Fanfic: Ironic (AyA) | Tema: Rebelde

Tudo certo e definido. A principio a duração do projeto aceito por Anahí era de seis meses. Mas depois se estendeu para de sete meses a um ano. Apesar de achar tempo demais a loira aceitou sem muito reclamar. Afinal, estaria garantindo um futuro, melhor ainda, para a filha. Quando tudo acabasse voltaria para Paris e seguiria sua vida normalmente.

Durante esse período deixaria o apartamento de Paris sob os cuidados de Emily, sua amiga. Enquanto isso permaneceria morando com Marichello, por insistência da mesma. Luiza já estava matriculada em uma escola bilíngüe perto da casa da madrinha. A pessoa mais eufórica com toda essa mudança era ela, já que agora viveria perto de toda sua família.

Sábado.

Apartamento 1802 – 14h50min p.m.

Marichello: Falta alguma coisa?

Anahí: Não. – pôs a ultima mala para dentro do apartamento e fechou a porta.

Marichello: Até que enfim. – jogou-se no sofá.

Anahí: Agora tenho que arrumar tudo isso. – sentou ao lado da irmã e fez uma cara de coitada.

Marichello: Nem me olhe assim. Daqui eu não saio.

Anahí: Chata!

Resmungando, a loira levantou do sofá e começou a levar as malas para o quarto de hospedes. Realmente Marichello cumpriu o que falou. No sofá estava e no sofá ficou. Anahí cada vez que passava pela sala fazia cara feia para irmã, que apenas ria, sem dar a menor importância.

Anahí: Hei! Tem alguma gaveta vazia aqui? – gritou diretamente do quarto.

Marichello: Acho que tem. – chegou ao quarto e se aproximou da irmã que estava sentada no chão em frente ao guarda roupa.

Anahí: Não achei.

Marichello: Vou por esses lençóis no guarda roupa do meu quarto, lá está mais vazio.

Anahí: E esses teus sapatos também. – abriu uma porta e começou a tirar os pares de dentro – não sei como uma única pessoa consegue ocupar dois guarda roupas de casal!

Marichello fingiu que não ouviu o comentário da irmã e continuou a levar a pilha de lençóis para o quarto ao lado. Pouco tempo depois já estava de volta e ajudava Anahí a guardar o resto das coisas.

Marichello: Vai deixar a Lu na casa da mamãe ou vai buscá-la?

Anahí: Não sei – se encaminhou para o banheiro, onde começou a guardar todos os produtos de higiene intima, dela e da filha – eu preciso ir ao mercado ainda hoje, comprar as coisinhas da Lu.

Marichello: Que coisinhas? – seguiu a irmã e ficou parada na porta do banheiro.

Anahí: Essas besteirinhas de criança. Biscoitos, achocolatado... – voltou para o quarto, sempre com Marichello atrás – não tem nada disso pra ela aqui. Talvez eu passe lá e a pegue quando estiver voltando.

Marichello: Quer que eu vá com você? – se ofereceu.

Anahí: Não precisa. É só me emprestar o carro.

Já no supermercado Anahí andava distraidamente por entre as prateleiras. Pegava os produtos necessários que mais agradariam Luiza, só que não exagerava. Nada de muito doces e baboseiras. Apenas, como havia dito horas antes à irmã, necessidades de criança. Guiando cuidadosamente o carrinho, preparava-se para fazer a curva em uma das prateleiras quando esbarra, sem querer, em alguém.

Anahí: Perdão! – levantou a cabeça e encarou a pessoa, com os olhos confusos – Alfonso?

Alfonso: Anahí! – sorriu e a cumprimentou com dois beijos rápidos no rosto – que prazer encontrá-la aqui.

Anahí: Prazer e surpresa – pousou uma mão na lateral do carrinho – o que faz aqui uma hora dessas?

Alfonso: Um dos pontos negativos de morar sozinho e ainda por cima parar pouco em casa – riu – abri a geladeira e não tinha nada dentro. Tive que vir comprar.

Anahí: Sei bem como é isso. Antes eu até deixava faltar algumas coisas, mas com criança é impossível – o acompanhou no riso e apontou para o carrinho com a cabeça.

Alfonso: Ah, sim, sua filha. – sorriu – como é o nome dela?

Anahí: Luiza. – o tom de orgulho que tinha na voz dela era perceptível de longe. Alfonso sorriu, admirando isso.

Alfonso: Bonito nome. – elogiou – Preparada para começar o trabalho na empresa? – fez um gesto com a mão, indicando que ela andasse.

Anahí: Acho que ansiosa seria a palavra mais adequada. – voltou a andar, e enquanto conversava com ele, observava os produtos na prateleira.

Alfonso: Você vai gostar de lá, tenho certeza.

Anahí: Não duvido. – virou o rosto para ele e sorriu, antes de pegar três pacotes de biscoito e por no carrinho.

E os dois ficaram em silencio. Mas não era um silencio constrangedor e sim tranqüilo. Enquanto Anahí andava Alfonso ia a acompanhando, lado a lado. Ao mesmo tempo em que a observava Alfonso se lembrava de toda a história que Dulce havia contado dias antes. Por diversas vezes, desde aquele dia, ficava imaginando tudo que Anahí provavelmente passou naquela época. Mas agora, vendo-a assim, poucas pessoas diriam que ela teve uma fase ruim na vida. E muito menos que já era mãe.

Não tinha como não reparar no corpo esbelto da mulher. Era tudo na medida certa, devidamente distribuído. Quando a loira levantou os braços e esticou um pouco o corpo para poder pegar um produto que estava em uma prateleira mais alta, Alfonso não pode deixar de dar uma secada básica no corpo dela. Disfarçou rapidamente quando a viu voltar a posição normal e encará-lo.

Anahí: Pega pra mim? - tinha a carinha dengosa e um sorriso de menina do rosto. Alfonso riu e balançou a cabeça, antes de pegar o produto.

Alfonso: Este? - observou o shampoo infantil primeiro para depois mostrá-lo a Anahí.

Anahí: Sim. - olhou para ele e sorriu - obrigada.

Alfonso: Por nada.

Já na fila do caixa Anahí e Alfonso aproveitaram para prolongar ainda mais a conversa. Já que iam trabalhar juntos, nada melhor do que se conhecerem bem e manterem uma amizade. Durante todo o tempo que ficaram rodando pelo supermercado, Anahí mordeu a língua para não perguntar o que tanto queria saber. Mas, chegou um momento em que não conseguiu segurar mais a curiosidade.

Anahí: E você e a Dulce? Como estão? – escorou-se no carrinho e cruzou os braços enquanto esperava sua vez.

Alfonso: Estamos bem – coçou a nuca e mirou a loira – brigamos às vezes só que nada muito serio. Brigas normais.

Anahí: Que bom. – sorriu.

O silencio predominou entre eles. E assim permaneceu ate que os dois já estivessem com as compras pagas e empacotadas, se encaminhando até o estacionamento.

Anahí: Obrigada pela ajuda – disse assim que Alfonso guardou a ultima sacola no banco de trás do carro da loira.

Alfonso: Por nada. – fechou a porta e virou-se para ela – Anahí...

Anahí: Me chame de Any, por favor. – o interrompeu, sorrindo.

Alfonso: Tudo bem, Any – sorriu junto com ela – então... Eu queria te falar uma coisa... Não sei bem se você vai se importar, mas... É uma curiosidade que está me corroendo há alguns dias...

Anahí: Para de enrolar e fala logo – se escorou no carro e Alfonso se posicionou bem a sua frente.

Alfonso: Ok, ok. É que, bem... – começou a falar um pouco sem jeito. Afinal, aquela historia não tinha absolutamente nada a ver com ele – a Dulce me contou a historia de vocês.

Ao contrario do que Alfonso esperava Anahí não reclamou, não gritou e muito menos demonstrou surpresa. Apenas virou o rosto para o lado e permaneceu com o olhar vago, focado em algo. Colocou as mãos dentro dos bolsos da frente da calça e voltou a olhar para Alfonso.

Anahí: Eu já imaginava isso.

Alfonso: Não se incomoda?

Anahí: Na verdade não – balançou a cabeça devagar – é passado, não importa mais.

Alfonso: E você não guarda magoa delas? – cruzou os braços, interessado.

Anahí: Não sei – confessou, sem se importar – talvez sim, talvez não. É bem relativo.

Alfonso: Como assim? – indagou bastante curioso.

Anahí: Nem eu mesma sei explicar. E sinceramente – continuou depois de alguns segundos em silencio – é um assunto que eu não gosto muito de ficar falando. Se você não se importa...

Alfonso: Tudo bem – afirmou com a cabeça – deve ser realmente uma coisa muito difícil.

Anahí: Você não imagina o quanto – suspirou pesadamente – mas já passou, não tem pra quê ficar lembrando disso.

Alfonso: Tem toda razão. Mas então, onde está a Luiza?

Anahí: Na casa da minha mãe – sorriu enquanto agradecia mentalmente por ele ter mudado de assunto – tô indo lá buscar ela agora.

Alfonso: A essa hora? – ergueu uma sobrancelha, olhando o relógio no pulso – já passa das dez!

Anahí: Não brinca! – assustou-se – Sem duvida ela já deve estar no milésimo sono. Pelo visto vou ter que deixá-la dormir lá.

Alfonso: E tem algum problema nisso?

Anahí: Nenhum. Mas ela não é muito acostumada e dormir sem mim. E nem eu sem ela.

O sorriso de Anahí se alargou mais ainda quando viu Alfonso soltar uma gargalhada. Não sentia vergonha alguma em admitir isso. Afinal, qual o problema de uma mãe não conseguir dormir longe de sua única filha?

Alfonso: Você deve ser uma mãe maravilhosa.

Anahí: Obrigada. – sentiu as bochechas arderem levemente devido ao elogio inesperado e, aparentemente, bastante sincero. Cruzou os braços e encarou Alfonso – Acho melhor eu ir, mesmo que não pegue a Lu, vou dar uma passada na casa da minha mãe.

Alfonso: Claro, não vou mais te prender aqui.

Anahí: Que é isso – sorriu descontraída – vejo você na segunda?

Alfonso: Com certeza. Sou seu chefe, esqueceu?

Alfonso piscou e Anahí riu. Trocaram um rápido beijo no rosto e Anahí entrou no carro. Deu partida e seguiu direto para a casa da mãe.