Fanfics Brasil - A Lenda do Anel dyc (Terminada)

Fanfic: A Lenda do Anel dyc (Terminada)


Capítulo: 4? Capítulo

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CAPÍTULO II

Dulce parou diante das majestosas portas duplas do quarto do príncipe, o coração batendo na garganta. O príncipe, o anel de noivado, o quarto. Oh, céus! O quarto. O quarto do príncipe. Ninguém acreditaria no que estava acontecendo. Talvez a família dela, absolutamente mais ninguém. Dulce beliscou o braço para certificar-se de que não estava sonhando.
O príncipe Christopher adiantou-se para a abrir uma das portas.
— Entre e espere-me aí dentro.
— Alteza... — ela começou, depois hesitou.
O olhar de superioridade dele deixou-a pouco à vontade.
— O que foi, srta. Armstrong?
Dulce não tinha sangue real, mas era uma Armstrong. Endireitando o corpo, obrigou-se a fitá-lo nos olhos.
— Lamento ter estragado seu aniversário.
— Entre. — Com a mão nas costas de Dulce, conduziu-a para dentro do quarto. Evidentemente, ele nem prestara atenção no pedido de desculpas dela. — Não toque em nada e fique longe das janelas.
Ela se conteve para não perguntar se deveria entrar des¬calça, para não macular o carpete. De nada adiantaria irritá-lo ainda mais.
— Sim, Alteza.
— Tenho que voltar à festa. Creio que meu tio está sofrendo um ataque cardíaco.
Ataque cardíaco? Dulce abriu a boca, mas a voz morreu na garganta. O príncipe Christopher saiu do quarto, fechando a porta. Dulce tentou abri-la, mas estava trancada à chave.
Ela estava presa no quarto do príncipe. Sozinha.
Um ataque cardíaco? Certamente era brincadeira do príncipe. Ou seria verdade? Dulce olhou para as mãos enluvadas.
O anel. Só podia ser por causa do anel.
Respirou fundo, soltando-a devagar e ruidosamente. O que ela provocara dessa vez? Ataques poderiam ser fatais. Apertou as mãos, desesperada. O marquês era um homem tão simpático, tão encantador. Bem diferente do sobrinho, príncipe Christopher.


Ela se jogou na enorme cama de casal de mogno, ricamente entalhada. Pela janela aberta, entrava uma brisa suave, en¬chendo o quarto com o cheiro de mar. Mas o ar fresco não amenizava seu sentimento de culpa.
A culpa era dela.
Deitada na cama do príncipe, ela ajustou as luvas para não caírem. Durante toda sua vida, ela quebrara muitas coisas, quase sempre coisas muito valiosas. Era capaz de começar uma guerra, ou uma pequena insurreição, como seu pai preferia considerar.
Depois de um tempo que pareceu uma eternidade silenciosa, ela ouviu o ruído da chave na fechadura. Pulou da cama um segundo antes de abrirem a porta. O príncipe Christopher entrou seguido por Didier e pelo marquês.
O marquês!
Graças a Deus! Ele não morrera. Dulce correu e abraçou-o.
— O senhor está vivo!
O marquês sorriu.
— Não mais do que antes.
Ela fitou os olhos azuis que lembravam os do príncipe.
— Pensei que o tivesse matado.
— Minha cara Dulce, posso chamá-la assim?
Ela concordou com um gesto de cabeça, sem afastar os olhos do rosto do marquês. Ele estava vivo. Vivo. Uma lágrima es¬correu-lhe pela face.
— Esta lágrima é por mim? — O marquês enxugou-lhe o rosto com um lenço de linho branco. — Você me faz desejar ser trinta anos mais jovem. Christopher, meu felizardo rapaz, você encontrou uma maravilhosa...
— Por que você mataria meu tio? — perguntou o príncipe Christopher, abandonando também o tratamento formal.
— Sua Alteza me disse que o marquês estava sofrendo um ataque cardíaco. Imaginei que fosse por causa do anel.
— Seu coração bateu mais forte.
O anel. Por um momento, ela o esquecera.


Olhou para o príncipe, esperando ver nele a mesma com¬paixão, a mesma sinceridade, que vira no rosto do marquês. Mas o rosto do príncipe mostrava apenas impaciência. Como pudera confundi-lo com um Príncipe Encantado? Nunca ansiara tanto por ter alguém de sua família por perto.
— Onde está meu pai?
O marquês afagou-lhe o ombro, tranqüilizando-a.
— Logo ele estará aqui.
— Tire as luvas — ordenou o príncipe Christopher.
— Por favor, meu querido sobrinho — o marquês advertiu-o gentilmente. — Dulce não é nenhum objeto. Ela será sua...
— Por favor, digo eu, tio Phillippe. Se insistir em interferir, pedirei para retirar-se.
— Fingi esse ataque cardíaco para acabar com sua festa e é assim que você me agradece? — O marquês parecia ofendido.
— O senhor fingiu estar tendo um ataque cardíaco? — Dulce perguntou.
— Sim, minha querida. — Phillippe ergueu uma sobrancelha. — Uma performance impecável, diga-se de passagem. Digna de um Oscar.
— Por quê?
O príncipe Christopher pigarreou e o marquês suspirou.
— Por que não pergunta à Sua Alteza Sereníssima?
O príncipe não disse nada. Continuou com aquela irritante expressão de superioridade. Ela se desesperara, chorara, acre¬ditando que ser a causa da doença do marquês. Merecia uma explicação. Com as mãos na cintura, encarou o príncipe.
— E então? Sua Alteza Sereníssima vai me contar o que está acontecendo aqui?
Didier e o marquês riram, e o príncipe fulminou-os com um olhar furioso. Depois, olhou para o teto e resmungou algo em francês.
Estúpido e arrogante, isso o que ele é.
Ela poderia ter-lhe respondido em francês também, mas pre¬feriu respirar fundo para acalmar-se.
— Alteza, eu não colei o anel em meu dedo. Nem fiz de propósito. Se quiser me dizer alguma coisa, e pode ser em francês mesmo, mas fale olhando no meu rosto, por favor.
O príncipe Christopher avaliou-a por um longo momento.
— Você fala francês?
— Fluentemente. — Dulce adorou a expressão espantada dele. O homem era mesmo orgulhoso. — Quando eu estava na faculdade, estudei em Paris.


— Fala outros idiomas?
— Italiano. Estudei um ano em Florença. — Aproveitando o instante de surpresa do príncipe, Dulce não se fez de rogada. Ainda que momentaneamente, assumiu o controle da situação. — E espanhol também. Passei oito meses na Espanha, entre Madri e Barcelona.
— Alteza — Didier interrompeu-os. — Dulce está esperando sua explicação sobre o ataque cardíaco do marquês.
— Parece que conseguiu dois protetores, srta. Armstrong. — O príncipe reassumiu a pose real, mas a veia do pescoço ainda pulsava forte. Ele não era tão frio e controlado como queria que as pessoas acreditassem. — Já que insiste, vou contar. Uma vez que você, descui...
Didier tossiu.
— Desculpe-me, Alteza.
Pelo olhar do príncipe, Dulce não teve dúvidas que ele teria estrangulado seu conselheiro, se pudesse. Didier, porém, não se intimidou, e o príncipe continuou:
— Uma vez que você teve a infelicidade de ter o anel colado em seu dedo, achei melhor que os convidados se fossem, antes que começassem os comentários. Eu precisava de um motivo para acabar com a festa. Então, recorri ao talento do meu versátil tio.
— Já representei Shakespeare — afirmou o marquês fazendo uma reverência.
Dulce não conteve o riso. Não fora má ideia. E funcio¬nara. Ela mesma era favorável a qualquer estratégia apenas para evitar comentários e manter a imprensa afastada. Sua Alteza podia não ser aquele cavaleiro de armadura reluzente, mas era rápido no raciocínio. Talvez ele até encontrasse um meio para saírem daquela confusão.
— Agora que respondi à sua pergunta, srta. Armstrong, poderia fazer-me a gentileza de tirar as luvas?
Naquele instante, alguém bateu à porta. Silêncio total no aposento. Ninguém se moveu. Todos olharam para a porta. Nova batida.
Com um gesto quase imperceptível de cabeça, o príncipe autorizou Didier a abrir a porta.
— É o sr. Armstrong — informou ele.
Alan Armstrong entrou no quarto com um sorriso largo. Dulce calculou alguns segundos para o sorriso desaparecer. Ela escondeu as mãos nas costas.
— Querida. — O abraço do


Mamãe já sabe, pensou Dulce desolada.
— Como ela está? — perguntou ela.
— Muito bem.
Bem? Sua mãe? Não, não era possível. Ela só não acompa¬nhara o marido a San Montico porque descobrira uma nova ruga ao redor dos olhos. Ato contínuo, marcara uma consulta de emergência, incluindo passagem aérea, com seu cirurgião plástico, em Beverly Hills. Exagero era o nome do meio de Claire Armstrong.
— Posso ver o anel, Alteza? — pediu Alan.
— Se a srta. Armstrong tirar as luvas...
— Faça o que o príncipe disse — murmurou o pai dela. — O que quer que ele diga.
— Sim, senhor. — Ela tirou as duas luvas e estendeu a mão esquerda para o pai.
— Interessante. — Alan tentou girar a jóia. Dulce esperava pela reprimenda do pai. Esperava que, mais uma vez, ele expressasse seu desapontamento. Em vez disso, o sorriso alargou-se ainda mais. — O anel não está saindo, não é?
— Não, não está saindo, sr. Armstrong — disse Didier.
— Não está saindo — repetiu o marquês.
— Mas vai sair! — O príncipe Christopher forçou um sorriso. — O anel não serve para ela.
Os outros três homens trocaram olhares cúmplices, e Dulce teve a sensação de que era a única a não partilhar de um terrível segredo.
— Gostaria que Dulce permanecesse no palácio — disse o príncipe.
Diga que não, papai. Diga não.
— É compreensível, considerando as circunstâncias — Alan assentiu. — Providenciarei para que a bagagem dela seja tra¬zida para cá. Discretamente, claro.
O príncipe Christopher sorriu satisfeito.
— Sua presença também será bem-vinda, sr. Armstrong.
Fique, papai. Por favor, fique.
— Obrigado, Alteza, mas não será necessário. — Alan olhou para o anel no dedo da filha e riu. — Tenho que pensar em tantas coisas, que duvido que consiga dormir esta noite.


Finalmente, ele faria alguma coisa. Dulce suspirou aliviada.
— Não se preocupe. — O pai acariciou-lhe o braço. — Cui¬darei de tudo.
Menos mal. Ela não estaria sozinha. Porém, seu pai estava reagindo com muita calma, diferentemente de outras ocasiões em que ela se envolvera em apuros.
— Você não está bravo?
— Um pouco surpreso — admitiu ele. — Mas bravo, não.
Decididamente, ela era a única excluída do complô. Defini¬tivamente, alguma coisa estava acontecendo.
— Meu tio o acompanhará, sr. Armstrong — informou o príncipe.
Dulce queria que o pai ficasse. Queria dizer-lhe o quanto apreciava a ajuda dele. Queria dizer-lhe o quanto o amava. Mas Alan Armstrong não lhe deu chance de dizer nada.
— Durma bem, minha filha. — Alan beijou-lhe a testa. — Estou muito orgulhoso de você, querida.
Dulce olhou-o boquiaberta. Durante anos, ansiara ouvir o pai proferindo essas palavras. Tudo o que ela queria, era ser uma boa menina e deixar os pais orgulhosos. Mas as coisas não deram muito certo. Ela acabava sempre envolvida em pro¬blemas, mesmo sem querer. O anel colado em seu dedo era o exemplo perfeito. Com exceção de manter o caso longe da im¬prensa, qual a diferença entre essa e as confusões anteriores?
Christopher não desistia. Ele tentou de tudo, mas nada funcio¬nara. Sabonete, loção cremosa, vaselina. O anel continuava firme. Suas ideias se esgotavam.
E o tempo também.
Já passava das duas da madrugada. Ele não contara nada à mãe, nem ao resto do palácio, sobre Dulce e o anel. Mas não poderia guardar segredo para sempre. Logo amanheceria, e com a luz do dia, a verdade viria à tona, assim como a notícia sobre o anel e sobre quem o estava usando se espalharia rapidamente.
Se o povo acreditassem que a "magia" do anel escolhera Dulce para ser a noiva do príncipe, e se ele a desposasse, os costumes e as tradições supersticiosas da ilha se fortaleceriam ainda mais.


A lenda selaria não só o destino dele, mas o de San Montico também. Com ideias arcaicas, como lendas e contos de fadas, San Montico nunca chegaria à modernização e os desejos de seu pai nunca se realizariam. Christopher não permitiria que seu país parasse no tempo.
Vasculhando o armário do banheiro, ele encontrou um vidro de óleo.
— Vamos tentar com isto, srta. Armstrong.
Retirando a mão de uma vasilha cheia de gelo, Dulce encostou-se no gabinete da pia.
— Vá em frente, Alteza. E como parece que este anel não vai sair do meu dedo num futuro próximo, pode chamar-me de Dulce. Você também, Didier.
Parado ao lado de Christopher, Didier sorriu.
— Dulce é um nome bonito. Combina com uma princesa.
Princesa Dulce? Christopher comprimiu os lábios. Didier e suas piadas! As artimanhas dele não dariam certo. Dulce não se tornaria sua esposa. Não se tornaria Sua Alteza Sereníssima, princesa de San Montico. Contrariando a lenda, o anel no dedo dela não significava nada. Só ele decidiria quem seria a próxima princesa. E, certamente, não seria Dulce Armstrong.
E com Didier por perto, demonstrando abertamente sua aprovação, só complicaria ainda mais a situação.
— Deixe-nos, Didier.
— E o anel, Alteza?
— Eu resolvo isso. — Christopher abriu o vidro de óleo. — Você precisa dormir, Didier. Amanhã, teremos um dia cheio.
Didier concordou com um gesto de cabeça.
— Vou preparar um quarto para Dulce, Alteza.
— Ela fica aqui.
— Aqui?! — Dulce quase gritou. — Eu não posso dormir aqui.
— Eu não posso dormir aqui, Alteza — ele a corrigiu. — Posso perguntar por quê?
Ela estreitou os olhos.
— Porque este é o seu quarto de Sua Altezal — Ela olhou ao redor. — Onde Sua Alteza vai dormir?
— Aqui, claro! — Christopher riu da expressão indignada, do tom surpreso da voz dela.
Dulce tinha um charme inocente todo especial. Pura encenação, ele tinha certeza. As americanas fariam qualquer coisa por um título de nobreza. A ex-noiva o ensinara uma lição valiosa, ainda que dolorosa.








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Autor(a): lovedyc

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— Dulce, o anel pertence à minha família há muitas gerações. Há muitos séculos. Prefiro ficar perto dele.— Sua Alteza pode trancar-me num quarto, numa torre, se quiser, com um batalhão de guardas fortemente armados. Não vou fugir, Alteza. Prometo.As promessas dela não significavam nada. Al&e ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 741



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  • stellabarcelos Postado em 28/10/2015 - 23:48:12

    Que lindos! Amei

  • docemenina Postado em 16/04/2015 - 19:19:43

    Bem linda <3

  • anjodoce Postado em 06/12/2009 - 01:27:06

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  • anjodoce Postado em 06/12/2009 - 01:27:05

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  • anjodoce Postado em 06/12/2009 - 01:27:03

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