Fanfic: Goleada pelo amor | Tema: Romance, futebol, seleção

~~Karol~~

 Só tinham se passado alguns minutos e parecia séculos. Achei que Pedro não fosse aparecer e liguei pra ele, quase surtei porque não me atendeu. Depois de mãos um pouco de espera um carro enorme e branco parou em frente ao banco em que eu estava, dele desceu Isago que veio logo correndo pros meus braços – mas o português tinha aprontado, meu pequeno estava chorando

“Isago, meu amor” – corri pra o abraçar, também chorando, talvez com um certo alívio de estar com ele – “Por que tá chorando?”

“Não é nada, esse menino que tem muita frescura” – Pedro riu um pouco, indo pro nosso lado. O afastei, passando Isago pro meu colo

“O que você fez, seu idiota?” – perguntei, tentando fazer o pequeno parar de chorar

“Não fiz nada, apenas disse que não era pra contar nada do que viu para o papaizinho dele” – o português continuava, ainda rindo, enquanto o pequeno me cochichou que o desgraçado tinha batido nele. Ah, faça qualquer coisa, mas não encoste nos meus príncipes...

“Se você encostar o dedo nele de novo, vai se ver comigo” – falei, repleta de raiva e sem nem mudar a expressão dele – “O que quer comigo? Termina logo com essa história, não quero que machuque mais alguém”

“Bom, não é difícil, Karol. Quero que termines o que tens com o jogadorzinho pra estares comigo”

“Não vou terminar nada e não quero ficar com você! Será que não tem outra garota pra perseguir?”

“Quando coloco uma ideia na cabeça, não existe quem tire-a de mim” – ele quis se aproximar, mas o afastei de novo – “E é melhor concordares comigo, acho que já percebeste que sou capaz de tudo pra conseguir. Esse foi apenas um começo, posso terminar meu serviço com esse birrento ou ir atrás do outro, talvez até do seu amorzinho...”

“Não, não vai ‘brincar’ com mais ninguém, muito menos com Thiago e os meninos!” – eu não queria ceder, mas podia sentir em sua voz o quanto ele estaria disposto a fazer mal a qualquer um pra me atingir

“Tu és quem escolhe, Karolina” – Pedro me encarou e tive que me decidir

“Me dá um tempo pra organizar as coisas” – terminei, enquanto meu choro aumentava – “Eu vou falar com Thiago se me prometer que não vai machucá-lo”

“Não vou, dependo apenas de tua resposta”

“Tá, eu... Eu quero proteger os meninos, eu... Eu vou terminar com Thiago, só me dá um tempo, por favor”

“O tempo que quiseres, só não penses que vais me enrolar” – ele terminou, se despedindo com um beijo em meu rosto, que eu devia evitar, mas não adiantaria, era aquilo que eu aguentaria dali pra frente

 Eu não queria, de verdade, não queria e enrolaria o máximo possível. Depois de tantas reviravoltas na minha vida, o que eu menos esperava era ter que aturar alguém por conta de ameaças. Todo mundo sabe e eu também sei que Thiago é o homem que amo, é com ele que me sinto bem e nunca me separaria se pudesse -  eu só não contava com um maldito português que me ameaçasse pra conseguir o que quer.

 O problema era que meu amor pelo Thiago e pelas crianças estava me impondo condições: ou eu os abandonava e todos estavam protegidos ou mantínhamos o vínculo e todos corriam perigo. Eu não sabia até onde Pedro era capaz de ir, mas seu olhar me dava medo, eu não podia arriscar a vida de pessoas inocentes pra manter a minha felicidade.

 Fui pra casa com Isago, eu tinha simplesmente perdido meu chão. Por que esse cara criou tanta obsessão por mim sem ao menos me conhecer bem? Nos vimos algumas vezes, não faz sentido ter tanto ‘amor’ por uma pessoa que mal conversou, muito menos chegar ao ponto de machucar inocentes pra ‘conquistá-la’.

 Logo que cheguei em casa – tentando disfarçar a cara vermelha do choro e também depois de aclamar o pequeno, além de ter sido obrigada a pedir que ele não contasse nada – encontrei David e Nicole andando por ai e Thiago jogado na sala, brincando um pouco com Iago. Olhei os dois e quase desabei a chorar de novo, eu não vou conseguir me desprender de tudo isso, eles já se tornaram praticamente minha família, minha vida!

“Oi, amor” – Thi veio até mim e me deu um selinho, mas eu não devo ter correspondido muito bem – “Por que demorou?”

“Por nada, fiquei um pouco mais com Isago” – disfarcei, enquanto os irmãos brincavam – “Conseguiram resolver as coisas?”

“Aham, já tá tudo certo pra voltarmos pra Paris”

“Que bom, sinto falta de lá” – respondi, meio seca. Na verdade, Paris representava uma espécie de fuga pra mim, talvez eu pudesse enrolar ainda mais o português ou até escapar dele se fossemos pra lá.

“Tá tudo bem? Você tá com cara de choro” – Thiago fechou o sorriso e me encarou por um tempo, devia estar muito na cara a minha preocupação

“Tá sim, não se preocupa comigo. É só o cansaço” – desconversei e fui para o quarto.  Joguei minha coisas num canto e me taquei na cama, ainda resistindo ao choro que me parecia incontrolável.

 Primeiro, Nicole apareceu meio animadinha (afinal, ela e o senhor Miojo estão cada vez mais próximos) e me perguntou do parque, mas até pra minha melhor amiga tive que mentir – não sei como ela não desconfiou, sou horrível mentindo pra quem eu gosto. Voltei a me jogar sobre os travesseiros assim que Nick saiu, mas não demorou pra eu sentir um certo peso em cima de mim e uma respiração no meu pescoço...

“Amor...” – eu sabia que era ele, só pelo perfume já dava pra saber

“Por que não quer falar comigo?” – Thi perguntou, com cara fofa de pidão, saindo de cima de mim e se deitando ao meu lado

“Quem te disse isso?” – fingi que tudo estava bem

“Chegou e já foi fugindo de mim” – ficamos de frente um pro outro, e comecei a mexer em seus cabelos (coisa que eu adoro fazer) – “Tá acontecendo alguma coisa que você não quer me contar”

“Claro que não, só to cansada, sério” – continuei mentindo, mesmo que isso doesse mais que tudo em mim

“Cansada de mim?” – fez biquinho e eu neguei – “Então foram os meninos que te deram trabalho hoje”

“Não, eles não dão trabalho. Nem parece que são seus filhos” – brinquei e ele mascarou uma cara de bravo. Depois acabamos caindo na risada

“Você é idiota” – Thiago começou a gargalhar da minha cara e só o encarei, isso que é um namorado hiper carinhoso

 “Ei! Me respeita!” – o repreendi com um tapinha no braço – “Posso te falar uma coisa?” – perguntei, e ele assentiu – “Não importa o que aconteça, eu sempre vou te amar tá? Mesmo se um dia parecer que não...” – pude sentir as lágrimas querendo pular dos meus olhos

“Por que tá falando assim? Não vai acontecer nada”

“Eu sei, mas é só pra falar” – me segurei pra não contar e Thiago me deu um beijo na testa

“Além disso, eu também te amo e não vou deixar nada acontecer com você, minha princesa” – ele terminou, com aquele sorriso lindo, acabei sorrindo inconscientemente.

 E dali partimos pra um beijo, uma das coisas que sentirei muita falta se tiver que terminar tudo. Seu beijo, seu toque, sua presença: tudo já era como um vício pra mim, um vício que eu não podia evitar e que não tinha tratamento – algo de que jamais conseguirei me desprender...