Fanfic: A Lenda do Anel dyc (Terminada)
CAPÍTULO VII
Era muito cedo ainda.
O dia mal clareara. Bocejando, Dulce estendeu o braço para o príncipe
Christopher. Com cuidado, ele enfaixou-lhe a mão esquer¬da até o pulso.
— Está bem assim? — ele perguntou.
Bem
demais. A suavidade das mãos dele, o toque dos dedos em sua pele,
desencadeavam uma onda de sensualidade que se espalhava pelo corpo
inteiro de Dulce. Mais alguns mi¬nutos e o fogo estaria aceso. Ela
tentou desvencilhar-se, mas Christopher segurou-lhe a mão.
— Está ótimo, Alteza.
Ele prendeu a bandagem com esparadrapo e apalpou a parte enfaixada.
— Não está muito apertado?
— Não. — Se estivesse apertado, certamente seu sangue não ferveria tanto. — Acho que não vai dar certo.
—
Ninguém nos verá. — O príncipe Christopher entregou-lhe os óculos de
sol. — As ruas estão desertas. Ainda é cedo, as pessoas ainda estão
dormindo.
— Seremos reconhecidos.
— Quem nos ver, pensará que
estamos em lua-de-mel. — Ele colocou um boné de beisebol na cabeça.
Antes de sair do quarto, ele viu o bloco de desenhos de Dulce e
estudou-o. — Você tem talento.
Na noite anterior, ela esboçara um
novo trabalho, um cowboy e seu cavalo. Nada definido ainda, apenas
alguns riscos a lápis, mas ela apreciara o elogio.
— Obrigada.
Ele colocou o bloco na escrivaninha.
— Vamos.
— Tenho a impressão de que será muito engraçado.
— Não há nada de engraçado. — Ele escondeu os olhos atrás dos óculos espelhados. — Vamos.
Um
caminhão de frutas estava parado na porta dos fundos do palácio. Dulce
e o príncipe Christopher pularam na carro¬ceria e esconderam-se sob a
lona. Minutos depois, o caminhão deixou o palácio, levando os dois
clandestinos.
Quando o veículo dobrou a esquina, Dulce colidiu
com o príncipe. E quando virara na direção oposta, os braços fortes
dele impediam-na de bater contra a grade da carroceria.
A proximidade fez com que ela ansiasse por outro beijo. Antes, porém, que a vontade se intensificasse, o caminhão parou.
O príncipe Christopher levantou a lona e pulou. Em seguida, estendeu a mão para Dulce.
— Rápido.
Depois,
seguiram por uma alameda. Não havia ninguém por perto, mas o príncipe
olhou atentamente para os lados antes de atravessarem a rua. Pararam
diante de um chalé.
As paredes estavam descascando. As pedras,
cobertas por hera. A porta foi aberta antes mesmo que eles batessem. Um
homem baixo, de cabelos brancos e longos, cumprimentou-os.
— Entrem, por favor.
Seguindo o príncipe, Dulce entrou.
Ervas
e flores pendiam em vasos por todos os cantos, numa mistura de perfumes
e aromas. Pedras e bolas de cristal ali¬nhavam-se nas prateleiras,
refletindo a luz das velas que ilu¬minavam a sala.
Ela olhou para o homem de cabelos brancos e olhos azuis. De robe púrpura florido, ele era a própria imagem do mago.
— Estava à sua espera, Alteza. — O homem fez uma re¬verência. — E a você também, srta. Armstrong.
Ele
sabia o nome dela. Seria mesmo um mago? Dulce voltou-se para o
príncipe, que olhava para as cartas de tarô abertas sobre uma toalha de
veludo vermelho, com expressão cética.
— O conselheiro real
avisou-me que Sua Alteza viria. — O homem riu. — Pela expressão de Sua
Alteza, percebo que não é o que esperava.
O príncipe suspirou. Estava tão confuso quanto Dulce.
— Não é mesmo.
—
Não ligue para a aparência, Alteza. Apenas confie no meu trabalho, nas
minhas ervas e poções. — Ele olhou para Dulce. — Merlin, ao seu dispor,
senhorita.
— Precisamos de sua ajuda — disse Christopher.
De novo, Merlin fez uma reverência.
— Em que posso ajudar, Alteza?
O príncipe Christopher tirou as bandagens que envolviam a mão de Dulce.
— Remova o anel do dedo dela, e eu saberei como recompensá-lo.
Com os olhos brilhando, Merlin aproximou-se de Dulce.
— Posso examinar o anel, Alteza?
Dulce estendeu a mão. Tocando o anel com respeito, ele o estudou por todos os ângulos. Finalmente, ele levantou os olhos.
— E o joalheiro real? — perguntou Merlin.
— Ele tentou de tudo. Desde a fórmula secreta até métodos mais... bárbaros.
Merlin meneou a cabeça. Depois, gesticulou em direção às cadeiras ao redor da mesa.
— Por favor, queiram sentar-se. Voltarei num minuto.
Assim que eles sentaram, o mago desapareceu por detrás da cortina.
— Merlin é simpático, mas um tanto... estranho.
— Ele é excêntrico, mas situações desesperadoras exigem medidas desesperadas.
— Não podemos nos desesperar, Alteza, Hoje ainda é segunda-feira.
Carregando
dois frascos, um verde e o outro cinza, numa das mãos, um livro com
capa de couro na outra, Merlin retornou e colocou tudo sobre a mesa.
Destampou os frascos.
— Qualquer joalheiro deveria saber que os métodos convencionais não funcionam com um anel encantado.
O príncipe Christopher cruzou os braços.
— O anel não é encantado.
—
Apesar de todas as tentativas, ainda está no dedo dela. A única
explicação é a magia, Alteza. Devemos anular o encanto com outro
encanto.
Dulce olhou para Christopher, que, simplesmente, deu de
ombros. De um frasco, Merlin derramou um pouco de pó rosa na palma da
mão. Do outro, areia branca.
—Pronta?
Prendendo a respiração, Dulce estendeu a mão.
Merlin
jogou a mistura dos pós sobre o dedo dela. Ele fechou os olhos, ergueu
as mãos e murmurou algumas palavras numa linguagem desconhecida.
—Tente tirá-lo agora — Merlin ordenou num sussurro.
Dulce tentou, mas não conseguiu nada. Nem o príncipe Christopher. Droga! Ela realmente queria que desse certo!
— O que é isso? — perguntou ela.
— Pó mágico de fada e de duende.
O príncipe Christopher sorriu com ironia.
— Você só pode estar brincando!
Merlin retribuiu o sorriso.
— Eu sabia que não funcionaria, mas achei melhor tentar, de qualquer maneira.
Dulce
escondeu o rosto com as mãos. Incrível! Seu futuro dependia de um homem
que acreditava em pós mágicos. O anel jamais sairia de seu dedo. Teria
que casar-se com o prín¬cipe Christopher ou amputar o dedo. Não sabia o
que era pior.
Christopher afagou-lhe o ombro, num gesto animador.
— Não desista.
As
palavras dele fizeram-na endireitar-se na cadeira. Não era hora de
reações exageradas. Respirou fundo, procurando acal¬mar-se. Tinha
certeza de que eles se livrariam daquela situação.
— Que faremos agora?
Merlin franziu a testa.
— O anel está colado à sua pele. Parece que uma subs¬tância foi...
— Eu não colei o anel no meu dedo! — Dulce reagiu ofendida.
— Então, não há duvida — Merlin anunciou. — O anel serve, Alteza. Ela será sua esposa.
— Não acredito nisso. — O príncipe apertou os dentes. — Primeiro Gaston. Agora você.
Merlin umedeceu os lábios.
—
O que fazer, o que fazer? — Refletindo, o mago tamborilou os dedos na
mesa. — Sua Alteza não quer casar-se com a srta. Armstrong?
O príncipe Christopher olhou-a e o coração dela bateu mais forte.
— Não permitirei que uma lenda decida com quem devo me casar.
— E você não quer se casar com ele, srta. Armstrong?
A expressão furiosa do príncipe deixava-o ainda mais atraente.
— Eu... Bem, eu não quero me casar com um príncipe.
—
Pense, pense, pense — Merlin murmurava a mantra com olhos fechados. De
repente, abriu-os, levantou-se e empurrou o livro para eles.
— Leiam isto. Voltarei em seguida.
Merlin
desapareceu atrás da cortina novamente. Dulce assoprou o restante do pó
em seu dedo, cobrindo o rosto do príncipe com partículas cintilantes.
Ele espirrou.
— Desculpe-me, Alteza.
Com a mão, ele limpou o
rosto. Uma partícula continuou brilhando no nariz. Sem pedir licença,
Dulce removeu-a com a ponta do dedo sob o olhar espantado do príncipe.
Os
lábios dele se curvaram levemente num sorriso devas¬tador. Ela se
arrepiou toda. Ficou tensa. Não fazia o menor sentido. Não podia
sentir-se atraída por ele. Não podia estar desejando que ele a beijasse
de novo.
— O que faremos agora, Alteza?
Em vez de alimentar os sonhos dela, ele apontou para o título do livro. A Lenda do Anel.
— Vamos ler.
Não
havia razão para sentir-se desapontada ou rejeitada. Lembre-se, ele não
é o homem certo para você. Um beijo era mais do que suficiente. Ela não
queria mais complicações. Umedeceu os lábios secos.
O príncipe
Christopher abriu o livro. As páginas, amareladas e cheirando a mofo,
eram verdadeiras obras de arte. Douradas, com desenhos feitos à mão e
bordas coloridas.
— Este livro deve ter centenas de anos! — Dulce
olhava admirada. O texto, manuscrito com letra elaborada, era um
trabalho artesanal. — O que está escrito?
— A Lenda do Anel através dos Tempos — Christopher virou a página e leu-a em voz alta.
Depois
de alguns trechos, interrompeu a leitura. Ao longo dos anos, geração
após geração, a lenda provava ser verdadeira. Em cada caso, o anel
servira no dedo da moça e o casamento real acontecia no prazo de uma
semana, o que tornava a si¬tuação deles mais desanimadora.
Dulce retomou a leitura.
—
Esta é a última história e data do final do século dezessete. — Quase
no fim do relato, Dulce fez um aparte. — Alteza, ouça isto: "Três dias
antes do casamento, o anel saiu do dedo de Patrícia."
Lá estava! Exatamente o que eles procuravam. Os olhares se encontraram por um instante. Depois, Dulce continuou:
— "O conselheiro real declarou a lenda inválida.
Uma vez que o anel não estava mais no dedo de Patrícia, o casamento não
devia ser..."
— Como o anel saiu do dedo da moça? — Christopher
inclinou-se e os ombros de ambos se tocaram. O perfume cítrico dele
deixou-a nervosa.
— Deixe-me ver. — Procurando pelo tópico, ela
ignorou a pressão da coxa dele contra a dela. Tão quente. Tão rija. —
Onde eu estava? "O anel..." Não, não é... Ali, aqui. "O casamento não
devia realizar-se. Mas o príncipe explicou ao conselheiro que retirara
o anel do dedo de Patrícia para poder pedir-lhe formalmente em
casamento. Ele a amava e queria se casar com ela. Lenda ou não."
— Droga!
Dulce mordeu o lábio.
— Odeio dizer isto, mas parece que Didier tem razão. Só o verdadeiro amor poderá remover o anel.
Antes que o príncipe Christopher respondesse, Merlin entrou abruptamente na sala.
— Se Sua Alteza se casar com a mulher a quem escolher, eu ganho a recompensa, mesmo sem ter conseguido remover o anel?
O príncipe hesitou por um momento.
— Sim... desde que não faça nada de ilegal.
— Maravilha, Alteza! — Merlin sorriu de orelha a orelha. — Eu encontrei uma solução. Duas, na verdade.
Merlin
considerava aquilo uma solução? Andando pela sala, Christopher
inclinava a cabeça para não bater nas flores que pendiam do teto.
— Não me importa o que você diz, Merlin. Não vou me apaixonar por ela!
Dulce apertou os lábios.
— Nem eu por ele — garantiu ela.
Merlin cerrou o cenho.
— Que pena eu não ter as histórias dos casos mais recentes, incluindo a história dos seus pais, Alteza.
Christopher parou de andar e cruzou as mãos nas costas.
— Bobagem! São contos de fadas.
—
Como pode dizer isso? Vocês leram o livro. Se vocês se apaixonarem, o
anel sai do dedo dela. Esse é o caminho mais fácil. Posso preparar uma
poção do amor. Nunca tive muito sucesso com a número 9, mas a número 23
junto com a número 30 são infalíveis.
Não! — Dulce e Christopher gritaram em uníssono.
— Crianças, crianças. — Merlin massageou as têmporas. — Bem, então, só nos resta a outra solução.
— Em não chamaria isso de solução. — Christopher protestou.
— Uma hora ou outra, nós mesmos teríamos essa idéia.
Merlin cruzou os braços e fez beicinho como uma criança.
— Mas eu pensei primeiro, Alteza.
—
É verdade. — Isso significava que Christopher iria revirar o mundo em
busca de uma esposa e que manteria a palavra quanto à recompensa. —
Mesmo assim, teremos complicações.
— Complicações menores, talvez. Porém, a escolha será sua, Alteza. Não é esse o seu desejo?
— Sim, mas...
—
Tudo será resolvido, Alteza. — Dulce levantou-se. — Claro, ainda temos
que descobrir uma maneira de tirarmos o anel do meu dedo, mas, pelo
menos, você manterá o trono.
O tempo se esgotava e Christopher
preocupava-se com o anel ainda no dedo de Dulce. A cada segundo que
passava, ele ficava mais próximo do dia do casamento. Ele também se
preo¬cupava com a legalidade do plano. Logicamente, fazia sentido, mas
as leis nem sempre são lógicas.
-— Sim, mas...
— Não vejo onde poderíamos errar. — Dulce enfaixou a mão e vestiu as luvas. — Não se nós dois trabalharmos juntos.
— Concordo — disse Merlin.
— Você encontrou a melhor solução. — Ela beijou Merlin no rosto. — Obrigada.
— Você seria uma princesa adorável — respondeu ele.
Dulce corou.
— Você é muito gentil.
— E você, muito querida. — Merlin suspirou. — Alteza, tem certeza de que não deseja se casar com a srta. Armstrong?
— Certeza absoluta. Pronta para ir embora?
— Estou. — Os olhos dela brilhavam. — Temos muito o que fazer, se quisermos encontrar uma esposa a tempo.
Apressados, Christopher e Dulce seguiram em direção à pra¬ça onde Didier os esperava.
— Sua Alteza pretende casar-se na igreja ou só no civil? — Dulce perguntou.
— O quê?
— Precisamos planejar o casamento. Assim que encontrarmos a noiva, não poderemos perder um minuto.
— Há anos, estou procurando a mulher ideal. Você acredita mesmo que, de repente, vou encontrá-la num final de semana?
Ela ergueu os ombros e abriu os braços.
— Você tem escolha?
Christopher
hesitou. Dulce usava o anel. Portanto, ela era a suposta noiva. De
short, as pernas dela pareciam mais com¬pridas. Mechas de cabelos
ruivos escapavam por baixo do cha¬péu. A brisa do mar só acentuava sua
fragrância floral. E os lábios...
Ela era a escolhida pela lenda,
porém, a última coisa que desejava, era casar-se com um príncipe. Ela
queria um cowboy, como o que desenhara. Além do mais, não poderia
desposá-la, mesmo que quisesse.
— Não, eu...
Uma brecada. Batidas de porta. Um flash. Gritos.
— Lá estão eles! — exclamou uma voz masculina. — Alteza?
— Esta foto vai garantir até a faculdade do meu filho! — exclamou o outro repórter.
Segurando a mão de Dulce, o príncipe correu pela rua de pedra. Entraram por uma alameda e esconderam-se no jar¬dim de uma casa.
Ouviram o som de passos. Ele levou o dedo aos lábios, pe¬dindo silêncio. Dulce meneou a cabeça, concordando.
— Acho que eles vieram para cá — disse um dos repórteres.
—
Será que saíram para um encontro amoroso? — ironizou o outro. — Pena
que não os surpreendemos em Astarte. Eu queria tanto ver as jóias de
Dulce!
Ambos riram.
Eu também. Mas temos de nos contentar com o que conseguirmos.
Christopher
enfureceu-se. Não era só o desrespeito deles. Era toda a imprensa
glorificando a lenda, fazendo com que todos os cidadãos de San Montico
acreditassem piamente naquela bobagem. O povo estava encantado,
obcecado era o termo exato, pela magia. Ele se cansara.
Contou até três e saiu do esconderijo. Num instante, repór¬teres e câmeras estavam no chão e os filmes destruídos. Fácil demais.
Só
que Christopher não olhou para trás. Um telefone e a notícia estava
dada. O príncipe e sua noiva passeando pelas ruas de San Montico.
Precisava tirar Dulce dali antes que alguém mais os visse.
Correram até encontrar uma porta aberta. Entraram num pátio e fecharam o portão.
O rosto de Dulce estava vermelho e ela ofegava.
— Tudo bem? — Christopher perguntou.
— Tudo. Eu pensei que estivesse em melhor forma física. Essas ladeiras são de arrebentar as pernas!
E que pernas! Hora de agir corrio príncipe, não como homem. Ele virou o rosto.
— Acha que os despistamos? — Dulce indagou.
Ele prestou atenção nos ruídos da rua e nada.
— Por enquanto.
— Ótimo. A propósito, sua performance foi impressionante. Os príncipes também aprendem essas coisas?
— Claro. Temos aulas especiais de como lidar com a im¬prensa como verdadeiros cavalheiros.
— Adoraria ver como você os trata quando não se comporta como um cavalheiro — disse sorrindo.
Se ela ficasse na ilha por muito tempo, certamente, teria a oportunidade de ver.
— Vamos andando. Temos que encontrar Didi.
— E os fotógrafos?
— Seremos cautelosos.
Na praça, o príncipe Christopher olhou ao redor, depois consultou o relógio de pulso.
—Didi está atrasado.
Dulce sentou-se no banco de concreto, tirou o boné e penteou os cabelos com os dedos. Precisava de um banho e do café da manhã.
— Talvez, ele tenha perdido a hora.
— Ele é sempre muito pontual — Christopher afirmou.
— Logo ele estará aqui, Alteza.
Felizmente,
ela podia relaxar um pouco depois da corrida até a praça. Fora difícil
acompanhar o ritmo dos passos do príncipe, mas, em compensação, pudera
admirar o belo físico dele. O short branco contrastava com a pele
bronzeada e as gotas de suor que cobriam-lhe os braços e as pernas,
brilhavam ao sol.
Dulce respirou fundo. O que estava fazendo?
Não
devia estar suspirando por ele como uma adolescente. Devia, sim,
ajudá-lo a encontrar uma esposa. Não se permitia o luxo de sentir-se
atraída por ele.
— Por que não senta, Alteza?
Voltando-se, ele tocou-lhe a ponta do nariz com dedo.
— Seu nariz está ficando vermelho. Coloque o boné.
Sentiu uma ardência na pele. Não pelo sol, mas pelo toque.
— Estou precisando mesmo de um pouco de cor.
Ela
o fitou. O rosto dele estava bronzeado por igual. O olhar deteve-se nos
lábios dele. Pareciam esculpidos. Cheios, dignos de serem beijados. O
beijo da noite anterior apenas estimulara o apetite dela. Ela queria
provar mais.
Não, Dulce ralhou consigo mesma. Não queria beijá-lo. Nunca mais.
— Quais são os requisitos, Alteza?
— Requisitos?
— Para a candidata.
— Eu tenho uma lista.
Uma lista?
Exatamente
como Dulce pensava. Em compensação, ela tivera tão poucos namorados. A
pintura ocupava-a demais. E quase todos os candidatos a marido em
potencial que alguém sempre lhe apresentava, eram clones mais jovens do
pai dela. O último tipo de homem com quem ela se casaria. Depois de um
príncipe, claro. Quando ela se mudasse para o oeste...
Ela descalçou as sandálias.
— Que tal um banho gelado?
— Eu...
Sem esperar pela negativa dele, Dulce correu para a fonte e pulou para dentro da água.
— Que delícia! Não quer aproveitar?
O príncipe olhou ao redor.
— Por que não?
— É o que sempre digo.
Ele tirou os ténis e as meias e entrou na água.
— É muito refrescante mesmo!
O
sorriso dele lembrava o de uma criança. Ela podia ima¬ginar o príncipe
em criança de cabelos ondulados, brilhantes olhos azuis e sorriso
encantador.
— Nunca me imaginei assim, Dulce.
Ela jogou água nele.
— E assim?
— Talvez. — Rindo, ele jogou-lhe água também.
Ela
tentou fugir, mas bateu as costas num golfinho. Presa. Ele se
aproximou. Mais e mais, até parar diante dela. Apenas alguns
centímetros de distância.
Dulce estremeceu. O hálito quente
acariciava-lhe o pes¬coço, provocando-lhe ondas de desejo pelo corpo
inteiro. A água batia-lhe nas pernas, mas não conseguia esfriar o calor
que crescia dentro dela.
Viu o brilho do desafio nos olhos dele. Mas
ela não podia provar daquela água. Uma onda imensa esperava para
arras¬tá-la mar adentro. Seu lado racional dizia-lhe para não se
dei¬xar levar. Mas o outro lado queria...
Dulce não conseguia
fitá-lo nos olhos sem sucumbir a tanto charme. Ela andou para o lado e
perdeu o equilíbrio. O príncipe amparou-a. Segurou-a por um momento e
ela gostou da sensação de segurança dos braços dele. O calor das mãos
queimavam-lhe a pele sob a camiseta. O perfume de Christopher
intoxicava-a.
Ele não era um simples mortal. Não podia ser.
— Você está bem? — Os olhos dele brilhavam de preocupação e algo mais que Dulce não tinha certeza de querer ver.
Sem confiar na voz, ela balançou a cabeça num gesto afirmativo.
— Cuidado, não quero que se machuque — murmurou ele.
Então fique longe de mim. Fique longe, bem longe.
No instante seguinte, os lábios dele estavam sobre os dela. Gentis, ternos. Doces.
E então... A gentileza e a ternura desapareceram. No lugar deles, força, fome, desejo. Paixão pura, intensa e incontrolável.
O
céu devia ter o gosto do príncipe Richard porque um beijo tão
avassalador, tão sufocante, tão perfeito, só podia ser uma dádiva.
Diga-me que sente o mesmo. Dulce encostou a mão no peito másculo e sentiu-lhe as batidas fortes e descompassadas do coração.
Ele
espalmou as mãos nas costas dela, puxando-a para si. Dulce encostou o
corpo no dele, correspondendo com o mes¬mo fervor e ansiedade. Nada
importava, só aquele momento, só ele. O sangue fervia nas veias. As
sensações pulsavam dentro dela. Uma dor pungente provocou um débil
gemido. Ela o de¬sejava. Precisava dele.
— Chri...
Abruptamente, Christopher se afastou. Dulce sentiu que uma parte de si ia com ele.
— Foi... — O príncipe tomou o rosto dela entre as mãos. — Um erro.
Quando
entendeu o que ele dissera, a decepção e dor atin¬giram-lhe o coração.
Claro, fora um erro. E daí que o beijo fora tão devastador? Christopher
era tão bonito, sensual, encan¬tador. Tão príncipe. Ela estremeceu.
— Dulce...
— Foi um erro, Alteza. — Ela ergueu o queixo e sustentou o olhar dele. — Um erro que não se repetirá.
Autor(a): lovedyc
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CAPÍTULO VIIITudo o que Dulce queria, era encontrar uma noiva para o príncipe Christopher. Nos lábios, ain¬da sentia o calor e a pressão do beijo dele. Isso a deixava furiosa. Com ele, com ela.Sobre a escrivaninha do quarto, alguns livros com o registro da aristocracia européia. Ao lado, um bloco com o nome das mu¬lheres que el ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 741
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stellabarcelos Postado em 28/10/2015 - 23:48:12
Que lindos! Amei
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docemenina Postado em 16/04/2015 - 19:19:43
Bem linda <3
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anjodoce Postado em 06/12/2009 - 01:27:06
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anjodoce Postado em 06/12/2009 - 01:27:05
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anjodoce Postado em 06/12/2009 - 01:27:04
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anjodoce Postado em 06/12/2009 - 01:27:04
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anjodoce Postado em 06/12/2009 - 01:27:03
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anjodoce Postado em 06/12/2009 - 01:27:03
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