Dulce, Martin declarou:

—Juro que, de agora em diante, nunca mais vou desprezar as comédias.
E, ao lado de Dulce, a irmã de Martin, uma garota de quinze anos, sugeriu:

—Deviam ouvir os irmãos mais novos com mais atenção. Não é verdade,
Maite?

Maite e Leslie se conheceram horas antes, naquela noite, mas a empatia
havia sido imediata. Elas tinham muito em comum, inclusive o hábito de
enrolar a cintura das saias para encurtá-las assim que saíam de casa. Dulce
teria feito o mesmo, se não usasse o cheongsam verde.
Dulce ainda não sabia bem como tudo havia acontecido. De algum jeito,
as mães e as irmãs os haviam convencido a ir ao cinema numa sessão de
início de noite e depois retornar à casa dos Fong. Lá, os pais de Dulce e Maite se
uniriam à família de Marty para tomar chá e comer doces.
Quando deixavam o cinema, Maite sussurrou para Leslie:

—Eles não estão de mãos dadas. Acha que querem ser discretos por
estarmos aqui?

Martin olhou para trás.

—Seus pais não ensinaram que demonstrações públicas de afeto são
impróprias? Mas, se está tão incomodada com isso... — Ele segurou a mão de
Dulce. — Pronto. Melhor assim? Ou vai querer um beijo, também?

—Não vou beijar você em público! — Dulce protestou rindo, quando
chegaram à calçada.

—Dulce?

A voz masculina soou espantada, quase chocada.

—Ucker!

Ele estava parado diante dela, segurando um saco de pipoca. E parecia
realmente chocado.
Havia dito que não gostava de cinema. E, para piorar, ainda segurava a
mão de Marty. Apressada, ela a soltou.
Ucker continuava paralisado.
Marty olhava para um e para o outro.

—Olá, sou Marty Fong, amigo de Dulce. E esta é minha irmã, Leslie.
Talvez já conheça Maite, a irmã de Dulce.

—Não — Dulce explicou —•, eles não se conhecem. Ucker é... um
conhecido. Eu o entrevistei para uma das minhas matérias.
Ainda apertando a mão de Martin, Ucker a fitou com um misto de
surpresa, decepção e ressentimento.

Droga! Por que havia dito isso? Podia tê-lo apresentado como um amigo.
Não havia nada de errado em ter um amigo caucasiano. Às vezes o instinto
de negação e defesa era mais rápido do que o raciocínio.
Por outro lado...

Não devia se sentir culpada. Ucker não era seu namorado. Sim, ambos
haviam declarado que não se relacionavam com outras pessoas, mas...
Maite e Leslie riam e cochichavam. Maite ouviu a palavra "sexy" na voz de Maite
e a expressão "velho demais" na de Leslie.

Ela olhou para Martin como se quisesse transmitir uma mensagem
cifrada.

—Ucker é bombeiro.

Marty arregalou os olhos. E a encarou com uma questão estampada no
rosto: Ele é seu amante secreto?

Dulce assentiu.

—Vamos, vocês dois — Maite interferiu. — Papai e mamãe já devem estar
na casa dos Fong, e Leslie me contou que vai haver bolo de chocolate com
chá.

—Sim, acho que devemos ir — Marty confirmou, colocando uma das
mãos sobre um ombro de cada uma das garotas e levando-as para longe de
Dulce e Ucker.

—Não é o que está pensando — Dulce começou. — Eu telefono mais
tarde para explicar...

—Você não me deve explicações. Pode sair com quem quiser. Pode ir ao
cinema com quem preferir.

—Mas eu não...

—Dulce — Maite gritou. — Vamos nos atrasar!

Dulce encolheu os ombros, indicando que não podia fazer nada naquelas
circunstâncias, e murmurou:

—Eu telefono para você.

Passava das onze quando os Yuen chegaram em casa, mas vovó Yan Yan e
tia Fang Yin, ambas em seus roupões, esperavam por eles para ouvir tudo
sobre o passeio.
A família se sentou na sala. Maite, como toda adolescente, começou o relato
entusiasmado:

—Leslie é muito divertida, e Martin é encantador, apesar de tímido. E o
filme foi ótimo. Conhecemos um amigo de Dulce que é muito atraente, o que
faz sentido, porque ele é um bombeiro e...

—Quem é esse amigo, Dulce? — a mãe das meninas perguntou. — Você
nunca o mencionou.

Dulce olhou para a irmã como se quisesse esganá-la.

—Alguém que entrevistei para uma matéria.

Maite encolheu os ombros.

Aiai, e agora?