Fanfic: Ironic (AyA) | Tema: Rebelde

Quase dois meses se passaram. Era sexta-feira e Anahí já arrumava suas coisas para poder ir embora do trabalho. Contava os minutos para a hora de chegar em casa e se jogar na cama. Precisava urgentemente de um descanso, seu cérebro parecia nem funcionar mais. O prazo para a entrega do projeto havia sido diminuído e todos os responsáveis estavam correndo contra o tempo para acabar tudo dentro do tempo estipulado.

E para completar, Alfonso estava viajando. Sim, isso mesmo. Houveram alguns problemas em uma das filias da empresa e o moreno teve que se deslocar até lá. E já havia passado quase uma semana desde esse dia. Anahí, que sempre trabalhava até a exaustão e arranjava mil e uma desculpas para não comer, abusou ainda mais disso nesse período ausente do namorado. Sabia que ele brigaria quando voltasse, mas não se importava.

Soltou um suspiro de alivio assim que entrou no apartamento e colocou as coisas sobre a mesa. Andou em direção ao quarto e se jogou com tudo na cama, ficando de barriga para baixo. Agradeceu internamente por Luiza ter ido passar o final de semana na casa da avó. Estava precisando desse tempo sozinha. Não sabia dizer qual foi o momento exato, mas o celular em sua bolsa, que estava na sala, começou a tocar. Porque diabos tinha que deixar o toque tão alto?

Sem paciência e pretensão nenhuma de levantar daquela cama, a loira colocou o travesseiro sobre a cabeça e tentou abafar o barulho do toque. Não obteve sucesso, logicamente. E tudo só piorou quando a campainha decidiu ser tocada também. Será que não se podia mais ter um momento de descanso? Bufando irritada e vendo que não teria mais jeito, Anahí levantou da cama e seguiu pisando fundo até a sala, igual uma criança birrenta. Abriu a porta e os olhos se arregalaram assim que viu Alfonso parado na sua frente.

Alfonso: Pensei que fosse me deixar plantado aqui fora. – sorriu para ela.

Sem esperar por resposta ou alguma reação dela o moreno foi logo entrando no apartamento, agarrando sua cintura e cobrindo-lhe a boca em um beijo longo. Ele pensou nela o tempo todo durante a viagem de volta. Pensava basicamente naquilo, precisava simplesmente daquilo: beijá-la, tocá-la e ouvir sua respiração acelerada ao fazer isso.

Alfonso: Sentiu saudades? – perguntou ao encerrar o beijo.

Anahí: Você não tem ideia do quanto.

De repente todo o cansaço parecia ter sumido do corpo da loira e ela sorriu boba, passando as mãos pelo rosto do namorado.

Alfonso: É bom estar de volta.

Mais um beijo foi trocado antes de Alfonso se separar e segurar em suas mãos. Dando um passo para trás observou atentamente o rosto de Anahí. Ela estava meio pálida e com olheiras. Mais magra também, sem duvida. Ergueu uma sobrancelha e a olhou de um jeito que ela conhecia bem. Estava esperando uma explicação.

Anahí: Reduziram o prazo, você sabe bem. – se defendeu – estamos tendo que trabalhar em dobro.

Alfonso: Não gosto de ver essas olheiras em você. – segurou o queixo dela – porque faz isso?

Anahí: É necessário. – sorriu conformada e decidiu mudar de assunto – você não me avisou que ia voltar hoje.

Alfonso: Preferi fazer uma surpresa. Te atrapalhei em algo?

Anahí: De forma alguma! – foi até a porta e a trancou – só tava jogada na cama, recuperando as energias.

Alfonso: Então atrapalhei. – rindo, foi seguindo-a até o quarto.

Anahí: Para com isso!

Ela sorria alegre, mas Alfonso percebia os olhos dela. Estavam meio fechados, lutando para ficarem abertos, demonstrando cansaço. Planejava uma noite animada para eles, mas pelo visto teria que ficar para depois. Se contentaria em ficar abraçado com ela, apenas trocando alguns carinhos.

Alfonso: Já jantou?

Anahí: Ainda não. – sentou na cama e começou a tirar os sapatos – se quiser podemos sair. Só vou tomar um banho e...

Alfonso: Não precisa. – sorriu – vá tomar banho que eu preparo o jantar.

Anahí: Hum... – riu divertida – você está parecendo uma esposa dedicada.

O moreno, que também ria e já estava quase saindo do quarto, parou e se virou para ela.

Alfonso: Esposa? Agora você me deixou puto!

Anahí: Ah amor! – gargalhou e foi até ele, se jogando em seus braços. – não vou demorar no banho.

Alfonso: Tudo bem querida. – entrando no espírito da brincadeira, segurou na orelha dela e a torceu sem muita força – é bom não demorar mesmo.

Anahí: Ai! – choramingou se afastando dele. – eu já volto.

Alfonso: Muito bem.

Satisfeito com a pequena brincadeira/briga deles, Alfonso saiu cantarolando do quarto e foi em direção ao telefone, ligar para o restaurante italiano. Anahí permaneceu lá e sorria sozinha. Era incrível como apenas a presença dele bastava para deixá-la mais feliz. Tomou um banho rápido e vestiu um short com uma blusinha simples. Estava em casa e precisava ficar a vontade. Enquanto prendia os cabelos em um rabo de cavalo seguia em direção a sala.

Alfonso: Liguei para o restaurante. Daqui a pouco a comida chega.

Anahí: Certo. – manhosa, se aproximou dele e sentou em seu colo – senti tanto a sua falta.

Alfonso: Também senti. – sorriu e beijou o topo da cabeça dela com carinho. – cadê a Lu?

Anahí: Na casa da minha mãe.

Alfonso: E a Mari?

Anahí: Não faço a mínima ideia. – riu – deve estar pelos barzinhos da vida.

A conversa durou até a chegada da comida. Alfonso foi receber e pagou tudo, mesmo sob os protestos de Anahí. Jantaram com calma e um ia inteirando o outros dos acontecimentos dessa ultima semana. Mas não era momento para falar em trabalho.

Alfonso: Melhor você ir para cama. Já está quase dormindo de olho aberto.

Anahí: Não estou. – piscou os olhos diversas vezes, tentando mate-lo aberto.

Alfonso: Imagina. – sorriu e levantou, estendendo a mão para ela. – vem, vou te colocar na cama e depois vou embora.

Anahí: Não amor. – tentou puxá-lo para baixo e ele, mantendo-se firme, a levantou – poxa, você ficou tanto tempo fora e agora que podemos ficar juntos você quer me colocar pra dormir.

Alfonso: O problema é que você já está dormindo. – repousou a mão nas costas dela e foi guiando-a para o quarto – prometo que amanhã bem cedo eu volto aqui. Certo?

Anahí: Tudo bem. – dando-se por vencida, coçou os olhos – vou te levar até a porta então.

Alfonso: Não precisa amor. Pode deixar.

Anahí: Mas eu vou ter que fechar. – sorriu e deu um tapa na testa dele – até parece que quem tá dormindo aqui é você.

Alfonso: Vamos então.

E a despedida deles não durou muito. Apesar de estarem com muita saudade, o cansaço vencia. Trocaram alguns beijos e logo Alfonso foi embora deixando a loira sozinha. Anahí não esperou nem um segundo antes de ir para o seu quarto e se jogar novamente na cama. Em questão de segundos já estava mergulhando em um sono tranqüilo.

Já passava das nove da manhã quando Anahí acordou. Já tinha feito sua higiene matinal e agora arrumava todo o apartamento quando a campainha tocou. Como já havia verificado que Marichello não estava em casa, ela mesma teria que parar seus afazeres para abrir a porta. Imaginou que era Alfonso, mas se surpreendeu ao ver Felipe parado ali. Revirou os olhos irritada e ia fechando a porta novamente. O ruivo não permitiu.

Felipe: Você anda muito mal educada, sabia?

Anahí: Posso saber o que quer aqui? – ignorou o comentário dele e encostou-se à lateral da porta, deixando-o ainda no corredor.

Felipe: Vim ver você, não é obvio?

Anahí: Dá pra falar de uma vez? Tenho muitas coisas para fazer e você está me atrapalhando.

Felipe: Não vai me convidar pra entrar?

Anahí: Não. – respondeu firme – fala de uma vez e vai embora.

Felipe: Sem grosserias. – sorriu sem se abalar – na realidade, só vim cumprimentar a minha mais nova vizinha.

Anahí: Como é?!

Descrente, a loira o olhava com os olhos arregalados e surpresos. Vizinha? Não podia ser. Seria muito azar para uma pessoa só.

Felipe: Vejo que ficou surpresa. É nada mais que a verdade. Maite e Dulce me convidaram para morar com elas.

Anahí: Serio? Que bom. – conseguiu se recuperar da surpresa rapidamente e agora fingia não se importar. – E porque isso me interessaria?

Felipe: Eu sei que você ficou feliz em receber essa maravilhosa noticia. – Anahí riu com sarcasmo. – e talvez essa seja à hora exata para conhecer melhor minha filha.

O risinho que Anahí tinha no rosto se fechou com a velocidade de uma bala. Achava tão impossível que não havia sequer imaginado que Felipe pudesse querer se aproximar de Luiza. O olhou com os olhos ardendo de ódio e cerrou os punhos ao lado do corpo.

Anahí: Não ouse se aproximar dela. Ela é minha filha, não sua!

Felipe: Há alguns anos atrás você disse que ela era minha filha. Se enganou? – provocou a loira, adorando ver o rosto dela cada vez mais vermelho, devido à raiva.

Anahí: Pai é quem cuida, cria, dá carinho. – respondeu, sem exitar – você não fez nada disso. Então, pai dela você não é.

As palavras de Anahí nem de longe atingiram Felipe. Ele pouco se importava com Luiza, só falou aquilo para provocá-la. E como sabia que a loira era uma mãe coruja, talvez pudesse se aproveitar um pouco disso.

Felipe: Não vou mais atrapalhar seus afazeres. – ignorou a ultima coisa que foi dita por ela. – nos vemos depois.

Soltou um aceno para Anahí e se virou para entrar no apartamento das meninas, que agora era dele também. A loira soltou um grunhido de raiva e também entrou. Era só o que faltava, Felipe morando bem ali do lado. Mas não iria se estressar com ele agora. Na verdade, nem valia a pena. Para ela, ele não passava de um ser insignificante. Mal colocou os pés para dentro e o telefone começou a tocar.

Anahí: Alô?! – ouviu a voz do outro lado da linha e sorriu. – oi Emi!

Emily: Any amiga, como está?!

Anahí: Estou bem. E você? As coisas por ai, tudo certo?

Emily: Tudo na mais perfeita ordem. Liguei porque fiquei sabendo que o prazo do projeto foi reduzido. Isso quer dizer que não vai demorar muito pra você voltar? – perguntou empolgada.