Fanfics Brasil - 1 Através da Neblina

Fanfic: Através da Neblina | Tema: Silent Hill


Capítulo: 1

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O que será que ela pensa que eu vou fazer agora ? Esquecer ? Deixar pra lá ? Fingir que nunca aconteceu ?


Não...


Naquele banco de carro gelado, sem graça, eu esperava algum dos dois sair do Apartamento cor-acre do outro lado da Rua Servant.


Em Ashfield o vento estava frio e cortante, sem piedade, assim como minha personalidade no momento.


Eu planejava matar aquele homem de qualquer jeito, mutilá-lo e desovar todas suas partes em um terreno baldio ou num lixão. Queria faze-lo se arrepender de ter feito a MINHA mulher ter me deixado.


Bebi um gole do café que comprei em uma Cafeteria qualquer, Coffee Treat. Nossa, era horrível.


Tinha um gosto amargo e bem aguado.


Aquela merda parecia um dos daqueles bolos nojentos que minha ex-sogra fazia.


Coloquei o café de lado, derrubando um pouco no banco, e liguei o rádio.


``Boa tarde cidadãos de Ashfield`` - Disse o locutor. - ``Nesse dia tão especial, comemoramos o aniverssário de nossa querida cidade. Ashfield faz hoje 298 anos !``


Na rua, vi algumas nuvens de chuva cobrindo a cidade, rodeando-a como uma nuvem de fumaça maligna, cheia de raios. Aquela não seria uma noite calma.


``Teremos uma grande celebração hoje na Rua Street Parade, então, não percam.`` - Continuou o homem do rádio.


Um raio ecoou no céu e o tempo começou a fechar. As pessoas na rua começaram a acelerar o passo, alguns até tropeçavam, querendo chegar logo em casa.


``Hoje também relembramos um fato muito triste que aconteceu em nossa cidade.`` - Disse o locutor, e eu sorri.


Então algo aconteceu mesmo nessa cidade ?


Ouvi falar que Ashfield foi lar de um monstro, mas nunca havia mesmo ficar sabendo qual era a história desse homem. Aumentei o volume do rádio.


``Há vários anos atrás, o serial-killer Walter Sullivan fez várias vítimas.`` - Ele continuou. - ``Pouco se sabe sobre Walter, pouco sabemos, porém, sabemos sobre suas vítimas. Que entre elas, estiveram : Cynthia Velasquez, Richard Braintree, morador do Apartamento Ashfield Heights, e Eileen Galvin. Eles estiveram mortes horríveis, infelizmente massacrados, porém, em vida, foram ótimas pessoas. O povo de Ashfield dá os pêsames à suas famílias, e a polícia, no qual nos mandaram uma nota, lamentam muito não poderem resolver o mistério de suas mortes.``


Rolei os olhos e desliguei o rádio.


Eu queria saber desse assassino. Talvez eu até aprendesse com ele, mataria como ele.


- Não ! - Sussurrei para mim mesmo.


Essa obcessão pela morte daquele traídor subia para minha cabeça como gás de uma garrafa de refrigerante que foi muito balançada.


Quase que chorando pela culpa desse pensamento psicopata, virei-me para a rua, voltando a olhar o prédio.


Já começara a garoar lá fora.


- Como eu sou burro. - Me vi falando sozinho novamente. - Eu devia tê-lo matado naquele dia, quando encontrei os dois...


Não consegui completar a frase, e uma lágrima escorreu, rápida e brilhante, como uma gota de chuva, do meu olho até cair depois da minhas bochechas.


Droga, eu estava me desviando do meu foco.


Sequei a trilha molhada que a lágrima deixou e olhei novamente para a rua.


Um homem e uma mulher saíam do Apartamento.


Ele, com um terno e sobretudo, e ela, com um seduzente vestido preto e uma pequena camisa de manga longa para proteger-se do vento gelado e úmido das ruas.


Ele pegou um guarda-chuva e acompanhou Mercy até uma porta de um carro azul-escuro que não identifiquei, mas também não me importa com a marca. A abriu, e quando a mulher entrou, ele seguiu para o banco do motorista e ligou o carro.


Eu deu partida no meu carro também, e fui atrás deles.


``É agora...`` - Eu pensei. - ``Quando eles pararem, vai ser a última viagem desse vagabundo.``


Eles seguiram reto, passando pela Max Henig Avenue.


- Meu Deus, por favor, me ajude se isso for o certo. - Eu disse, bem baixinho.


Eu não era muito religioso, era Mercy que sempre tinha um altar ou acendia velas em casa.


Eu achava aquilo chato e sem nenhum nexo, sempre brigávamos sobre isso e...


Bom, eu me arrependo de ter reclamado tanto.


Um garoto de bicicleta entrou na minha frente, tão rápido que eu quase lhe atropelei.


Eu buzinei, alto e claro, e o ciclista caiu.


- Ei ! - Eu gritei, da janela do carro. - Cuidado por onde anda !


- Desculpe senhor ! - Ele disse.


Assustado, ele pegou a bicicleta e foi embora, peladando mais rápido ainda.


Olhei em volta e vi o carro onde o traídor e Mercy estavam.


Eles estavam pegando uma saída para fora da cidade pela Rodovia Fall of Silence.


Eu acelerei, indo até mais do que a velocidade permitia, seguindo-os à todo pano.


- Merda, onde eles estão indo ? - Eu disse.


Com uma das mãos, liguei o rádio.


O locutor não estava mais falando, só uma música chata tocava tristemente num outro programa.


Era meio clássica com um toque mais violento, meio confuso.


Eu não gostei e troquei, colocando numa outra estação na qual tocava uma música da qual eu gostava : Ghost House, da banda Witchcraft.


Sorri ao ouvir o som mais pesado e com mais harmonia da música.


Agora, com os faróis acesos, eu atravessava uma densa floresta, uma que parecia bem típica do Maine, indo na direção de uma região montanhosa e mais silenciosa que já vi.


Mais a frente, eu via uma pequena luz vermelha, fraca e distante, que era o carro quieto onde o casal estava.


Bufei quando lembrei que os dois ainda estavam juntos.


Com o caminho tão longo e silencioso, eu até havia esquecido.


O Sol agora já estava semi-posto, só deixando uma pequena luz no horizonte, fraca e quase tomada pelas trevas noturnas.


Naquela hora, já estava chovendo.


O caminho que seguíamos também era desconhecido. Eu nunca havia visto um caminho como aquele, silencioso, escuro, vazio, parecia um coração triste, totalmente envolto na escuridão.


Argh, como eu queria voltar ao meu trabalho de entregador...


Trabalhar lá naquela loja, caindo os pedaços, empacotando e despachando...


Fazendo entregas pequenas com aquele minha Scooter.


Agora olhe onde eu estou, indo no Nada pra Lugar Nenhum.


Seguíamos reto naquilo a mais tempo que eu pensava, tudo estava escuro, a única coisa que eu via eram os pingos de chuva caindo no meu para-brisa e uma Neblina alva e pouca rodopiando no chão.


Os postos de gasolina que passávamos estavam sempre fechados. Será que essa era uma área morta ?


Se fosse, o que eles estariam fazendo ali ?


Deus...aquilo ficava sinistro anoite.


O rádio seguia tocando músicas, a música Ghost House já havia acabado, e o tédio já começava a ficar grande.


O carro à minha frente acelerava, quase que loucamente, indo rápido.


Mas que merda de carro responssável ein ?


Se ele fizer qualquer mal à Mercy...


Apertei o couro do volante.


De dentro das trevas, surgiu um farol, um farol acabado, quase morto. Ele piscou amarelo e mudou para vermelho assim que chegamos perto.


O carro parou no meio de uma encruzilhada, e eu, logo atrás, parei também, desligando o rádio.


A Neblina ficava forte à cada momento, e meu medo estava crescendo.


No porta-luvas, peguei algo especial para o momento que preparei : uma Pistola RT 82S.


Fiquei numa distância considerável, para que eles não me vissem.


Do meu lado, surgiu uma placa, que eu não havia visto por causa do escuro.


Ela dizia ``Silent Hill``, com uma seta apontando para a esquerda, e ``Brahams``, com seta para frente.


O carro ficou lá, imóvel.


- Merda, façam alguma coisa...- Eu remunguei.


 O veículo começou a balançar.


 Mas que...


 Em um segundo, meus músculos não me obedeceram, a raiva me tomou, quente e efervecente, moendo meus ossos.


 Eu saí do carro, mesmo na chuva, com a arma nas mãos, carregada. Seu peso não era nada, ela parecia uma pena, comparado ao meu objetivo.


 O silêncio tomou conta do lugar por algum tempo, enquanto eu andava, só a chuva que fazia aquele seu ruído comum, até que um grito cortante, agonizante, de puro tormento.


 Veio do carro.


 Meus olhos se arregalaram com o som infernal da minha esposa sofrendo.


 Eu corri como louco até ele, mas, antes de eu chegar até o carro, alguém saiu.


 Era aquele grande infeliz.


 Ele era forte, grande, tinha olhos pretos penetrantes e um colar estranho.


- Você ! - Eu gritei com toda raiva que pude reunir. - O que você fez com ela !?


 O homem só sorriu.


- Você deve ser o Jack, não é ? - Ele disse, calmo e trânquilo, não se preocupando com a chuva, caindo violenta. - Meu nome é Haziel Summum, sou...


- O viado que roubou minha mulher ! - Eu gritei, e apontei a arma para ele. - Agora, seu estranho, me dê um bom motivo para não colocar uma bala na sua testa.


- Veja você mesmo esse motivo. - Ele disse, apontando para o carro.


 Sem tirar a arma do rosto dele, eu olhei dentro do carro.


 Naquela hora, meu coração parou.


 No banco do passageiro, a minha mulher estava encharcada de sangue, com o abdomem aberto, os braços estavam entortados, sua língua estava para fora da boca e o cinto de segurança estava enrolado em seu pescoço.


 Seus olhos cor-de-mel encontraram os meus e eu vi, refletido lá dentro, seu corpo totalmente vazio.


- NÃO ! - Eu gritei.


 Apontei a arma para ele e atirei.


 A bala escura voou até ele, rápido como um raio.


 Minha mente fez aquele efeito SlowMotion enquanto a bala encontrava o corpo do homem, parado, com as mãos nas costas.


 Ela chegou razante em seu rosto e...parou.


 Ela...parou..e...e...caiu no chão, sem vida, como se o fogo e a velocidade dela estivessem sido anulados.


 Haziel riu de novo.


- Não é tão fácil me matar Jack. - Ele disse.


 Meu queixo caiu. Isso era...impossível.


- O que é isso ? - Eu disse.


- É a sua mulher. Mercy está aqui, conosco. - Ele olhou para o carro. - Não é, querida ?


 O corpo, antes inerte, abriu os olhos e gritou.


 Eu fui jogado longe por uma força invisível, o ar ficou denso e a chuva se transformou numa Neblina terrível.


- Bem vindo a Silent Hill, senhor Fallacibus. - Haziel sorriu maliciosamente e virou as costas.


 O carro onde o corpo de Mercy começou a tremer loucamente, explodindo logo após.


 Eu fui jogado longe novamente, e meu choque com o solo foi a última coisa que vi antes de desmaiar.



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Autor(a): leodevasco

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 1



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  • teeh192837 Postado em 31/08/2015 - 17:17:20

    Amei!! *-----* continua!!!


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