Fanfic: O noivo da minha melhor amiga AyA [Terminada]
Na manhã seguinte, verifico minha secretária eletrônica. Les me deixou três recados. Ele poderia muito bem ser Testemunha de Jeová pelo tanto que se importa com feriados. Diz que quer "discutir algumas coisas amanhã, no começo da tarde". Eu sei que ele é vago de propósito, não especificando um horário ou deixando instruções para encontrá-lo no escritório ou para telefonar. Dessa forma ele pode ter certeza de que meu feriado fica cortado pela metade. Dulce me diz para ignorá-lo, fingir que não recebi o recado. Derrick diz para eu mandar uma outra mensagem recomendando a ele "bater umazinha - é feriado nacional". Mas, é claro, obediente, checo o horário do trem e do ônibus e decido que vou embora esta tarde para fugir do engarrafamento. No fundo sei que o trabalho é apenas uma desculpa para ir embora - para mim já chega de toda essa dinâmica bizarra. Gosto de Derrick, mas é exaustivo ficar em volta de um cara que, como Dulce diria, "tem potencial". E é ainda mais exaustivo evitar Poncho. Eu o evito quando está sozinho, eu o evito quando está com May. Evito ficar remoendo Poncho e o Incidente.
- Eu realmente preciso voltar - suspiro, como se fosse a última coisa que quisesse fazer.
- Você não pode ir embora! - protesta May.
- Tenho de ir.
Enquanto ela faz cara feia, tenho vontade de dizer que 90% das vezes em que estamos nos Hamptons ela fica a mil, em ritmo de badalação. Mas simplesmente digo mais uma vez que tenho de ir.
- Você é uma estraga-prazeres.
- Ela tem de trabalhar, May - diz Poncho. Talvez ele diga isso porque muitas vezes ela também o chama de estraga-prazeres. Por outro lado, talvez ele apenas queira que eu vá embora pela mesma razão que eu quero ir embora.
Depois do almoço, arrumo minhas coisas e vou até a salinha, onde estão todos de bobeira, vendo TV.
- Será que alguém pode me dar uma carona até o ponto de ônibus? - pergunto, esperando que May, Dul ou Derrick se ofereçam.
Mas é Poncho quem reage primeiro.
- Eu levo você - diz. - Quero mesmo comprar umas coisas.
Me despeço de todos. Derrick aperta meu ombro e diz que vai me telefonar na semana seguinte.
Então Poncho e eu vamos embora. Sozinhos por seis quilômetros.
- Você teve um bom fim de semana? - pergunta ele, enquanto damos a ré pela saída de carros. Não sobrou nenhum vestígio daquele tom de brincadeira que surgiu logo após o Incidente. E ele, como May, parou de perguntar sobre Derrick, talvez porque tenha ficado bastante evidente que nos tornamos uma espécie de casal.
- É, foi legal - respondo. - E você?
- Claro - diz ele. - Foi muito legal.
Depois de um pequeno silêncio, conversamos sobre trabalho e amigos do curso de Direito, coisas a respeito das quais conversávamos antes do Incidente. A situação parece ter voltado ao normal novamente, na medida do possível depois de um erro como o nosso.
Chegamos ao ponto do ônibus antes da hora. Poncho estaciona, vira-se no banco e me observa com seus olhos verdes, de uma maneira que me faz desviar o olhar. Ele pergunta o que vou fazer na terça à noite.
Acho que sei o que ele está perguntando, mas não estou certa, então apenas balbucio.
- Vou trabalhar. O de sempre. Tenho uma audiência na sexta e ainda nem comecei a me preparar. A única coisa que tenho no meu rascunho é "Você pode soletrar seu último nome para o estenógrafo?" e "Você está tomando alguma medicação que possa comprometer sua capacidade de responder perguntas nesta audiência?".
Rio nervosamente.
O rosto dele permanece sério. Ele obviamente não tem o menor interesse na minha audiência.
- Olha, eu quero me encontrar com você, Annie. Vou passar na sua casa às oito. Na terça.
E o modo como ele diz isso - afirmando, mais do que perguntando - me faz sentir uma dor de estômago. Não é exatamente a dor de estômago que tenho antes de um encontro às cegas. Não é o nervosismo antes de uma prova final. Não é aquela sensação de quem "vai se dar mal por alguma coisa que fez". E não é a sensação de tontura que acompanha uma paixão por um cara quando ele apenas cumprimenta você com um sorriso ou um olá casual. É alguma coisa a mais. É uma dor conhecida, mas não consigo decifrá-la com precisão.
Meu sorriso se desfaz para combinar com a cara séria dele. Gostaria de poder dizer que o pedido dele me surpreendeu, me pegou desprevenida, mas acho que parte de mim já achava que isso fosse acontecer, ou até mesmo esperava que fosse acontecer, quando Poncho se ofereceu para me levar. Não pergunto por que ele quer me ver, ou sobre o que quer conversar. Não digo que tenho de trabalhar ou que não é uma boa idéia. Simplesmente balanço a cabeça afirmativamente.
- Tudo bem.
Digo a mim mesma que a única razão pela qual concordo em me encontrar com ele é que precisamos esclarecer de vez o que aconteceu entre a gente. Portanto, não estou fazendo nada de errado com Mayte. Estou apenas tentando consertar o estrago que já foi feito. E digo a mim mesma que se de fato quero ver Poncho é apenas porque tenho saudade do meu amigo. Penso no meu aniversário, os momentos no 7B antes de termos ficado juntos, lembrando o quanto apreciei ficar sozinha com ele, como gostei de Poncho longe das exigências de Mayte. Sinto falta da amizade dele. Quero apenas conversar com ele. Isso é tudo.
O ônibus chega e as pessoas começam a fazer fila para entrar. Deslizo para fora do carro, não trocamos mais nenhuma palavra.
Enquanto me instalo num assento perto da janela, atrás de uma loura empertigada que fala alto demais no celular, percebo, de repente, o que há com o meu estômago. Foi assim que me senti depois do sexo com Nate naqueles últimos dias antes de ele me trocar por uma violonista que gostava de abraçar árvores. É uma mistura de emoção genuína por uma outra pessoa e de medo. Medo de perder alguma coisa. Neste momento sei que, permitindo que Poncho venha à minha casa, estou arriscando alguma coisa. Arriscando amizade, arriscando meu coração.
A menina continua falando, usando em excesso as palavras "incrível" e "impressionante" para descrever o seu fim de semana dramaticamente abreviado. Ela relata que está com uma "enxaqueca perversa" por ter "caído na farra" numa "festa fabulosa". Tenho vontade de dizer a ela que se diminuir um pouquinho o volume da voz pode ser que a dor de cabeça melhore. Fecho os olhos e espero que a bateria do celular dela esteja acabando. Mas sei que mesmo que ela pare sua conversinha esganiçada, não há a menor chance de eu conseguir dormir com essa sensação crescendo dentro de mim. É bom e ruim ao mesmo tempo, como beber café
demais no Starbucks. É ao mesmo tempo estimulante e assustador, como esperar que uma onda quebre na sua cabeça.
Alguma coisa está prestes a acontecer e não estou fazendo nada para evitar que aconteça.
Autor(a): narynha
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É terça à noite, vinte minutos para as oito. Estou em casa. Poncho não me ligou durante todo o dia, então imagino que nosso encontro esteja de pé. Uso fio dental e escovo os dentes. Acendo uma vela na cozinha para o caso de ainda restar algum cheiro da comida tailandesa que pedi ontem à noite no meu jantar solitário de ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 85
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franmarmentini Postado em 21/02/2014 - 15:43:56
olá vou ler...
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dannystar Postado em 28/10/2009 - 14:05:27
Ameiiiiiii o final =)
Tmb estou esperando pela próxima web!!!]Q seja d AyA...assim estarei lá...para ler e comentar...Olha ate rimo...rsrsrs...Bjim!!! -
rss Postado em 28/10/2009 - 12:28:23
que lindo o final ficou fofo,tou esperando pela sua proxima web.
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kikaherrera Postado em 28/10/2009 - 00:54:22
AMEI A WEB,AMEI O FINAL TAMBÉM.
MAIS VOU SENTIR FALTA DESSA WEB. -
kikaherrera Postado em 28/10/2009 - 00:13:41
MAISSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS
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kikaherrera Postado em 28/10/2009 - 00:13:29
MAISSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS
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kikaherrera Postado em 28/10/2009 - 00:13:16
MAISSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS SSSSSSSSSSSSSSSSSSS
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css Postado em 27/10/2009 - 20:35:40
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css Postado em 27/10/2009 - 20:34:46
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