Fanfic: Ironic (AyA) | Tema: Rebelde

E a reação de Anahí foi uma surpresa para os três. Ela deu uma risada baixa e se virou para Dulce. Os olhos exibiam uma frieza muito difícil de encontrar naquela imensidão azul. O canto do lábio estava um pouco levantando, com a sombra de um risinho irônico.

Anahí: Sabe Dulce, essa sua pergunta ridícula merecia uma resposta bem dada, mas eu não vou me dar ao trabalho. – coçou a ponta do nariz com a unha, mais por reflexo do quê por outra coisa – eu tenho uma casa para arrumar e uma filha para cuidar. Não tenho tempo de ficar discutindo baboseiras com uma criança mimada e imatura como você.

As palavras da loira atingiram Dulce em cheio. O rosto aos poucos foi ficando tão vermelho quanto o cabelo. As mãos se fecharam em forma de punho ao lado do corpo e ela já se preparava para avançar em Anahí quando as mãos de Maite a impediram.

Maite: Dulce, por favor. – falou com calma – não vá armar barraco.

Dulce: Você ouviu o que ela falou? – perguntou revoltada.

Maite: Não liga pra ela.

Feliz com a aparente vitória, Anahí foi até Alfonso e o abraçou mais uma vez, além de lhe dar um beijo no rosto. Fez isso única e exclusivamente para provocar Dulce.

Anahí: Quando chegar em casa me liga pra dizer se tá tudo bem.

Alfonso: Pode deixar.

Anahí pensou ter visto a sombra de um risinho brincando nos lábios de Alfonso assim que se virou para entrar em casa. Mas deixou passar e fechou a porta sem olhar para trás.

Dulce: Me explique que palhaçada é essa. – falou entre dentes, controlando a raiva.

Alfonso: Como é?! – a risada irônica que ele deu só serviu para aumentar ainda mais a raiva que a ruiva estava sentindo. – não tenho porque dá explicações a você.

Dulce: Eu falei, não falei?! Eu falei que tinha sido por causa dela que nosso namoro terminou.

Alfonso: Negativo. – balançou a cabeça com calma – nosso namoro acabou por nossa causa. A Any não tem nada a ver com isso.

Dulce: Foi? E você não perdeu tempo antes de ir atrás dela, não é verdade?

Alfonso: Não preciso ficar aqui respondendo essas suas perguntas sem fundamento. O que eu faço ou deixo de fazer não diz mais respeito a você, Dulce.

A ruiva já se preparava para dar uma resposta quando a porta do apartamento de Anahí se abriu fazendo os três viraram a cabeça na direção dela. Saindo de lá como um furacão, Luiza se jogou em Alfonso e agarrou suas pernas, abraçando apertado. Sorrindo, Alfonso olhou de relance para Anahí e ergueu uma sobrancelha, questionando aquilo. A loira apenas encolheu os ombros e balançou a cabeça.

Alfonso: O que foi baixinha? – acariciou os cabelos da menina.

Luiza: Você ia embora sem falar comigo tio Poncho? – largou um pouco as pernas dele e coçou os olhinhos ainda inchados devido à longa noite de sono.

Completamente abobalhado com o carinho que a menina já nutria por ele, Alfonso se abaixou e segurou as pequenas mãozinhas.

Alfonso: Você estava dormindo Lu, não queria te acordar.

Luiza: Não quero que você vá embora agora. – agarrou o pescoço dele e o abraçou.

O moreno sorriu e acariciou, mais uma vez, os cabelinhos ruivos da menina. Levantou os olhos e mirou Anahí, que estava escorada no vão da porta. Mas nem todos estavam felizes com aquela cena. Mesmo tentando acalmar a amiga, Maite não obteve muito sucesso. Dulce virou de costas e voltou a entrar no apartamento. Sem escolha, Maite seguiu a amiga.

Anahí: Chama esse tio chato pra entrar, Lu.

Luiza: Mamãe! – largando Alfonso, virou para a mãe e colocou as mãos na cintura – o tio Poncho não é chato! – exclamou.

Alfonso: Uiii! – olhou para Anahí e gargalhou – vamos Lu. – levantou e segurou a mão da menina.

Anahí: Tá me desculpe. – conseguiu dizer, depois que parou de rir.

Luiza: Vem tio Poncho.

A garotinha puxou Alfonso para dentro do apartamento. Este quando passou por Anahí não resistiu e roubou-lhe um selinho, ainda rindo da defensiva de Luiza.

Depois que os três entraram no apartamento Luiza arrastou Alfonso para a sala e ficou conversando com ele, enquanto os dois assistiam aos desenhos rotineiros que passavam na tevê. Como ainda estava comovido e encanto com o carinho da menina, Alfonso se mostrava totalmente interessado nos assuntos dela e lhe dava atenção total.

Anahí fez o café da manhã pra filha e levou até a sala. Como viu que sua presença ali estava sendo ignorada, resolveu dar um jeito na casa para ficar livre o resto do dia. Já havia limpada a suíte de Marichello e agora estava no banheiro de seu quarto quando Alfonso entrou.

Anahí: A Lu te deu folga, foi? – riu e guardou os sapatos que estavam espalhados pelo chão dentro do guarda-roupa.

Alfonso: Acho que sim.

Anahí: Pensei que ela não fosse te largar mais. Me desculpa ter feito você ficar aqui, mas ela assim que acordou perguntou por você. – comentou.

Alfonso: Não tem problema – a olhou e sorriu.

Anahí: Então tudo bem.

Ela sorriu de volta para ele e entrou no banheiro, onde começou a limpar tudo. Alfonso logo a seguiu e ficou encostado na porta, observando-a limpar o box de vidro com um pano úmido.

Alfonso: Não tem ninguém aqui pra ajudar?

Anahí: Tem, mas só vem durante a semana. E, para mim, a casa tem que ser arrumada todos os dias.

Alfonso: Então quer dizer que todo final de semana você faz isso? – apontou para dentro do banheiro com o queixo.

Anahí: Mas é lógico! Vou deixar a casa suja?

Alfonso: Ótima domestica você é. – não conseguiu segurar a gargalhada quando viu a cara que ela fez.

Anahí: Não sou domestica! – ergueu ameaçadora a mão para ele, segurando um pano. – agora saia daqui e me deixa trabalhar!

Alfonso: Eu vou deixá-la trabalhar em paz, só vim me despedir.

Anahí: Vai embora?

Alfonso: Sim. A Lu já me liberou.

Anahí: Ah, muito bem. – riu e secou as mãos em uma toalha, antes de se aproximar dele.

Alfonso: Quer ajuda ai? – perguntou em um tom casual enquanto a observava passar a toalha pelas pernas.

Anahí: Não seja engraçadinho. – tentou abafar uma risada, mas não conseguiu – vem, vou contigo até a porta.

E não demorou muito para Anahí se ver sozinha com Luiza no apartamento. Estava parecendo uma adolescente boba, refletiu enquanto terminava de arrumar a casa. Para quê sorrir a toa? Só porque havia passado momentos incríveis com um cara? Aquela historia toda não ia acabar bem... Ou pelo contrario, ia acabar bem demais.

Já à noite, deitada na cama, Anahí acariciava os cabelos da filha e conversava com a irmã que estava sentada em frente à mesa do computador e redigia alguns relatórios para o trabalho. O chefe estava viajando e tudo caia nas costas dela, fazendo-a trabalhar em pleno domingo.

Marichello: Então quer dizer que a Dulce viu você e o Poncho juntos?

Anahí: Nós só estávamos abraçados, não tinha nada demais. Só que ela ficou toda irritadinha. – fez uma cara de nojo e desdém.

Marichello: Mas vocês já tinham se pegado. – virou a cabeça para trás e mirou a irmã.

Anahí: Ninguém viu Mari. – mirou Luiza, que dormia tranqüila, e depois voltou sua atenção para Marichello. – e foram só uns amassos aqui e ali e alguns beijos.

Marichello: Beijos e amassos excelentes, pelo que você falou.

Anahí: E foram mesmo. – sorriu de leve – ele me pega de um jeito que não dá pra controlar.

Marichello: Sinto que tem alguém por aqui que está ficando apaixonada. – provocou a irmã e voltou sua atenção para o computador.

A loira parou por um momento e pensou sobre isso que Marichello havia acabado de falar. Não podia estar se apaixonando de forma alguma. Uma coisa era os dois darem alguns beijos, tentarem matar o tesão. Outra completamente diferente era engatarem algum romance. Não que estivesse com medo ou algo assim, mas tinha que olhar para o futuro. Quando o projeto da empresa acabasse ela voltaria para a França com Luiza. Como faria para manter um relacionamento a essa distancia absurda?

Anahí: Não posso me permitir sentir algo por ele. – voltou a falar depois de um tempo em silencio.

Marichello: E porque não, Any? – questionou – você já é adulta, não são algumas palavrinhas bonitas que vão conseguir te iludir novamente.

Anahí: Eu sei. – concordou – mas e quando eu voltar para a França? Como fica tudo?

Marichello parou de digitar e virou a cadeira na direção da irmã, a olhando com tamanha intensidade que Anahí teria dado um passo para trás, se estivesse de pé.

Marichello: E você pensa nisso? Voltar pra lá?

Anahí: Era esse o combinado. Não? – ergueu uma sobrancelha e olhou para irmã meio temerosa. Marichello às vezes a assustava.

Marichello: Pensei que você fosse querer ficar aqui, Any. Não tem porque voltar pra lá.

Anahí: Como não tem? Mari, minha vida é lá agora.

Marichello: Você foi para lá para poder fugir. Mas agora não tem mais essa necessidade.

Anahí: Não vamos discutir sobre isso agora, ok? – levantou da cama com cuidado e se preparou para pegar Luiza no colo. – já estamos pensando no futuro sem nem ao menos saber bem o que está acontecendo no presente.

Marichello: Você tem razão – concordou – mesmo assim eu quero que você pense bem nesse assunto, e veja se vale a pena largar tudo aqui novamente para voltar pra lá.

Anahí: Tudo bem, tudo bem.

Para fugir daquele assunto, Anahí se abaixou um pouco e pegou Luiza nos braços com cuidado. Depois de colocá-la na cama preparou-se para dormir. A semana estava só começando, precisava descansar.