Fanfic: Ironic (AyA) | Tema: Rebelde

Paris – 08h27min p.m.

Mãe e filha estavam deitadas no sofá da sala abraçadas e assistiam “A bela e a fera”. O melhor conto de fadas na opinião de Luiza. Anahí fazia carinho nos cabelos ruivos da menina que olhava fixamente para a televisão não querendo perder nenhum momento do filme, apesar de já o saber de frente para trás.

Anahí: Lu, me deixa levantar pra atender ao telefone.

Sem questionar nada, Luiza se separou um pouco da mãe, deixando que ela levantasse do sofá. Assim que Anahí se pôs de pé, a garota voltou a deitar e olhar para a televisão. A loira sorriu para ela e se encaminhou para o pequeno móvel onde estava o telefone.

Anahí: Alô?

Marichello: Any! Minha irmã, que saudades de você!

Anahí: Mari – falou já chorosa, só em ouvir a voz da irmã mais velha.

Marichello: Como você está? E a Luiza? – perguntou de maneira eufórica.

Anahí: Calma – riu – Eu to bem, e a Lu melhor ainda – sentou-se na cadeira que havia ao lado – E como estão todos por ai?

Marichello: Todos ótimos! Mas a mamãe vive perguntando quando você vem aqui fazer uma visita. Coitada, Any! Até hoje não se perdoou pelo que fez a você.

Anahí: Eu sei disso – riu um pouco – Já a perdoei, ela sabe. Não guardo magoa alguma – falou sincera.

Marichello: Entendo – fez uma pequena pausa – Mas e você? Quando vem?

Anahí: Não sei Mari. Não posso me afastar do trabalho agora.

Marichello: Apenas uns dias Any. Três, no Maximo. Fica cansativo pra você, eu sei. Mas estamos com saudades.

Anahí: Vou pensar Mari – suspirou – Mas não prometo nada, ok?

Marichello: Quando você vem dizer que não promete nada é porque a resposta é não. – resmungou baixo, mas o suficiente para que Anahí pudesse ouvir e rir.

Anahí: Se começar com isso eu não vou mesmo, heim? – falou em um tom chantagista.

Marichello: Você não deixaria de vir só por isso. Te conheço.

Anahí: Pior que é verdade. – concordou, mesmo a contra gosto.

Marichello: Sabia – gabou-se – Será que eu posso falar com minha afilhada agora?

Anahí: Bom... Ela está assistindo a Bela e a Fera. Tem certeza que quer interromper?

Marichello: Acho melhor não – gargalhou junto com a irmã, já conhecendo bem o vicio da afilhada – Então depois me ligue dizendo o que decidiu. Estarei esperando, sim?

Anahí: Pode deixar minha irmã. Amo você.

Após desligar o telefone, Anahí voltou para a sala e sentou na ponta do sofá onde Luiza estava deitada toda relaxada. Ficou olhando para a garota esperando que ela tirasse a atenção do filme.

Anahí: Vamos tomar banho mocinha?

Luiza: Agora não – deitou a cabeça nas pernas de Anahí, que prontamente começou a mexer em seu cabelo.

Anahí: Você sabe esse filme de frente para trás. Qual o problema de parar um pouquinho pra tomar banho? Está ficando tarde.

Luiza: Tem nada não – insistiu teimosa – quando terminar aqui eu vou dormir e pronto. – fez movimento com os braços como se tivesse a solução para todos os problemas.

Anahí: E você acha que eu vou te querer fedida desse jeito? – cheirou ela e depositou beijos em seu rosto.

Luiza: Ai mãe – gargalhou – eu tenho cócegas – falou tentando afastar o rosto de Anahí.

Anahí: Então levanta daí e vai tomar banho – deu uma tapinha na perna da filha e levantou.

Luiza: Era a tia Mari no telefone?

Anahí: Sim.

Luiza: E quando a gente vai ver ela? – levantou e seguiu a mãe até o quarto.

Anahí: Não sei ainda, eu já te expliquei uma vez que não dá pra ficar indo pra lá sempre, não foi?

Anahí pegava uma roupa para a filha na cômoda enquanto falava. O quarto era o típico quartinho de Princesa. Todo rosa bebê e branco, deixando o ambiente bem leve. A cama era alta e tinha alguns bichinhos de pelúcia e travesseiros por cima. Havia um criado-mudo ao lado, com um abajur, também na cor branca e rosa. Mais para o lado, quase em frente à janela, ficava a cômoda, onde eram guardadas algumas roupas. E, obviamente, não poderia faltar um sofá. O quarto não era grande, tinha o tamanho suficiente para uma garotinha de cinco anos.

Luiza, ou Lu, como era chamada por todos. Era calma e bem esperta. Foi criada só por Anahí e as duas se davam muito bem. Às vezes nem pareciam mãe e filha, e sim, irmãs. Fisicamente tinha os traços de Anahí, pois possuía um rosto bem afilado, quase angelical. Mas os cabelos meio ruivos eram devido ao pai, Felipe. Luiza não o conhecia, mas Anahí já havia falado dele algumas vezes. Tentava não tocar muito no assunto com a filha, pois sabia que uma figura paterna fazia falta. Mas também sabia que quando estivesse mais velha Luiza iria querer conhecer tudo a respeito de seu pai.

Felipe foi tão imaturo quando os outros. Engravidou Anahí e quando descobriu fingiu que nem a conhecia. A família dele deu todo o apoio para essa atitude. Eram de classe-média alta e não queriam a juventude do filho interrompida por causa de um deslize. Uma brincadeirinha de adolescente que teve conseqüências um pouco graves. Mesmo indignada com a atitude do namorado Anahí não questionou, de uma forma ou de outra ela sairia perdendo. Durante toda a gravidez só teve apoio de sua irmã mais velha, Marichello.

Luiza: Explicou sim.

Anahí: Então chega de papo e já para o chuveiro. – bateu no bumbum dela, bem de leve.

Luiza começou a rir e saiu correndo para o banheiro. Anahí riu também e foi atrás dela. Sempre que tinha esses momentos descontraídos com a filha, a loira começava a pensar em que rumo sua vida teria tomado se ela não tivesse engravidado naquele momento. Será que ela conseguiria ser tão feliz como é agora? Teria aprendido a ser tão forte e guerreira? Teria descoberto quem eram seus amigos de verdade? Esses eram questionamentos que sempre rondavam sua mente, e que ela adoraria ter a resposta, concreta, para todos eles. Quando chegou ao banheiro, já encontrou Luiza sem roupa e em baixo do chuveiro.

Anahí: É pra tomar banho direito.

Luiza: Me dá banho, mãe! – pulava embaixo do chuveiro de forma eufórica.

Anahí: Já falei que não pode ficar pulando no chuveiro – vai até a filha e começa a banhá-la – pode cair e se machucar.

Luiza: Mas é tão bom.

Anahí: Mas não é pra ficar fazendo isso, certo?

A garota concordou com a cabeça e Anahí terminou de lhe dar banho entre muitas gargalhadas e jogadas de água para todos os lados. Mesmo trabalhando muito, Anahí sempre arranjava tempo para a filha. Ao menos uma vez na semana faziam algum programa juntas, nem que fosse tomar um sorvete. Levava e buscava a garotinha na escola todos os dias. E sempre fazia questão de estar a par de tudo. Mesmo com a pouca idade fora obrigada a amadurecer muito rápido e apesar de tudo conseguia ser uma mãe exemplar. Causando inveja em muitas mulheres que não sabiam criar os filhos direito. 

Luiza: Mãe, eu quero ver a vovó. – já enrolada na toalha, sentou na cama. Os olhinhos estavam repousados na mãe, que acabava de se agachar a sua frente.

Anahí: Eu vou ver um dia que dê pra gente ir ver sua vovó.

Luiza: Ela ainda vai lembrar de mim? – ficou de pé, deixando a mãe vestir sua roupa.

Anahí: Claro, meu amor – riu de leve da inocência da filha – Ela nunca vai te esquecer, tenho certeza disso. Não precisa ter medo.

Diante daquela afirmação Luiza sorriu e abraçou a mãe, beijando seu nariz logo depois.