Fanfic: O noivo da minha melhor amiga AyA [Terminada]

Sábado de manhã, estamos nos Hamptons. Peguei o trem hoje bem cedo e agora estamos reunidos novamente no jardim. A proximidade é um convite ao desastre. Ucker e Dulce estão jogando badminton. Eles perguntam se alguém topa desafiá-Ios numa partida de duplas. Poncho aceita.
Dulce olha para ele séria.
- Quem você quer que seja seu par, Alfonso?
Até agora, Poncho não sabia que eu contara para Dulce sobre nós. Eu tinha duas razões para não revelar isso a ele: não queria que ele ficasse desconfortável perto dela, nem que se sentisse no direito de contar para um amigo.
Mas Dulce fez seu comentário sarcástico de uma maneira que quem estivesse a par da situação simplesmente não deixaria de perceber. O que aparentemente é a condição de Ucker, porque ele lança a ela um olhar de censura. Fica claro que Ucker será a força que vai manter firme o relacionamento dos dois.
Ela não pára por aí.
- E então, Poncho? Quem vai ser? - ela coloca a mão na cintura e aponta para ele com a raquete.
Poncho olha furioso para Dulce. O maxilar dele trava.
- E se por acaso duas pessoas quiserem formar dupla com você? E aí? - Dulce provoca.
Mayte parece não perceber a tensão. Assim como Derrick e Belinda.
Talvez todos já estejam acostumados com o tom de confrontação que Dulce adota de vez em quando. Talvez eles apenas o atribuam à advogada que existe nela.
Poncho vira e olha para nós.
- Alguém de vocês quer jogar?
Derrick abana a mão dispensando a oferta.
- Não, cara. Não, obrigado. Este jogo é de mulherzinha.
Mayte ri.
- É, Poncho. Você é um homem feminino.
Belinda recusa também, ela odeia esportes.
- Badminton nem mesmo é um esporte - diz Derrick, abrindo uma lata de cerveja. - É como chamar jogo-da-velha de esporte.
- Você precisa escolher entre Mayte e Anahí. Não é? – pergunta Dulce. - Você quer jogar, Annie?
Estou paralisada junto à mesa de piquenique, entre May e Belinda.
- Não, obrigado - digo com suavidade.
- Você quer que eu seja sua parceira, querido? - pergunta Mayte.
Seu olhar cruza o jardim na direção de Poncho, enquanto ela protege os olhos da luminosidade com as mãos.
- Claro - diz ele. - Então vem.
Dulce bufa enquanto Mayte logo pula da mesa dizendo que não joga bem badminton.
Poncho olha para a grama, esperando que Mayte pegue a quarta raquete e se junte a ele no espaço verde demarcado por uma fileira de chinelos e tênis.
- Jogamos até dez - diz Dulce, lançando a peteca para o alto a fim de dar o primeiro saque.
- Por que você vai começar a sacar? - pergunta Poncho.
- Aqui está - diz ela, jogando a peteca por cima da rede. – Faço questão.
Poncho agarra a peteca e olha sério para ela.
A partida é violenta, pelo menos todas as vezes em que Dul e Poncho têm o controle. A peteca é como a munição e eles rebatem com toda a força, mirando um no outro. Derrick imita um comentarista esportivo:
- E o clima está tenso aqui em East Hampton, onde os dois tim disputam o campeonato.
Belinda torce para todos. Eu fico calada.
O placar está 9 a 8, Dulce e Ucker lideram. Ucker saca por baixo.
Mayte dá um gritinho e joga de olhos fechados conseguindo acertar a peteca por pura sorte. Ela rebate para o outro lado em direção a Dulce.
Dulce prepara o movimento e lança a peteca com força. A peteca voa. Zunindo bem acima da rede em direção a Mayte. Mayte se encolhe, pronta para rebater, quando Poncho grita.
- Fora! Vai para fora! - O rosto dele está suado.
A peteca aterrissa bem ao lado do chinelo de Belinda.
- Fora! - grita Poncho, enxugando a testa com as costas da mão.
- Bobagem. Foi dentro! - Dulce grita de volta. -Acabou a partida!
Derrick comenta conciliador que um joguinho de badminton não merece ser chamado de partida. Belinda se levanta do banco e caminhe até a peteca para verificar o alinhamento com o seu chinelo. Dulce e Ucker se juntam a ela. Há cinco pares de olhos sobre a peteca. Ucker diz que é difícil decidir. Dulce olha séria para ele antes de Poncho e ela começarem a gritaria de "fóra" e "dentro", como jogadores de times rivais.
Belinda manda voltar o ponto num clima de "vamos fazer as pazes". Ela obviamente não era uma criança que brincava fora de casa porque mandar voltar o ponto é uma das maiores causas de desavenças na vizinhança.
Dulce comprova.
- Bobagem - diz ela. - Nada de voltar o ponto. A peteca passou o dia inteiro caindo do lado de dentro.
- O dia inteiro? Nós estamos jogando há apenas vinte minutos - Poncho diz, sarcástico.
- De qualquer forma, não acho que tenha caído na linha – Mayte palpita, indiferente. Apesar de competitiva na vida real, esportes e jogos não a preocupam muito. Ela costumava comprar propriedades no Banco Imobiliário baseada no tamanho. Achava as casinhas muito mais bonitinhas do que "aqueles hotéis horríveis de tão enormes".
- Está bem. Se você quer trair as regras - diz Dulce para Poncho, disfarçando sua alfinetada com um sorriso amigável, como se estivesse apenas brincando. Seus olhos estão arregalados, inocentes.
Acho que vou desmaiar.
- Está bem, você venceu - diz Poncho para Dulce, como se não se importasse. Dulce ganhou seu joguinho bobo. Dulce se recusa. Ela parece desorientada, indecisa entre discutir ou saborear a vitória. Estou com medo do que ela possa dizer.
Poncho joga a raquete na grama, sob uma árvore.
- Vou tomar uma chuveirada - diz, indo em direção à casa.
- Ele está puto - comenta Mayte, com uma expressão ofuscante de tão óbvia. Ela acha que é por causa do jogo. - Poncho detesta perder.
- É, ele sabe dar uma de bebezão - diz Dulce enojada.
Percebo (com satisfação? esperança? superioridade?) que Mayte não defende Poncho. Se ele fosse meu noivo, eu o defenderia.
É claro, se eu estivesse no lugar de Mayte, Dulce não teria sido tão impiedosa.
Olho firme para ela, como se dissesse "chega".
Ela dá de ombros, cai na grama e coça uma mordida de mosquito no tornozelo até sangrar. Depois, limpa o sangue com um pedacinho de grama e olha para mim novamente.
- E então? - diz ela, desafiadora.