Fanfic: A Lenda do Anel dyc (Terminada)

— Dulce, o anel pertence à minha família há muitas gerações. Há muitos séculos. Prefiro ficar perto dele.
—
Sua Alteza pode trancar-me num quarto, numa torre, se quiser, com um
batalhão de guardas fortemente armados. Não vou fugir, Alteza. Prometo.
As
promessas dela não significavam nada. Além do mais, Christopher não
poderia correr o risco de manter um guarda na porta do quarto de
hóspedes. Sua mãe poderia ver, ou saber pelos empregados, e saberia que
alguma coisa estava errada. E se a princesa Marguerite descobrisse
sobre o anel... No dia seguinte, antes mesmo do anoitecer, os convites
de casamentos já teriam sido distribuídos pelos quatro cantos do mundo!
—Você vai ficar aqui. Comigo.
Ela abriu a boca para falar, mas calou-se. Didier franziu o cenho.
— Alteza...
— Boa noite, Didi.
— Didier — Dulce chamou-o. — Obrigada pela ajuda.
— Foi um prazer, Dulce. Feliz aniversário, Alteza. — Com uma reverência, Didier saiu do banheiro.
Que
aniversário!, Christopher pensou contrariado. Uma viagem aos desertos
gelados da Sibéria seria bem melhor do que aquilo. Qualquer coisa seria.
Mas
ele estava ali, no banheiro, com Dulce, que usava o anel real de
noivado. Se a notícia vazasse, ele estaria casado com a americana em
uma semana, no máximo. Casado com uma estranha. Christopher segurou com
força a mão de Dulce.
—Ai!
Ele soltou rapidamente a mão. Não deveria ter sido tão rude.
— Eu... eu só queria passar o óleo.
Dulce encarou-o com as sobrancelhas franzidas. Duas pequenas linhas apareceram na testa, acima do nariz.
—
Olhe aqui, eu quero livrar-me deste anel tanto quanto você. — Depois de
breve hesitação, ela estendeu a mão. — Besunte-me, Alteza.
Irreverente,
mas interessante. Talvez em outra ocasião, em outro lugar. Absurdo.
Sabendo ou não, ela envolvera-se com a lenda. Depois que removesse o
anel, nunca mais ele queria ver Dulce Armstrong em sua vida!

Inclinando o vidro, ele derramou óleo no dedo
delicado. De¬pois de colocar o vidro sobre o mármore da pia, começou a
espalhar o líquido em volta do anel. As mãos dele engoliram a dela,
pequena e delicada. Dulce estremeceu.
Ela enrubesceu.
— Eu posso fazer isso, Alteza.
— Não. Eu faço.
Christopher
percebeu um brilho de desafio nos olhos dela. Mesmo assim, ela estendeu
a mão. Tanto melhor. Pelo menos, ela sabia obedecer. Devagar, espalhou
o óleo pelo dedo todo, prin¬cipalmente sobre o anel. Não notara antes
as unhas esmaltadas de rosa-pálido. Como sua mãe costumava usar, antes
da morte do pai dele.
Mas uma manicure francesa não fazia uma princesa.
— O que é isto? — Dulce perguntou.
De novo, ela esquecera de dirigir-se a ele como "Alteza".
— Óleo.
Com a mão direita, ela pegou o vidro e leu o rótulo.
— Óleo de massagem?
Ela precisava de uma aula sobre protocolo real.
— Sim.
—
Interessante. — Dulce recolocou o vidro sobre o mármore. — Sua Alteza
sempre tem um estoque de óleo para massagem? Ou tivemos sorte esta
noite?
Aquela era a mulher mais irritante que ele já conhecera. Impassível, ele continuou friccionando o dedo.
— Foi um presente.
— Eu tinha certeza.
Ignorando
o tom irreverente, Christopher procurou lembrar-se de que ela era
americana, que não estava habituada às for¬malidades da aristocracia
real. Ele tentou tirar o anel, mas este continuava tão firme quanto uma
rocha. Recusando-se a desistir, ele derramou mais óleo. Seus dedos
deslizaram sobre os dela, o atrito das peles aquecia o óleo espalhado
entre as mãos de ambos.
Macia. Sob os dedos, ele sentia a maciez da
pele dela. A fragrância do perfume francês invadia-lhe as narinas. Não
era à toa que Didier insistira em ficar para ajudá-los. Era muito
agradável. Christopher observou a imagem refletida no espelho, até
Dulce perceber. Piscando, ela desviou o olhar. Ele também.

Ele não deveria estar apreciando aquilo. Não era
um jogo, nem uma peça de teatro. A pele de Dulce não era macia. A mão
de qualquer mulher pareceria macia sob uma camada de óleo para massagem.
De novo, ele puxou o anel.
Nada.
Precisava pensar em algo. Uma nova técnica. Talvez devesse tentar as juntas inchadas. Sim, era isso.
Deixando
o óleo agir como lubrificante, Christopher massageou o nó do dedo.
Certamente, funcionaria. Os dedos de Dulce eram longos, elegantes.
Conteve-se para não perguntar se ela nunca pintava as unhas com esmalte
vermelho.
Seus olhares se encontraram.
— Oh, Alteza — ela disse, corando. — Este é o dedo errado!
Christopher
soltou a mão dela abruptamente. Não tinha como explicar o lapso, nem
por que sentia-se como uma criança pi¬lhada em alguma traquinagem.
— Deixe que eu tento. — Dulce puxou o anel. — Ainda está colado, Alteza.
Ele também.
Enquanto o anel estivesse no dedo de Dulce, ele também estaria colado a ela.
Indo até a pia, a moça lavou as mãos.
— O dedo está muito inchado. Não acredito que consegui¬remos tirar o anel do meu dedo esta noite, Alteza.
Eles estavam tentando por muito tempo. Tempo demais. Christopher notou as olheiras de Dulce.
— Amanhã cedo, tentaremos de novo. Você deve estar cansada.
Os lábios dela se curvaram num sorriso encantador.
— Estou sim, Alteza, mas se quiser continuar, entenderei perfeitamente. Sei que deseja o anel de volta.
A
sinceridade na voz dela, surpreendeu-o, assim como a disposição de
continuar, apesar do cansaço. Ele estava acos¬tumado com as pessoas
sempre exigindo alguma coisa dele. Poucas ofereciam algo em troca.
—
Não, vamos esperar até amanhã. — Christopher percebeu que o vestido
dela já estava amassado, demonstrando sinais da longa noite. Ela não
podia dormir com o vestido de baile. — Vou arrumar algo para você
dormir.

Dulce enxugou as mãos na toalha.
— Estou bem assim, Alteza.
O corpete justo levantava os seios e o decote "V" realçava as linhas arredondadas.
—
Realmente, seu vestido é lindo, mas acredito que o costureiro não tinha
a intenção de transformá-lo em camisola. Venha comigo. — Christopher
abriu o armário de mogno em seu quarto. Procurou entre as roupas e
tirou a blusa de um pijama verde da gaveta. — Pode vestir.
Dulce correu os dedos pelo tecido.
— É de seda, Alteza.
— Qual o problema?
— Nenhum. É muito bonita. Não quero estragá-la. Pode emprestar-me uma camiseta?
— Você não vai estragá-la.
Ela deu de ombros.
— É o que sempre dizem — resmungou Dulce antes de entrar no banheiro e fechar a porta.

posto assim q tiver comentarios

bj