Fanfic: Ironic (AyA) | Tema: Rebelde

Pouco a pouco todos foram se acostumando àquela nova rotina. Anahí havia, em fim, comprando um carro. Nada muito luxuoso, mas o suficiente para suprir todas as suas necessidades mais urgentes. Ela e Marichello tinham contratado uma senhora para trabalhar no apartamento e poder ficar de olho em Luiza no turno da tarde. E a garotinha agora voltava do colégio de condução todos os dias, o que facilitava a vida de todos.

Anahí conseguiu se adaptar rapidamente ao trabalho na empresa. Já que o projeto exigia agora conhecia quase todos os funcionários, desde os diretores ate os que trabalhavam com serviços gerais. Sua amizade com Alfonso e Christopher havia crescido absurdamente. Já até haviam saído algumas vezes, mas sempre com os outros companheiros de trabalho juntos.

Herrera’s Company – 20h15min p.m.

Anahí: Ucker! – levantou da cadeira e foi até onde o amigo estava – Eu estou achando essa lista aqui toda estranha.

Christopher: Ela está toda errada. Olha só isso – apontou para a tela do computador – o cara mora no Rio de Janeiro e o estado é São Paulo!

Anahí: Pelo visto vamos ter que fazer uma pesquisa geral aqui para poder recolher todos os dados certos. – para ficar mais a vontade encostou o quadril na mesa, de modo que conseguisse observar o amigo e as informações que eram mostradas na tela – tem várias coisas erradas.

Christopher: Isso vai dar um trabalhão. – passou a mão pelos olhos – você tem noção de quantas pessoas trabalham aqui?

Anahí: Acho que faço idéia. Mas nós vamos dar um jeito.

Antes que a loira pudesse levantar e voltar para a sua mesa, Alfonso entrou como um foguete na sala, chamando a atenção dos dois.

Alfonso: Vamos embora?

Christopher: Como?! – confuso.

Alfonso: Olhe seu relógio. – aconselhou com a voz cansada.

Anahí: Cacete! – xingou e começou a arrumar suas coisas assim que viu que horas eram – porque não avistou antes? – olhou de cara feia para Alfonso.

Alfonso: E como eu ia adivinhar que vocês não sabiam que já passava das oito da noite?!

Anahí: Tenho que correr pra casa – Falou sem ouvir os outros – a Mari vai sair e eu tenho que ir logo para ficar com a Lu.

Christopher: Vai fazer algo essa noite? – perguntou a Alfonso enquanto desligava o computador e juntava suas coisas.

Alfonso: Não... – começou a falar e parou, assim que seus olhos caíram sobre Anahí – na verdade, vou sim.

Já longe de ambiente de trabalho Alfonso apenas ria e se acomodava melhor no banco do carona do carro enquanto Anahí resmungava e xingava Deus e o mundo. Como de fato não tinha nada para fazer e nem pretendia sair em plena sexta-feira à noite, o moreno decidiu ir para casa junto com a loira, usando a desculpa de que queria ver Luiza. E como seu carro estava no conserto foi junto com Anahí sem ao menos se importar com a hora.

Anahí: Depois não venha me pedir pra te levar pra casa.

Alfonso: Não se preocupe comigo querida, eu chamo um táxi – sorriu.

Anahí resmungou alguma coisa e deixou toda a sua atenção focada no transito. Não que ela não gostasse dele ou não quisesse sua companhia. Mas tinha planos de passar a noite inteira de pernas para cima sem fazer absolutamente nada. Bom, pelo visto isso teria que esperar.

Anahí: Já que você tá aqui mesmo pega minha bolsa, por favor. – apontou rapidamente para o banco de trás, mostrando onde estava o objeto.

Alfonso: Claro, senhora. – inclinou o corpo para trás e pegou.

Anahí: Obrigada.

Assim que o carro parou no sinal vermelho ela virou para Alfonso e começou a procurar o celular dentro da bolsa. Alfonso cogitou a possibilidade, por um momento, de dizer que ela estava muito folgada já que a bolsa continuava em seu colo e ela nem fazia menção de tirá-la de lá. No entanto, deixou passar.

Alfonso: Não se deve falar ao celular enquanto dirige. – já que não tinha mais nada para fazer decidiu torrar a paciência dela, só para ter o prazer de vê-la fazer cara feia para ele.

Como Anahí já sabia que ele fazia isso apenas para provocá-la deixou para lá e começou a falar com a irmã, assim que Marichello atendeu ao telefone.

Anahí: Mari! A Lu já jantou?

Marichello: Tomou um pouco de sopa, mas já tem um tempinho.

Anahí: Hum... Você está muito ocupada?

Marichello: Mais ou menos, estou terminando de me arrumar.

Anahí: Então dá tempo de comprar uma pizza antes? – olhou de relance para Alfonso, que prestava atenção na conversa deles.

Marichello: Claro. Sem problema.

Anahí: Ótimo! – depois de desligar o celular e deixa-lo cair por entre as pernas, virou o rosto para Alfonso rapidamente – você vai pagar. – informou.

Dito e feito. Alfonso realmente pagou a pizza, mas não se sentiu nem um pouco incomodado por isso. Durante todo o caminho até o apartamento de Anahí os dois riram mais do que achavam ser possível. As ironias agora eram altamente bestas e desnecessárias, e isso os divertia. Davam-se bem demais, e quem os visse de longe pensaria que aquilo ia alem de uma simples amizade.

Marichello: Até que enfim! – exclamou, assim que viu os dois entraram – A Lu tá no quarto e eu estou atrasada. Beijos, beijos.

Sem esperar eles falarem algo, ou sequer perguntar o que Alfonso fazia ali, Marichello saiu apressada pela porta. Os dois se olharam confusos e deram com os ombros. Alfonso se acomodou no sofá, enquanto Anahí colocava a pizza na mesa da cozinha.

Anahí: Vou chamar a Lu.

Alfonso: Certo. – balançou a cabeça. E, se sentindo em casa, ligou a tevê.

A loira, que já estava no corredor, quando ouviu o baralho riu. Ele era realmente muito folgado. Deixou Alfonso de lado e continuou o percurso até o quarto. Assim que entrou encontrou Luiza sentada na cama e com várias bonecas ao seu redor.

Luiza: Mamãe! – levantou e foi até Anahí, agarrando suas pernas – você demorou demais.

Anahí: A mamãe estava resolvendo umas coisas. – se abaixou até ficar na altura na menina e a abraçou – tem uma pessoa lá na sala que quer ver você.

Luiza: Me ver? – os olhinhos estavam confusos – é a vovó?

Anahí: Não, não. – balançou a cabeça e reprimiu um sorriso. – vamos lá? – levantou e segurou na mão dela.

Luiza: Tá.

Ainda de mãos dadas com a mãe Luiza seguiu com ela até a sala. Estava realmente curiosa querendo saber quem tinha ido até lá para vê-la. Quando avistou Alfonso um sorriso alargou-se em seu rosto e ela se jogou nos braços dele, o abraçando o mais apertado que conseguia. Já fazia alguns dias que não o via e a saudade aflorava.

Luiza: Tio Poncho! – sorridente, permaneceu sentada no colo dele – a mamãe não quis me falar que era você que tava aqui.

Alfonso: Era uma surpresa. – sussurrou no ouvido dela.

Anahí: Enquanto vocês matam essa saudade eu vou lá dentro trocar de roupa.

Os dois pareciam nem ouvi-la mais já que estavam totalmente entrosados na conversa. A loira sorriu e seguiu ate o quarto. Era melhor assim, pelo menos teria tempo para tomar um banho.

Depois de voltar para a sala, quase meia hora depois, Anahí encontrou os dois sentados no chão e uma enorme pilha de DVDs infantis ao lado deles. Alfonso segurava o filme da Barbie e Luiza parecia bastante concentrada na tarefa de procurar algum outro filme que não estava encontrando. Aproximou-se com cuidado e abaixou, ficando ao lado da filha.

Anahí: O que as duas crianças estão fazendo? – gargalhou quando viu o olhar de desdém que Alfonso lhe lançou.

Luiza: Eu não sei que filme assistir. – fez uma carinha triste e colocou as duas mãos sobre o rosto.

Anahí: Que tal comer antes e depois decidir? – olhou para Alfonso, pedindo cooperação.

Alfonso: Isso! Vamos lá, Lu?

A garotinha apenas concordou com a cabeça e levantou junto com Alfonso. Anahí colocou a mão na parte de trás da cabeça da filha e a guiou delicadamente até a cozinha.

Anahí: Opa! – parou subitamente – vai lavar as mãos Lu.

Luiza: Tá bom.

Assim que a menina saiu, Anahí se virou para Alfonso, que já estava sentado.

Anahí: E vai você também, Poncho. – virou-se e seguiu até a geladeira.

Como quem não quer nada, Alfonso levantou e foi até ela. Discretamente parou atrás da loira.

Alfonso: Any...

Anahí: Oi! – virou-se para ele e se surpreendeu ao sentir as duas mãos firmes segurarem sua cintura – tá louco?

Alfonso: Eu não sou criança, certo?

Ainda atônita, sem conseguir falar nada, a loira se amaldiçoou internamente por causa do seu corpo que tremeu levemente assim que as mãos dele deslizaram firmemente por sua cintura, fazendo uma leve pressão.

Anahí: Poncho... – foi tudo o que conseguiu dizer e torceu para que sua voz tivesse saído mais alta do que um sussurro.

Alfonso: Não quer lavar as mãos junto comigo? – deixou a lateral do seu rosto passar pelo dela e puxou a ponta de sua orelha – heim?

A loira não teve tempo de responder por que quando deu por si a boca dele já estava colada a sua. Mas o que aconteceu foi apenas um selinho, um tocar de lábios. Alfonso nem ao menos sabia o porquê de estar fazendo aquilo, simplesmente sentiu vontade. Já fazia alguns dias que vinha reparando nela com outros olhos. E não era apenas uma admiração física, era também o jeito dela que chamava sua atenção. Como mãe e como mulher. Ela tinha um jeito encantador para conseguir se desdobrar em três e dar atenção a filha, ao trabalho e a ela mesma, claro.

Anahí estava completamente confusa com essa reação dele. Ele nunca havia demonstrado interesse algum nela, e agora estava ali, com as mãos em sua cintura e os lábios encostados nos seus. Não podia negar que o achava um homem muito bonito e atraente, mas daí a ter um envolvimento com ele já era outra historia. Nunca daria certo. Ou daria?

Anahí: Poncho... – tornou a chamá-lo e com muito custo colocou as mãos em seus ombros, empurrando-o de leve – a Lu já deve estar vindo aí.

Alfonso: Mais tarde – tornou a encostar os lábios no dela, dando um selinho – quando a Lu estiver dormindo – outro selinho – nos vamos conversar. – depois de lhe lançar uma piscadela virou as costas para ela e saiu tranquilamente da cozinha.