Fanfic: Brincando com fogo VONDY (Adaptada) | Tema: Vondy

—É melhor ser criança agora, porque vão acabar me casando antes que
eu perceba! — Ela se levantou. — Boa noite para todos. Vou me deitar.

Todos responderam "boa noite" como se não houvessem escutado o
comentário anterior.

No quarto, com a porta trancada, ela usou o celular para ligar para o
número de Ucker. Ele não atendia. Ainda não voltara do cinema? E com quem
havia ido, afinal? Outra garota? Nesse caso, por que a estava punindo? Ou
melhor, ele não estava se importando. Havia dito que ela podia sair com
quem quisesse.

Mas a olhara de um jeito...

O olhar desmentira o discurso.

Ou teria sido a surpresa por ter sido apresentado como um mero
conhecido, um de seus entrevistados?

E por que devia se importar?

Porque ainda não esgotara todas as fantasias, e não conseguia pensar em
parceiro melhor do que Ucker. Era isso. Só podia ser isso.

Droga Não podia ser mais do que isso, mas... gostava dele.

Ela se atirou na cama com um gemido angustiado. Droga, droga, droga!

—Eu gosto! — exclamou. — Pronto, posso admitir. Posso dizer e posso
sentir! Jamais irei além disso, mas sei que gosto dele de verdade.

E agora se sentia ainda pior por tê-lo magoado.
Ela ligou novamente e deixou um recado.

—Sou eu, Ucker. Dulce. Sei que nós dois podemos sair com quem
quisermos, mas aquilo não era um encontro. Foi só uma coisa arranjada.

Uma estúpida idiotice de família chinesa. É a sua mão que eu quero segurar.
Telefone para mim. Deixe-me explicar.

***

Eram dez horas da manhã de domingo, quando Ucker decidiu que devia
telefonar para Dulce e ouvir o que ela tinha a dizer.

Vê-la saindo do cinema de mãos dadas com aquele rapaz, brincando sobre
beijá-lo em público, o deixara furioso. E ainda estava muito aborrecido.
Sim, o que sentia era ciúme! E estava magoado, também, porque ela saía
com outro homem, mas com ele só queria se/xo. Era bom o bastante para
levá-la ao orgasmo várias vezes em uma noite, mas não servia para andar de
mãos dadas com ela em público. Ou para levá-la ao cinema com a irmã mais
nova.

Bem, para o inferno com tudo isso!

Desejava Dulce. E queria esse outro lado da relação, os passeios
inocentes, as conversas sem compromisso, a companhia agradável... Queria o
lugar do garotão de capa de revista.

O recado dela dizia que não havia sido um encontro, mas que outro nome
se dá para um casal que sai do cinema de mãos dadas?

Só havia um jeito de descobrir. Ouvindo o que ela tinha a dizer.
Quando Dulce atendeu ao telefone, ele declarou:

—Parecia um encontro.

—Ucker! Você ligou — ela soava aliviada. — Espere, vou fechar a porta do
quarto. Escute, foi um encontro arranjado. Uma tradição chinesa. E Marty e
eu temos um acordo secreto.

Podia apostar que sim!

—Como nós temos? Quais são as regras do seu acordo com esse Marty?

—Ucker... Martin é gay.

A revelação o pegou desprevenido. Mas, pensando bem... Um rapaz
jovem, bonito, bem-vestido, educado... Pacote completo, perfeição
exagerada.

—Gay?

—Sim, mas não conte a ninguém. Ele continua no armário.

—Estava de mãos dadas com um gay?

—Nossas irmãs estavam fazendo piadas bobas e decidimos dar as mãos
para acabar com a curiosidade das meninas.

Ucker ficara sentado no sofá bebendo cerveja depois do cinema. Furioso,
magoado... sozinho. Seria a ressaca que o impedia de entender a situação?
Ou era apenas Dulce que o confundia? Ela nunca fazia muito sentido.

Mas era uma mulher intrigante e... Ah, quem queria ter uma vida simples?

—Vamos retornar um ou dois passos. Qual é mesmo a história?
Dulce suspirou.

—Eu já contei que minha família é tradicional. A de Martin também é.
Eles estão sempre tentando escolher alguém para namorar seus filhos.
Pretendentes chineses, é claro. Parentes e amigos de parentes e amigos.

—Sei. E eles escolheram Marty para você e vice-versa?

—Sim, e nós saímos uma vez e descobrimos que podíamos tirar proveito
disso.

—Tirar proveito?

—Falsos encontros.

—Falsos...? Ah, sim, vocês saem como amigos e fingem estar namorando!
E isso?