Fanfic: Witch Hunt - Caça às bruxas (Madoka Magica) | Tema: Madoka Magica, Original, Originais
7 de Janeiro de 2014.
Ele despertou de repente. Seu peito subindo e descendo com pressa, ofegante, como se tivesse corrido por milhas. Atlas tocou em si mesmo e percebeu estar completamente encharcado de suor.
Que diabos de sonho foi aquele? Ele se perguntou sentindo uma pontada de dor na parte detrás da cabeça. Atlas não entendia muito bem o que estava acontecendo, mas ele sabia que não poderia dormir mais nem um minuto, pois o sol persistente de Nova York insistia em brilhar. Era hora de acordar e viver mais um dia. Atlas levantou-se, tomou banho, escovou os dentes e sorriu para si mesmo no espelho pensando que não precisava preocupar-se com nenhum sonho bobo. Afinal, sua vida estava perfeita, indo nos trilhos, como ele mesmo gostava de dizer. Seus pais se divorciaram ano passado, sua irmã mais nova era um bebê adorável que chorava todas as noites, suas notas vinham despencando desde o começo do ano e ele estava completamente sem grana. Peter Parker teria inveja da minha vida, pensou. Ele saiu do quarto e sua mãe assim que o viu, cumprimentou-o com um beijo na testa.
“Como vai pirralho?” A senhora Rebeca sorriu, entregando nos braços de Atlas sua irmã mais nova, Sophia.
“Hum, não sei, mãe... Tive um sonho meio estranho.”
“Só espero que sua cama não esteja melada.” Rebeca, a mãe de Atlas, jogou um cubo de açúcar na cabeça dele. Atlas imediatamente encolheu os ombros largos, dando uma pequena risada.
“Ouch! Não foi esse tipo de sonho!” Ele respondeu enquanto colocava a pequena Sophia em sua cadeirinha de bebê.
“E o que foi então?” A senhora Rebeca lançou um olhar de preocupação, ela sabia que às vezes o filho poderia ter pensamentos deveras intensos sobre o recente divórcio e estava esperando alguma resposta que a levasse de volta a essa problemática. Ela esperou em silêncio enquanto Atlas formulava alguma resposta minimamente racional para aquela hora da manhã.
“Noite passada eu sonhei que alguém me amava.” Atlas respondeu distante.
E aí estava a resposta que a mãe temia mais que tudo. ‘Sonhei que alguém me amava’, como se ela não estivesse ali, não o tivesse parido, não o tivesse amado desde muito antes de poder encarar os olhos do próprio filho. Rebeca suspirou pesadamente sentindo-se cansada.
“De novo o mesmo sonho? Filho, quantas vezes eu tenho que dizer? Seu pai e eu te amamos muito!” Ela foi até onde Atlas estava e o abraçou o mais terna que pôde. “Sophia também te ama, não é?” A pequena Sophia olhou para cima e sorriu exibindo sua pequena gengiva com dois dentinhos à amostra.
“Atlas!” A vozinha inocente de Sophia era imbatível e Atlas naturalmente se deixou vencer, abrindo um largo sorriso de gratidão. Ele sabia que não poderia continuar se lamentando por mais nem um minuto sequer. A vida em Nova York era assim, cada pequeno cidadão vivia sua vida comum com pressa e por vezes sem amor. Atlas, por sua vez era verdadeiramente abençoado de poder viver sem tanta pressa e cercado por pessoas e bebês que o amavam.
Então, por quê? Porque esse sentimento de que algo estava faltando o deixava tão desconfortável?
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O metrô de Nova York era uma viagem, mas não no sentido figurado. Atlas literalmente viajava um par de quilômetros para sair do Brooklyn e chegar até sua escola particular no Upper East Side. Ele aproveitava o tempo vago para observar as pessoas e ver como elas se comportavam. Hoje por exemplo, um jovem ruivo segurava um violão protetoramente, enquanto ao lado dele estava uma garota morena com enormes fones de ouvido balançando a cabeça ao som do que quer que ela estivesse ouvindo.
Tinha sempre um ou outro rosto conhecido que pegava o metrô com ele aquela hora da manhã. A policial latina era um bom exemplo, ela que parecia estar constantemente atenta a qualquer menor tentativa de movimento. Isso é o quão alerta ela estava. Atlas observou a chegada da senhora negra que normalmente sentava do outro lado do vagão, ela tinha certo ar de generosidade em seu olhar e hoje não era diferente. Atlas viu também o cara de terno e gravata, que passava o trajeto inteiro olhando para seu relógio de pulso e mudando-o de lugar. Eram pessoas que moravam na mesma cidade e que dividiam diariamente o mesmo metrô, mas que provavelmente nunca iriam se falar. Era isso o mais engraçado sobre Nova York, Atlas percebeu. A diversidade das pessoas que moravam ali, não significava uma comunicação de qualquer natureza entre estas mesmas pessoas. E ainda assim, ali eles estavam.
“Ei, estranho. Bom dia!” Uma voz feminina se dirigiu a Atlas. Ele virou o rosto para ver quem tinha embarcado na última estação e não pôde esconder a enorme surpresa que sentiu.
“O que?! Eu não acredito no que os meus olhos veem!” Atlas falou em tom jocoso. Simon e Stella estavam impecáveis, com seus uniformes em perfeita ordem, como era de se esperar. Crescidos em berço de ouro, os dois eram brancos, tinham olhos claros, narizes afilados e boca rosada. A coisa que mais diferenciava um irmão do outro eram os cabelos azuis de Stella.
“Ah, qual é!” Simon Lancaster replicou, sentindo-se um pouco envergonhado.
“Os irmãos Lancaster andando de metrô como os cidadãos normais fazem?!” Atlas replicou e riu pela primeira vez no dia, mas sua namorada de longa data, Stella Lancaster não pode deixar de notar que seu riso sustentava uma nota de tristeza. Ela sentou-se no colo dele e deu-lhe um beijo no rosto.
“Queria fazer uma surpresa!” Stella disse e deu língua em seguida.
“Eu estou surpreso, pode acreditar.” Atlas deu um beijo na testa de Stella como costumavam fazer desde que eram crianças e depois, ele apertou a mão de Simon com força até que um dos dois desistisse, outro hábito vindo da amizade de infância.
“Pra dizer a verdade, eu não sabia que o metrô era pago.” Admitiu Simon enquanto desviava o olhar, o que causou uma crise de riso em Atlas, até que chegassem a seu destino final. Atlas, Simon e Stella andaram os poucos blocos restantes até chegarem a sua escola particular, a renomada e prestigiada Dalton School cujos três prédios marrons avermelhados, poderiam ser vistos de longe.
“Então pessoas tão ricas que não sabem andar de metrô realmente existem!” Atlas comentou rindo novamente, mas dessa vez ele sorria de forma mais honesta, o que acalmou o coração ansioso de Stella. Afinal, ela sabia que teria de dizer a verdade o mais rápido possível, mas não queria magoa-lo nem um pouco a mais. Ele já tinha passado pelo suficiente com o divórcio dos pais...
“Bom dia!” Hannah Envystone sorriu e abraçou a Atlas e os irmãos Lancaster nos portões da escola. Ela tinha a pele negra, rosto delicado, cabelos ondulados e voz suave. Hanna era o quarto elemento do grupo e provavelmente a garota mais popular da escola.
“Como foram as férias na Europa?” Simon perguntou á Hanna um pouco interessado demais. A verdade é que todos sabiam que ele tinha uma queda por ela desde a sexta série, mas ela sempre o dispensava gentilmente.
“Foram bem, Simon. E vocês ficaram aqui por Nova York mesmo?”
Simultaneamente a conversa de seus amigos, Atlas permitiu que sua mente se distraísse do papo colegial e divagasse a um assunto o qual ele esteve protelando durante todo o período de férias.
O namoro com Stella.
Atlas entendia que precisava ser mais honesto quanto a seus sentimentos por ela. No momento em que eles começaram a namorar ano passado, as coisas estavam diferentes, eles eram melhores amigos tentando desenvolver algum sentimento novo, mas isso não aconteceu. Atlas sabia que nunca sentiu nada especial por Stella e ele suspeitava que o mesmo acontecesse com ela. Ele decidiu naquele momento que conversaria com ela no final da aula. Isso mesmo. E quando deu por si, Atlas já estava sentado em sua carteira no fundo da sala, com Stella do lado direito, Simon do lado esquerdo e Hanna um pouco atrás.
“Olá classe. Espero que vocês tenham passado as férias divertindo-se em algum lugar, enquanto alguns de nós tínhamos nossos corações partidos por médicos com PHD, que não gostam de ovo cozido.” A senhorita Clark sempre trazia narrativas estranhas sobre seus relacionamentos pessoais inseridas em falas normais durante a aula.
“Hoje nós temos uma aluna nova na classe.” Ela prosseguiu usando um tom de voz mais sério. “Eu espero que vocês a recepcionem com o melhor espírito estudantil que têm.”
Os olhares na sala se voltaram para a porta esperando que a garota nova entrasse. Até mesmo Atlas que ainda estava meio distraído virou-se para ver de quem se tratava. A porta se abriu e a novata entrou caminhando com confiança. Foi neste momento que Atlas sentiu uma repentina pancada na parte detrás da cabeça. Ele arquejou e tocou o local onde tinha sentido dor com mais intensidade, fechando os olhos.
Então ele começou a lembrar...
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Atlas estava em um corredor preto e branco. Ele podia ouvir o som de seus passos apressados, ecoando pelas paredes. Atlas correu, empenhando-se ao máximo, mas apesar disso o enorme corredor a sua frente parecia não ter fim. Não importava quanto empenho ele dedicasse em apressar seus passos, o corredor era aparentemente interminável como em um cartoon antigo. Atlas sentiu-se em uma esteira que só o levava pra trás. Ele não sabia do que estava correndo ou para onde estava indo, só existia a certeza irracional de que ele precisava seguir em frente. Em algum momento Atlas finalmente alcançou a maçaneta de uma porta vermelha cuja cor era tão vibrante quanto sangue. Ele sentiu a estranha certeza que encontraria algumas respostas ali. Atlas empurrou a maçaneta e ficou temporariamente cego pela quantidade de luz a que foi exposto. Quando ele finalmente conseguiu enxergar algo, sentiu um enorme pânico toma-lo subitamente. Atlas se viu de pé sobre a cobertura de um prédio. Ele arriscou dar alguns passos adiante para confirmar seus temores.
Era Manhattan e estava completamente destruida.
De onde estava, Atlas conseguia avistar os restos em chamas do Empire States e uma parte do Central Park que havia sido completamente arruinada, era possível identificar que os canos e tubulações de esgoto tinham sido a única coisa restante daquele lado. Mas não era só isso. As ruas estavam destroçadas, pegando fogo ou alagadas como se o oceano tivesse invadido uma parte da ilha transformando-a em uma ilhota. Para além disso, haviam destroços em todo lugar, flutuando, como se ele estivesse no olho de um enorme furacão. Foi quando ele ouviu um som enssurrecedor que poderia ter estourado seus tímpanos. Atlas virou a cabeça na direção do estrondo e observou impressionado quando um enorme vão entre vários prédios se formou para que um míssil passase por entre eles atingindo poderosamente uma estranha figura à distancia.
“Puta que pariu!” Atlas exclamou aterrorizado.
Então ele a viu. A garota de seus sonhos estava no topo de outro prédio e o olhar em seu rosto era absolutamente destemido. Não se poderia encontrar um vestígio sequer de medo no rosto dela. A garota de pele negra e cabelos cacheados esvoaçantes, correu e pulou no ar. Entretanto ela não caiu, seu corpo de alguma forma impulsionou-se para o alto, voando. Logo, Atlas teve a certeza de que aquilo era um sonho e que ele deveria acordar a qualquer instante. A menina estava vestida com o mesmo uniforme de sua escola, uma saia cinza e um blazer longo de botões preto. Em seu braço direito encontrava-se um pequeno escudo cinza, com uma pedra roxa no meio e ela esbanjava segurança em cada movimento. Repentinamente, o fragmento de um prédio espelhado sobreveio sob a garota mágica, aparentemente empurrando-a contra outro edifício, enviando-a para o que deveria ser a morte certa. Mas antes que Atlas pudesse pensar em qualquer coisa a garota ressurgiu, saltando de um imóvel em ruínas para o outro ao lado. Ela viu quando uma enorme flecha escarlate foi lançada em sua direção e usou seu escudo, que emitiu uma luz roxa, para defender-se.
A garota então sofreu mais dois ataques das mesmas flechas flamejantes que vinham prontas para derruba-la, a garota parecia um pouco mais cansada a cada golpe absorvido pelo escudo.
“Isso é insano!” Atlas falou para si mesmo. Seus olhos ainda estavam vidrados na cena que se desenrolava quando uma voz inumana dirigiu-se a ele.
“É demais para ela lidar só, mas ela veio aqui consciente disso.”
Atlas inclinou o olhar para cima e viu sob o teto um gato branco de cabeça pra baixo, assistindo a batalha. Não era bem um gato, porém. O animal não tinha focinho, nem boca. Apenas um terceiro olho vermelho no queixo. Como isso claramente se tratava de um sonho Atlas respondeu ao misterioso animal a primeira coisa que passou pela sua cabeça.
“Ainda assim! Ninguém deveria ter que enfrentar isso sozinho!”
Assim que Atlas terminou de falar, a garota foi atingida em cheio por um ataque da figura estranha ao longe. O golpe foi executado com perfeição de forma que o corpo da garota saiu arrastado até bater nos escombros de um edifício ao lado do que Atlas estava. Quando a fumaça do impacto abaixou Atlas pôde ver que a menina de cabelos esvoaçantes virou a cabeça e, finalmente, o viu. Várias emoções cruzaram o rosto dela: surpresa, incompreensão, raiva e por fim preocupação. A garota gritou, mas de sua boca nenhum som saiu. A única voz que se fez ser escutada foi a do misterioso gato.
”Você sabe, se ela desistir acabou. Será o fim, a não ser que você faça algo.”
“Fazer algo?”
“Atlas Youngblood... Somente você tem o poder de mudar isso.”
“E-Eu?”
“Sim... Todo esse caos e destruição, você pode impedir, se quiser. O poder para mudar o destino está dentro de você.”
“Posso mesmo fazer algo para ajudar? Poderia eu ajudá-la?” Atlas perguntou novamente, sentindo-se pasmo.
“É claro que poderia. Então faça um contrato comigo e torne-se um jovem mágico!”
Autor(a): ahsfan
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