Fanfic: Ironic (AyA) | Tema: Rebelde

A semana passou mais rápido do quê todos esperavam. Depois de muita insistência de Alfonso, mesmo sem querer, Anahí aceitou acompanhá-lo ao tal churrasco. Apesar de estarem juntos e bem ela ainda tinha medo do que poderia acontecer por lá. Vestia-se já com vontade de tirar a roupa e ficar em casa. Mas manteve-se firme. Por Alfonso. Em poucos minutos ele chegaria para buscá-la e não teria mais escapatória. Se vestiu da maneira mais simples possível. Optou por uma saia jeans, rasteirinha e blusinha básica colada ao corpo. Quando ouviu o barulho do interfone, Anahí se olhou no espelho uma ultima vez e respirou fundo. Havia chegado à hora.

Anahí: Tem certeza que a gente tem que ir? – perguntou depois de entrar no carro e cumprimentá-lo com um beijo rápido.

Alfonso: Sim. – sorriu para ela e colocou a mão em sua coxa, dando um aperto – relaxa Any, eu vou estar lá contigo.

Anahí: Eu estou relaxada! – fez uma falsa cara de indignação e colocou o cinto – mas vamos de uma vez antes que eu desista.

Alfonso: Você quem manda.

Ainda rindo do medo dela Alfonso saiu com o carro e seguiu diretamente para o local onde seria realizado o churrasco. Sabia que já estava começando a ficar chato o modo como insistia para ela aceitar ir com ele. Mas fez isso por ela. Já tinha passado da hora de Anahí enfrentar de cara o passado e seguir uma vida nova sem sombras.

A loira olhava distraidamente pela janela e tinha o pensamento longe. Só voltou a si quando sentiu o carro parar. Olhou para fora e observou o lugar. Aparentemente era um local inofensivo. Apenas um clube, pensou Anahí, não tinha com o que se preocupar.

Alfonso: Vamos? – estava parado ao lado dela e com a porta aberta.

Anahí: Sim.

Vendo que a tensão dela ainda não tinha sido totalmente dissolvida, segurou firmemente em sua mão enquanto seguiam pela entrada do clube. Anahí esqueceu-se de observar a linda paisagem de lá. Afinal, estava ocupada demais tentando prever o futuro. Sentiu seu estomago embrulhar assim que olhou para frente e deu de cara com Bruno. O primeiro de vários ex-colegas de colégio que ela encontraria ali, naquele dia.

Bruno: Poncho! – cumprimentou o amigo com um aperto de mão – demorou.

Alfonso: Vim o mais rápido que pude. – retribuiu o gesto dele e soltou a mão de Anahí, colocando-a ao redor de sua fina cintura – essa é minha namorada, Anahí.

Bruno: Anahí?

Com os olhos arregalados ele observava a loira. Sem duvida havia mudado muito desde a época em que saiu de lá. Mas também pudera, não é verdade? Ela não era mais que uma adolescente e agora já era uma mulher. E uma bela mulher, vale ressaltar. Sentindo-se incomodado com o olhar que Bruno lançou para Anahí, Alfonso logo tratou de apertar ainda mais o braço ao redor do corpo dela.

Alfonso: Sim, Anahí. – repetiu.

Bruno: Uau! Quanto tempo, não? – sem saber o que falar, preferiu ir até ela e lhe dar dois beijos rápidos no rosto.

Anahí: Verdade. – deu um sorriso um tanto quanto forçado. Queria ir embora dali.

Bruno: Mas, vamos pra lá. – indicou o interior do clube com o braço – Estão todos reunidos na área da piscina.

Alfonso: Já estamos indo.

Depois que Bruno se afastou, o casal começou a caminhar em direção aos outros.

Alfonso: Não gostei do jeito que ele olhou para você. – comentou próximo ao ouvido dela.

Anahí: Pelo menos não me ignorou. – tentou fazer piada, mas fechou o pequeno sorriso quando viu a expressão seria dele. – não se estressa com isso, Poncho. Tô pouco me importando com ele.

Alfonso: Espero que esses idiotas não fiquem de gracinha com você. – falou enciumado e começando a se arrepender de ter insistido tanto para ela ir com ele.

Anahí: Não precisa ter ciúmes. – sorrindo de leve, parou de andar e ficou de frente para ele – a maioria das pessoas aqui faz parte do meu passado. – enfatizou a ultima palavra – e é lá que elas vão continuar.

Alfonso: Acho bom. – cobriu a mão dela com a sua e voltaram a andar.

Foram se aproximando dos outros discretamente. Infelizmente não obtiveram tanto sucesso quanto esperavam. Dulce, que estava sentada ao lado de Maite e de outro rapaz, logo percebeu a presença dos dois e os olhou fixamente. Balançou a cabeça em sinal de cumprimento e voltou a conversar como se estivesse pouco se importando por eles estarem ali e juntos.

Anahí reconheceu aquele rapaz. Os cabelos ruivos, quase laranja, não deixavam duvida alguma. Engoliu em seco e tratou logo de desviar o olhar, antes que ele percebesse e a olhasse de volta. Seria praticamente impossível ele não perceber a presença dela ali, mas preferiu adiar esse momento por pelo menos alguns segundos.

Alfonso: Oi gente. – sorriu e acenou para os amigos, antes de se sentar com Anahí ao seu lado.

Túlio: Não apresenta as amigas, Poncho? – mirou Anahí e sorriu. Era um dos poucos presentes que não a conhecia.

Alfonso: Ela é a Anahí, minha namorada. – enfatizou a ultima palavra de uma forma sutil.

E, como esperado, todos os olhares se voltaram para Anahí, que torcia para que um buraco se abrisse no chão e ela pudesse se esconder. Alguns a olhavam com espanto e outros com curiosidade. Mas, o que mais chamava a atenção da loira era o olhar de Felipe, que estava fixo nela. O rapaz nem ao menos piscava, parecia hipnotizado. No fundo, Anahí gostou daquilo. Era muito bom que ele visse o que perdeu.

Gabriela: Anahí, Anahí? – perguntou parecendo desnorteada – não acredito que é você!

Caroline: Nossa como você mudou!

E os comentários em torno da loira rolaram até dizer chega. Anahí, como não tinha nada para falar, apenas balançava a cabeça e lançava sorrisos rápidos, sem nem mostrar os dentes. De fato, estava se sentindo incomodada ali. Mas, ainda bem, as pessoas começaram a conversar entre si e esqueceram um pouco dela.

Alfonso: Desculpa te fazer passar por isso. – falou baixinho, perto dela. Os dois estavam um pouco longe dos outros e o moreno tinha uma mão repousada na coxa dela, que estava com as pernas cruzadas.

Anahí: Não precisa se desculpar. – o braço estava enroscado no dele e a cabeça apoiada em seu ombro – já pararam de falar de mim. Pelo menos na minha frente.

Alfonso: Você não existe. – riu baixo – quer beber algo?

Anahí: Agora não. Você quer? – levantou a cabeça.

Alfonso: Sim. Vou lá dentro pegar algo. – levantou do banco e a olhou – vem comigo?

Anahí: Lógico! – estendeu a mão para ele – não fico sozinha no meio dessa gente não.

Alfonso: Então vamos. – sorriu e a abraçou de lado.

Os dois passaram perto de onde estavam Dulce, Maite e Felipe. Os três batiam um papo sem fim e eram, aparentemente, bem entrosados. Pareciam ter uma amizade de anos que nunca era abalada. Isso fez Anahí ficar com um pé atrás em relação à visita que Dulce havia feito para ela na ultima semana.

Não demorou muito para o casal voltar ao mesmo local e começarem a conversar com Túlio, que havia se juntando a eles.

Túlio: Gosto muito de trabalhar nessa área. E o melhor é que ganha muito bem. – riu e deu um gole em sua bebida.

Sim, os três estavam falando de trabalho. E por uma mera coincidência, Túlio atuava na mesma área que Anahí e Alfonso.

Alfonso: Isso é verdade. E dependendo do que você está fazendo, ainda tem a comodidade de trabalhar em casa.

Os dois estavam conversando tão concentrados que Anahí preferiu não interromper. Como estava morrendo de vontade de ir ao banheiro, simplesmente levantou e foi.

Depois de rodar o clube quase todo, ela conseguiu, enfim, encontrar o bendito (ou seria maldito?) banheiro. Entrou, se olhou durante alguns minutos no espelho e depois tornou a sair. Pretendia seguir seu rumo de volta ao namorado, mas uma mão a impediu. Virou a cabeça para trás e deu de cara com Felipe, que segurava firmemente em seu braço.

Anahí: Poderia fazer o favor de me soltar? – disse com a voz suave, mantendo a calma.

Felipe: Como está Anahí? Nem tive a oportunidade de falar com você... Ainda.

Anahí: Muito bem. Agora me solta? – olhou para a mão dele, que ainda segurava seu braço.

O ruivo não respondeu e muito menos atendeu ao pedido da loira. Ao invés disso a puxou em direção aos fundos do banheiro, encostando-a a parede.

Felipe: Pra quê toda essa pressa? Vamos conversar um pouco.

Anahí: Não tenho nada pra falar com você.

Felipe: Como não? – riu descontraído – faz anos que não nos vemos. Temos muitas coisas sobre o que conversar.

Anahí: Eu discordo. – tentou desvincular-se dele e voltar a andar, mas não conseguiu. – fala de uma vez. O que você quer?

Felipe: Você costumava ser mais educada antes.

Anahí: Eu mudei, não percebeu? – comentou de forma seca.

Felipe: Lógico que percebi. – inclinou um pouco a cabeça e seu olhar vagou pelo corpo da loira – e mudou para bem melhor.

Anahí: Ah, obrigada. – sorriu de maneira irônica.

Felipe: E isso prova que você realmente desistiu daquela idéia patética de ter a criança. – continuou sem dar ouvido a ela – porque sumiu? Poderíamos ter ficado juntos.

A loira havia parado de tentar se manter calma assim que ouviu a palavra patética sair da boca dele. Quem aquele cara achava que era para chamar a sua gravidez de patética? Respirou fundo algumas vezes e o encarou com ódio cintilando em seus olhos. Ainda tinha a cara de pau de falar que eles podiam ter ficado juntos? Era muito absurdo para uma pessoa conseguir falar sozinha.

Anahí: Eu não tenho porque ficar ouvindo essas baboseiras que você fala. – ia sair, mas desistiu. Cruzou os braços e o encarou. Olho no olho. – não que te interesse, mas eu tive sim minha filha. E mesmo que eu não tivesse tido, a ultima pessoa que escolheria para continuar um relacionamento seria você.

Felipe: Ora, ora, ora. – sorriu sem se abalar – não vamos nos estressar gata. Você que decidiu carregar o fardo de uma criança na sua vida. Eu não era obrigado a aceitar.

Ela não precisou raciocinar muito. Simplesmente levantou o braço e estalou a mão no rosto dele, dando-lhe um belo tapa. Se ele ousasse falar mais alguma coisa que desrespeitasse Luiza, Anahí não se responsabilizava pelos danos que poderia causar.

Felipe: Olhe aqui! – o tom brincalhão e irônico da voz dele sumiu, dando lugar a raiva – quem você pensa que é para me bater?

Anahí: Uma pessoa melhor do que você. Pode apostar!

Felipe: Se fizer isso mais uma vez... – voltou a agarrar o braço dela com força – vai se arrepender.

Anahí: E se você – ignorou a dor que estava sentindo e o enfrentou – se atrever a falar qualquer coisa que seja a respeito da minha filha – enfatizou a palavra minha – pode apostar que eu não vou medir esforços pra acabar com você.

Felipe: Você não me assusta. E tenho certeza que eu posso causar mais danos a você do que você a mim.

Felipe tinha as unhas um pouco grandes e não hesitou em cravá-las no braço de Anahí, penetrando na carne. A loira reprimiu um gemido de dor e sustentou seu olhar no dele. Não ia fraquejar agora.

Felipe: Tome cuidado comigo – avisou e se afastou dela, indo em direção a saída do clube.

Anahí ainda ficou parada ali durante algum tempo para poder acalmar sua respiração e colocar todas as idéias no lugar. Felipe sempre havia sido um pouco agressivo, mas não chegava a tanto. Passou a mão sobre o braço, onde ele havia enterrado as unhas, e constatou que ficaria roxo. Soltou um grunhido de raiva e seguiu seu caminho de volta.