Fanfic: Ironic (AyA) | Tema: Rebelde

Como o restaurante era próximo mesmo, Christopher não demorou mais do que cinco minutos para chegar lá. Assim que entrou, passou os olhos por tudo o ambiente, a procura de uma mesa vazia. Aparentemente não encontrou nenhuma, mas um casal que estava em uma delas chamou sua atenção.

Sim, eram Alfonso e Nicole que conversavam animadamente. Os dois estavam bem entrosados e riam sem parar. Vez ou outra a mão da morena repousava no braço musculoso de Alfonso, mas ela logo a retirava de lá. Decidido a esclarecer aquilo, por Anahí, Christopher não tardou a se aproximar dos dois.

Christopher: Oi! – sorriu simpático.

Nicole: Ucker! – com um sorriso radiante no rosto, levantou da cadeira e abraçou o velho amigo.

Christopher: Quanto tempo Nick, como está?

Nicole: Ótima! – sorriu e segurou em suas mãos. – e você? Tanto tempo que não nos vemos, não é verdade?

Christopher: É, você andou sumida.

Nicole: Não tanto. Vem, senta com a gente. – indicou a cadeira vazia.

Christopher: Claro. – sentou e olhou com um olhar serio para Alfonso, que não entendeu absolutamente nada. – faz tempo que vocês chegaram?

Nicole: Uns vinte minutos. Não foi? – olhou para Alfonso, esperando uma confirmação.

Alfonso: Sim. Mais ou menos isso.

Christopher: Hum...

Christopher queria muito tocar no assunto “Anahí” com Alfonso, mas não faria isso agora. Não com Nicole presente. Seria extremamente chato se o fizesse. Em um momento até pareceu que a morena conseguiu ler os pensamentos dele, pois se levantou, dizendo que iria ao banheiro. Quando ela sumiu do campo de visão, Christopher não tardou em ser bem direto com o amigo.

Christopher: O que você está fazendo aqui? – perguntou serio.

Alfonso: Não é obvio? – com uma pitada de ironia na voz, apontou para o prato.

Christopher: Claro, obvio. – riu com ironia. – sabia que tem uma pessoa lá na empresa esperando você?

Alfonso: Como? – perguntou confuso.

Christopher: A Any está lá te esperando. Disse que você falou que ia chamá-la quando fosse almoçar.

Alfonso: Mas eu... – parou no meio de frase.

Agora sim ele lembrava-se do fato. Não fez nada por maldade. Antes de Nicole aparecer estava indo até a sala da namorada, mas não por ter marcado algo, e sim porque já havia virado rotina. Mas quando falou com Nicole acabou esquecendo e aceitou o convite dela. Se Anahí soubesse ficaria chateada, e com razão.

Christopher: Então? Não vai dizer nada?

Alfonso: Esqueci cara. – comentou pesaroso. – juro como esqueci.

Christopher: Sei que você não faria de propósito. – disse sincero. – mas acho que deve ir até ela.

Alfonso: Sim, claro. – concordou com a cabeça – mas não posso deixar a Nicole aqui.

Christopher: Eu vou estar aqui, Poncho. Melhor você ir até a Any.

Alfonso: Certo. – passou a mão freneticamente pelos cabelos. – quando a Nick voltar, diz que eu tive um chamado de urgência da empresa.

Christopher: Pode deixar.

Alfonso: Valeu cara! – já havia levantado e ia saindo, mas voltou até o amigo. – paga a conta pra mim e depois eu te dou.

Christopher: Não se preocupe. – sorriu e observou Alfonso sair apressado pela porta do restaurante.

Não muito tempo depois Alfonso já adentrava pela porta da sala da namorada. Anahí continuava sentada em frente ao computador e aparentava estar bastante concentrada. Os longos cabelos loiros estavam presos em um coque mal feito e alguns fios caiam pelo rosto. A cabeça estava um pouco abaixada e os grandes olhos azuis estavam fixos na tela. Só a ergueu quando ouviu a voz de Alfonso ecoar pela sala.

Alfonso: Vai ficar com dor nos olhos se continuar assim. – sorriu para ela.

Anahí: Já acostumei.

Alfonso: Não deveria.

Ele se aproximou dela com calma e inclinou o corpo para frente, depositando um singelo selinho em seus lábios. Ainda não havia decidido se contaria ou não para ela que tinha ido almoçar com Nicole. Sabia que ela ficaria chateada, mas também não achava justo esconder isso.

Anahí: Você demorou. – comentou e apoiou o cotovelo na mesa. – pensei que não iria vir mais.

Alfonso: Na verdade... – soltou um suspiro e coçou a cabeça – melhor irmos logo, depois te explico.

Anahí: Aconteceu alguma coisa? – perguntou preocupada.

Alfonso: Não, não. Vamos.

Anahí: Ok. – olhou de forma desconfiada para ele.

Juntos, saíram da sala dela e foram em direção a algum restaurante. Obviamente um diferente do que ele estava, minutos antes, com Nicole. Anahí conseguia notar algo estranho em Alfonso, e que ele estava se segurando para não contar algo.

Anahí: Porque não fomos ao restaurante de sempre?

Alfonso: Porque – respirou fundo antes de continuar – eu estava lá até agora.

Anahí: Como? – perguntou confusa.

A única coisa que impediu Alfonso de respondê-la naquele momento foi o garçom, que se aproximou da mesa dos dois para fazer os pedidos. Quando ele se retirou, Anahí fitou o namorado esperando uma explicação.

Alfonso: Eu estava lá, almoçando com a Nicole. – sem jeito, coçou a cabeça – aquela mulher que você viu na minha sala hoje de manhã.

Anahí nada disse, continuou com o olhar fixo nele, descrente naquilo.

Alfonso: Nós não estávamos fazendo nada – apressou-se em dizer – ela me chamou para almoçar e eu fui.

Anahí: Esquecendo que tinha marcado comigo. – disse de forma irônica.

Alfonso: Sim, esqueci. – assumiu. – não fiz de propósito, Any. – segurou a mão dela que estava sobre a mesa. – conheço a Nicole há anos, ela estava apenas querendo colocar o assunto em dia. Nada mais.

Com um gesto de cabeça apenas, Anahí retirou a mão debaixo da dele e observou o garçom colocar o prato na mesa. Como já havia almoçado, Alfonso pediu apenas um suco qualquer. Era impossível o clima entre eles ficar pior. A loira estava com a expressão seria e usou a comida como pretexto para não encarar e não falar com Alfonso.

Alfonso: Any... – tentou começar a falar, mas ela não permitiu.

Anahí: Você faz o que quer da vida, Alfonso. Não posso ficar controlando todos os seus passos.

Alfonso: Calma, também não precisa exagerar tanto.

Anahí: Falei apenas a verdade. – deu com os ombros. – não vou ficar brigando com você por isso. Não vai adiantar de nada, o tempo não volta.

Alfonso: Sei que você ta magoada comigo. – Anahí soltou um risinho debochado. – te dou total razão, mas quero que entenda que não fiz por mal. E nem fiz nada de mal também.

Anahí: Deixa isso pra lá, Alfonso.

Alfonso: Não deixo. – insistiu. – estou aqui te contando porque nossa relação sempre foi muito aberta. Não quero brigas por conta de uma besteira dessas.

Anahí: Vocês já namoraram, não é verdade? – perguntou subitamente.

Alfonso: Quem te falou isso? – perguntou serio.

Anahí: Ouvi fofocas. – deu com os ombros. – você podia ter me contado.

Alfonso: Não achei necessário. – confessou – isso já faz anos e eu estou com você agora.

Anahí não disse nada, apenas ficou mexendo na comida distraidamente. Estava sim muito magoada com ele. Achou extremamente errado da parte dele sair para almoçar, com a ex, e deixá-la lá esperando. Mas agora ele estava ali, se explicando. Confiava cegamente nele, mas a magoa às vezes falava mais alto.

Anahí: Tudo bem esquece.

Um pequeno sorriso se formou no rosto de Alfonso, quando ele percebeu o biquinho que Anahí fazia. Não tardou em levantar da cadeira e sentar ao lado dela, passando o braço ao redor de seu corpo. Beijou os fios loiros e encostou a cabeça na dela.

Alfonso: Me desculpa, pequena.

Anahí: Você me deixou largada lá, sozinha. – fez drama e largou os talheres sobre a mesa, se acomodando melhor nos braços do namorado.

Alfonso: Mas já estou aqui.

Sem perder tempo, ele baixou a cabeça e capturou os lábios dela com os seus. A mão se apossou da nuca dela e foi guiando o ritmo do beijo. Era lento e bem intenso. As mãos de Anahí permaneceram repousadas no braço dele, que estava meio que transpassado por sua barriga. O beijo foi parando pouco a pouco e Alfonso distribuiu vários selinhos nos lábios da namorada, antes de afastar a cabeça.

Alfonso: Prometo nunca mais fazer isso. – colocou uma mecha de cabelo dela atrás da orelha.

Anahí: Já falei pra esquecer isso.

Alfonso: Ainda está chateada comigo, não é? – perguntou com o rosto próximo ao dela, quase em seu ouvido.

Anahí: Claro que estou. – admitiu – daqui a pouco passa. Mas, - completou, antes que ele falasse algo. – se você continuar martelando nisso vai ser difícil esquecer.

Alfonso: Tudo bem. – beijou a lateral da cabeça dela.

Anahí: Me deixa terminar de comer.

Separando-se dele, Anahí voltou sua atenção para a comida. Se Alfonso disse que nunca mais faria aquilo, é porque não faria. Iria relaxar e tentar esquecer o assunto. Afinal, ficar martelando naquilo só faria mal a ela. Quando terminou de comer limpou a boca no guardanapo e fez um gesto discreto para o garçom.

Anahí: Vou pagar a conta e a gente vai.

Alfonso: Nada disso – protestou. – eu pago a conta.

Anahí: Faz até graça. Você nem comeu, não tem porque pagar.

Alfonso: Eu quero.

Quando o garçom se aproximou, já com a nota na mão, Alfonso a pegou e se quer deixou Anahí ver. A loira bufou e revirou os olhos. Aquele homem era realmente muito teimoso. Depois de tudo pago saíram juntos do restaurante. A mão de Alfonso estava repousada, possessivamente, na fina cintura de Anahí que o abraçava de lado também. O clima entre os dois já estava melhor, mas não tão bom como era antes do pequeno “incidente”.

Anahí: E lá vamos nós ao trabalho novamente. – comentou, enquanto entrava na empresa junto com ele.

Alfonso: Isso está te consumindo demais, não é verdade?

Anahí: Nada fora do comum.

Alfonso: Você está com a aparência cansada. – olhou de relance para ela e avançou por entre os corredores, ainda abraçando-a.

Anahí: Pensei que já tivesse se acostumado com isso. – riu de leve.

Alfonso: Creio que isso nunca irá acontecer.

Os dois andavam abraçados e iam atraindo olhares por onde passavam. Apesar de a grande maioria saber que eram namorados, nunca viram mais do quê um selinho rápido trocado pelos dois. Nada de mão dadas, beijos e abraços. Mas hoje o casal parecia não se importar muito com aquilo. Na verdade, a consciência de Alfonso ainda estava pesada, por isso estava fazendo de tudo para tentar se redimir.