Fanfic: O noivo da minha melhor amiga AyA [Terminada]
Logo após a aterrissagem, meus pais me ligam no celular para confirmar se o pai de Mayte nos buscou e perguntar se comi no avião. Digo a eles que sim, o senhor Perroni apareceu, e não, há mais ou menos uns dez anos pararam de servir jantar no vôo de Nova York para Indianápolis.
Quando chegamos à nossa rua sem saída, vejo meu pai esperando por mim na entrada da nossa casa de dois andares com acabamento em alumínio branco e venezianas verdes. Ele está vestindo uma camisa xadrez pêssego e cinza de manga curta e uma calça Dockers cinza combinando. Trata-se, sem dúvida, de um "traje", e tem a assinatura da minha mãe em todo ele. Agradeço ao senhor Perroni pela carona e digo a Mayte que telefono mais tarde. Fico aliviada que ela não tenha pedido para jantarmos todos juntos. Já falei o suficiente sobre casamentos e sei que a senhora Perroni é incapaz de discutir sobre outro assunto.
Enquanto cruzo o jardim de Mayte em direção ao meu, meu pai ergue o braço e acena como se estivesse se comunicando com um navio distante.
- Olá, doutora! - grita ele, sorrindo. A novidade de ter uma filha advogada ainda não se esgotou.
- Oi, pai! - Dou um beijo nele e depois na minha mãe, ao lado dele, já de olho em possíveis sinais de anorexia, o que é ridículo. Estou longe de ser magra demais, mas minha mãe não aceita a definição nova iorquina de magra.
Enquanto respondo às perguntas deles sobre o vôo, noto que o papel de parede do corredor mudou. Já tinha aconselhado minha mãe sobre papéis de parede. Disse a ela que tinta era melhor para um visual mais moderno. Mas ela insiste no papel de parede, trocando de estampas florais bem miúdas para estampas florais ainda menores. O gosto dos meus pais não evolui desde a época em que Ronald Regan levou um tiro.
Nossa casa ainda tem muito do estilo interiorano: expressões de boas-vindas bordadas em ponto de cruz dizendo coisas como ``Amigos que entram pela porta dos fundos são os melhores", uma série de vaquinhas de madeira, porquinhos, abacaxis e pinturas por toda parte.
- Bonito papel de parede - digo, tentando soar sincera.
Minha mãe não engole essa.
- Sei que você não gosta de papel de parede, mas seu pai e eu gostamos - diz ela, me levando para a cozinha. - E somos nós que moramos aqui.
- Nunca disse que gostava de papel de parede - meu pai fala piscando para mim.
Ela lança a ele o olhar de irritação de sempre.
- Certamente disse, John.
Então ela me cochicha, com a intenção de que meu pai ouça, que, na verdade, foi ele mesmo quem escolheu o novo papel.
Ele faz para mim uma expressão de "quem, eu?".
Eles nunca se cansam desse showzinho. Ela faz o papel da líder destemida enquadrando o marido desregrado, o tolo boa-praça. Embora tenha passado a maior parte da minha adolescência irritada com a monotonia disso, especialmente quando tinha amigos em casa, recentemente passei a apreciar o estilo. Há algo de reconfortante na mesmice da interação deles. Tenho orgulho de que eles tenham permanecido juntos, quando tantos pais de amigos meus se divorciaram, casaram mais uma vez e juntaram duas famílias em uma com variados níveis de sucesso.
Minha mãe aponta para um prato de queijo cheddar, cream-cracker e uvas vermelhas.
- Coma - diz ela.
- Estas daqui têm semente? - pergunto. Uvas com semente simplesmente não valem o esforço.
- Não, não têm - responde minha mãe. - Agora, será que eu cozinho qualquer coisa ou vocês preferem pedir uma pizza?
Ela sabe que prefiro pizza. Em primeiro lugar adoro a pizza do Sal e só posso comer quando venho visitá-Ios. Em segundo lugar, "qualquer coisa" é uma descrição precisa da cozinha da minha mãe - sua definição de tempero é sal e pimenta, e a de receita é sopa de tomate e creamcrakers. Nada me dá tanto medo como a imagem da minha mãe amarrando o avental.
- Pizza - responde meu pai por nós. - Queremos pizza!
Minha mãe tira um cupom do Sal que está pregado na geladeira e liga pedindo uma pizza grande de calabresa com cogumelos. Ela cobre o bocal do telefone.
- É isso, Annie?
Faço sinal de positivo com o polegar. Ela sorri, orgulhosa de ter se lembrado da minha combinação favorita.
Antes mesmo de desligar o telefone, ela já está perguntando sobre minha vida amorosa. Como se todos os meus telefonemas anteriores fossem apenas um estratagema e eu estivesse guardando a verdade para este momento. Meu pai cobre os ouvidos se fingindo de envergonhado. Dou a eles um sorriso com os lábios apertados, pensando que esse interrogatório é a única parte chata de voltar para casa. Sinto que sou uma decepção. Eu os decepciono. Sou filha única, a única chance de terem netos. A matemática é simples: se eu não tiver filhos nos próximos cinco anos, é pouco provável que eles vejam seus netos se formando na faculdade. Nada como uma pressãozinha a mais para uma busca já tão estressante.
- Nenhum rapaz em vista? - pergunta minha mãe, enquanto meu pai procura cortar a fatia ideal de queijo. Os olhos dela estão arregalados, esperançosos. O interrogatório pode parecer insensível, mas ela realmente acredita que tenho uma dúzia de opções, que a única coisa que me impede de lhe dar netos é minha própria neurose. Ela não entende que o amor correspondido simples e direto que ela sente pelo meu pai não é tão fácil de encontrar.
- Não - respondo baixando meus olhos. - Vou dizer a vocês, é mais difícil encontrar um cara legal em Nova York do que em qualquer outro lugar. - Trata-se do clichê da vida de solteiro em Manhattan, mas é verdade.
- Sei - diz meu pai, balançando a cabeça com sinceridade. – Muita gente ocupada com a correria do dia-a-dia. Talvez você devesse voltar para casa. Pelo menos se mudar para Chicago. Uma cidade mais limpa. Chicago tem alamedas, você sabe. - Todas as vezes que meu pai visita Nova York ele volta ao assunto da falta de alamedas na cidade.
Por que alguém faria uma cidade sem elas?
Minha mãe concorda.
- Todo mundo nos arredores da cidade é casado e tem filhos. Ela não pode voltar.
- Ela pode, se quiser - retruca meu pai com a boca cheia de creamcrackers.
- Bem, ela não quer - diz minha mãe. – Quer Annie?
- Não - respondo me desculpando. - Por enquanto eu gosto de Nova York.
Meu pai franze o rosto como se dissesse: "Bem, então não há solução." Um silêncio toma conta da cozinha. Meus pais trocam um olhar pesaroso.
- Bem, tem mais ou menos uma pessoa... - deixo escapar, apenas para alegrá-los um pouco. Eles se animam, endireitam-se na cadeira.
- É mesmo? Eu sabia! - Minha mãe aplaude toda animada.
- É, ele é um cara bem legal. Bem inteligente.
- Aposto que é bonito também - diz ela.
- O que ele faz? - interrompe meu pai. - A aparência dele não vem ao caso.
- Ele trabalha com marketing. Finanças - digo. Não tenho certeza se estou falando de Derrick ou de Alfonso. - Mas...
- Mas o quê? - pergunta minha mãe.
- Mas ele acabou de sair de um relacionamento, então talvez o momento não seja perfeito.
- Nada é perfeito - diz ela. - Depende de como você encara.
Balanço a cabeça afirmativamente, com uma expressão séria, pensando que ela deveria bordar em ponto de cruz esse pedacinho de sabedoria e pendurar sobre a minha cama de solteira lá em cima.
Autor(a): narynha
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 85
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franmarmentini Postado em 21/02/2014 - 15:43:56
olá vou ler...
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dannystar Postado em 28/10/2009 - 14:05:27
Ameiiiiiii o final =)
Tmb estou esperando pela próxima web!!!]Q seja d AyA...assim estarei lá...para ler e comentar...Olha ate rimo...rsrsrs...Bjim!!! -
rss Postado em 28/10/2009 - 12:28:23
que lindo o final ficou fofo,tou esperando pela sua proxima web.
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kikaherrera Postado em 28/10/2009 - 00:54:22
AMEI A WEB,AMEI O FINAL TAMBÉM.
MAIS VOU SENTIR FALTA DESSA WEB. -
kikaherrera Postado em 28/10/2009 - 00:13:41
MAISSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS
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kikaherrera Postado em 28/10/2009 - 00:13:29
MAISSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS
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kikaherrera Postado em 28/10/2009 - 00:13:16
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css Postado em 27/10/2009 - 20:35:40
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